Nome do Projeto
“VADIAÇÃO EM PELOTAS” VIVÊNCIAS TÉORICAS E PRÁTICAS DE CAPOEIRA ANGOLA NA UFPEL
Ênfase
ENSINO
Data inicial - Data final
14/01/2014 - 06/01/2015
Unidade de Origem
Área CNPq
Ciências Humanas - Antropologia - Antropologia das Populações Afro-Brasileiras
Resumo
A Capoeira Angola tem um histórico envolto pelo processo de inserção do africano no território brasileiro desde o século XVI. Pretende-se dar continuidade na promoção a inserção deste viés sócio-cultural no espaço universitário, considerando a participação efetiva do coordenador em dois universos similares de trabalho, um na formação Livre da Dança-Teatro e outro no Projeto de extensão Quilombo das Artes. Estando em um curso de Antropologia Social e Cultural e Arqueologia considero tal trabalho de uma importância para o conhecimento do aluno, bem como a interação com a sociedade envolvente neste que é hoje um dos Patrimônios Imateriais Nacionais. Sua difusão se deu pelo mundo todo e existem muitos praticantes que conhecem amplamente as formas de modulação corporal, mas cujo conhecimento histórico e sócio-educativo desta arte não fazem idéia. O objetivo do trabalho é promover no espaço Universitário uma interação crítica de cunho científico e popular com as possibilidades da Capoeira Angola como modelo de africanidade genuinamente brasileira, é de trazer o mundo dos mestres da Vadiação (termo utilizado no final do século XIX para identificar os praticantes da Capoeira que hoje se tornou modo de auto-identificação para estes praticantes).

Objetivo Geral

Contribuir na implementação da Lei 10.639 no estudo das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana no cotidiano. A relação ensino-pesquisa-extensão proposta para o projeto possibilitará discutir o processo de formação da sociedade brasileira identificando os processos de exclusão étnico-racial e as formas de inserção, pela resistência, do negro no campo social brasileiro.

Justificativa

O Governo Federal criou a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade – SECAD e a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR, buscando aprofundar mudanças de atitude, via educação, com relação aos grupos menos favorecidos. É um desafio à sociedade e mesmo as universidades o combate a toda forma de racismo e discriminação e na promoção da igualdade de oportunidades entre os diferentes grupos étnicos formadores da nacionalidade brasileira.
Temas como a Capoeira Angola estão ligados à diversidade e aparecem cada vez mais no espaço de discussão das Ciências Humanas, o que já era realidade na Antropologia.
A sociedade e a universidade no Brasil assumiram através da Lei 10.639 de 09 de janeiro de 2003, que determina ser obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira nos estabelecimentos de ensino do país. Segundo a Lei o conteúdo programático deverá incluir o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.
Nesta amplitude do tema sobre o negro no Brasil, optamos por aprofundar o conhecimento da Capoeira Angola, pois esta demonstra a continuidade viva de um sistema de pensamento e de ensinamento promovido pelos afro-brasileiros em todo o país e fora dele. Pelotas apresenta uma grande concentração de afro-descendentes e sendo fundamental a capacitação continuada dos profissionais em formação em nossa sociedade e na interação com a realidade existente propomos o referido Curso.
O Curso abordará, a partir da Capoeira Angola, diferentes aspectos da história e da cultura afro-brasileira. Discutiremos também as teorias raciais do século XIX, o mito da democracia racial e a reprodução do racismo através dos preconceitos, estereótipos e discriminações. A presença dos africanos no Brasil, será enfatizada a partir da capoeira que é uma herança africana, uma forma de resistência negra e contribui para a valorização dos descendentes de africanos na formação da sociedade brasileira.

