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Em virtude de achados divergentes na literatura, observa-se uma necessidade de estudos que investiguem possíveis fatores associados aos defeitos de desenvolvimento de esmalte na dentição permanente, além do conhecimento sobre a prevalência destas alterações, estudos epidemiológicos com delineamento adequado e maior tempo de acompanhamento se fazem necessários.

Estudo longitudinal prospectivo, em que as exposições foram avaliadas anteriormente ao desfecho. Os dados foram coletados de uma Coorte de nascidos do ano de 2004, na cidade de Pelotas e bairro Jardim América (Capão do Leão), municípios localizados na região sul do Rio Grande do Sul, nos seguimentos realizados do perinatal aos 48 meses de vida, além de um subestudo de saúde bucal, nesta mesma coorte, aos 12 anos de idade.
O desfecho utilizado neste estudo será DDE, coletado aos 12 anos de idade, e a exposição de interesse será o crescimento infantil dos 0 aos 12 meses, dos 12 aos 24 meses e dos 24 aos 48 meses de vida, obtidos através dos dados antropométricos coletados. Como variáveis de ajuste, serão utilizados dados do pré-natal, perinatal e pós-natal relacionados com o desfecho e com a exposição de interesse.
O objetivo principal da Coorte de nascimentos de 2004 é investigar o impacto das exposições sobre os desfechos em saúde ao longo do ciclo vital. Foram convidadas a participar do estudo todas as mães dos nascidos entre os dias 1º de Janeiro e 31 de Dezembro de 2004 dos cinco hospitais existentes na cidade, resultando em uma amostra de 4231 mães. No perinatal e nas etapas subsequentes foram coletadas informações do período pré-natal, do perinatal, além de considerações sobre as condições socioeconômicas e demográficas, estilo de vida, crescimento e desenvolvimento da criança, morbidades, entre outras características descritas detalhadamente em outras publicações (BARROS et al., 2008; SANTOS et al., 2014).
Entre Abril e Outubro de 2017 foi realizado o segundo acompanhamento de saúde bucal (o primeiro foi realizado quando as crianças tinham 5 anos de vida) com uma subamostra da Coorte de Nascimentos de 2004 (1000 indivíduos), este acompanhamento foi realizado com a mesma subamostra do primeiro acompanhamento de saúde bucal no ano de 2009. Entre 12 e 13 anos de idade, os adolescentes foram questionados sobre o uso de serviços odontológicos e outras questões pertinentes à saúde bucal,além de terem passado por um exame bucal, que, dentre outros, envolvia avaliação de cárie dentária, oclusopatias, erosão e DDE.
4.2.2 População em estudo e critérios de elegibilidade
A população deste estudo será composta pelas crianças nascidas no ano de 2004 na cidade de Pelotas e bairro Jardim América, provenientes de uma subamostra de saúde bucal, cuja avaliação foi realizada entre doze e treze anos de idade, e com dados disponíveis sobre as medidas antropométricas da criança do nascimento aos 48 meses de vida.
4.2.3 Coleta de dados
Serão utilizadas informações coletadas durante o estudo perinatal, aos 12, 24 e 48 meses de vida. As entrevistas foram realizadas por entrevistadoras treinadas e padronizadas periodicamente. Na etapa do perinatal, as entrevistadoras checavam o livro de registros de nascimentos em todas as maternidades diariamente, nos turnos da manhã e da tarde, anotavam as informações da mãe e da criança e identificavam aquelas elegíveis para o estudo. Em um outro momento, procuravam a mãe ainda no hospital, explicavam o estudo e, caso a mãe concordasse, a criança era incluída no estudo. Em seguida, já faziam a aplicação do questionário e realizavam a coleta das medidas antropométricas da criança. As questões envolviam cuidado e alimentação da criança, características da casa, ocupação e escolaridade dos pais, gastos em saúde e saúde materna.
