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01/08/2013 - 02/08/2013

Ciências Humanas - Sociologia - Outras Sociologias Específicas

Em tempos de produção flexível, os discursos veiculados pelas empresas versam sobre a possibilidade de consolidação de uma relação de parceria entre capital-trabalho, na qual, o caráter conflituoso característico desta cede lugar à ideia de parceria. Tais discursos, a despeito de eventuais resistências, produz no imaginário dos trabalhadores a sensação de valorização individual e de pertença coletiva. A primeira se manifesta via participação mais efetiva na organização do trabalho, sendo os Círculos de Controle de Qualidade seu melhor exemplo, a segunda via da identificação com a cultura organizacional da empresa possibilitada pela existência de um vínculo empregatício. Nesse sentido, o discurso da responsabilidade social empresarial é apresentado como um dos caminhos possíveis para a construção de novas formas de promoção de inserção social, não mais gestada exclusivamente pelo Estado, mas pelas chamadas parcerias intersetoriais entre este, o mercado e o chamado “terceiro setor”. Um tipo de inserção social que elide a figura do Estado como esfera pública em que a vida em comum pode ser pensada e exacerba-o como mera esfera de gestão de uma massa global de indivíduos estatisticamente seccionáveis. Assim, o Estado é operacionalizado não para promover igualdade e justiça social, mas para gerenciar necessidades não contempladas ou carências não suprimidas. A hipótese da qual partimos é a de que o projeto de “solidariedade empresarial”, fortalecido nas duas últimas décadas no Brasil espraia-se à medida que as externalidades negativas do processo de flexibilização produtiva produzem a fragilização dos vínculos sociais criados pela esfera de sociabilidade do trabalho.