Metodologia 1 - extravasamento em canais radiculares
Estudo laboratorial in vivo, utilizando ratos da espécie Wistar.
Os debris de dentina serão obtidos com o desgaste da porção interna da câmara pulpar de dentes extraídos, com uma broca esférica Nº 6, acionada em micromotor de baixa rotação, sob irrigação.
As raspas de dentina serão mantidas em suspensão com BHI e, conforme o grupo experimental, serão autoclavadas (debris não contaminados), ou infectadas (debris contaminados).
A placa subgengival será coletada de um doador adulto, saudável e suspensa em caldo brain-heart infusion (BHI; Becton Dickinson, Sparks, MD, USA). As raspas de dentina serão incubadas nesta suspensão em placas de 24 poços sob condições de anaerobiose (AnaeroGen; OXOID, Hampshire, UK) a 37°C, por uma semana.
Para realização desse estudo serão utilizados 36 ratos Wistar, machos, com 3 meses de idade (250 a 270 g de peso). Os animais serão alojados em condições controladas padrão (temperatura de 22 ° C ± 1 ° C, umidade de 70%, ciclo de 12 horas/luz-escuridão de 12 horas) e receberão uma dieta de ração padrão com livre acesso à água filtrada. Previamente ao procedimento cirúrgico, os ratos serão anestesiados através de injeção intraperitoneal com Xilazina 10 mg/kg (Ceva Saúde Animal Ltda., Paulínia, SP, Brasil) e quetamina 80 mg/kg (Vetil Indústria e Comércio Ltda., Louveira, SP, Brasil).
O método para estabelecer comprimento de trabalho (WL) no modelo de rato será com o uso de um localizador apical eletrônico (EAL) (Romiapex a-15 Romidan) (BRANDÃO et al., 2018).
Para induzir lesões periapicais crônicas, o acesso endodôntico e a remoção da polpa serão realizados bilateralmente nos primeiros molares inferiores de 36 ratos. A exposição pulpar será realizada na fossa mesial dos primeiros molares inferiores, utilizando uma broca circular 1011 HL (KG Sorensen, Cotia, SP, Brasil) em alta velocidade, com cerca de 1 mm de profundidade (SCARPARO et al., 2011). O tecido pulpar será removido usando uma lima #K10 (Dentsply / Maillefer, Ballaigues, Suíça) e irrigação abundante com solução a 2,5% de hipoclorito de sódio (NaOCl) (Asfer Indústria Química Ltda., São Caetano do Sul, SP, Brasil). Os dentes serão deixados abertos ao ambiente oral por 3 semanas (SCARPARO et al., 2011).
O tratamento endodôntico será realizado no canal mesial dos primeiros molares inferiores direitos até o CRD (comprimento real do dente), considerando a posição do ápice determinada pela localizador. Devido a limitações anatômicas, o tratamento do canal radicular em ratos só é possível na raiz mesial dos primeiros molares inferiores. Os outros canais radiculares têm uma curva estreita e pronunciada,
o que dificulta a preparação do canal. Os animais serão separados em três grupos experimentais (n =12). No primeiro grupo após o tratamento endodôntico serão extruídos respectivamente 5 mg de debris de dentina infectadas, no segundo grupo serão extruídos 5 mg de debris de dentina não-infectadas e no terceiro grupo após o tratamento endodôntico não será extruído qualquer quantidade de debris de dentina (grupo controle positivo). Os primeiros molares inferiores esquerdos não serão tratados e servirão como grupo controle negativo.
O preparo do canal radicular será realizado através da técnica reciprocante. Primeiramente será realizada exploração com uma lima # 15, posteriormente o canal será preparado com uma lima R25 (Lima Reciprocante Reciproc - VDW) no CRD estabelecido pelo localizador.
Os canais radiculares serão irrigados com 2 ml de hipoclorito de sódio a 2,5% (Neo Dental Chemical Products, Tóquio, Japão) usando agulhas de calibre 30 (NaviTip, Ultradent Products, South Jordan, UT), juntamente com aspiração e irrigação final com 5 mL de solução salina estéril. Em seguida, os canais serão secos usando pontas de papel esterilizadas. Após o preparo do canal radicular, no primeiro e segundo grupos serão extruídos respectivamente, 5 mg de debris de dentina infectados e não-infectados com auxílio de uma lima endodôntica manual tipo K # 20. Os dentes serão selados com cimentos de ionômero de vidro fotoativado (VITRO FIL LC R- NOVA DFL). Após os períodos experimentais de 7 e 30
dias, os animais serão eutanasiados de acordo com seu período experimental. A eutanásia será por inalação de isoflurano. As hemi-mandíbulas serão preparadas para avaliação radiográfica e histológica.
As mandíbulas dos animais serão removidas cirurgicamente e as radiografias periapicais (Rx, Procion) dos primeiros molares serão realizadas,
seguindo os princípios da técnica do paralelismo (tempo de exposição: 0,08 s). As imagens serão salvas no formato DICOM para análise. As amostras serão fixadas em solução tamponada a 10% de formalina por 48 h e descalcificadas com EDTA 17% por 4 semanas. Em seguida, as mandíbulas serão processadas para inclusão em parafina em blocos. Cortes seriados (5 m) serão corados com hematoxilina-eosina e
posteriormente analisados em microscopia óptica.
