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Salienta-se que, apesar da importância histórica de autores como João Simões Lopes Neto e Francisco Lobo da Costa, grande parte da população pelotense associa seus nomes apenas a logradouros e monumentos, sem contato direto com a potência de suas obras. Esse distanciamento compromete a preservação da memória e a valorização da identidade local, bem como a reflexão sobre as contradições presentes na formação cultural de um povo e sua comunidade. O projeto se justifica pela necessidade de transpor as barreiras do texto impresso, tornando a literatura acessível por meio da performance e da experiência coletiva. Ao encenar narrativas nos espaços urbanos que inspiraram os autores, cria-se uma ponte entre passado e presente, literatura e cotidiano, patrimônio e vida comunitária. A iniciativa também se alinha à missão universitária de produzir e compartilhar conhecimento com impacto social, dialogando com políticas culturais de preservação do patrimônio imaterial e democratização do acesso à arte.

A metodologia compreende a análise crítica das obras literárias, seguida pela escrita criativa coletiva, pela adaptação cênica e pelas encenações em espaços urbanos de relevância histórica. As performances — realizadas em praças, prédios e ruas mencionados nos textos — serão concebidas como teatro espontâneo e experimental, sendo integralmente gravadas. O material audiovisual resultante será desdobrado em múltiplos formatos: desde vídeos curtos para divulgação em mídias sociais até obras de maior duração para exibição em festivais, eventos e na comunidade escolar, compondo um acervo digital acessível. A proposta busca aproximar a população de seu patrimônio literário, transformar a percepção do espaço urbano e evidenciar a relevância da literatura pelotense.
O projeto será desenvolvido em cinco fases integradas, articulando pesquisa, ensino, criação (escrita criativa, encenação) e extensão:
Pesquisa e Curadoria: Foco na análise crítica das obras "O Boato", de João Simões Lopes Neto, poemas selecionados de Francisco Lobo da Costa e "Em Nome de Francisco", de Valter Sobreiro Júnior. A leitura crítica também se apoia no livro "João Simões Lopes Neto: Teatro (século XIX)", organizado por João Luis Pereira Ourique e Luís Rubira (2017), que fornece aparato teórico e histórico sobre a relação entre Simões Lopes Neto e as manifestações teatrais do século XIX. Para sustentar a recriação dramatúrgica de “Em Nome de Francisco”, além do estudo crítico de Marina de Oliveira (2025), serão utilizados materiais jornalísticos e escritos da época, que abordam aspectos da vida cotidiana e dos últimos dias de Lobo da Costa, enriquecendo a pesquisa com elementos factuais da história pelotense.
Adaptação e Criação: Roteirização das cenas a partir dos textos. Para a encenação de “O Boato”, serão utilizados como referência o roteiro e os manuscritos da tese de Carlos Ossanes (2022). Já em relação à obra "Em Nome de Francisco", de Valter Sobreiro Júnior (1987), o projeto parte de sua ideia geral centrada em uma das histórias sobre o poeta pelotense, mas propõe uma adaptação poética que organiza três eventos na vida de Lobo da Costa até o desfecho trágico da sua morte.
Produção e Execução: Ensaios e preparação das encenações com núcleo de aproximadamente 20 atores da comunidade acadêmica e local. As intervenções teatrais ocorrerão nos locais históricos, sendo integralmente registradas em áudio e vídeo.
Difusão e Engajamento Comunitário: A partir do material gravado, serão editados conteúdos curtos para mídias sociais e obras audiovisuais de maior fôlego, destinadas a festivais, eventos culturais e comunidade escolar.
Avaliação de Impacto e Documentação: Análise do alcance das ações para relatório final e planejamento de novos ciclos com outros autores.

1. Ampliação da visibilidade da literatura pelotense e fortalecimento da identidade cultural local, contribuindo para a formação de leitores literários e de público para o teatro.
2. Elaboração de textos científicos a partir dos diversos processos que envolvem o projeto, voltados para apresentação em eventos acadêmicos e publicação em veículos especializados.
3. Produção de 2 obras audiovisuais a partir das encenações, além de vídeos curtos para divulgação nas redes sociais e sites culturais.
4. Realização de apresentações públicas na cidade de Pelotas a partir do segundo ano de vigência do projeto.
5. Estabelecer vínculo com pelo menos 2 escolas da rede pública municipal/estadual da cidade de Pelotas visando envolver os estudantes e potencializar o alcance do trabalho.
6. Produção de um acervo digital que possibilite replicar o modelo de trabalho para outros interessados, amparado principalmente em um catálogo fotográfico e um guia pedagógico para circulação escolar.
7. Contribuição para a implementação de um circuito cultural e turístico em Pelotas, integrando literatura, teatro e espaço urbano.