Nome do Projeto
Núcleo de Estudos ELEKO - Uma Psicologia Política Decolonial
Ênfase
ENSINO
Data inicial - Data final
20/11/2016 - 31/12/2017
Unidade de Origem
Área CNPq
Ciências Humanas - Psicologia
Resumo
O principal tema que abordaremos no Núcleo de Estudos ELEKO trata da edificação de uma Psicologia Política Decolonial, a partir de discussões e estudos sobre a produção de humanidades de concessão e subjetividades subalternas orquestradas pelo colonialismo e atualizadas pela colonialidade do poder, do saber e do ser. Conforme Fanon (2005, p.288), o colonialismo “é uma negação sistematizada do outro, uma decisão obstinada de recusar ao outro todo atributo de humanidade” e, deste modo, “obriga o povo dominado a perguntar-se constantemente: ‘Quem sou eu, na verdade?’”. A humanidade de concessão se expressa na negação de direitos e de valores de povos tradicionais e de grupos subalternizados, cujo olhar preconceituoso, racista, machista e homofóbico lançado a eles rompe relações e identidades civilizatórias, étnicas, raciais e de gênero. Humanidade de concessão que produz uma cidadania de concessão evidenciada na invisibilidade, no não acesso, na falta de oportunidades aos subalternizados. Humanidade de concessão produzida mediante ações de violência, brutalidade e desumanidade. A sublimação desse processo, ou a negação por sublimação, tem se diluído no tecido social e nas inter-relações conotando a mais completa conturbação existencial cujo psiquismo impermeável a si mesmo postula-se na condição de “agência subalterna e pós-colonial”, conforme Bhabha (1998). Agência essa projetada pelo colonialismo e perpetuada pela colonialidade, com sua profícua interação na dinâmica das relações de poder, saber e ser no seio social em que a alteridade funciona como lampejo sazonal. A colonialidade é um dos elementos constitutivos de um padrão mundial eurocêntrico, que consolida uma “concepção de humanidade segundo a qual a população do mundo diferencia-se em inferiores e superiores, irracionais e racionais, primitivos e civilizados, tradicionais e modernos” (QUIJANO, 2010).

Objetivo Geral

Desencadear um conjunto de estudos decoloniais no campo da Psicologia, na perspectiva de construir um caminho de pensamento crítico capaz de produzir questionamentos e respostas epistemológicas a partir do subalterno sobre o projeto eurocêntrico de modernidade e, assim, alcançar a superação das relações de opressão e exploração construídas a partir de uma diferença civilizatória, racial e de gênero e sexualidade que hierarquiza o dominador em relação ao dominado, produzindo uma subjetividade subalterna.

Justificativa

A psicologia enquanto ciência da modernidade também está mergulhada nos propósitos de controle e domínio colonial, a partir de suas teorias, métodos experimentais e modelos de análises quantitativas que darão sustentabilidade a reivindicação do status de cientificidade. Ou seja, a psicologia se constitui enquanto disciplina da norma, como refere Foucault (1999), reafirmando a existência de uma humanidade universal. Tal situação é alimentada por um sistema de distinções visíveis e invisíveis que constituem a noção do que é ‘ser humano’ na sociedade eurocentrada, de modo que as invisíveis fundamentam as visíveis, como diria Santos (2010) quando discute o pensamento abissal. Ou seja, o autor salienta que “as distinções invisíveis são estabelecidas através de linhas radicais que dividem a realidade social em dois universos distintos: o universo deste lado da linha e o universo do outro lado da linha”. Tal divisão é tão excludente que “o outro lado da linha desparece enquanto realidade, torna-se inexistente”, ou seja, “inexistência significa não existir sob qualquer forma de ser relevante ou compreensível” (SANTOS, 2010, p. 32).
A característica fundamental do pensamento abissal discutido por Santos (2010) é a impossibilidade da copresença dos dois lados da linha – do lado de cá e do lado de lá, tendo como pressuposto, como define Dussel (2007, p. 76), a “universalidade abstrata”. Assim, a decolonização das humanidades e subjetividades subalternizadas passa pela por decolonizar o conceito de humanidade e de humano. Ou seja, como refere Mignolo (2013), deve-se abandonar a ideia universal de humanidade imposta pelo paradigma ocidental, cuja noção de humano está calcada no ideal de homem, branco, heterossexual e cristão. O conceito de humanidade, afirma o autor, necessita ser reconstruído na beleza e na incontrolável diversidade da vida, do mundo e dos conhecimentos.
Nessa perspectiva, o Núcleo de Estudos ELEKO se justifica pela necessidade que construirmos uma clínica

Metodologia

As discussões teórico-metodológicas que subsidiam as atividades de pesquisa e extensão do “Núcleo de Estudos ELEKO - Uma Psicologia Política Decolonial” partem de teóricos pós-coloniais, cujas epistemologias buscam visibilizar outros modos de conhecimentos não hegemônicos, tais como: o psiquiatra martinicano Franz Fanon, o psicólogo salvadorenho Ignacio Martín-Baró, o filósofo argentino Enrique Dussel, o sociólogo peruano Aníbal Quijano, o semiólogo e teórico cultural argentino - norte americano Walter Mignolo, o sociólogo porto-riquenho Ramón Grosfoguel, a linguista norte-americana radicada no Equador Catherine Walsh, o filósofo porto-riquenho Nelson Maldonado-Torres, o antropólogo colombiano Arturo Escobar e o poeta e político martinicano Aimé Cesáire. Propõe-se a discussões interdisciplinares entre psicologia, filosofia, política e cultura.
A metodologia é aqui compreendida como o conhecimento crítico sobre os caminhos do processo científico que, por sua vez, deve indagar-se, a todo tempo, a cerca de seus limites e possibilidades. Nessa perspectiva, os métodos e técnicas utilizadas nas produções do Núcleo de Estudos ELEKO devem privilegiar a relação dialógica e complementar entre participante e pesquisador, observador e observação numa postura engajada e politizada.

