Nome do Projeto
Eventos extremos de chuva na região sul do Brasil: condições atmosféricas, impactos e previsão
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/10/2025 - 30/09/2028
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Exatas e da Terra
Resumo
Eventos extremos, particularmente de chuva, têm se mostrado mais frequentes nos últimos anos. Estes eventos têm provocado inúmeras perdas humanas e materiais à sociedade, o que tem forçado os governos a pensarem ações para prevenção e mitigação dos impactos destes eventos. As projeções climáticas vêm indicando que extremos, não apenas de chuva, deverão aumentar ao longo das próximas décadas, devido às mudanças climáticas. A região sul do Brasil localiza-se numa posição propícia à formação de sistemas meteorológicos importantes para a geração de chuva e tem experimentado extremos de chuva nos últimos anos. Portanto, o presente projeto propõe-se a estudar os eventos de chuva extrema ocorridos nas últimas duas décadas para conhecer suas características espaciais e temporais, as configurações atmosféricas que levam a esses eventos e sua previsibilidade. Também é visto como ponto importante desta investigação a preparação das pessoas quanto aos eventos extremos de chuva e, dessa forma, os resultados desse projeto, bem como informações vitais de comportamento em eventos extremos de chuva serão disseminados a partir de atividades a serem realizadas com a comunidade.

Objetivo Geral

O principal objetivo deste projeto é investigar os eventos extremos de chuva ocorridos na região sul do Brasil procurando verificar a existência de tendências de longo prazo e seus padrões, com foco no diagnóstico das razões pelas quais eles ocorrem e na sua previsão.

Justificativa

Os últimos anos têm se mostrado desafiadores à sociedade em relação às mudanças climáticas observadas. A maior quantidade de eventos extremos de chuva e os consequentes desastres provocados por eles mostram como a sociedade encontra-se vulnerável e despreparada para enfrentá-los. Na última década, em específico os desastres provocados por eventos relacionados à falta ou ao excesso de chuva (secas, tempestades, deslizamentos, cheias e inundações, por exemplo) estão entre aqueles que mais provocaram deslocamentos temporários ou permanentes internos (dentro dos limites nacionais) no Brasil e no mundo (MOREIRA, 2024). Esses eventos provocaram prejuízos de R$ 485 bilhões ao longo dessa década, enquanto que o investimento estatal em ações de prevenção diminuíram (CASEMIRO, 2024). No ano de 2022, houve as chuvas intensas de Petrópolis (RJ) em março de 2022, que provocaram a morte de 233 pessoas, e no Nordeste brasileiro, entre maio e julho, que provocaram 132 mortes (LESNAU, 2022). Em 2023, em fevereiro, ao menos 64 pessoas morreram após chuvas intensas (mais de 680mm de chuva em 15 horas) em São Sebastião, no litoral paulista. Neste mesmo ano, o Rio Grande do Sul (RS) registrou 46 mortes devido às chuvas volumosas que caíram sobre a região do Vale do Taquari, devido a um ciclone extratropical. Ainda neste mesmo ano, foi registrado calor intenso e seca na Amazônia, em julho, que levou o nível do Rio Negro ao valor mais baixo já registrado desde 1902, quando se iniciaram as observações (ONU News, 2024). Em maio de 2024, o RS sofreu aquela que é considerada a pior tragédia climática já enfrentada pelo estado, quando 183 pessoas morreram devido às fortes chuvas que atingiram o estado a partir do final de abril, impactando mais de 2,3 milhões de pessoas em aproximadamente 95% das cidades gaúchas (CNN Brasil, 2024).

Segundo o último relatório (AR6) do IPCC (IPCC, 2023), o aquecimento global continuará a aumentar no curto prazo - período de 2021 a 2040 - mesmo que medidas drásticas de mitigação e adaptação venham a ser implementadas imediatamente. Isto aumentará os perigos climáticos em todas regiões do globo, levando a maiores alterações nos extremos - maiores intensidade e frequência de eventos de chuva intensa e extremos quentes, por exemplo. Exemplos disso são o fato do ano de 2024 ter sido o mais quente já registrado (em 175 anos de observações), cuja temperatura média global próxima à superfície ficou em torno de 1,55°C acima da média entre 1850 e 1900; e a década 2015-2024 ter sido a mais quente do histórico observacional (WMO, 2025).

Referências Bibliográficas:
CASEMIRO, P. País perdeu R$ 485 bilhões com desastres naturais em 11 anos; verba para prevenção caiu no período. G1 Meio Ambiente, 19 maio 2024. DIsponível em: https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2024/05/19/pais-perdeu-r-485-bilhoes-com-desastres-naturais-em-11-anos-verba-para-prevencao-caiu-no-periodo.ghtml. Acesso em: 26 fev. 2025.

