Nome do Projeto
MALABAR - circo e seus saberes
Ênfase
Extensão
Data inicial - Data final
01/08/2022 - 21/12/2022
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Multidisciplinar
Eixo Temático (Principal - Afim)
Educação / Cultura
Linha de Extensão
Esporte e lazer
Resumo
O projeto “MALABAR: circo e seus saberes” apresenta-se como uma proposta que inter-relaciona os campos de ensino, pesquisa e extensão, objetivando construir um espaço de ensino-aprendizagem da arte circense e reflexões acerca da cultura de movimento, em busca de um sentido amplo das práticas corporais prevalecendo os significados de expressividade, comunicação, liberdade e cooperação. O mesmo se desenvolve a partir de encontros com estudantes da Universidade Federal de Pelotas – UFPEL e participantes da comunidade em geral da cidade de Pelotas – RS, onde se pretende: Aprender, ensinar e vivenciar as técnicas circenses de malabarismos, equilibrismos e acrobacias, imbricadas com outras linguagens corporais como dança, jogos cênicos e capoeira. Preparar os participantes para multiplicarem as ações de extensão em arte circense. Formar grupos de pesquisa e estudos, relacionando a temática das artes circenses com diversos campos de conhecimento, como entre outros, o do corpo, sociedade, artes, história e educação. A partir das experiências vividas na práxis deste projeto, será desenvolvido um repositório para abrigar nossas ações, assim como estratégias de compartilhamento e socialização dos saberes produzidos nos campos de ensino, pesquisa e extensão.

Objetivo Geral

O projeto “MALABAR: circo e seus saberes”, objetiva estabelecer um espaço de ensino-aprendizagem da arte circense e reflexões acerca da cultura de movimento, em busca de um sentido amplo das práticas corporais prevalecendo os significados de expressividade, comunicação, liberdade e cooperação.

Intenciona-se manter uma relação estreita entre os aspectos de extensão, ensino e pesquisa, objetivando assim em seus respectivos espaços:

• Aprender e ensinar as técnicas circenses de malabarismo, equilibrismo e acrobacias.

• Incentivar as possibilidades artísticas dos participantes, na construção coletiva de esquetes e espetáculos circenses a serem apresentados nos bairros, escolas e comunidades em geral.

• Proporcionar um espaço para prática corporal educativa, recreativa e de lazer.

• Propiciar um alargamento do espaço escolar para a construção de um conhecimento interdisciplinar.

• Apropriar-se da técnica de construção de equipamentos circenses a partir do reciclado, numa visão ecológica de mundo.

• Oportunizar e viabilizar encontros de discussão, workshops e apresentações artísticas com grupos circenses e cênicos de outras localidades, juntamente ao Malabar: circo e seus saberes.

• Constituir um espaço para a realização de estudos interdisciplinar e pesquisas relacionando a temática das artes circenses com diversos campos de estudos, como entre outros, o do corpo, sociedade, artes, história e educação.

• Preparar os participantes para multiplicarem as ações de extensão em arte circense.

• Desenvolver um repositório para abrigar nossas ações, bem como propagar ações circenses tais como projetos, artigos acadêmicos e encontros de circo.

• Publicar e apresentar nossas atividades em seminários, festivais, congressos e através de escritos em jornais, revistas e livros.

• Estabelecer vínculos e parcerias de atuação do “MALABAR – circo e seus saberes” com projetos e disciplinas existentes nos diversos cursos da Universidade Federal de Pelotas – UFPEL

Justificativa

INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
Torna-se difícil precisar onde e quando realmente surgiu a arte circense e o circo, porém, a partir de reflexões de autores como Bolognesi (2003) e Torres (1998), é possível perceber o envolvimento desta arte com atividades esportivas, guerreiras e lúdicas.
Soares ao comentar sobre a ludicidade, acrescentando a magia, o riso e a alegria como características visíveis no mundo do circo, representadas por acrobatas, anões, palhaços e bailarinas, nos relata que ao demonstrar suas habilidades, andando de cabeça para baixo, cuspindo fogo, imitando bichos, gargalhando e vivendo em grupos, oponham-se assim aos “novos cânones do corpo acabado, perfeito, fechado, limpo e isolado que a ciência construíra, da vida fixa e disciplinada que a nova ordem exigia” (SOARES, 1998, p.25).
Na historiografia da Educação Física, é possível depreender que a Ginástica do século XIX tinha como base os movimentos apresentados em praças e feiras por funâmbulos, saltadores e prestidigitadores, porém estes gestos foram ressignificados à sombra dos ditames científicos e sociais do tempo, que previam domínio das forças, economia de energia e retidão corporal, buscando eliminar qualquer propósito de entretenimento e diversão possíveis demonstrados nas acrobacias.
A partir destes fragmentos históricos é que passo a justificar o projeto “Malabar: circo e seus saberes”, que tem sua ênfase em extensão mas busca constantemente o imbricamento com o ensino e a pesquisa.
Projeto este que se faz pautado em uma concepção de educação crítico-emancipatória que valoriza o sentido e significado das relações de ensino-aprendizagem, considerando educandos e educadores como sujeitos deste processo educacional (KUNZ, 2010).