Resultados Esperados

• Formação profissional de psicólogos(as) capazes de refletir criticamente sobre suas práxis no que tange as relações de poder, saber e ser engendrados pela colonialidade no contemporâneo;
• Fomento à construção de uma proposta metodológica de atendimento psicológico engajado e politizado para pessoas em situações de vulnerabilidades e violências a partir do racismo, machismo e homofobia;
• Introdução de marcos teóricos e epistemológicos decoloniais no campo da Psicologia da UFPel;
• Produção de trabalhos de conclusão de curso e outros trabalhos acadêmicos em interlocução com o Núcleo de Estudos ELEKO;
• Apresentação de trabalhos em eventos científicos;
• Publicação de artigos, ensaios, resumos em revistas, periódicos, anais, capítulos de livros, etc.;
• Organização e realização de seminários, encontros, conferências sobre as temáticas abordados no Núcleo de Estudos ELEKO.

Indicadores, Metas e Resultados

A presente proposta foi enviada pelo Sistema Integrado de Gestão no dia 07 de outubro de 2016 e aprovado no Colegiado do Curso de Psicologia no dia 19 de outubro de 2016. No entanto, a deflagração da greve dos docentes e técnicos administrativos da universidade fez com que o mesmo ficasse aguardando a aprovação do Conselho Departamental da Faculdade de Medicina até o dia 15 de fevereiro de 2017. Tais condicionantes externos fizeram com que a proposta chegasse com grande atraso na Pró-Reitoria de Graduação.
Alguns itens do cronograma (estudos decolonias, revisão bibliográfica e produção acadêmica) já estão em andamento, pois o referido projeto de ensino está vinculado a trabalhos de conclusão de curso de algumas acadêmicas do Curso de Psicologia.

Assim, deve ser considerado o cronograma abaixo:

Cronograma de Execução:
Denominação – Descrição – Início - Término
* Revisão Bibliográfica - Revisão bibliográfica sobre os estudos decoloniais - 20/11/2016 - 30/11/2017
* Produção acadêmica - Produção de trabalhos acadêmicos e trabalhos de conclusão de curso.- 20/11/2016 - 01/12/2017
*Estudos Decoloniais - Estudo sobre a produção teórica de autores pós-coloniais: Franz Fanon, Ignacio Martín-Baró, Enrique Dussel, Aníbal Quijano, Walter Mignolo, Ramón Grosfoguel, Catherine Walsh, Nelson Maldonado-Torres, Arturo Escobar e Aimé Cesáire - 20/11/2016 - 01/12/2017
* Publicações - Publicações de artigos, ensaios ou resumos em revistas, periódicos, anais, capítulos de livros. - 01/04/2017 - 31/12/2017
* Aula Inaugural - Aula Inaugural do Núcleo de Estudos ELEKO - Uma Psicologia Política Decolonial - 25/05/2017 - 25/05/2017
* Apresentação de trabalhos - Apresentação de trabalhos em eventos científicos, palestras, conferências, seminários, etc. - 01/04/2017 - 31/12/2017
* Seminário - Organização de um seminário para apresentar ao público acadêmico da UFPel as discussões desenvolvidas no Núcleo de Estudos ELEKO - Por uma Psicologia Decolonial - 16/11/2017 - 16/11/2017

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
AMANDA MEDEIROS OLIVEIRA219/05/201731/12/2017
ANDREI BASTOS DE CASTRO219/05/201731/12/2017
BÁRBARA MEDINA PERES219/05/201731/12/2017
CAMILA DO CANTO PEREZ208/05/201725/08/2017
CATIANE PINHEIRO MORALES208/05/201731/12/2017
CATRINE MORTOLA SANTOS219/05/201731/12/2017
EVELLYN GONÇALVES DA ROSA219/05/201731/12/2017
IAGO MARAFINA DE OLIVEIRA208/05/201731/12/2017
JAYRO PEREIRA DE JESUS1
JOSIMARA GONÇALVES SCHUSTER208/05/201731/12/2017
KIZZY LESSA COUTINHO VITORIA219/05/201731/12/2017
LUCAS CASTRO FREIRE DE MORAES208/05/201731/07/2017
LUIS ALBERTO FERREIRA DIAZ1
MAIARA SCHEILA FREITAS SANTOS219/05/201731/12/2017
MARIA LEONOR MESQUITA TARQUES DA SILVA220/11/201631/12/2017
MARINA TREMPER208/05/201731/12/2017
MIRIAM CRISTIANE ALVES620/11/201631/12/2017
MORGANA NUNES208/05/201731/12/2017
PATRÍCIA MEDRONHA SOARES208/05/201731/12/2017
RAUL CARDOZO CORRÊA208/05/201731/12/2017
RENICE EISFELD MACHADO220/11/201631/12/2017
ROSEMÉRI VÖLZ WILLE208/05/201725/08/2017
RUI MEDINA DELGADO208/05/201731/12/2017
SUELEN DE SOUZA AMARAL219/05/201731/12/2017
SUELEN LEMONS CLASEN208/05/201731/12/2017
TATIANE BORCHARDT DA COSTA219/05/201731/12/2017
UELQUER GUEDES DE SOUZA208/05/201731/12/2017
ÍNGRID MOURA DIAS008/05/201725/08/2017

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