Nome do Projeto
Abordagens não europeias no estudo de HRI
Ênfase
ENSINO
Data inicial - Data final
01/02/2018 - 01/02/2019
Unidade de Origem
Área CNPq
Ciências Humanas - Ciência Política - Relações Internacionais, Bilaterais e Multilaterais
Resumo
A dimensão histórica do campo estudo de Relações Internacionais (HRI) ganhou relevo no contexto do pós-Primeira Guerra Mundial, concomitantemente ao nascimento do próprio campo de estudos. O surgimento do subcampo de História das Relações Internacionais, datado de 1930, foi fortemente influenciado pelo movimento da historiografia francesa conhecido como Escola de Annales. Pierre Renouvin foi o primeiro acadêmico que procedeu à escrita de uma “história civilizacional” para as relações internacionais, em um movimento de ampliação do velho escopo tratadístico, oficial e limitado da história diplomática (SARAIVA, 2008). Sua principal contribuição foi situar a história das relações internacionais em uma dimensão mais ampla (sociocultural), para além dos aspectos políticos e diplomáticos das relações entre os Estados, identificando as forças profundas que movem as relações internacionais (RENOUVIN; DUROSELLE, 1967).Ademais dos franceses, os estudos no subcampo de história avançaram sobremaneira na Inglaterra, quando da criação do British Committee on the Theory of International Politics (1959-1984), integrados por acadêmicos como Edward Carr, Herbert Butterfield, Martin Wight, Hedley Bull e Adam Watson. Os esforços se centraram nos estudos acerca da ordem internacional e na busca por padrões de continuidade. Dentre as principais contribuições epistemológicas, o desenvolvimento do conceito de sociedade internacional, como geradora de ordem nas relações internacionais, é marcado pela supervalorização do sistema da Europa Ocidental como modelo para a implementação de uma Sociedade internacional – calcada na universalização do conjunto de regras, instituições, práticas e valores comuns da Europa Ocidental para o resto do mundo (WATSON, 2004).Tais contribuições pioneiras padecem de uma visão “eurocêntrica” em seus esforços de conferir inteligibilidade aos padrões de relacionamento entre as sociedades e sua interação no meio internacional no decorrer da história.

Objetivo Geral

O projeto tem como objetivo analisar o sistema chinês de relações internacionais, com vistas a identificar as especificidades da organização política, econômica e social deste povo, bem como os seus reflexos na evolução da inserção deste sistema de Estados na ordem internacional.

Justificativa

Recentemente, a definição das Diretrizes Curriculares Nacionais para a área de Relações Internacionais, pelo Conselho Nacional de Educação, reconheceu o subcampo de HRI como eixo de Formação Estruturante dos currículos acadêmicos, ou seja, como componente obrigatório curricular. Estudar as ditas escolas clássicas do campo de HRI, bem como os padrões de relacionamento estabelecidos no horizonte histórico a partir destas contribuições, é imperativo na compreensão da própria evolução do conhecimento neste subcampo e da literatura que congrega o estado da arte. Contudo, conforme asseveram Gehre e Mros (2017), a superação de uma visão eurocêntrica do estudo de história nas Relações internacionais perpassa pela ampliação do estudo meramente ocidentalista. Segundo os autores: "Partindo do pressuposto de que a prevalência política, econômica e cultural de uma comunidade organizada passa a impor padrões e modelos a serem seguidos pelos demais e estabelece as bases civilizacionais de determinada época (Kupchan 2012), compreende-se que os fundamentos das relações internacionais de verve ocidentalista, precisam ser revistos e repensados. À luz da dimensão histórica que interliga e conecta o Ocidente ao mundo não ocidental, o ensino da História para as RI é local privilegiado para assumir a relevância de outras expressões culturais como indianos, chineses, egípcios, persas, e mundo árabe, como fontes detentoras de preocupações próprias de matiz material e ideacional (GEHRE; MROS, 2017, p. 7, apud Hunt 2015)". Dessa forma, é fundamental estudar com maior profundidade as demais expressões culturais de matriz não ocidental, e assim, ao expandir o escopo de análise, promover reflexão crítica acerca do conhecimento produzido na área de HRI e as consequências da sobrevalorização de uma determinada expressão cultural em relação às demais. Assim, o projeto ambiciona promover estudos e reflexões, em cada semestre, de diferentes expressões culturais na África, Ásia e Oriente Médio.

Metodologia

No que se refere à metodologia, em virtude do objeto do estudo, será utilizado o método histórico, ou seja, “do conjunto de operações específicas de conhecimento conhecidas como pesquisa histórica” (RÜSSEN, 2007, p. 101-111). Utilizando-se de uma metáfora, Rüssen conceitua a “pesquisa histórica como um processo cognitivo, no qual os dados das fontes são apreendidos e elaborados para concretizar ou modificar empiricamente perspectivas referentes ao passado”. O autor sustenta que o processo de produção do conhecimento histórico pode ser definido em três fases principais: 1) formulação da pergunta histórica; 2) condução da pergunta às fontes, com vistas a obter informações necessárias para respondê-la; e 3) formulação das informações obtidas das fontes como respostas às perguntas postas.
Utilizando-se do tempo como uma categoria explicativa, buscar-se-á compreender a evolução histórica do sistema de estados chinês e suas relações no sistema internacional considerando os diferentes períodos de evolução desta sociedade. A linha cronológica que guiará os estudos será construída a partir de pesquisa exploratória realizada pelos estudantes – com o auxílio da coordenação do projeto. Desta forma, com base no método qualitativo, de base indutiva, será utilizada a técnica de revisão bibliográfica para proceder à análise da literatura que guiará os debates no âmbito do projeto de ensino. Os estudos serão realizados semanalmente e os debates quinzenalmente, com base no cronograma estabelecido.

Resultados Esperados

1. Apresentação das principais conclusões dos debates em mesas redondas direcionadas ao público interno, especialmente nos seguintes eventos: Semana Acadêmica de Relações Internacionais e Semana Integrada de Pesquisa, Ensino e Extensão da UFPel.
2. Realização de oficinas direcionadas para o público externo, com o objetivo de disseminar reflexões acerca do objeto de estudo para estudantes do ensino médio e fundamental, bem como a comunidade em geral.
3. Realização de mostras de documentários e filmes, direcionadas para o público interno e externo, que retratem a sociedade chinesa e promovam o debate acerca de temas culturais, sociais, históricos, políticos e econômicos, com vistas à disseminação de conhecimento e desconstrução de estereótipos.

Indicadores, Metas e Resultados

Continuação da Justificativa circunstanciada:

O eurocentrismo é percebido não somente no provimento dos conceitos que sobrevalorizam a Europa Ocidental e seu papel nas relações internacionais, como na negligencia dos estudos acerca dos demais sistemas de Estado ao redor do globo e suas especificidades – tratando-os de maneira generalizada e com pouca profundidade analítica. A sobrevalorização da cultura ocidental de matriz europeia reforça a noção de superioridade entre diferentes culturas do ponto de vista das relações internacionais e na produção acadêmica no campo do saber.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ANA CAROLINA SILVEIRA RODRIGUES401/02/201801/02/2019
BENJAMIN MEDEIROS DE FREITAS401/02/201801/02/2019
FERNANDA DE MOURA FERNANDES601/02/201801/02/2019
KÁSSIA PAOLA SCHIERHOLT401/02/201801/02/2019
MYLENNA CARVALHO DOS SANTOS401/02/201801/02/2019
SARAH GOMES DUARTE401/02/201801/02/2019

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