JUSTIFICATIVA
"Por suas origens militares e médicas e por seu atrelamento quase servil aos mecanismos de manutenção do status quo vigente na história brasileira, tanto a prática como a reflexão teórica no campo da Educação Física restringiram os conceitos de corpo e movimento – fundamentos de seu trabalho – aos seus aspectos fisiológicos e técnicos (BRASIL, 1997, p.25)".

Num processo de recusa a esta Educação Física considerada tradicional e na tentativa de trazer novas alternativas para compor esta disciplina, pautadas em práticas dialógicas, problematizadoras, comunicativas e criticas-emancipatórias, foi que introduzi os saberes circenses em minhas aulas curriculares e passei a desenvolver esta prática corporal artística através de projetos de extensão que vêm acontecendo desde o ano de 1997 nas escolas, nos clubes, nas praças e nas universidades.
Os saberes circenses integram minha prática docente como um dos temas da cultura de movimento que propicia escapar das relações competitivas do esporte, enquanto prática hegemônica, e possibilita um alargamento dos espaços da escola para movimentos corporais, onde prevaleça o sentido da expressividade, da comunicação, da relação e da cooperação.
Justificando e reforçando a importância de um trabalho cooperativo, me auxilio das palavras de Alves, quando diz que: "reforçar os mecanismos de interação solidária e os procedimentos cooperativos (ademais, numa era em que a emulação individualista e o ‘salve-se-quem-puder’ da competição mais desumanizada parecem sinalizar o sentido único do pós-modernismo civilizacional) é, pois, um imperativo de qualquer política educativa que pretenda assumir a educação como uma responsabilidade social (2003, p.116)".

No conceito deste projeto, a estética expressiva e artística da prática corporal circense, é construída articulando as diferentes formas de expressão corporal que o ser humano tem exteriorizado como os jogos, as brincadeiras, as danças, as lutas, os exercícios ginásticos, a mímica e a capoeira, que são historicamente criados e culturalmente desenvolvidos (COLETIVO DE AUTORES, 1992).
Assim, diversas áreas do conhecimento são convidadas a fazer parte desse trabalho interdisciplinar, pois "o fato de combinar-se a forma artística com a habilidade (destreza) corporal, faz com que as modalidades circenses despertem um significativo interesse por parte dos profissionais de diferentes áreas [...] sobretudo quando pensamos na sua inclusão no âmbito educativo (BORTOLETO; MACHADO, 2003, p. 61)".

Sustentado numa visão de corpo enquanto constructo histórico e cultural, este projeto tem como proposta a troca de conhecimentos em práticas pautadas num processo de criação coletiva, propiciando assim que o 'nosso circo' se construa com o jeito de ser e as marcas da história de cada um, num espaço de respeito à pluralidade.
A ludicidade é outro elemento importante que justifica o projeto de arte circense educacional como proposta de um espaço privilegiado, onde os ‘artistas’, com os usos do corpo voltado para o entretenimento, podem desfrutar do desafio, da alegria e do prazer que a constante mutabilidade e uma transformação sem fim proporcionam, como nas posições invertidas de cabeça para baixo e no sentir-se ligado a terra apenas pelo fio da corda bamba. A arte circense como uma proposta lúdica escapa ao sistema da lógica racional e do trabalho produtivo, possibilitando a cada um ser produto e produtor de cultura.
Dialogando com Santin o mesmo traz contribuições a este respeito quando considera que o lúdico do corpo "corresponde a valores vividos, a situações, a emoções explicitadas das mais diferentes formas. [...] O corpo lúdico pensa, sonha, inventa, cria mundos, onde é capaz de assumir todas as responsabilidades de viver com amor e liberdade (1994, p.89-90)".

Santin (1990, 1994) acrescenta que ao falar de ludicidade para o homem da ciência e da tecnologia corre-se o risco de ser tratado como pré-histórico ou de outro planeta, o que leva os habitantes da sociedade da produção industrial e do pensamento lógico-racional a não brincar mais e nesta perspectiva de ameaça do humano pela racionalidade científica e tecnológica é que o autor considera que as perspectivas do lúdico podem tornar-se a tábua da salvação.
Apropriando-se assim das artes circenses como movimento da cultura corporal, o projeto Malabar propõe uma nova ordem como faz o acrobata de cabeça para baixo (SOARES, 2000) e o palhaço ao avesso no cavalo (DUARTE, 1995), a caminho de um processo de inclusão e participação efetiva, onde corpos em movimento possam representar alunos felizes dentro e fora da escola.
Atualmente, com o fortalecimento de algumas perspectivas críticas na Educação Física e a afirmação de uma visão de corpo não somente biológico, mas também cultural, histórico e social, expandem-se os horizontes para definição dos conteúdos a serem trabalhados nas aulas e em projetos o que, segundo Silva e Bracht (2012), é uma das características que identifica uma proposta de prática inovadora onde se busca tematizar as mais diversas manifestações da cultura de movimento.
Estas propostas inovadoras, no entanto, ainda não estão efetivadas no contexto escolar e comunitário, aparecem muito por tentativas isoladas de professores e professoras que procuram romper com as propostas tradicionais da Educação Física. Entre os conteúdos que surgem como oferta inovadora é possível destacar as danças, as lutas e os saberes circenses.
Considerando, assim, este movimento de reestruturação da Educação Física a partir de novos paradigmas e por entender como positiva a inclusão de conteúdos que pertençam à cultura de movimento do ser humano e que fortaleçam o sentido de expressividade, comunicação, criatividade, cooperação, autonomia e alegria nos participantes deste processo pedagógico, é que venho desenvolvendo o projeto “Malabar: circo e seus saberes” como proposta de extensão.

