Nome do Projeto
Literatura e Memória
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
31/08/2025 - 31/08/2029
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Linguística, Letras e Artes
Resumo
Existem, segundo Seligmann-Silva (2003, p. 67), dentro da sociedade, formas heterogêneas de enxergar o passado: "A memória existe no plural: na sociedade dá-se constantemente um embate entre diferentes leituras do passado, entre diferentes formas de enquadrá-lo". O pensador Paul Ricoeur também trata das distinções entre memória coletiva e individual: "[...] a memória é primordialmente pessoal ou coletiva? [...] a quem é legítimo atribuir o pathos correspondente à recepção da lembrança e a praxis em que consiste a busca da lembrança?" (RICOEUR, 2007, p. 105). Ele reafirma a individualidade de cada lembrança: "[...] a memória é passado, e esse passado é o de minhas impressões; nesse sentido, esse passado é meu passado" (Ibid., p. 107). Embora seja possível buscar uma narração coletiva, cada relato será uma pequena parte de uma composição que se sobrepõe ao outro e, possivelmente, irá contradizer-se em certos momentos, o que não invalida seu argumento.
Algumas das pessoas que sofreram os efeitos da Segunda Guerra Mundial tornaram-se escritoras e nos repassaram não só as suas experiências, bem como as visões de mundo, pessoais e da coorte de que fazem parte. Segundo Assmann (2007, p. 35, tradução nossa), cada geração viveu ou sobreviveu a guerras de uma maneira distinta: “Diferentes faixas etárias sofreram a guerra de diferentes perspectivas: daqueles que lutaram em ambas as guerras até aqueles que, quando crianças, presenciaram os efeitos da guerra na população civil".
Por outro lado, lembranças traumáticas de outra natureza, como as ditaduras latino-americanas ou mesmo a “escrevivência” de Conceição Evaristo, que passou por privações quando criança, seja pela condição social ou pelo preconceito racial também entrarão nos estudos da memória.
É sobre essa diferença de perspectivas e as memórias que cada uma carrega de forma traumática ou como um peso e a forma que as replicará literariamente que será trabalhado nesse projeto.
Objetivo Geral
Objetivo Geral: desenvolver o estudo sobre o impacto da memória na escrita literária, bem como a elaboração do trauma, no contexto literário de divulgação de cada obra.
Objetivos Específicos:
Analisar, a partir dos estudos da memória (memory studies), como os conceitos de memória coletiva e pós-memória são representados em obras contemporâneas da literatura de língua alemã;
Investigar o papel da literatura alemã na construção da identidade cultural em narrativas ficcionais Pós-Segunda Guerra Mundial;
Mapear temas recorrentes de memória histórica nas obras de autores(as) selecionados(as) do século XX e XXI;
Contribuir para o aprofundamento teórico-metodológico no campo dos estudos literários em Letras Germânicas.
- contribuir para o crescimento da fortuna crítica das obras literárias relacionadas à temática estudada.
Objetivos Específicos:
Analisar, a partir dos estudos da memória (memory studies), como os conceitos de memória coletiva e pós-memória são representados em obras contemporâneas da literatura de língua alemã;
Investigar o papel da literatura alemã na construção da identidade cultural em narrativas ficcionais Pós-Segunda Guerra Mundial;
Mapear temas recorrentes de memória histórica nas obras de autores(as) selecionados(as) do século XX e XXI;
Contribuir para o aprofundamento teórico-metodológico no campo dos estudos literários em Letras Germânicas.
- contribuir para o crescimento da fortuna crítica das obras literárias relacionadas à temática estudada.
Justificativa
A memória, tanto em sua dimensão individual quanto coletiva, ocupa um lugar central na construção das identidades, nas narrativas históricas e na produção literária. Conforme apontado por Seligmann-Silva (2003), a memória não é única nem linear, mas múltipla e conflitante, fruto de disputas de narrativas e diferentes formas de enquadramento do passado. Essa pluralidade é também ressaltada por Paul Ricoeur (2007), que destaca a tensão entre a memória como vivência pessoal e sua tentativa de organização coletiva, revelando que todo relato memorialístico carrega traços subjetivos e, muitas vezes, contraditórios — sem, no entanto, perder sua validade como testemunho.
Nesse sentido, a literatura torna-se um espaço privilegiado para o acolhimento e a elaboração dessas memórias. Ao transformar lembranças traumáticas — como as vividas durante a Segunda Guerra Mundial, as ditaduras latino-americanas ou as experiências marcadas pela desigualdade social e pelo racismo — em narrativas, os autores não apenas preservam a memória, mas também a reelaboram, oferecendo múltiplas camadas de compreensão histórica e afetiva.
