Nome do Projeto
Entre a racionalidade substantiva e a racionalidade instrumental: A análise da visão dos docentes do Curso de Administração na formação do perfil discente
Ênfase
PESQUISA
Data inicial - Data final
23/08/2012 - 24/08/2013
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Sociais Aplicadas - Administração - Administração de Empresas
Resumo
No Brasil, a criação de IES sempre esteve associada à ideia de modernização. Inicialmente mantidas e controladas pelo Estado, elas atendiam a demandas pontuais de formação de mão-de-obra e foram, aos poucos, vinculadas ao ideal de levar o país à modernidade do primeiro mundo por promoverem o desenvolvimento da cultura, da ciência e da tecnologia (IANNI, 1996). Desde então, o ensino superior brasileiro está em constante crescimento, a cada dia surgem novas IES (Instituições de Ensino Superior) em todo o país, isso ocorre devido a fatores como a necessidade de qualificar um maior número de brasileiros através dos cursos superiores, além de visar o alcance de uma parcela de estudantes que não se identificam com os cursos já existentes. O surgimento de novas IES sejam elas federais, estaduais, à distância (EaD) ou particulares é outro dado relevante, no período de 1997 a 2006 houve um aumento de 152% no número de IES no país (INEP/MEC, 2006). Este crescimento, muitas vezes visto como desordenado e desarticulado, nos levam a pensar se a criação de novas IES e cursos se faz por necessidade acadêmica, melhoramento do ensino brasileiro ou se o fato gerador disso são os incentivos do governo federal conferidos as IES públicas e, a arrecadação exacerbada das IES privadas, provindos tanto da população em geral quanto do próprio governo (via PROUNI). O INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais em seu Censo 2010, aponta que o número de matrículas, nos cursos de graduação, aumentou em 7,1% de 2009 a 2010 e 110,1% de 2001 a 2010. Segundo relatado no Censo, vários fatores podem ser atribuídos a essa expansão: do lado da demanda: o crescimento econômico alcançado pelo Brasil nos últimos anos vem desenvolvendo uma busca do mercado por mão de obra mais especializada; já do lado da oferta: o somatório das políticas públicas de incentivo ao acesso e à permanência na educação superior, dentre elas: o aumento do número de financiamento (bolsas e subsídios) aos alunos, como os programas Fies e ProUni e o aumento da oferta de vagas na rede federal, via abertura de novos campi e novas IES, bem como a interiorização de universidades já existentes. Além dos dados reportados acima, podemos atribuir a explosão do ensino superior aos recursos públicos cedidos e ao faturamento das mensalidades, podemos citar programas como o REUNI, instituído no Plano Nacional de Educação (PNE), o qual estipula metas de expansão do ensino superior no país, através de prazos como: de 5 anos, a partir de 2011 para que sejam dobradas as ofertas de vagas nas universidades públicas com apenas 20% de acréscimo nas verbas. Por outro lado, detendo-se ao ensino privado que está crescendo potencialmente através da implantação de novos cursos de graduação, tecnólogos e especializações. Pode-se imaginar o quanto é lucrativo para essas instituições matricular e manter os acadêmicos em suas dependências. Sabendo-se que, em sua maioria, essas IES têm o seu processo seletivo bem simplificado (redação, carta de interesse), etc. Dados retirados do Resumo Técnico do INEP de 2010 demonstram que “o número de instituições públicas cresceu 3,8% de 2008 para 2009, enquanto o número de instituições privadas cresceu 2,6%” (INEP/MEC, 2010, p.12) neste mesmo período. Frente a esta realidade, paramos para refletir sobre a qualidade, postura e pensamentos que estão se formando estes acadêmicos e futuros profissionais do mercado. Toda esta parcela de alunos que vivenciaram na graduação elementos expressivos da dinâmica do mercado globalizado (recursos, capital, resultados, agilidade, competitividade) serão capazes de manter a própria intelectualidade, de discernirem entre o certo e o errado, entre o ético e o não ético? Diante deste contexto, devemos pensar sobre os rumos da educação no país, principalmente em cursos como o de administração. Esse curso atrai milhares de estudantes todos os anos e, de alguma forma, pode contribuir para a disseminação de certos modos de pensar e padrões de comportamen to. Neste sentido, é importante refletirmos com quais competências, habilidades e atitudes estão se formando os futuros administrados. Visto que, como bem