Nome do Projeto
Produção de Conhecimento em Saúde: fundamentos materialistas histórico-dialéticos na Terapia Ocupacional
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
11/11/2025 - 12/11/2027
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
Este projeto unificado, com ênfase na pesquisa, tem como objetivo aprofundar e fortalecer a produção de conhecimento em Terapia Ocupacional a partir do método materialista histórico-dialético (MHD), adotado criticamente como uma das bases teórico-práticas da profissão desde a década de 1980, no contexto de redemocratização e de reorientação ético-política da área. Nessa perspectiva, uma atuação profissional que se distancia da análise crítica da realidade corre o risco de assumir o papel de “adaptador social”, expressão que, conforme Galheigo (1997), restringe o exercício profissional à normalização dos sujeitos e à manutenção da ordem social, esvaziando o potencial emancipatório da Terapia Ocupacional e afastando-a de seu compromisso com a liberdade, a dignidade, a igualdade e a eliminação de toda forma de opressão, conforme previsto no Código de Ética da profissão. Diante desse contexto e das contradições que atravessam a apropriação do método na área, o projeto investiga de que modo o materialismo histórico-dialético tem sido incorporado nas produções científicas e práticas da Terapia Ocupacional brasileira, e quais lacunas persistem em sua sistematização teórico-metodológica. Partindo dessa compreensão, o projeto reconhece a ocupação humana e o cotidiano como categorias historicamente determinadas, indissociáveis das condições materiais e imateriais de vida, transformáveis no exercício da práxis. Conforme Heller (1989), a vida cotidiana não está fora da história, mas no centro dos acontecimentos históricos; é nela que se expressam as contradições sociais e se torna possível o movimento de superação. A práxis, nesse contexto, é o ato consciente que unifica teoria e ação, por meio do qual os sujeitos transformam o mundo e a si mesmos. Sustentado nesse entendimento, o projeto propõe o aprofundamento teórico e prático dessa perspectiva, fomentando processos coletivos, formativos e emancipatórios voltados ao cuidado e à saúde coletiva. Busca consolidar uma abordagem crítica, interdisciplinar e socialmente referenciada, comprometida com a transformação das condições materiais e simbólicas de existência e com o fortalecimento de práticas que unam produção de conhecimento, formação profissional e ação social transformadora. Referências GALHEIGO, Sandra Maria. Da adaptação psicossocial à construção do coletivo: a cidadania enquanto eixo. Revista de Ciências Médicas, v. 6, n. 2/3, 1997. HELLER, Agnes. O cotidiano e a história. 5. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1989.

Objetivo Geral

Investigar e difundir as potencialidades do método materialista histórico-dialético como fundamento ético, teórico e político da Terapia Ocupacional e da Saúde Coletiva, promovendo a produção de conhecimento comprometida com a compreensão crítica das determinações sociais da saúde e com a emancipação humana.

Justificativa

A Terapia Ocupacional brasileira, especialmente a partir da década de 1980, passou a adotar criticamente o método materialista histórico-dialético (MHD) como um de seus fundamentos teórico-práticos, no contexto de reabertura democrática e de reorientação ético-política da profissão. Esse movimento possibilitou novas leituras sobre o cotidiano, a ocupação humana e as determinações sociais da saúde, afirmando o compromisso da área com a transformação das condições concretas de existência. Entretanto, uma atuação profissional que se distancia da análise crítica da realidade corre o risco de se converter em instrumento de adaptação social, reduzindo o fazer terapêutico à normalização dos sujeitos e ao restabelecimento da ordem – o que esvazia seu potencial emancipatório e ético-político.

Conforme Lefebvre (1991), o método dialético supera as oposições entre teoria e prática, forma e conteúdo, subjetividade e objetividade, permitindo compreender o real em sua totalidade histórica e contraditória. O MHD, portanto, não é apenas um modo de interpretar o mundo, mas de agir sobre ele, reconhecendo nas práticas sociais a possibilidade de transformação.

No diálogo entre a Terapia Ocupacional e a Saúde Coletiva, evidencia-se a necessidade de formar sujeitos capazes de compreender e intervir na realidade em sua complexidade, articulando as múltiplas dimensões da vida – individual e coletiva, privada e pública, objetiva e subjetiva. A criação de espaços de ensino, pesquisa e extensão fundamentados no MHD contribui para o fortalecimento do debate crítico, a produção de novos conhecimentos e a transformação concreta das práticas de cuidado e formação.

Justifica-se, portanto, pela necessidade de consolidar uma formação ético-política e teórico-crítica que ultrapasse a dimensão técnico-instrumental, comprometendo-se com processos coletivos, emancipatórios e socialmente referenciados. O projeto também busca sistematizar e difundir o conhecimento produzido sobre o MHD na Terapia Ocupacional, promovendo diálogo interdisciplinar e articulação entre universidade, serviços públicos e movimentos sociais.

Metodologia

O projeto será desenvolvido por meio de encontros semanais, com duração média de duas horas, articulando ensino, pesquisa e extensão como dimensões da práxis coletiva. As atividades compreendem formação teórica, pesquisa bibliográfica e análise crítica de produções científicas e experiências profissionais, orientadas pelas categorias do MHD – historicidade, totalidade, contradição e mediação.

Serão realizados levantamentos bibliográficos e documentais em bases de dados acadêmicas, seguidos de análise de conteúdo conforme Minayo (2012), buscando identificar núcleos de sentido e tendências históricas na constituição teórico-prática da Terapia Ocupacional. Os resultados serão reinterpretados à luz do MHD e sistematizados em produções teórico-críticas e formativas, organizadas em acervo público digital hospedado em plataforma institucional. Todo o processo será conduzido de forma colaborativa e dialógica, valorizando o protagonismo estudantil, a formação crítica e a socialização pública do conhecimento.

Indicadores, Metas e Resultados

Indicadores:

Número de encontros realizados e frequência média de participação dos integrantes;

Produção de relatórios reflexivos, artigos, sínteses teóricas e materiais formativos;

Trabalhos apresentados em eventos acadêmicos e científicos da área;

Criação, atualização e acesso ao acervo digital público, contendo produções e registros do projeto;

Participação ativa de estudantes, docentes e outros atores sociais nas atividades do grupo;

Realização de evento formativo (simpósio, roda de diálogo ou oficina) vinculado ao projeto.

Metas:
Realizar ao menos 20 encontros anuais, publicar dois artigos científicos e um relatório das ações por ano, criar e manter um acervo digital público atualizado, promover um evento formativo nacional ou regional ao final do ciclo de atividades e organizar anais e/ou livro coletivo com as produções resultantes.

Resultados Esperados:
Consolidar um espaço permanente de formação crítica e produção teórico-prática em Terapia Ocupacional e Saúde Coletiva; ampliar a visibilidade e o debate sobre o método materialista histórico-dialético na área; fortalecer o diálogo entre universidade, serviços públicos e movimentos sociais; e contribuir para a transformação das práticas formativas e profissionais, em direção a uma Terapia Ocupacional socialmente referenciada, ética e emancipatória.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
LAUREM JANINE PEREIRA DE AGUIAR12
ROBERTA BILHALVA DE SOUZA

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