Nome do Projeto
Role Plyaing Game e o imaginário do negro na Literatura brasileira
Ênfase
Extensão
Data inicial - Data final
26/09/2017 - 12/12/2017
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Linguística, Letras e Artes
Eixo Temático (Principal - Afim)
Educação / Direitos Humanos e Justiça
Linha de Extensão
Metodologias e estratégias de ensino/aprendizagem
Resumo
La trata negrera es [...] la mayor tragedia de la historia de la humanidad. (UNESCO, 2004). A escravidão negra é considerada uma das maiores tragédias da humanidade e um dos maiores crimes cometidos por ela. Diante disso, é necessário o reconhecimento da cultura negra, pois, com a diáspora desse povo, muita riqueza cultural foi perdida, ressaltando que essa cultura é, muitas vezes, deixada de lado nas escolas, ficando restrita a datas comemorativas. Pensando nessa problemática, uma das maneiras de se trabalhar a cultura é através da literatura, visto que o caráter ficcional ou dramático é uma produção artística recorrente em várias culturas (CANDIDO, 2011), constituindo, assim, em um terreno propício para resgatar visões, padrões sociais, mitos e hierarquias de épocas estranhas à nossa, porém pertencentes à nossa história. Dessa forma, pretende-se levar textos literários da literatura brasileira de épocas distintas para o Ensino Médio, para aproveitar esse caráter literário entrando na cultura de uma forma mais profunda, levantando alguns tópicos como: apagamento cultural, o papel secundário do negro nos textos literários e preconceito cultural. O trabalho com RPG, portanto, procura estabelecer uma proposta de leitura crítica contra a intolerância, estabelecendo, ao mesmo tempo, uma reflexão sobre a produção literária brasileira e como personagens negras foram construídas ao longo da história.

Objetivo Geral

Refletir, a partir do formato de jogo do RPG, sobre a representação do negro pela literatura brasileira ao longo do seu processo histórico, oportunizando uma abordagem crítica voltada para os aspectos que denotam tanto a construção de esterótipos quanto a valorização da cultura negra.
Destinado a criar um ambiente de discussão envolvendo professores em formação e profissionais da educação básica (Ensino Médio) que trabalham com obras literárias ou se interessem pelo tema a partir das relações interdisciplinares propostas pelas atividades, as discussões e as ações desenvolvidas oportunizarão uma abertura para que as escolas vejam nas metodologias apresentadas, situações nas quais as leituras de textos literários poderão ser exploradas visando o estímulo ao pensamento reflexivo.
Outro aspecto importante a ressaltar é que esse os objetivos apresentados foram elaborados com o intuito de dar resposta a uma demanda da sociedade acerca dessa dupla problemática: a formação de leitores de textos literários e a reflexão da presença da etnia negra no processo histórico de formação do Brasil.

Justificativa

Propiciar uma discussão na sala de aula sobre o racismo, intolerância e cultura é um dos papéis da educação básica. Mesmo depois de séculos de opressão, ainda percebemos o preconceito presente de maneira constante no nosso cotidiano. E deixar de lado parte da nossa cultura seria hipocrisia nossa, por que, dessa foma, perderemos parte da nossa identidade.
A cultura negra contribuiu para nossa cultura ser o que é hoje, logo não pode ser negligenciada. Por isso é importante citar alguns mecanismos legais criados no intuito de ressaltar a sua importância, como por exemplo a Lei 10.639/03-MEC, segundo SEPPIR (2004, p. 8):

o governo federal sancionou, em março de 2003, a Lei no 10.639/03-MEC, que altera a LDB (Lei Diretrizes e Bases) e estabelece as Diretrizes Curriculares para a implementação da mesma. A 10.639 instituiu a
obrigatoriedade do ensino da História da África e dos africanos no currículo escolar do ensino fundamental e médio. Essa decisão resgata historicamente a contribuição dos negros na construção e formação da sociedade brasileira.

A partir dessa lei, o ensino de cultura Afro-brasileira e africana passa a ser obrigatório nas escolas. Consoante a isso, o projeto apresentado pretende colocar em exercício esse princípio legal. Um dos parágrafos da lei nos mostra:

§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.
§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.

Na última linha do segundo inciso, está claro o ênfase das áreas do conhecimento. Como a abordagem desse projeto é através da literatura, é importante destacar uma passagem de Candido (1995, p.186):

A literatura corresponde a uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob pena de mutilar a personalidade, porque pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo ela nos organiza, nos liberta do caos e portanto humaniza. Negar a fruição da literatura é mutilar a nossa humanidade.

