Nome do Projeto
A ordenação dos adjetivos dentro do DP
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
09/03/2020 - 09/06/2023
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Linguística, Letras e Artes
Resumo
No presente projeto, investigaremos a estrutura sintática do DP no português brasileiro (PB), observando, por exemplo, as relações estabelecidas entre os adjetivos e entre os adjetivos e os nomes. Em PB, a distinção entre adjetivos e substantivos não é clara: (1)Um cachorro amigo (2)Um amigo cachorro Em (1), “cachorro” é o substantivo núcleo do sintagma, e “amigo” atua como um adjetivo modificador. Já, em (2), “amigo” é o substantivo núcleo do sintagma, e “cachorro” é um adjetivo modificador. Ocorre alternância na posição dos itens lexicais com consequente alteração das funções sintáticas e do sentido dos sintagmas. Há ainda casos em que certo item desempenha funções sintáticas distintas, sem aparentemente alterar sua posição: (3)O jovem inteligente (4)O jovem rapaz Em (3), “jovem” atua como núcleo, mas em (4) é um modificador, ainda que apareça em uma posição não canônica para os adjetivos em PB. Tendo em vista esses fatos, uma das primeiras tarefas do presente projeto consiste em tentar identificar a classe dos adjetivos. Para isso, é possível empregar um teste sintático que coloca o adjetivo junto de um verbo copular. Porém, essa estratégia não é completamente eficiente, pois há adjetivos que não são predicativos, como “suposto” ou ainda “nuclear”. (5)aquele suposto velho amigo (6)*aquele amigo é suposto (7)o engenheiro nuclear (8)*o engenheiro é nuclear É possível recorrer também a critérios de natureza morfológica, semântica e sintática para tentar caracterizar a classe dos adjetivos, como faz Perini (2009). Do ponto de vista semântico, o adjetivo é um modificador do nome e pode aparecer em posição atributiva ou predicativa. Quando possível, o adjetivo assume uma morfologia similar à do nome, flexionando-se em número e gênero a fim de concordar com o nome. A combinação dos aspectos semânticos e morfológicos fornece uma caracterização mais apropriada dos adjetivos, pois é possível separá-los de itens de várias classes de palavras, exceto dos substantivos, visto que os substantivos também podem aparecer em posição predicativa (“Carlos é professor”) e, nessa posição, tendem a concordar em gênero e número com o nome a que se referem (“Ana é professora” x “Ana e Marta são professoras). Perini menciona uma característica sintática que talvez seja capaz de diferenciar os adjetivos dos substantivos: a modificação do nome que atua como núcleo do DP. Em PB, os adjetivos podem aparecer em posição atributiva, já os nomes parecem não desempenhar essa função: (9)Atividade docente (10) atividade professor A presença do adjetivo “docente” junto ao nome “atividade” produz gramaticalidade, mas o mesmo não ocorre com o nome "professor". Quando os adjetivos modificam nomes dentro de um DP, há a possibilidade de co-ocorrência de mais de um elemento modificador:. (13)Atividade docente remunerada Os casos de coordenação de modificadores precisam ser investigadas, visto que a simples inversão na ordem dos adjetivos produz um sintagma agramatical. (14)??Atividade remunerada docente Há regras que restringem a inserção simultânea de mais de um adjetivo no DP, mas tais regras foram pouco investigadas. O curioso é que esse fenômeno não é uma exclusividade do PB e, além disso, a ordem preferencial parece ser a mesma entre as línguas.

Objetivo Geral

Aprofundar a pesquisa sobre o funcionamento interno do DP no Português Brasileiro, particularmente com respeito à sua organização sintática, o que contribuirá para o conhecimento da gramática que regula o funcionamento dessa língua, com o objetivo de identificar propriedades que lhe sejam particulares, bem como aquelas que sejam compartilhadas com outras línguas naturais.

Justificativa

O projeto justifica-se por contribuir com a descrição e a explicação de aspectos da gramática da língua portuguesa, um conhecimento fundamental para os profissionais da área. Os estudiosos que trabalham com a língua portuguesa precisam conhecer as regras que determinam a combinação de palavras para formar frases gramaticais. Além disso, a pesquisa pretende aliar-se aos esforços de outros pesquisadores do português brasileiro e de outras linguas naturais para verificar spectos compartilhados entre as línguas com relação à estruturação do DP, a fim de identificar verdadeiros princípios linguísticos.Com relação à estrutura sintática do DP, há três hipóteses que podem ser investigadas: a primeira sustenta que os adjetivos são gerados na posição em que aparecem nos sintagmas das línguas naturais, isto é, são gerados antes e/ou depois do núcleo. A segunda defende que os adjetivos são gerados em posição pré-nominal ou pós-nominal e depois se movem para posições que antecedem ou sucedem o núcleo. A terceira hipótese sustenta que os adjetivos são gerados em posição pré-nominal, e o nome movimenta-se sobre os adjetivos, explicando a posição pós-nominal dos adjetivos. A terceira hipótese parece ser mais interessante, pois apenas os nomes alçam. Além disso, ela consegue abranger as línguas naturais como um todo, o que contribui para a identificação de universais linguísticos. Essa é a hipótese que será investigada no presente projeto de pesquisa, com o intuito de identificar aspectos da estrutura sintática do português que favoreçam a posição pós-nominal dos adjetivos, visto que os adjetivos em português tendem a aparecer depois dos nomes.

