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01/09/2010 - 02/08/2013

Ciências Agrárias - Medicina Veterinária - Clínica Veterinária

Problemas músculo-esqueléticos são de importância social e econômica na indústria eqüina (Estberg et al., 1996). Estes autores frisam que, as indústrias do desporto e da produção equina enfrentam consideráveis perdas econômicas devido a problemas esqueléticos que ocorrem nos cavalos numa fase precoce da sua vida ou em qualquer altura da sua utilização desportiva, treino ou competição. Também segundo Bathe (1994), os distúrbios do esqueleto equino que surgem em consequência de lesões e/ou do desenvolvimento ortopédico inadequado são um problema grave em termos de bem-estar. É consensual a urgência na resolução da problemática. Este fato deverá mobilizar criadores, treinadores e médicos veterinários num esforço conjunto de estreita cooperação com vista à eliminação progressiva desta entidade patológica (Pool, 1996). A grande percentagem de cavalos retirados da competição devido a problemas esqueléticos poderá ser reduzida se os veterinários conseguirem reconhecer precocemente e monitorar a evolução de alterações nas respostas adaptativas do osso ao exercício físico, ou se conseguirem antecipar e reconhecer o desenvolvimento de condições patológicas tais como a osteoartrite, osteocondrose, epifisites, etc., (Hurtig et al., 1991; Girard et al., 1997). Doenças Ortopédicas do Desenvolvimento (DOD) são as alterações ocorridas durante o crescimento ósseo no potro, incluindo fisite, deformidades angulares e flexurais, malformação vertebral cervical (MVC), discondroplasia, osteocondrose e osteocondrite dissecante (OCD) (McIlwraith, 1996; Hoffman, 2003; Kohnke, 2004). Essas anormalidades podem envolver defeitos na ossificação endocondral, irregularidade na conformação do osso ou alterações metabólicas ósseas, após sua formação, podendo também ser causadas por processos degenerativos induzidos ou por traumatismos fisiais e/ou na cartilagem articular (McIlwraith, 1996). Poderão estar ainda envolvidos, na etiologia destes distúrbios de desenvolvimento, fatores genéticos, rápida taxa de crescimento, sobrecarga nos membros e desequilíbrios nutricionais (Duren, 1998). O risco de desenvolvimento das DOD pode ser aumentado pela alta ingestão de energia, especialmente carboidratos hidrolisáveis (Hoffman, 2003). Há pré-disposição para raças de performance, como Puro Sangue Inglês e “Standardbreds” (Rossdale, 2004). Em um estudo realizado em criatórios do Sul do Rio Grande do Sul foi descrito o aparecimento de lesões de OCD em potros Crioulos, sofrendo de desequilíbrios nutricionais (Lins et al., 2008). Outros fatores podem estar envolvidos na etiologia deste processo patológico. Alguns estudos descreveram que, a conformação do animal influencia na intensidade e no local específico de ação de forças biomecânicas sobre o sistema locomotor (Buttler, 1985; Kane et al., 1996; Nicoletti et al., 2000) como fator determinante das DOD, mas não relacionaram a ação destas forças biomecânicas, durante o exercício da amamentação, associadas à intensidade de carga aos membros anteriores, que se acentua, à medida que, aumenta a diferença de altura entre o potro e a glândula mamária da égua. No entanto, até o momento, não há registros científicos analisando a correlação entre esses fatores e as lesões ortopédicas em potros durante seu desenvolvimento. Portanto, o reconhecimento precoce de doenças musculoesqueléticas permanece difícil de se obter. Seria de grande valor preditivo se aspectos morfológicos dos potros, relacionados à intensidade de carga, aliados a velocidade de desenvolvimento e correlacionados ao potencial de evolução de lesões ortopédicas juvenis pudessem ser determinados para identificar potros, que estão sob risco de desenvolvimento ortopédico anormal.