As lâminas serão observadas em microscopia óptica (ampliações de 40x, 100x, 200x, 400x) e as imagens de interesse serão capturadas através de uma câmera digital. Um examinador patologista experiente e cego avaliará todas as amostras de acordo com os escores adaptados de estudos anteriores (Brandão et al., 2018).
Intensidade da inflamação:
(1) ausência de inflamação; (2) infiltrado mononuclear escasso; (3) infiltrado mononuclear e / ou neutrófilos e eosinófilos dispersos; (4) infiltrado polimorfonuclear de neutrófilos e / ou eosinófilos e / ou áreas de formação de abscesso.
Reabsorção radicular:
(1) ausente; (2) reabsorção localizada em um local específico do ápice radicular; (3) reabsorção espalhada em mais de um local do ápice radicular;
(4) reabsorção invadindo a dentina.
Neoformação do cemento:
(1) ausência de cemento neoformado; (2) selamento biológico parcial; (3) vedação biológica completa.
As distribuições dos parâmetros radiográficos e histológicos serão analisadas e as estatísticas descritivas (média e desvio padrão) serão calculadas.
O teste de Mann-Whitney será usado para dados não paramétricos e o teste t de Student para dados paramétricos (P <0,05).
Os dados serão analisados no software SPSS (SPSS Statistics for Windows, versão 20.0, SPSS Inc., IBM, Chicago, IL, EUA).
Metodologia – Estudo 2 – Cavidades confeccionadas em fêmur
Para a realização deste estudo serão necessários 36 ratos da espécie Wistar, com média de idade de 4 meses, pesando em média 300g. Os animais serão originários do Biotério da Universidade Federal de Pelotas. Previamente ao procedimento cirúrgico, os ratos serão anestesiados através de injeção intraperitoneal com Xilazina 10 mg/kg (Ceva Saúde Animal Ltda., Paulínia, SP, Brasil) e Quetamina 80 mg/kg (Vetil Indústria e Comércio Ltda., Louveira, SP, Brasil). O fêmur traseiro do lado direito será utilizado para a intervenção. Após a tricotomia e desinfecção da área com solução de álcool iodado, será realizada uma incisão na pele dos animais de 5 cm de comprimento utilizando uma lâmina de bisturi n° 11. Em
seguida, os tecidos serão divulsionados e o periósteo será exposto. Em cada animal, três cavidades de 2 mm de diâmetro serão preparadas sobre a superfície cortical do fêmur, com aproximadamente 3 mm de distância umas das outras. Estas cavidades serão realizadas com canetas de baixa rotação com pontas diamantadas n° 5, sob irrigação constante com soro fisiológico, seguido de aspiração. A ponta diamantada será posicionada perpendicularmente ao fêmur até atingir a medula óssea. As cavidades cirúrgicas serão preenchidas com debris de dentina, umidecidos em diferentes soluções irrigadoras. A ferida cirúrgica será suturada com fio de nylon 4-0. Cada animal será individualmente identificado pela cauda ou
marcação na orelha e acomodado em ambiente próprio para sua recuperação pós-cirúrgica, sob supervisão de um veterinário. Durante os períodos experimentais, serão mantidos dois ratos por casa, com ciclo de 12 horas dia/noite, temperatura entre 19-23°C, umidade relativa do ar entre 40-70%. A alimentação dos animais, bem como os demais cuidados, seguirá os protocolos regulamentados pelo Biotério da Universidade Federal de Pelotas. A eutanásia dos animais será realizada após os períodos de 7, 30 e 60 dias. Para tal, os animais receberão anestesia com Isoflurano, por via inalatória. Em seguida a perna operada será desarticulada e dissecada para isolar o fêmur e colocada em formol por 24 horas. Após esse período, com um disco de diamante sob baixa rotação, o osso será seccionado transversalmente para separação das cavidades. As cavidades cirúrgicas ficarão submersas em EDTA 17% por um período aproximado de 30 dias. As amostras serão montadas em blocos de parafina e
processadas para análise histológica. Secções com espessura de 5 m serão cortadas transversalmente ao longo do eixo do fêmur, montadas em lâminas e coradas com hematoxilina-eosina (H&E). Os cortes serão analisados com um microscópio óptico (RM2235; Leica, São Paulo, Brazil), usando 40,100, 200, e 400x de magnificação. Após, será realizada a análise histológica por um patologista previamente calibrado.Os eventos celulares inflamatórios serão analisados de acordo com os critérios descritos por
Tavares et al., (2013). A ocorrência de infiltrado inflamatório será determinada pela presença de neutrófilos, linfócitos, eosinófilos, macrófagos e células gigantes e classificadas como ausente, rara, moderada ou intensa.
Será avaliada, ainda, a formação de barreira mineralizada, de acordo com os critérios estabelecidos por Assmann et al., (2015), onde a barreira é classificada como: (1) ausente: sem deposição de tecido mineralizado na da abertura da cavidade; (2) parcial: fechamento parcial da cavidade pela deposição de tecido duro; e, (3) completa: fechamento total de cavidade por deposição de tecido.