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Ainda que de maneira bastante desestruturada e por vezes implícita, o tema da “criatividade” sempre esteve largamente presente tanto na formação quanto na atuação em design*.* De tal maneira que **se configura como um dos temas centrais da pesquisa e da prática da área. Contudo, fatores recentes como i) a crescente complexidade do problemas de *design* (LÖNNGREN; VAN POECK, 2021); ii) o aumento considerável da carga informacional que o *designer* deve considerar em seus projetos (BRIARD et al. 202); e iii) a adoção massiva de novas e ainda pouco compreendidas tecnologias de apoio ao projeto, como os sistemas de inteligência artificial generativa (LAI et al. 2023), fazem com que seja cada vez mais necessário passar a enquadrar a criatividade não como um feliz acidente, mas sim como um efetivo recurso de projeto. E que, como tal, possa ser aplicada de forma mais sistemática e gerenciável ao longo do processo projetual de *design*, passando assim a qualificar e otimizar a atuação do *designer* em meio a esse contexto complexo.

No âmbito do curso de Deisgn d UFPel, o projeto se justifica na medida que os temas da “criatividade” e do “processo criativo” já são tratados, ainda que de forma transversal, em diferentes disciplinas do curso de Design. Em especial aquelas do eixo “projetual”, como “Design da Informação”, “Design de identidade da marca”, Design de embalagem”, dentre outros. Assim, almeja-se que o projeto permita o aprofundamento e qualificação desses temas na formação dos discentes.

Por fim, em âmbito pessoal, o projeto também se justifica na medida que o processo criativo de *design* foi tema central tanto de minha dissertação de mestrado quanto tese de doutorado, as quais estudaram-no sob diferentes ênfases (processo criativo colaborativo no primeiro e inteligência do processo criativo no segundo). Esse histórico qualifica-me sobremaneira para a coordenação do projeto.

Graham Wallas (Wallas, 1926) foi pioneiro ao estruturar o processo criativo a partir de quatro etapas: preparação, incubação, inspiração e verificação. A partir desse modelo inicial, diversos outros autores, ao longo do tempo, desenvolveram suas próprias esquematizações do processo criativo. Muitas vezes, sob o enfoque da modelagem teórica da criatividade, como no caso de modelos como o Modelo componencial da criatividade (Amábile, 1983), a teoria do investimento em criatividade (Sternberg , 1988), ou o modelo sistêmico da criatividade (Csikszentmihalyi, 1988). Outras vezes, com enfoque em sua aplicação como estrutura para uma metodologia de design, como os modelos de Munari (Mnuari, 1983), Nelson Back (Back, 2008) e James Garrett (Deaton, 2003).

A partir dessa base teórica, a metodologia proposta para este projeto de pesquisa é organizada conforme os objetivos específicos delimitados, os quais contemplando tanto a ênfase em pesquisa quanto em extensão.

Para os objetivos específicos com ênfase em pesquisa:

- Objetivo específico A (estudar o processo criativo de design, em suas diversas vertentes e âmbitos): revisão sistemática da literatura sobre modelos teóricos do processo criativo no design. Detalhamento: busca em bases científicas como Scopus e Web of Science com descritores como "creative process", "design thinking" e "creativity models"; análise e categorização dos modelos encontrados quanto a características como suas bases epistemológicas, estrutura, linearidade e foco.

- Objetivo específico B (associar ações e iniciativas do curso de design às teorias do processo criativo): análise documental e mapeamento reflexivo. Detalhamento: exame dos planos de ensino e projetos pedagógicos do curso; entrevistas semiestruturadas com docentes; observação participante em disciplinas do eixo projetual; elaboração de matriz de correlação entre atividades didáticas e teorias da criatividade.

- Objetivo específico C (catalogar e organizar métodos criativos): pesquisa exploratória e modelagem taxonômica. Detalhamento: coleta e documentação de métodos criativos da literatura e da prática profissional; desenvolvimento de sistema de classificação baseado em critérios como tipo de problema, fase do processo de design, recursos necessários e nível de complexidade; criação de repositório digital organizado.

Para os objetivos específicos com ênfase em extensão:

- Objetivo específico D (promover ações de integração do curso de design ao ecossistema criativo e de inovação local e regional): pesquisa-ação colaborativa. Detalhamento: mapeamento de atores do ecossistema criativo local; realização de workshops participativos; organização de eventos integradores (hackathons, meetups criativos); documentação e análise reflexiva das ações realizadas.

- Objetivo específico E (desenvolver métodos e ferramentas criativos): design baseado em evidências e prototipagem iterativa. Detalhamento: síntese dos conhecimentos gerados nos objetivos anteriores; design de métodos e ferramentas criativas; testagem com grupos piloto; refinamento iterativo com base em feedback dos usuários; documentação dos resultados em formato de toolkit.

Como objetivos específicos, identificam-se:

Com ênfase em pesquisa: A) Estudar o processo criativo de design, em suas diversas vertentes e âmbitos; B) associar ações e iniciativas do curso de design às teorias do processo criativo; e C) catalogar e organizar métodos criativos. Como resultados esperados para esse âmbito estão o desenvolvimento de conteúdos e publicações acadêmicas.

Com ênfase em extensão: D) Promover ações de integração do curso de design ao ecossistema criativo e de inovação local e regional; e E) desenvolver métodos e ferramentas criativos. Como resultados esperados para esse âmbito estão a realização de visitas técnicas, exposições, palestras e cursos.

Quanto a seu cronograma, o projeto se estrutura em três fases principais:

- Fase 1: Foco nos objetivos específicos A e B, estabelecendo as bases teóricas e o mapeamento das iniciativas existentes
- Fase 2: Concentração nos objetivos específicos C e D, desenvolvendo o catálogo de métodos e iniciando as ações de integração com o ecossistema
- Fase 3: Dedicação ao objetivo específico E, com desenvolvimento e testagem de métodos e ferramentas, além da consolidação e disseminação dos resultados

As atividades serão documentadas continuamente através de relatórios, registros audiovisuais e publicações preliminares, permitindo ajustes metodológicos conforme o desenvolvimento do projeto.