Nome do Projeto
Efeito dos fatores climáticos em respostas fisiológicas e produtivas de vacas holandesas em lactação sob diferentes sistemas de produção
Ênfase
PESQUISA
Data inicial - Data final
01/01/2012 - 01/01/2015
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias - Zootecnia - Ecologia dos Animais Domésticos e Etologia
Resumo
Atualmente, o Brasil é considerado o sexto maior produtor de leite do mundo (27,5 bilhões de litros), ficando atrás dos Estados Unidos, Índia, China, Rússia e Alemanha (FAO, 2008). Em dez anos, a produção brasileira de leite aumentou aproximadamente 8,4 bilhões de litros (RODRIGUES, 2008) e, devido a esta elevação de produção, a balança comercial no mercado leiteiro foi invertida pela primeira vez em 2006, exportando mais do que importando (RODRIGUES, 2008). A produção leiteira brasileira concentra-se nos estados de Minas Gerais, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo, possuindo uma estrutura de mercado considerada atomizada devido à pulverização da produção nas diferentes regiões do país com participação de pequenos, médios e grandes produtores, sendo que esta pulverização da produção leiteira tende a elevar os custos de captação e armazenamento do leite (BARROS et al., 2010). No Rio Grande do Sul, os sistemas de produção são caracterizados por uma grande diversidade tecnológica, variando do extrativismo ao confinamento total, intermediando-se de sistemas mistos e, sob estes formatos, em cada região fisiográfica do RS, encontram-se sistemas característicos para explorar a atividade, sendo peculiarmente relacionados ao tamanho do módulo rural local e, à vocação primária natural de cada município (AIRES, 2008). Atualmente tem-se buscado novos modelos de desenvolvimento da pecuária de leite que sejam caracterizados por sistemas de produção com tecnologias que se baseiam nos princípios de sustentabilidade de produção, possibilitando gerar uma pecuária que tem como prioridade, o conforto e o bem estar dos animais (TRISTÃO, 2011). Além disso, a mesma autora revela que pesquisas vêm comprovando que o fator bem estar animal é determinante na viabilidade técnica e econômica dos sistemas de produção, sendo que a partir dessa premissa básica modelos mais adequados para a nossa realidade podem ser definidos, evitando novos equívocos, como foi a implantação de sistemas super intensivos. Aires (2008) também revela que em qualquer que seja o sistema de produção, duas situações são indissociáveis: a necessidade de ingestão de volumosos de qualidade pelos animais e, a utilização de pastagens adaptadas as condições edafoclimáticas regionais. Dessa forma, Aires (2008) cita que a promoção do bem-estar dos animais, é uma temática atual e tem suscitado discussões, envolvendo pontos de vista ético, moral e biológico sobre as condições de criação dos mesmos, apontando decisões que canalizam ao redirecionamento da exploração zootécnica a práticas de manejo que resgatam aos animais o exercício do hábito de alimentação natural sob pastejo direto, condições de escolha da ingesta, livre locomoção e possibilidades de interações sociais entre os mesmos, e que necessariamente, não implicam na retomada dos índices de produtividade praticados no passado, porém, isto na prática ainda parece uma visão filosófica e a escolha do modelo de produção a ser adotado, pode tornar-se o principal determinante da eficiência da atividade leiteira, no que tange aos aspectos sócio-econômicos. Segundo Molento (2005), das muitas definições de bem-estar animal propostas, a mais aceita no ambiente científico vem sendo a de Broom (1986), segundo o qual pode ser definido como o “estado de um indivíduo em relação às suas tentativas de se adaptar ao seu ambiente” e as ferramentas das quais o animal dispõe para contornar inadequações presentes em seu meio ambiente são utilizadas mais intensamente à medida que aumenta o grau de dificuldade encontrado, sendo que estes instrumentos para enfrentar as dificuldades têm, na sua grande maioria, um caráter fisiológico ou comportamental. Assim, algumas alterações da fisiologia e/ou do comportamento de um animal podem ser indicativas de comprometimento de seu bem-estar e tais alterações podem ser medidas de forma objetiva e constituem uma importante estrutura de avaliação do bem-estar animal (MOLENTO, 2005). O bem-estar animal tem forte presença nos códigos morais e nos pilares éticos de vários países e um tratamento apropriado aos animais não é mais visto como algo que possa ser deixado para a livre escolha de pecuaristas individuais (SINGER, 2002). Todos os fatores ambientais, em condições hostis, exigem do animal a ativação de mecanismos físicos e fisiológicos para manter a sua homeostase, que é o equilíbrio dinâmico do organismo caracterizado pela autoregulação químico-funcional ante a variação ambiental (SILVA, 2000; GLASER, 2003; FEITOSA, 2005). Dessa forma, o estresse é um sintoma consequente da exposição do indivíduo a um ambiente hostil que provoca sobrecarga no seu sistema de controle (a própria homeostase) e causa aumento de mortalidade como também insucesso na produção e reprodução, sendo os agentes estressores de natureza mecânica (traumatismos), físicas (calor ou frio), química (drogas) e biológicas (parasitas, fatores nutricionais, agentes infecciosos) (FERRO et al., 2010). Os ruminantes são animais homeotermos, isto é, possuem funções fisiológicas capazes de manter a temperatura corporal em constância, independentemente da variação da temperatura ambiente (em limites apreciáveis) (MARTELLO et al., 2004). Em bovinos, os limites ideais de temperatura corporal para a produtividade e a sobrevivência devem ser mantidos entre 38ºC e 39ºC (FEITOSA, 2005; RODRIGUES,2006). Para manutenção da temperatura corporal, o animal mantém o equilíbrio do calor produzido pelo organismo e o ganho do ambiente com o calor perdido para o mesmo ambiente. Para dissipar ou reter calor o animal utiliza-se de mecanismos fisiológicos e comportamentais, que contribuem para a manutenção da homeotermia. Dentre esses mecanismos, para dissipar calor, podem-se citar: aumento de taxa respiratória, aumento dos batimentos cardíacos, sudorese, aumento na ingestão de água, diminuição na ingestão de alimentos, a procura por lâminas de água, etc (RODRIGUES, 2006). As melhores condições de temperatura e umidade relativa para criar animais, em termos gerais, estão em torno de 13 a 18ºC e 60 a 70%, respectivamente, segundo Pires et al (2003). Para gado europeu, os mesmos autores citaram, que as condições adequadas se encontrariam em regiões com uma média mensal de temperatura abaixo de 20ºC associada a uma umidade relativa em torno de 50 a 80%. O conforto térmico no animal define-se como o intervalo de temperatura em que não há o mínimo esforço dos sistemas termorreguladores para manter homeotermia (FERRO et al., 2010). Neste caso há melhores condições