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No Brasil, historicamente as mulheres negras permaneceram/permanecem na base da pirâmide social, econômica e ocupacional. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) na publicação Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça (2024), é possível perceber que, as mulheres negras continuam tendo os menores rendimentos ocupacionais em comparação as mulheres brancas e homens brancos e negros. Os dados da referida pesquisa apontaram que em 2023, os homens ganhavam R$ 3.252,00, enquanto as mulheres ganhavam R$ 2.386,00, ou seja, a remuneração das mulheres é 27% menor que a dos homens, mas ao incluírem o quesito raça e gênero, os dados mostraram que a maior desigualdade de renda no Brasil aparece ao comparar o rendimento médio da mulher negra, que era de R$ 1.814,00, em relação ao homem branco que é de R$ 4.248,00, ou seja, as mulheres negras recebem 57% a menos do que os homens brancos.
Os dados acima, apontam que investigar os desafios enfrentados por mulheres negras procedentes de Comunidades Quilombolas para se moverem na estrutura sócio-ocupacional, torna-se urgente para que possamos compreender o lugar do racismo na manutenção do sistema de desigualdade racial, de gênero e de classe vivenciado de forma geracional por essas mulheres.
Nesse sentido, esse cenário sugere uma investigação com mulheres negras de gerações distintas originárias de Comunidades Quilombolas de Aceguá, por se tratar de uma região rural e fronteiriça onde se perpetuou por décadas a cultura escravagista, e para que assim possamos desvelar como se constitui a (i)mobilidade sócio-ocupacional dessas mulheres na região e quais são as dinâmicas e as estratégias mobilizadas por elas para se moverem na estrutura sócio-ocupacional.

Primeiramente, se fará uma revisão bibliográfica de livros, artigos, dissertações e teses sobre mobilidade sócio-ocupacional para compreender como são tecidos as dinâmicas e os processos que operam na elaboração de estratégias de mobilidade.
Na sequência, para a produção de dados será realizada a observação participante e entrevista semiestruturada em profundidade (MINAYO, 2008), com o objetivo de analisar a (i)mobilidade ocupacional de mulheres negras quilombolas de Aceguá.
Por fim, será realizada uma análise de gerações distintas de mulheres negras que se identificam e são identificadas como originárias de comunidades quilombolas de Aceguá para que possamos investigar com profundidade os coortes que vivenciaram diferentes contextos sociais, políticos e econômicos na mencionada região.

Descrição densa da trajetória de vida e o mapeamento da inserção laboral de mulheres negras de gerações distintas originárias de Comunidades Quilombolas de Aceguá.
Contribuir na formação de recursos humanos através de orientações de graduação e pós-graduação que versem sobre a temática da pesquisa.
Apresentar os resultados parciais e finais da pesquisa em eventos nacionais e internacionais.
Expandir e consolidar redes de pesquisa que dialoguem com a temática do projeto.