Seguindo essa premissa do autor, percebe-se, em poucas linhas, a importância do estudo da literatura para a construção de uma cidadania saudável. Ao explorar um pouco de cada período literário dar para ter um panorama da representação do negro e a sua contribuição para a literatura brasileira. Inserir os jovens na nossa cultura é fazer cidadania, fazer com que reconheçam nossa identidade, principalmente nos dias de hoje em que os jovens têm outras fontes de referências assim como internet e televisão. Por isso é
importante dialogar com a linguagem dos jovens, pensando em estratégias para estabelecer esse diálogo, como assinala Ana Paula e Luana Teixeira Porto:

se consideramos o perfil discente que as escolas estão recebendo – os alunos nativos digitais-, temos de pensar em estratégias de formação de leitores e formação cultural que deem conta dessa clientela. Insistir na leitura de textos clássicos como primeiro passo para a estimulação da leitura literária nesse contexto parece ser um contrassenso, que acarreta maior desgosto pela leitura literária e sua associação com algo enfadonho e desprazeroso. (2015, p.96)

Uma das formas encontrada, neste projeto, para estabelecer esse diálogo, foi o Role Playing Game (em português: jogo de interpretação de papeis), mais conhecido como RPG de mesa ou simplesmente RPG.
Ao unir esses dois elementos similares, porém ao mesmo tempo distintos, pode se aproveitar o máximo a contribuição de cada um e enriquecer as sessões do jogo. As sessões do RPG são chamadas de reuniões, onde acontece o desenrolar do enredo e podem levar horas, semanas e até mesmo meses para ter um desfecho ou, em alguns casos, as histórias não têm um objetivo específico garantindo o embarque para novas aventuras. Outra justificativa para a escolha do jogo é por ser algo artesanal e de fácil confecção, um vez que o jogo de mesa necessita apenas de alguns materiais como: lápis, caneta, folhas de papel, fichas de personagens, dados de seis lados sendo de fácil acesso para todos. Como já foi mencionado, há várias mitologias presentes nos RPG’s mais conhecidos, porém a mitologia africana nunca é trabalhada na sua forma lúdica, embora ela permita inspirar histórias carregadas de aventuras.
Visto que existe essa "dominação" por outras mitologias, é importante levar para a sala de aula e ressaltar
o papel da religião africana na construção da nossa identidade, até mesmo para desmistificar alguns pontos da cultura negra tão estigmatizada. Além do mais, o projeto pretende seguir o que está escrito nas Diretrizes relações étnico-raciais (2004, p.10): “oferecer uma resposta, entre outras, na área da educação, à demanda da população afrodescendente, no sentido de políticas de ações afirmativas, isto é, de políticas de reparações, e de reconhecimento e valorização de sua história,cultura, identidade.”

Metodologia

As aulas serão expositivas e interativas, em que serão estudados os períodos literários, começando pelos princípios da nossa literatura: a escola Barroca viajando até a contemporaneidade. Porém não obedecerá uma ordem cronológica rígida com um ponto de partida e um ponto final, o que possibilita, na mesma aula/sessão, abordar obras de escolas literárias diferentes. Por causa da indisponibilidade de tempo, focaremos em poemas, contos e crônicas. Dessa forma, dependendo das aulas, serão distribuídos xerox ou serão exibidos slides no quadro, para a turma poder acompanhar os textos. Como este projeto destina-se a estudar a representação e a contribuição do negro na literatura, as obras foram selecionadas com esse objetivo.
Na primeira aula será introduzido o RPG, abordaremos alguns conceitos e características, o professor explicará a sigla RPG e contará um pouco da história do jogo, assim também, as regras principais do sistema usado no projeto serão distribuídas. Os alunos já conhecedores do jogo poderão ajudar na explicação da dinâmica e das regras. Através do jogo de mesa a mitologia africana será abordada dando um toque lúdico ao trabalho. A mecânica do jogo, como já foi explicada, permite cada jogador
controlar uma personagem, porém, prevendo o número grande de pessoas na turma, isso passa a ser inviável, portanto vão ser formados grupos de alunos em que cada grupo controla uma personagem. Como o RPG permite criar uma narrativa coletiva é importante ler o que escreve Micheletti:

Contar histórias é uma atitude que nos vem dos primórdios da humanidade,
Em tempos muito antigos, as pessoas se reuniam para ouvir histórias e…
aprender; contar histórias e ouvi-las era ma forma de ensinar e aprender. O
narrador era alguém mais velho que transmitia o seu saber aos mais jovens.
(2002, p.65)

Levando em consideração a afirmação acima, o RPG, mesmo que os jogadores não percebam, acaba tendo o papel de resgatar um velho costume da humanidade: contar histórias em grupo, em roda de família, entretanto de uma forma impar, em que cada um contribui com cenários, personagens, ações e etc. Como um dos objetivos é unir Literatura e RPG, os poemas, contos e crônicas serão vistos na narrativa do jogo, da forma em que serão contextualizados na história, enriquecendo enredo e descrições. Alguns poemas podem ser citados pelos jogadores, pelo mestre e nesse ponto vale ressaltar que a oratória passa a ser trabalhada, assim também como a parte das interpretações das personagens pelos jogadores, dessa forma explora-se o lado corporal dos alunos o que assimilha-se, tenuemente, com o
teatro.

Indicadores, Metas e Resultados

Ao final do projeto é esperado atingir alguns desses indicadores como parte do processo de formação a partir da leitura de textos literários ambientados na perspectiva do RPG:

1) Sintetizar a cultura negra, assimilando a mitologia africana;
2) Oportunizar uma discussão relevante sobre o processo de formação histórico-cultural da literatura brasileira e da presença do negro;
3) Relacionar literatura e cultura;
4) Reconhecer períodos literários.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
JEEAN KARLOS SOUZA GOMES
JOAO LUIS PEREIRA OURIQUE6

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