de saúde e produtividade e a atividade reprodutiva não é comprometida visto que não há desgaste dos processos fisiológicos, a medida que os animais, nestas condições, apresentam temperatura, frequência respiratória e apetite normais (BAÊTA e SOUZA, 1997; MARTELLO, 2004). Este intervalo é denominado de Zona de Conforto Térmico (ZCT) ou Termoneutra ou Zona de Indiferença Térmica (BAÊTA e SOUZA, 1997). A Zona de Conforto Térmico (ZCT) é delimitada pelas Temperaturas Crítica Superior (TCS) e Crítica Inferior (TCI). No entanto, fixar as TCSs e TCIs não é tarefa fácil de ser realizada, pois os fatores como nível de velocidade do vento, radiação solar e umidade relativa podem alterar os valores. A radiação solar, que varia de acordo com as regiões e as épocas do ano, assim como também a umidade relativa, a idade do animal, a raça, as condições de nutrição e as condições de instalação são fatores os quais, somados, caracterizam as medições destes extremos de temperatura (FEITOSA, 2005; RODRIGUES, 2006). Quando um animal está submetido a uma temperatura abaixo da TCI, está em estresse por frio. Quando de uma temperatura acima da TCS, ocorre estresse por calor (SILVA, 2000). Baêta e Souza (1997), em termos gerais, citaram um limite de ZCT entre –1 e 16°C para bovinos europeus adultos, entre 10 e 27ºC para zebuínos adultos e entre 18 e 21ºC para bovinos recém nascidos. Segundo Martello (2002), para o período lactacional, os limites ideais de temperatura ficaram em torno de 4 a 24ºC, havendo uma restrição para um limite entre 7 e 21ºC devido à ação da radiação solar e da umidade relativa. Já para Pires et al. (1999), as temperaturas que oferecem máxima eficiência para produção e reprodução, para as raças leiteiras estão entre 10 a 20ºC. Lu (1989) afirma que para um aumento da temperatura ambiente acima daquela considerada crítica máxima para o animal pode desencadear reações ou respostas fisiológicas, tais como: aumento da temperatura retal, aumento da temperatura da pele, aumento da freqüência respiratória, diminuição do nível de produção e diminuição da ingestão de alimentos. Esse mesmo autor correlacionou decréscimo no consumo de alimento quando os mecanismos de ajuste de perda de calor pelos processos evaporativos foram estimulados relatando que, quando eles são insuficientes e ocorre uma hipertermia, a ingestão de alimento diminui, aumentando os requerimentos de mantença para o animal. Animais de alto potencial produtivo têm um metabolismo muito alto voltado para a produção, como por exemplo, vacas de leite, que produzem calor endógeno em grande quantidade possibilitando o estresse calórico e tornando os mecanismos termorreguladores ineficazes (VASCONCELOS, 2001). A alteração na freqüência respiratória (FR) pode auxiliar os animais a dissipar o calor endógeno. A FR em ambientes termoneutros corresponde a 24-36 movimentos/minuto (PIRES et al, 2003). Feitosa (2005) citou um valor médio de 23 movimentos/minuto e afirma que a cada acréscimo de 10ºC à temperatura do ar, tal valor duplica. Contudo, a FR pode não indicar estresse calórico e um animal eficiente em dissipar calor, pode apresentar FR alta, mas não estar em estresse calórico, por não ser a FR totalmente um índice de estoque calórico (PIRES et al, 2003). Embora o primeiro sinal visível de animais submetidos a estresse térmico seja o aumento da freqüência respiratória, esta resposta é a terceira na seqüência dos mecanismos de termorregulação. O aumento ou a diminuição da freqüência respiratória depende da intensidade e da duração do estresse ao qual os animais são submetidos. Como defesa ao desconforto térmico, os bovinos recorrem a mecanismos adaptativos fisiológicos de perda de calor corporal para tentar evitar a hipertemia. Assim, aumentam a freqüência respiratória apresentando a taquipnéia, como complemento ao aumento da taxa de sudorese, constituindo ambos, importantes meios de perda de calor do corpo por evaporação (BACCARI, 2001). O aumento da freqüência respiratória por períodos longos, segundo Matarazzo (2004), pode causar prejuízos ao organismo animal, tais como: redução no consumo de forragens, produção de calor endógeno adicional devido ao exercício da ofegação, desvio de energia para outros processos metabólicos e redução de CO2 (acarretando em alcalose respiratória pelos baixos níveis de ácido carbônico no sangue). A temperatura retal (TR) também serve como bom indicador da temperatura corporal e pode ser considerada como um índice de medição de adaptabilidade aos ambientes, a medida que o aumento desta indica que os mecanismos termorreguladores não estão sendo eficientes (FERRO et al., 2010). A temperatura retal normal para bovinos está em torno de 38,3ºC, havendo variações de acordo com a idade, sexo, nível nutricional, lactação e estágio reprodutivo (MARTELLO et al, 2004). Para caracterizar o estado de conforto térmico dos animais foram desenvolvidos alguns índices nos quais envolvem dois ou mais fatores climáticos assim como outras variáveis não climáticas, tais como taxas metabólicas (BAÊTA e SOUZA, 1997; PIRES et al.,1999). O índice mais utilizado é o ITU (Indice de Temperatura e Umidade). Pires et al. (1999) observaram que um ITU acima de 72 já define situação de estresse calórico para vacas de alta produção. Baêta e Souza (1997) constataram que as desvantagens de ITU são a insensibilidade a pequenas mudanças de umidade relativa e a pequena faixa de desconforto. LU (1989) explica que, uma vez reduzido o consumo de alimento, em resposta a determinado estresse, menores incrementos calóricos, resultantes da atividade voluntária, fermentação ruminal, digestão do alimento, absorção de nutrientes e taxa metabólica são requeridos, com benefício na manutenção do equilíbrio térmico entre os animais e o meio e reflexos diretos no desempenho produtivo devido redução no déficit energético. Dessa forma, as condições climáticas, salvo quando sejam extremadas, exercem escasso efeito na composição do leite. Já, as elevadas temperaturas ambientais podem reduzir o conteúdo de gordura, lactose, proteína, nitrogênio, cálcio e magnésio, como relatado por Head (1989) que sob estresse térmico de calor, vacas produzem leite com menores teores de gordura, lactose, proteína cálcio e fósforo. Baseado neste contexto percebe-se que muitos trabalhos tem demonstrado a necessidade de adoção de sistemas de produção baseados na utilização sob pastejo, porém realça-se o fato de se obterem altas produtividades em ambientes confinados. Quanto a isso, vem a tona o quão propício é o ambiente às condições que explicitem e proporcionem um melhor conforto animal, diagnosticado por uma melhoria nas variáveis de seu comportamento. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é avaliar o efeito dos fatores climáticos em respostas fisiológicas e produtivas de vacas holandesas em lactação sob diferentes sistemas de produção.

