Nome do Projeto
Literatura, cinema e autoritarismo
Ênfase
PESQUISA
Data inicial - Data final
01/08/2011 - 28/02/2014
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Linguística, Letras e Artes - Letras - Literatura Comparada
Resumo
Que papel teria sido atribuído à literatura no contexto da ditadura civil-militar 1964-1985 – no caso das traduções fílmicas para textos literários – é questão central a ser equacionada por esta investigação. Aproximações realizadas até o momento dão conta de que a recorrência a textos literários por parte significativa de cineastas acabou por produzir revisão não só do cânone brasileiro como de um conjunto de textos literários recentes, muitas vezes relegado à margem da historiografia literária. Interpretados por um grupo de leitores muito particulares – os narradores fílmicos –, esses textos possibilitaram que cineastas se exercitassem em tempos de autoritarismo pela leitura e interpretação de narrativas que, historicamente, leram e interpretaram a vida nacional pelo trabalho com a linguagem escrita. A produção de sentido operada por esses leitores especiais constitui-se em um conjunto de textualidades nada negligenciável pela crítica literária, eis que, pensando a literatura sob um outro viés, apontam para questões muitas vezes não formuladas pela teoria ou pela crítica literária. Em alguns casos já detectados, como, por exemplo, no da transcriação (1969) de Joaquim Pedro de Andrade para o romance de Mário de Andrade, Macunaíma (1927), o que se pode constatar é que a interpretação do cineasta, lendo a história sob viés propício para a contextualização e atualização da narrativa, não só a leu sob outros ângulos, como possibilitou a experimentação de novas abordagens analíticas, em perspectiva que o colocaria, inclusive, no mesmo nível de leitores metalinguísticos que vêm construindo a fortuna da narrativa no quadro da crítica literária. Há, no entanto, uma outra perspectiva – para além daquela que tem objetivado a análise comparada de filmes declaradamente traduzidos (“adaptados”, “inspirados”, “baseados”, “partir de”) de textos literários – que pode possibilitar abordagem consequente no quadro das relações intertextuais literatura-cinema: até que ponto o imaginário literário de autores fílmicos teria sido conformado por obras literárias específicas – ainda que não explicitadas na identificação do roteiro – na formulação de suas narrativas imagéticas que buscaram dar conta da realidade brasileira por vias da transversalidade textual sob regime autoritário? Por exemplo: que textos literários conformariam Quilombo (1983, Carlos Diegues); O dragão da maldade contra o santo guerreiro (1969, Glauber Rocha); Os herdeiros (1969, Carlos Diegues) ou Pindorama (1970, Arnaldo Jabor)? Análise aprofundada de textos imagéticos como esses certamente detectará redes de intertextualidades não só fílmicas como literárias que muito poderão esclarecer sobre a natureza e o sentido de tais discursos estéticos em tempos de repressão. São essas, resumidamente, as hipóteses que sustentam o alcance da investigação proposta.

Objetivo Geral

O projeto tem como objetivo central examinar as condições de produção e recepção da literatura brasileira durante o regime autoritário instalado no país pós-golpe de 1964, por meio da análise comparada de narrativas fílmicas traduzidas de textos literários. A investigação articula, também, o desenvolvimento de reflexão que contemplará questão ainda pouco tratada nos estudos literários no Brasil: a conexão entre as produções literárias e fílmicas e o regime autoritário instrumentalizado para o controle das ideologias e dos meios de expressão sociais, culturais e estéticos.
Subsidiariamente, visa a refletir sobre a natureza e a consequência do entrecruzamento de representações literárias e fílmicas, considerando problemas de teoria literária e da prática comparatista; a aplicar teorias da intertextualidade para o estudo das relações entre literatura, cinema e autoritarismo, tendo em vista a condição específica desses meios de expressão cultural, política e de representação estética, em contexto de controle discursivo e ideológico, examinando obras literárias e as suas traduções fílmicas, bem como avaliando a repercussão dessas relações transtextuais na construção do imaginário brasileiro durante e depois do período 1964-1985.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
20
20
GABRIEL FELIPE PAUTZ MUNSBERG2001/08/201131/07/2013
LUCIANE FARIAS CABREIRA2001/03/201228/02/2014

Página gerada em 26/04/2024 22:59:13 (consulta levou 0.122010s)