Nome do Projeto
Grupo de Estudos Foucault II
Ênfase
ENSINO
Data inicial - Data final
25/03/2014 - 09/12/2014
Unidade de Origem
Área CNPq
Ciências Humanas - Filosofia - História da Filosofia
Resumo
No curso Em defesa da sociedade (1975-1976), Foucault apresenta dois aspectos da vida natural que podem ser problematizados a partir da biopolítica e do biopoder, trata-se da raça e do sexo. No que tange ao dispositivo de raça, Foucault aponta o racismo como um corte entre o que deve viver e o que deve morrer. Outrossim, o racismo faz funcionar uma relação guerreira: para eu viver, é preciso massacrar meus inimigos, ou seja, eu quero viver e logo é preciso que o outro, o diferente, morra. Tal relação acaba por criar uma relação não somente guerreira, mas sobretudo biológica: “a morte do outro, a morte da raça ruim, da raça inferior (ou do degenerado, ou do anormal), é o que vai deixar a minha vida em geral mais sadia; mais sadia e mais pura” (FOUCAULT, 1999, p.305). No sistema de biopoder, tirar a vida é admissível quando esta significa perigo à população. Desta frase podemos deduzir que a biopolítica está, parafraseando Nietzsche, para além do bem e do mal. Aqui, podemos também problematizar: Até que ponto pode-se vincular biopolítica e responsabilidade moral? Uma questão nada fácil, diga-se de passagem, uma vez que nesta lógica é admissível tirar vidas humanas, e não humanas, em prol da população. Essa atitude nos possibilita afirmar de que foi justamente no momento histórico em que o Estado começava a praticar seus maiores massacres que ele também começou a se preocupar com a saúde física e mental dos indivíduos. Esta arte de governar implica um saber, que não é meramente a justiça mas, sim, uma ciência de governo.

Objetivo Geral

Demonstrar que, a partir do pensamento de Foucault, podemos problematizar outras formas de ser e estar no mundo.

Justificativa

Segundo Foucault (1999), o racismo é o divisor de águas entre o que deve viver e o que deve morrer, atribuindo vida a alguns e morte a outros. A raça considerada inferior morre para garantir a vida, a saúde, a pureza da raça considerada superior, dando segurança biológica.
Em prol do racismo, a sociedade normalizadora aceita retirar a vida. A biopolítica e o racismo não se excluem. O racismo torna-se assim a condição para que o Estado exerça o direito de matar. Afinal, em compasso com o racismo, Foucault lembra que ocorreram a colonização e o evolucionismo. Pelo racismo, as populações são expostas a uma guerra permanente onde é preciso eliminar o adversário, garantindo a própria segurança e a regeneração de um ponto de vista biológico, articulando direito de morte de uns com a proteção à vida de outros, eliminando o que deve ser eliminado para a purificação das raças.
Neste cenário o nazismo, enquanto uma forma de racismo, é assinalado como a combinação mais ingênua e ardilosa, pois articula assassinato, racismo, disciplina e regulamentação biológica.
O nazismo, apogeu da biopolítica, desencadeou o direito de morte - ao declarar a guerra e ao assassinar o inimigo expôs a sua própria raça ao perigo da morte. Nesta lógica, o risco de morte e a obediência caracterizaram a política nazista de exposição da população à morte, garantindo para a constituição de si mesma como raça superior e a possibilidade da regeneração perante as raças inferiores. Em outras palavras, a ideologia absoluta do nazista transformou-se numa arte de governar onde a morte constituiu o motor do próprio mecanismo: morte dos inimigos externos, morte dos inimigos internos, morte do próprio povo alemão. Outrossim, o racismo justifica os mais diversos conservadorismos sociais na medida em que institui um corte no todo biológico da espécie humana, estabelecendo a partilha entre “o que deve viver” e “o que deve morrer”.

Metodologia

1) Leitura dos textos-base da pesquisa;
2) Encontros semanais para discussão dos textos propostos;
3) Discussão pública permanente dos resultados que vão sendo alcançados;
4) Divulgação de eventos e estratégias de participação em grupo ou pequenos grupos;
5) Incentivo à produção de textos a partir dos estudos realizados.

Pretende-se realizar as discussões com os participantes por meio de encontros semanais de uma hora e meia de leitura e discussão dos materiais disponibilizados pela equipe de coordenação do grupo, ou sugeridos e elaborados pelos participantes.

Resultados Esperados

Indicadores de resultado ao final de cada 6 meses de realização do projeto:
a) Apropriação devida das ferramentas analíticas disponíveis nas obras de Foucault;
b) Consolidação de um grupo de estudos permanente sobre o pensamento de Foucault;
c) Produção teórica relevante na área;
d) Divulgação dos resultados da pesquisa na comunidade acadêmica, em eventos, congressos ou encontros.

Repercussão e/ou impactos dos resultados:
Espera-se contribuir para com os estudos do pensamento de Foucault, particularmente na subárea da Filosofia, destacando a investigação de um autor contemporânea a partir da repercussão da discussão realizada sobre os conceitos atinentes à área da filosofia, educação, psicologia, saúde, arte, entre outras. Também se aspira a consolidar a área de investigação sobre Filosofia da Educação no Curso de Filosofia da UFPEL, sobre as acepções desse autor, bem como repercutir com os resultados da pesquisa na comunidade acadêmica (alunos de Filosofia, Educação e áreas afins e professores interessados). Por fim, pretende-se assegurar que a produção teórica realizada seja apresentada em eventos dentro e fora da UFPel, e até publicada em periódicos e em forma de um livro, podendo contribuir para a discussão na área.

Indicadores, Metas e Resultados

O Grupo de estudos Foucault II (GEF II) está na sua segunda edição. Neste ano de 2014, iremos centrar nossos estudos basicamente no curso Em defesa da sociedade (1975-1976) sobretudo no dispositivo de raça.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
BRUNO SILVA KAUSS225/03/201409/12/2014
DANIELE RAMIRES DA SILVA ROBAINA225/03/201409/12/2014
Dirceu Arno Krüger Junior225/03/201409/12/2014
EDUARDO SARAÇOL VIEIRA215/04/201409/12/2014
ELENARA BEATRIZ SANTOS DOS SANTOS215/04/201409/12/2014
FLÁVIA FERREIRA TRINDADE225/03/201409/12/2014
GABRYEL PIONER225/03/201409/12/2014
KELIN VALEIRAO425/03/201409/12/2014
MARA CRISTINA RAMOS DE LIMA225/03/201409/12/2014
MARCELO HENRIQUE GROES225/03/201409/12/2014
MARCOS LUIZ DE FRANÇA225/03/201409/12/2014
MATEUS WEIZENMANN2
MAURÍCIO ROSSALES AIRES225/03/201409/12/2014
MONIQUE NAVARRO SOUZA2025/03/201409/12/2014
Rafael dos Santos Ramos225/03/201409/12/2014
SONIA MARIA SCHIO225/03/201409/12/2014
TALES FLORES DA FONSECA225/03/201409/12/2014
Tulipa Martins Meireles225/03/201409/12/2014
WILLIAM APARECIDO DA SILVA225/03/201409/12/2014
WILLIAM SARAIVA BORGES225/03/201409/12/2014

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