Metodologia

Visando a realização deste projeto, serão considerados os seguintes aspectos:

-Pesquisa bibliográfica que terá por objetivo fazer um levantamento da referência teórica já analisada e publicada sobre a estrutura do sintagma nominal, com o intuito de recolher informações e conhecimentos sobre a organização dos elementos que formam esse constituinte, bem como sobre a natureza sintática de tais elementos;

-Organização de um teste de julgamento que permita coletar respostas baseadas na aceitabilidade dos sintagmas nominais em contexto de oralidade, mas não respostas que avaliem a adequação das construções aos pressupostos da tradição gramatical. Os informantes deverão sinalizar se os sintagmas são ou poderiam ser produzidos naturalmente por falantes nativos do português, mas não se eles estão adequados às regras apresentadas nas gramáticas normativas. Em outras palavras, os informantes terão de dizer se os sintagmas pertencem ou não ao Português Brasileiro;

-O teste será aplicado a trinta alunos universitários Em uma visita às turmas previamente agendada com o professor titular, a pesquisadora explicará os objetivos da pesquisa aos alunos e lhes apresentará um teste constituído por frases da língua portuguesa as quais deverão ser lidas e julgadas pelos informantes como gramaticais ou agramaticais. Gramaticais são aquelas estruturas às quais os falantes conseguem atribuir significado, e agramaticais aquelas às quais não é possível atribuir significado. Portanto, os informantes serão alertados para o fato de que as avaliações não devem levar em consideração os pressupostos da tradição gramatical, mas sim a possibilidade de tais estruturas serem produzidas naturalmente por falantes nativos do português. Nas frases, aparecerão os contextos sintáticos investigados pela pesquisadora. A determinação mais precisa dos contextos sintáticos relevantes para a pesquisa dependerá da primeira etapa descrita na metodologia dessa investigação, que consiste na revisão bibliográfica.
Cada informante receberá um teste e o entregará à pesquisadora sem nenhum tipo de identificação pessoal. A coleta de dados terá uma duração máxima de trinta minutos. Juntamente com o teste, o informante que optar por participar do estudo entregará assinado o termo de consentimento livre esclarecido, o qual aparece abaixo.







Termo de Consentimento Livre Esclarecido

Prezado(a) estudante,
Nós te convidamos a participar da pesquisa “A sintaxe do DP” que tem por objetivo aprofundar a discussão sobre o funcionamento interno do DP no Português Brasileiro, particularmente com respeito à organização sintática desse constituinte. Essa pesquisa será realizada com estudantes universitários.
Tua participação no estudo consistirá em avaliar um conjunto de frases da língua portuguesa com o intuito de verificar se há a possibilidade de essas estruturas serem produzidas naturalmente por falantes nativos do português. A coleta de dados terá uma duração de mais ou menos trinta minutos.
Tu tens a liberdade de não participar da pesquisa ou de retirar teu consentimento a qualquer momento, mesmo após o início da coleta de dados, sem qualquer prejuízo. Está assegurada a garantia do sigilo das tuas informações. Tu não terás nenhuma despesa e não haverá compensação financeira relacionado à tua participação na pesquisa.
Caso tenhas alguma dúvida sobre a pesquisa, poderás entrar em contato com a coordenadora responsável pelo estudo: Paula Fernanda Eick Cardoso, que poderá ser localizada pelo email: paulaeick@terra.com.br.
Tua participação é importante porque nos ajudará a compreender importantes elementos da língua portuguesa falada no Brasil, o que seguramente terá repercussões no ensino da nossa língua materna.
Este termo será assinado em duas vias por ti e pela responsável pela pesquisa. Uma das vias ficará contigo.

Acredito ter sido suficientemente informado(a) a respeito do que li ou foi lido para mim sobre a pesquisa “A sintaxe do DP”. Discuti com a pesquisadora Paula Fernanda Eick Cardoso sobre minha decisão de participar do estudo. Ficaram claros para mim os propósitos do estudo, os procedimentos, as garantias de sigilo. Concordo voluntariamente em participar desse estudo.

_____________________ __/__/__
Assinatura do entrevistado Data

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido deste entrevistado para a participação neste estudo.

_______________________________ __/__/__
Assinatura do responsável pelo estudo Data





-Análise dos dados à luz da teoria gerativista.

Indicadores, Metas e Resultados

As metas e os resultados do presente projeto para os 24 meses em que se desenvolverá visam à

Formação de recursos humanos:
-qualificação de docente e de alunos do Centro de Letras e Comunicação da UFPel, pela posterior oferta de disciplinas e pela realização de pesquisa sobre aspectos relacionados à sintaxe do PB;

Produção intelectual:
-produção de trabalhos que serão apresentados em, no mínimo, dois congressos;
-produção de, no mínimo, dois artigos para publicação.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
BIANCA SCHMITZ BERGMANN
BIANCA SCHMITZ BERGMANN
CLARA BONFANTE DE BARROS
JEAN FRANCHESCO GONCALVES LUNKES
KAMILE VITORIA DUARTE GUILHERME
LUIZ GUSTAVO DE JESUS BARROSO
LUIZA MÜLLER DA ROSA
Luiza Prates dos Santos
MAREN CAMILE RUTZ BERGMANN
MATEUS ROCHA CAMARGO
PAULA FERNANDA EICK CARDOSO9
SARA ARRUDA DE OLIVEIRA
SIMONE SANTOS DE SOUZA
VIVIANE DA COSTA WREGE

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