Metodologia

O Programa de ação Vadiação em Pelotas – Capoeira Angola na UFPel, é um Curso, uma ação de pesquisa e uma extensão universitária, no momento que engendra nas suas atividades a relação entre estas três formas de atuar acadêmico. É um programa experiencial, pois além das discussões, das pesquisas em campo, serão trabalhados os aspectos físicos da dinâmica do corpo da capoeira, a qual é uma arte que se realiza a partir da prática. O programa se desenvolve através de atividades diversificadas que envolvem estudos bibliográficos, histórico-documentais, experienciais do corpo e da filosofia de vida do capoeirista de angola. A interação entre prática, teoria e história serão desenvolvidas conforme a progressão intelectual e corporal dos envolvidos, com diversos momentos de interação com Mestres (termo utilizado pelos capoeiristas para identificar no tempo e no espaço os mais velhos e mais integrados a filosofia da Capoeira Angola). Estes momentos possibilitará o aprendizado oral, como se desenvolve na dinâmica africana que é mantenedora dos aspectos culturais da sociedade afro-brasileira.
A esses aspectos do conhecimento in locu, pois os Mestres de capoeira, são os detentores do saber ainda vivo da capoeira, serão dinamizadas aulas práticas de capoeira angola pelo proponente do Programa. Realizaremos momentos de pesquisa nos arquivos locais para identificar na documentação a presença histórica de capoeiras na região. Será realizado um grupo de estudos com textos amplos de capoeiristas ou estudiosos do tema para a caracterização da capoeira e sua dinâmica regional.
A presença de pessoas de fora da Universidade serão valorizadas no momento das discussões onde a vivência de cada um no processo da prática corporal, da pesquisa e da interação com os Mestres e capoeiristas locais. Serão realizadas atividades abertas a outros praticantes de capoeira ou formas similares em toda a região.
O processo da prática da capoeira tem forte enlevo na representação e uso do corpo em aspectos que são históricos da luta corporal que também é a capoeira, estes aspectos da luta serão trabalhados.
A capoeira é constituída em forma de roda e para que aconteça a roda é necessário que se forme um grupo musical, chamado de Bateria, o qual deve ser constituído pelos próprios praticantes o que torna necessário instrumentalizar os envolvidos na arte musical da capoeira. Outro aspecto importante é o canto que segue lógicas intrincadas e que são importantes para a prática da roda e do universo do conhecimento do capoeirista, assim esta dinâmica oral deverá ser enfatizada. Assim a prática da capoeira poderá ser entendida em três momentos preliminares a preparação física em exercícios de elasticidade e retração, entremeados de momentos de relaxamento físico e mental (alongamentos, etc.), desenvolvidos por processos de repetição para internalização das técnicas corporais que envolvem a prática física da capoeira. Exercícios práticos de utilização de instrumentos musicais e de canto, de reconhecimento das formas de ordenação e uso dos mesmos e as possibilidades de criação musical na capoeira.
Os envolvidos também se dedicarão ao conhecimento e prática dos diversos folguedos associados a prática da capoeira, tais como maculele, samba de roda, puxada de rede e outros.Especificação:
O Programa de vadiação em Pelotas – Capoeira Angola na UFPel destina-se aos interessados e conhecer, estudar, praticar, historiar e filosofar sobre a referida capoeira no seus aspectos históricos, práticos e teóricos. Não há restrições de idade ou sexo para o envolvimento, considerando que é uma atividade que respeita os limites físicos e mentais de seus praticantes. Há uma restrição de número de praticantes tendo em vista as disponibilidades de espaço no Centro de Artes onde é realizado. Os horários de encontros serão definidos conforme os envolvidos, mas será inicialmente ofertada as sextas a tarde.
Estrutura curricular:
Considerando seu aspecto de ensino, o programa de formação de capoeiristas seguirá as regras da cultura popular para sua implementação e o avanço dos praticantes - pesquisadores - integradores (extensão), se ditará pelas normas do sentido comum da Capoeira Angola, onde não há melhor ou pior, mas há capoeirista ou não capoeirista.
Considerando as técnicas educativas em um sistema linear podemos efetivamente montar seqüências de formação (mas o que não afigura a extrapolação e redefinição da seqüência de formação no campo popular da aprendizagem). No processo de certificação somente os alunos devidamente matriculados na instituição poderão receber certificação, devendo cumprir o mínimo de 75% da formação para receber a distinção.
No aspecto modular, para entendimento dos que desconhecem as práticas populares e buscam a racionalização do mundo da vida apresentamos os seguintes subseqüentes:
MÓDULO I – Conhecendo a capoeira e os processos históricos de sua realização na sociedade brasileira.
Ação: estudo dos textos históricos, discussão das formas de desenvolver as práticas corporais, estudo sobre a manifestação da capoeira na região, aulas práticas sobre os movimentos iniciais da Capoeira Angola. Discussão sobre a Lei 10.639 e as possibilidades de sua implementação no cotidiano da vida. Carga horária mínima: 50 horas.
MÓDULO II – Prática de movimentos combinados da capoeira e implementação do estudo da História da África na interação com o Brasil desde o século XVI.
Ação: práticas de seqüências de movimentos de ataque e defesa que se intercomunicam, no entendimento que a Capoeira Angola é uma conversa entre corpos, aprofundamento dos estudos regionais sobre capoeira. Carga horária mínima: 70 horas.
MÓDULO III – Práticas de seqüência de jogo em roda de capoeira e livre movimentação no espaço da roda, desenvolvimento do conhecimento musical na Capoeira Angola (instrumentos e cantos), aprofundamento sobre a Capoeira Angola na História do Brasil e Rio Grande do Sul, discussão filosófica sobre resistência e racialização na sociedade brasileira.
Ação: realização de rodas experimentais e interação com os instrumentos musicais da Bateria de Capoeira Angola. Estudos de textos históricos e interação capoeiristas locais e com mestres da cultura popular afro-descendente da região. Visitas do Mestre Ratinho a UFPel. Carga horária mínima: 40 horas.
MÓDULO IV – Avaliação com a implementação e participação em rodas de Capoeira Angola e Seminários de Cultura Afro-Brasileira.
Cabe ressaltar que este processo não se termina in si, não há um momento de parar ele sempre acontece, não importando o número de envolvidos, sendo que a amplitude de seu alcance não é medido pelo total de pessoas atingidas, mas pela qualidade de entendimento da ruptura com o sistema excludente que ela provoca. Carga horária mínima: 40 horas.
Total de horas: 200 horas.