sabemos, o curso de administração forma gestores que irão dirigir diversos tipos de organizações, ou seja, em um nível menor ou maior, exercerão poder sobre outras pessoas e grupos. Será que a lógica de mercado do capitalismo contemporânea é predominante no curso? Será que a racionalidade instrumental transformou-se na base para estabelecimento das relações meio-fim a partir de cálculos utilitários de consequências. Conforme expõe Serva (1997), o ambiente organizacional tornou-se propício aos abusos de poder, à dominação, ao mascaramento de intenções pela substituição da verdadeira comunicação humana por padrões informativos, liberados de premissas ético-valorativas. Mas uma dúvida nos surge frente a este contexto, de uma sociedade centrada no mercado, das organizações que dela fazem parte e que tão bem a disseminam seus valores, e dos administradores, atores que, em teoria, tem o dever de disseminar e ampliar a cultura organizacional sobre seus membros. Onde é germinado e nasce esta racionalidade instrumental que se mostra predominante? Será que os cursos de administração, por meio de suas práticas pedagógicas, seus conteúdos, seus professores, são os primeiros a infundi-la e difundi-la? Em vista disso, pretende-se averiguar se a lógica predominante no curso de administração, representado neste estudo pelos seus dois principais atores: professores e alunos, é “aquela pautada no sucesso individual desprendido de ética, apenas pautado no calculo utilitário e no êxito econômico [...] e orientado pelas ‘leis’ do mercado” (Serva, 1997, p. 19). Para isso pautamo-nos nos dois tipos de racionalidade: a substantiva e instrumental. Segundo WEBER (apud RODRIGUES, 2008) existe quatro tipos de racionalidade que norteiam o comportamento humano: prática, teórica, substantiva e formal. Nas racionalidades prática e formal predomina a ação racional movida pelo cálculo dos meios e fins. Na racionalidade substantiva, a ação é motivada pela crença em um valor, independentemente dos resultados obtidos; e, na racionalidade teórica, a realidade é mais percebida através de conceitos abstratos do que propriamente por ações. (RODRIGUES, 2008). Detendo-se somente aos tipos de racionalidade substantiva e instrumental, as quais serão objeto de estudo deste trabalho, a grande diferença entre ambas está no desprendimento da ética por parte da racionalidade instrumental e, na valorização humanística do individuo dentro da organização encontrada na racionalidade substantiva. No sentido weberiano, aquela é orientada por uma expectativa de resultados, adequando-se toda ação à consecução de metas estabelecidas. Assim, a racionalidade instrumental se interessa pelo cálculo utilitário de conseqüências. Por outro lado, a substantiva é determinada independentemente de suas expectativas de sucesso e, não caracteriza nenhuma ação humana interessada na consecução de um resultado ulterior a ela. Esse tipo de razão ou de valor está presente em ações humanas legitimadas pela subjetividade da compreensão mútua de relações (RAMOS, 1989). Dada essa divergência entre ambos os conceitos de racionalidade e, seus impactos no modo de agir dentro das organizações, é que paramos para pensar que a cada semestre, novos profissionais, neste caso, novos administradores emergem no mercado de trabalho, oriundos das universidades públicas, privadas ou a distância no nosso país. Assim, o tipo de racionalidade que esses profissionais utilizam para orientar suas vidas e suas carreiras impactam diretamente no desenvolvimento econômico e social.

Objetivo Geral

Objetivo Geral: esclarecer como se faz presente a disseminação da racionalidade substantiva e instrumental no campo acadêmico da administração de duas IES da cidade de Pelotas, uma pública e outra privada, e seu impacto na formação dos discentes. Objetivos Especificos: • Descrever as práticas pedagógicas que mais representam os dois tipos de racionalidade nos cursos de administração nas duas IES. • Identificar qual a racionalidade que melhor representa a visão dos egressos dos cursos em cada uma das IES.
• Identificar qual a racionalidade que melhor representa a visão dos professores nas duas IES. • Analisar as possíveis diferenças entre as duas IES no que diz respeito a racionalidade substantiva e instrumental, na visão dos professores e egressos.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
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LETÍCIA DE SOUZA SOARES423/08/201224/08/2013

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