CNN Brasil. Alagamentos, destruição e 183 mortes: relembre a tragédia das chuvas no RS que marcou 2024. 18 dez. 2024. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/sul/rs/alagamentos-destruicao-e-183-mortes-relembre-a-tragedia-das-chuvas-no-rs-que-marcou-2024/. Acesso em: 18 mar. 2025.

IPCC. Sections. In: Lee, H.; Romero, J. (eds.). Climate Change 2023: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II and III to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Geneva, Switzerland: IPCC, 2023. p. 35-115, DOI: 10.59327/IPCC/AR6-9789291691647. Disponível em: https://www.ipcc.ch/report/ar6/syr/downloads/report/IPCC_AR6_SYR_FullVolume.pdf. Acesso em: 20 mar. 2025.

LESNAU, A. Veja os principais desastres causados por chuvas em 2022 no Brasil. Metrópolis, Distrito Federal, 04 dez. 2022. Seção Brasil. Disponível em: https://www.metropoles.com/brasil/veja-os-principais-desastres-causados-por-chuvas-em-2022-no-brasil. Acesso em: 18 mar. 2025.

MOREIRA, R. E. A. Deslocamentos induzidos por desastres relacionados à chuva no Brasil entre 2013 e 2022. REMHU: Revista Interdisciplinar Da Mobilidade Humana, v. 32, e321876, 2024. DOI: https://doi.org/10.1590/1980-858525038800032206. Disponível em: https://www.scielo.br/j/remhu/a/b9fDSzf4yqJgbB7VcmTwSRp/?lang=pt. Acesso em: 18 mar. 2025.

ONU News, Organização das Nações Unidas. Relatório revela que Brasil teve 12 eventos climáticos extremos em 2023. 8 mai. 2024. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2024/05/1831366. Acesso em: 18 mar. 2025.

WMO. State of the Global Climate 2024. WMO-No. 1368. Geneva, Switzerland: WMO, 2025. 42 p. ISBN: 978-92-63-11368-5. Disponível em: https://library.wmo.int/records/item/69455-state-of-the-global-climate-2024. Acesso em: 20 mar. 2025.

Metodologia

Os seguintes dados serão usados:
1) Dados pluviométricos de diversas fontes: compilados em pontos de grade, como MERGE e MSWEP, bem como dados de estações meteorológicas dispnibilizados por diferentes agências e institutos, como INMET, ANA e CEMADEN, por exemplo, para os últimos 20 anos: 2005 a 2024;
2) Dados históricos de níveis d'água dos principais cursos d'água do estado do RS, obtidos da ANA
3) Dados de deslocamentos internos de pessoas, providos pelo Internal Displacement Monitoring Centre (iDMC);
4) Dados atmosféricos da Reanálise do ERA 5;
5) Dados de previsão por conjunto do GFS.

A partir desses dados,
1) Os eventos de chuva extrema serão definidos e identificados, avaliando frequências mensais, sazonais e anuais, bem como tendências dentro do período de estudo;
2) Os impactos socioeconômicos serão avaliados a partir dos dados do iDMC
2) Por meio de análise multivariada, os padrões atmosféricas relacionados ao início dos eventos serão identificados, com os ambientes atmosféricos estudados com o objetivo de caracterizar os processos que levaram a ocorrência de chuva extrema;
3) A previsão dos eventos, a partir do sistema de previsão por conjunto do GFS serão investigada:
3.1) produtos típicos de previsão por conjunto serão avaliados;
3.2) o uso de produtos de Probability Matching
3.3) verificação da qualidade das previsões fornecidas pelo sistema de previsão por conjunto do GFS.
4) Rodar o modelo hidrológico HEC-HMS e hidrodinâmico HEC-RAS, usando os produtos de previsão por conjunto
5) Conscientizar as pessoas sobre os eventos extremos de chuva, apresentando suas características mais importantes e principais ações a serem tomadas antes e durante a ocorrência desses eventos, com a finalidade de preservação da vida. Essa conscientização se dará por meio de atividades com a comunidade escolar, agentes de Defesa Civil e outros integrantes da sociedade. Ela poderá ocorrer por meio de atividades escolares, cursos, palestras e outras formas usadas para divulgação e orientação.

Indicadores, Metas e Resultados

Espera-se, com esta pesquisa, conhecer com maiores detalhes
1) o comportamento temporal dos eventos extremos de chuva no sul do Brasil;
2) as configurações atmosféricas que ocasionam esses eventos extremos;
3) o grau de previsibilidade destes eventos e a aplicabilidade efetiva de produtos da previsão por conjunto na previsão destes eventos extremos.
4) qualificar a previsão hidrometeorológica com a aplicação de produtos da previsão por conjunto
5) conscientizar a população a respeito dos eventos extremos de chuva, especialmente, em relação ao acesso à informações de qualidade e ações preventivas e de segurança.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
Leonardo Jimenez Pearce
MARCIO ANDRÉ FACIN
MATEUS DA SILVA TEIXEIRA4
SAMUEL BESKOW1
SOFIA SORIA GOMES DE MELLO AFFONSO

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