Resultados Esperados

Compreendendo o processo de interação com uma manifestação cultural como algo que possibilita o envolvimento com os parâmetros filosóficos que o constituíram e o mantém vivos até a atualidade e considerando que estes aspectos são valorizadores da cultura e da história dos afro-brasileiros neste país, este trabalho com Capoeira Angola, em forma modular possibilitará ao envolvido conhecer e desenvolver a prática e a fundamentação que envolve esta arte.
O primeiro módulo possibilitará conhecer a capoeira através de estudos teóricos e práticos, reconhecendo o seu valor como manifestação cultural e mantenedora da cultura e filosofia africana no Brasil, possibilitará também conhecer e discutir a Lei 10.639, que determina e investigação sobre a cultura e história africana no Brasil.
O segundo módulo desenvolverá a prática da capoeira angola e o reconhecimento que a Capoeira Angola é uma conversa entre corpos, os estudos teóricos efetivamente ampliarão o estudo sobre a História da África na interação com o Brasil desde o século XVI.
No terceiro módulo além de desenvolver mais as práticas corporais e musicais da Capoeira Angola e aprofundar o conhecimento da Capoeira Angola na História do Brasil e Rio Grande do Sul, identificando as formas filosóficas da resistência e racialização na sociedade brasileira. O quarto módulo está destinado ao processo de avaliação.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ALICE BRAZ ITURRIET414/03/201417/10/2014
ALLAN LUIS CORREIA LEITE403/02/201401/12/2014
BERNARDO PERINI PAVELACKI414/03/201414/11/2014
BRUNA DOS ANJOS GOMES414/03/201412/12/2014
CAMILA MARTINS DE SOUZA403/03/201403/11/2014
CAROLINE VILANOVA DE SOUZA414/03/201405/12/2014
CLAUDIO BAPTISTA CARLE414/01/201406/01/2015
CLEYCE SILVA COLINS407/03/201405/12/2014
CRISTIANO OLIVEIRA MORALES403/02/201402/12/2014
DANIELE ALMEIDA PESTANO407/03/201405/12/2014
EMILAINE ROSALES CAMPOS421/03/201405/12/2014
EVERTON DE LIMA MARIANO418/04/201421/11/2014
EZEQUIEL CAFUMANN RATMANN421/03/201412/12/2014
FILLIPE DA SILVA DINIZ421/03/201410/10/2014
FÁTIMA ZANETTI PORTELINHA428/03/201428/11/2014
LUCAS OLIVEIRA LAGE421/03/201419/12/2014
LUCIANA RASSWEILER DE CAMPOS421/03/201414/11/2014
LUCIANO MELLO COSTA414/01/201406/01/2015
MARTHA BARCELLOS GRILL414/03/201414/11/2014
MIRIAM BROCKMANN GUIMARÃES407/03/201407/11/2014
TAIANE FERNANDES SILVEIRA407/03/201421/11/2014
TAÍS BASTOS BOTELHO ARRIETA414/03/201421/11/2014
VANESSA ROCHA DE OLIVEIRA428/02/201412/12/2014
VITALINO DIAS NETO403/02/201423/12/2014

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