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Diante das constantes mudanças ocorridas na nossa sociedade, grande ênfase tem sido dada às questões que cercam o processo de ensino-aprendizagem, especialmente no ensino superior (Raldi et al., 2003) requerindo- se dos educadores novos objetivos, habilidades e a capacidade de percepção de mudanças (Berbel, 1999). Para Freire, 1989, a educação problematizadora desmistifica e problematiza a realidade admirada, gerando a percepção daquilo que é inédito. Nesse processo, o ponto de partida é o conhecimento que o aluno já possui, contextualizado na sua vivência de trabalho, situando-se na observação da realidade, no reconhecimento de sua experiência prévia e na sua busca de alternativas criativas para a resolução dos problemas (Raldi et al., 2003). Desta forma, o projeto justifica-se primeiramente pela procura de acadêmicos de primeiros semestres da odontologia solicitarem estágios em disciplinas e/ou projetos de extensão para presenciar nas clínicas procedimentos odontológicos,observando -os e se familiarizando com a rotina das clínicas dos semestres posteriores. Outro fator é que o projeto pode oferecer, desde os primeiros semestres para os alunos, uma oportunidade de vivenciar, mesmo que como observador, como é a rotina da clínica odontológica que irá exercer futuramente. Ribeiro etal. 2007 relata que o arco proposto por Charles Maguerez representa uma trajetória pedagógica: o processo inicia-se com a observação da realidade, que apresenta vários elementos denominados de problemas. Através da observação do problema, os alunos expressam suas percepções pessoais sobre o mesmo identificando seus pontos chaves, ou seja, aquilo que é realmente importante na determinação da realidade observada. A partir das dúvidas sobre cada ponto-chave, os alunos buscam as explicações teóricas sobre o assunto, através de diferentes recursos a teorização, na qual a participação do professor é fundamental. Em seguida, os alunos devem confrontar a teoria com a sua realidade e formular as hipóteses de solução. É aqui que ele desenvolve a criatividade, pois precisa obter ações novas e elaboradas de uma maneira que possam transformar a realidade. Após análise das hipóteses, o último passo é a aplicação à realidade das estratégias escolhidas. O problema está solucionado se houver mudança da realidade, caso contrário novas hipóteses devem ser construídas e implementadas até se conseguir resolvê-lo (Candeias, 1997). Outro fator que justifica o projeto é também a oferta da oportunidade de participação em seminários e relatórios confrontando o conhecimento do aluno do que observaram em clínica com a teoria e as hipóteses ali formuladas durante a experiência de observação, bem como expressar sua opinião e crítica, desenvolvendo hipóteses e soluções para seu melhor aprendizado em semestres posteriores que será quando irá realizar os seus próprios procedimentos. Dessa trajetória advém um conhecimento que é crítico porque permite ao aluno sair de sua realidade e voltar a ela com um novo olhar, posicionando-se nesta, transformando- a e, conseqüentemente, transformando a si próprio (Silva, 2002). É fundamental a utilização de metodologias ativas de ensino-aprendizagem, que possibilitem a construção dos conhecimentos, a partir dos problemas da realidade, bem como a integração de conteúdos básicos e profissionalizantes e entre a teoria e a prática para se superar os limites da formação e das práticas clínicas tradicionais (Feuerwerker, 2003). Assim, segundo Ribeiro et al. 2007, o uso da metodologia problematizadora no curso de Odontologia, com o relacionamento constante dos pressupostos teóricos e a realidade vivida, na qual o aluno se vê envolvido no presente e futuro, possibilitaria o desenvolvimento integral do papel do profissional que poderia responder aos requerimentos da sociedade com maior propriedade crítica no seu espaço de trabalho.

A metodologia será desenvolvida através da presença do acadêmico como observador no ambiente da clínica odontológica durante 2 horas, possibilitando ao mesmo vivenciar a odontologia baseada em problema. Além de observar procedimentos clínicos durante sua realização, os alunos desenvolverão seminários e relatórios solicitados pela coordenadora ou docentes colaboradores por 2 horas.

A presença do acadêmico como observador no ambiente da clínica odontológica, bem como a participação no momento dos seminários e relatórios, irá oportunizar que o mesmo expresse sua opinião e reflexão crítica. Essa experiência proporcionará a ele, em semestres posteriores, maior segurança para criar hipóteses e soluções durante sua prática clínica.

O projeto será interrompido no período de férias letivo e retornará junto com as aulas. Dessa forma, qualquer ajuste necessário na carga horária será realizada no relatório.