Os acompanhamentos nos períodos de 12, 24 e 48 meses foram previamente agendados pelo telefone e ocorriam no domicílio da criança. Nestas ocasiões eram aplicados outros questionários e tomadas as medidas antropométricas. As taxas de seguimento (definidas como o número de indivíduos rastreados mais o número de mortes no período, dividido pelo número total de nascidos vivos) foram de 3.907 aos 12 meses (94% do total de participantes), 3.869 aos 24 meses (93% do total) e 3.780 aos 48 meses (91% do total) (SANTOS et al., 2011).
O subestudo realizado entre os 12 e 13 anos de idade foi realizado no domicílio do adolescente e em horário pré-agendado por telefone. Os exames clínicos foram realizados por 9 cirurgiões-dentistas e 7 entrevistadoras. Ao chegarem à residência, a entrevistadora dava início à coleta, com a apresentação do estudo e leitura do termo de consentimento livre e esclarecido e termo de assentimento para o adolescente. A seguir, era então realizado o questionário com algumas questões direcionadas ao responsável e outras ao adolescente e por fim, o exame clínico bucal.
4.2.4 Treinamento das entrevistadoras
Desde a etapa do perinatal até os 48 meses de vida, as entrevistadoras tinham, pelo menos, o ensino médio completo. Durante o treinamento, as mesmas tomaram conhecimento dos instrumentos a serem utilizados no trabalho de campo. A aplicação de cada pergunta do questionário foi orientada e a técnica de padronização das medidas para a coleta das medidas antropométricas foi utilizada. O controle de qualidade em todos os acompanhamentos foi realizado por meio de uma pequena entrevista realizada por telefone com a mãe da criança, a qual era questionada sobre algumas perguntas repetidas do questionário, a fim de avaliar a concordância e a repetibilidade das respostas.
No subestudo de saúde bucal, as entrevistadoras também receberam instruções sobre o trabalho de campo, bem como treinamento teórico-prático dos questionários a serem utilizados, além de orientação de preenchimento da ficha clínica. Também foi realizado um controle de qualidade com 10% da amostra através de um questionário reduzido.
4.2.5 Treinamento e calibração dos examinadores
Os exames clínicos foram realizados por 9 cirurgiões-dentistas, todos pertencentes ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Federal e com experiência prévia em estudos epidemiológicos.
Inicialmente, foi realizado treinamento teórico com duração de 04 horas, com exposição dos critérios diagnósticos para cada condição de saúde bucal avaliada. Para o DDE (desfecho de interesse) foi utilizada a versão modificada do índice DDE (FDI, 1992) e o processo de calibração desta condição se deu in lux. Os examinadores avaliaram individualmente 20 imagens projetadas, de boa qualidade, com intervalo de aproximadamente dois minutos entre cada imagem e classificaram os elementos dentários de acordo com os critérios diagnósticos previamente apresentados. O padrão-ouro foi um cirurgião-dentista, doutor em odontologia e com experiência prévia em estudos epidemiológicos. O kappa médio inter-examinador foi de 0,67 (variando de 0,60 a 0,84), considerado de boa concordância.
4.2.6 Instrumentos utilizados para coleta de dados e operacionalização
4.2.6.1 Intrumento para a coleta do desfecho e operacionalização
O desfecho “Defeito de Desenvolvimento de Esmalte” foi avaliado através do Modified DDE Index (FDI, 1992), como proposto pela World Dental Federation (FDI), os critérios adotados pelo índice podem ser vistos na Tabela 6. O exame foi realizado nas faces vestibular e lingual/palatina dos dentes permanentes. Foram examinados todos os elementos dentários permanentes presentes na cavidade bucal.
O desfecho DDE será definido como a presença de pelo menos uma superfície dentária com qualquer um dos tipos de defeito de desenvolvimento de esmalte. Além disso, os tipos de defeito serão avaliados como desfechos binários independentes e categorizados em: (1) presença ou ausência de hipoplasia; (2) presença ou ausência de opacidades difusas; e (3) presença ou ausência de opacidades demarcadas. Quando uma superfície dentária apresentar mais de um tipo de defeito, será contabilizado em ambos os defeitos.

- Produção de 1 tese de doutorado
- Produção de 2 artigos científicos