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O município de Camaquã é conhecido como a Capital Nacional do Arroz Parboilizado por contar com diversas empresas de beneficiamento do produto, que ao longo dos anos se tornou uma das mais importantes fontes de riqueza da economia local. O grupo de associados do perímetro irrigado contribui para esse processo produzindo em média 8 mil quilos de cereal por hectare.

A água necessária para a irrigação da cultura do arroz é advinda da barragem do Arroio Duro, localizada na cidade de Camaquã. Essa barragem possui capacidade para armazenar 170 milhões de metros cúbicos de água, sendo uma das grandes impulsionadoras para o desenvolvimento do setor. Além do mais, possui vazão máxima no vertedouro de 370 m3/s e descarga máxima no ponto de saída da irrigação de 28 m3/s. Para levar água até os usuários, existem 166 km de canais principais de irrigação, sem contar os canais secundários e terciários, além de 40 comportas elevadoras de nível.

Atualmente, o perímetro irriga 17 mil hectares/safra. Contando ainda com dois levantes no rio Camaquã, esse valor totaliza 20 mil hectares/safra. A associação de usuários reúne aproximadamente 400 produtores de arroz, a maioria com pequenas propriedades. No total são 672 propriedades beneficiadas, considerando ainda que existem propriedades pequenas de 0,5 hectare e grandes propriedades com áreas próximas a 3000 hectares. A produção média de arroz por hectare está na faixa de 8.000 kg, e a área total do projeto é de 62.000 hectares, sendo que o potencial hídrico disponível no momento permite a irrigação de aproximadamente 20 mil hectares.

A estimativa da área de cada propriedade é fundamental para quantificar a água a ser distribuída pela associação de usuários, e consequentemente, definir a capacidade de irrigação para a próxima safra. Atualmente, há uma série de inconsistências nesse levantamento, acarretando em grandes desperdícios de água. Todo o período irrigado está mapeado em sistemas que não permitem a constante atualização, de uma forma consistente e confiável. Além do mais, há uma cobrança pelos órgãos ambientais em atualizar o sistema atualmente utilizado.

Sendo assim, se justifica o uso de plataforma SIG, uma vez que os resultados permitirão uma precisão maior das áreas das propriedades, atreladas à outras informações importantes para o melhor gerenciamento da área. Além do mais, permitirá futuras atualizações de uma forma rápida e confiável, como, por exemplo, novas obras de infraestrutura e mudanças de proprietários e divisas.

A metodologia a ser utilizada para alcançar os objetivos geral e específicos está descrita em etapas, a saber:

1ª Etapa: Criação de uma base de dados espacial da área de estudo: Será criada uma base de dados com informações espaciais da bacia do rio Camaquã. Serão obtidos por meio de órgãos públicos (IBGE, Exército, ANA) dados relacionados ao terreno, cursos d’água, imagens de sensoriamento remoto, entre outros, que serão fundamentais para a modelagem e o mapeamento utilizando a plataforma SIG. Serão utilizados também para compor o banco de dados geográfico de um conjunto de informações e mapeamentos já realizados anteriormente pela associação de usuários do perímetro, como CAR (cadastro ambiental rural), matrículas das propriedades, mapas em CAD.

2ª Etapa: Modelagem em SIG da área de captação das barragens no Arroio Duro: Será obtido o modelo digital do terreno da área de captação a montante da barragem do Arroio Duro, assim como de outros barramentos que forem importantes para a gestão do perímetro irrigado. Toda a modelagem será feita utilizando o software ArcGIS 10.5 da ESRI.

3ª Etapa: Mapeamento do perímetro irrigado: Serão mapeadas geograficamente todas as propriedades que fazem parte do perímetro irrigado, assim como serão atribuídas informações de área, matrícula, nome do proprietário, em ambiente SIG, permitindo a fácil atualização, caso seja necessário no futuro. Um esforço adicional será realizado para mapear outras feições de interesse, como estradas e canais, sendo necessário algumas visitas a campo. Todos os mapas serão gerados utilizando o software ArcGIS 10.5 da ESRI.

4ª Etapa: Validação dos mapas gerados: Será necessário validar os mapas gerados em campo. Para isso serão obtidos alguns pontos geográficos por meio de GPS para verificar se o mapa gerado está de acordo com a realidade local.

5ª Etapa: Promover curso de capacitação sobre Sistemas de Informações Geográficas (SIG): Será ministrado curso de capacitação com carga horária a ser definida, com conteúdo programático relacionado ao SIG aplicado a gestão de recursos hídricos.

Por meio deste projeto de extensão, espera-se mapear toda a área do perímetro irrigado da bacia do Arroio Duro, assim como os demais constituintes do mesmo, totalizando uma área em torno de 64.000 hectares.

Espera-se, também, que os resultados gerados possam permitir o melhor aproveitamento da água, evitando o desperdício, mesmo em situações de abundância, fundamentando uma melhor gestão e planejamento dos recursos hídricos.

Pretende-se envolver alunos de graduação dos cursos de Engenharia Civil e Engenharia Ambiental e Sanitária, assim como alunos dos programas de pós-graduação em Recursos Hídricos e Ciências Ambientais.