Escritores que vivenciaram diretamente os horrores da guerra ou regimes autoritários, assim como autores que ressignificam suas experiências de exclusão social, como Conceição Evaristo e sua "escrevivência", constroem uma literatura atravessada pela dor, pela resistência e pela necessidade de lembrar para resistir ao apagamento. Como observa Assmann (2007), cada geração experimenta os traumas de forma distinta, e a literatura torna-se o meio pelo qual essas experiências são passadas adiante, muitas vezes como denúncia, outras como busca por sentido ou reconciliação.
Diante disso, o projeto "Estudos de Literatura e Memória" se justifica pela relevância de investigar como a literatura opera como lugar de memória, onde vozes individuais se entrelaçam com os grandes acontecimentos históricos e sociais. Compreender como o trauma, o silenciamento, a resistência e a identidade são representados nas obras literárias é fundamental para a formação crítica dos leitores e para o fortalecimento de uma consciência histórica sensível à diversidade de experiências humanas.
Além disso, ao propor o estudo de textos que abordam diferentes traumas — guerras, ditaduras, desigualdades raciais e sociais — sob perspectivas diversas, o projeto promove o diálogo entre gerações e contextos, incentivando a empatia, a escuta e a valorização das narrativas que muitas vezes permanecem à margem da história oficial. A abordagem interdisciplinar entre literatura, história e teoria da memória permite, assim, um aprofundamento significativo nas formas como o passado é rememorado, ressignificado e, por vezes, literariamente transformado.
Nesse sentido, a literatura torna-se um espaço privilegiado para o acolhimento e a elaboração dessas memórias. Ao transformar lembranças traumáticas — como as vividas durante a Segunda Guerra Mundial, as ditaduras latino-americanas ou as experiências marcadas pela desigualdade social e pelo racismo — em narrativas, os autores não apenas preservam a memória, mas também a reelaboram, oferecendo múltiplas camadas de compreensão histórica e afetiva.
Escritores que vivenciaram diretamente os horrores da guerra ou regimes autoritários, assim como autores que ressignificam suas experiências de exclusão social, como Conceição Evaristo e sua "escrevivência", constroem uma literatura atravessada pela dor, pela resistência e pela necessidade de lembrar para resistir ao apagamento. Como observa Assmann (2007), cada geração experimenta os traumas de forma distinta, e a literatura torna-se o meio pelo qual essas experiências são passadas adiante, muitas vezes como denúncia, outras como busca por sentido ou reconciliação.
Diante disso, o projeto "Estudos de Literatura e Memória" se justifica pela relevância de investigar como a literatura opera como lugar de memória, onde vozes individuais se entrelaçam com os grandes acontecimentos históricos e sociais. Compreender como o trauma, o silenciamento, a resistência e a identidade são representados nas obras literárias é fundamental para a formação crítica dos leitores e para o fortalecimento de uma consciência histórica sensível à diversidade de experiências humanas.
Além disso, ao propor o estudo de textos que abordam diferentes traumas — guerras, ditaduras, desigualdades raciais e sociais — sob perspectivas diversas, o projeto promove o diálogo entre gerações e contextos, incentivando a empatia, a escuta e a valorização das narrativas que muitas vezes permanecem à margem da história oficial. A abordagem interdisciplinar entre literatura, história e teoria da memória permite, assim, um aprofundamento significativo nas formas como o passado é rememorado, ressignificado e, por vezes, literariamente transformado.
Metodologia
A metodologia adotada é de natureza qualitativa, com enfoque em pesquisa bibliográfica e análise interpretativa de obras literárias. O referencial teórico se baseia em autores como Aleida Assmann, Marianne Hirsch e Jan Assmann, no campo dos memory studies. O corpus será composto por obras de autores(as) como W.G. Sebald, Jenny Erpenbeck e Ingo Schulze. A seleção do corpus será feita com base na presença de elementos de memória histórica e trauma coletivo. A análise se dará por meio de leitura crítica, identificando os mecanismos narrativos utilizados para representar a memória coletiva e os processos de pós-memória.
Essa metodologia visa garantir a reprodutibilidade do estudo, permitindo que outros pesquisadores possam aplicar os mesmos critérios teóricos e analíticos sobre outras obras ou contextos.
Essa metodologia visa garantir a reprodutibilidade do estudo, permitindo que outros pesquisadores possam aplicar os mesmos critérios teóricos e analíticos sobre outras obras ou contextos.
Indicadores, Metas e Resultados
No final do ano, os participantes devem desenvolver a escrita de um artigo cotejando uma obra literária com o argumento teórico discutido no grupo;
Participação em seminários e congressos.
Participação em seminários e congressos.
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
EDUARDA DOS SANTOS RIBEIRO | |||
KAUANE DE OLIVEIRA RIBEIRO | |||
LAIS BARBOSA SILVA | |||
MILENA HOFFMANN KUNRATH | 2 | ||
ROGERIO FREDES LEMES |