Objetivo Geral

Objetivo Geral
Avaliar o efeito dos fatores climáticos em respostas fisiológicas e produtivas de vacas holandesas em lactação sob diferentes sistemas de produção.
Objetivos Específicos
(i) Medir as variáveis metereológicas temperatura do bulbo seco e úmido, umidade relativa do ar, precipitação, direção e velocidade do vento, temperatura do ponto de orvalho e posteriormente definir o índice de conforto térmico em duas épocas de avaliação;
(ii) Medir os fatores fisiológicos decorrentes dos diferentes tratamentos, como freqüência respiratória, temperatura da superfície do pelame e temperatura retal;
(iii) Verificar a influência do período do ano e dos sistemas de produção sobre a contagem de células somáticas, contagem bacteriana total, lactose, gordura e proteína do leite;
(iv) Avaliar o comportamento digestivo por meio de avaliação visual
(v) Avaliar indicadores de estresse através da realização de eritrograma e leucograma, hematócrito, hemoglobina, volume globular médio, hemoglobina globular média, concentração de hemoglobina globular média e os leucócitos.
(vi) Avaliar a resposta produtiva dos animais.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
2
2
2
5
5
5
5
10
20

Fontes Financiadoras

Sigla / NomeValorAdministrador
Instituto Federal FarroupilhaR$ 0,00
Outros organismos nacionaisR$ 0,00

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