REFERÊNCIAS

ALVES, R. A Escola com que Sempre Sonhei sem Imaginar que Pudesse Existir. 5.ed. Campinas: Papirus, 2003.

BOLOGNESI, M.F. Palhaços. São Paulo: UNESP, 2003.

BORTOLETO, M.A., MACHADO, G. Reflexões Sobre o Circo e a Educação Física. Corpoconsciência. n.12, p.41 – 69, jul./dez. 2003.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

DUARTE, R. Noites Circenses: espetáculos de circo e teatro em Minas Gerais no século XIX. Campinas: Editora da UNICAMP, 1995.

KUNZ, E. Pedagogia do esporte, do movimento humano ou da Educação Física? IN: KUNZ, E., TREBELS, A. Educação Física crítico-emancipatória: com uma perspectiva da pedagogia alemã do esporte. Ijuí: Unijuí, 2010.

SANTIN, S. Educação Física: outros caminhos. Ijuí: UNIJUÍ, 1990.

_____. Educação Física: da alegria do lúdico à opressão do rendimento. Porto Alegre: Edições EST, ESEF-UFRGS, 1994.

SILVA, E. O Circo: sua arte e seus saberes, o circo no Brasil do final do século XIX a meados do XX. 1996. Dissertação (Mestrado em História). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Universidade Estadual de Campinas. 1996

SILVA, S.S.; BRACHT, V. Na pista de práticas e professores inovadores na educação física escolar. KINESIS. n.1, v.30, 2012. Disponível em: . Acesso em: 15 jan. 2013.

SOARES. C.L. Imagens da Educação no Corpo: estudo a partir da ginástica francesa no século XIX. Campinas: Autores associados, 1998.

______. Imagens do Corpo Espetáculo: o monstro e o acrobata. IN: Congresso Brasileiro de História da Educação Física, Esporte, Lazer e Dança, 29 mai – 01 jun, 2000, Gramado, RS. Anais... Porto Alegre: UFRGS. ESEF, 2000.

TORRES, A. O Circo no Brasil. Rio de Janeiro: FUNARTE, São Paulo: Atração Produções Ilimitadas, 1998.

Metodologia

No projeto “MALABAR: circo e seus saberes” teremos em média dois encontros semanais, entre coordenador, colaboradores, voluntários e os participantes em geral, para pensar e atender as ações planejadas relacionadas a extensão, ensino e pesquisa.

Estes momentos serão dedicados para a práxis da arte circense, reuniões para reflexões organizativas e avaliativas do projeto, espaço para desenvolver estudos e debates a respeito da temática do circo, assim como orientações coletivas acerca das produções acadêmicas e artísticas desenvolvidas pelos integrantes do projeto.

Desta forma, estaremos fazendo uso destes tempos com as seguintes propostas:
• Aprendizado e treinamento das técnicas circenses: malabarismo; equilíbrio; acrobacia.

• Vivências de múltiplas linguagens corporais tais como: jogos cênicos; brincadeiras; yoga; dança; capoeira; etc.

• Estudos e aprofundamento dos conhecimentos que envolvem o circo e seus saberes.

• Produções escritas ou midiáticas, tanto individualmente como no coletivo, a respeito dos acontecimentos do projeto, como também da temática circense.

• Construção de equipamentos para prática circense como: claves; bolinhas malabares; bastão chinês; swings em geral.

• Realização de sessões de vídeo e cinema visando ampliar os saberes a respeito do circo.

• Preparação de aulas e possíveis atuações do projeto como performances e espetáculos.

• Ensaios e montagens para mostra das produções artísticas desenvolvidas pelo grupo.

Indicadores, Metas e Resultados

INDICADORES E METAS
Este projeto tem ênfase em extensão, porém procura desenvolver atividades nos campos de ensino e pesquisa, caracterizando-se assim como um projeto unificado.
A seguir, apresento indicativos e metas para cada segmento do projeto:

EXTENSÃO:
* Desenvolver aulas práticas e teóricas de atividades circenses em espaços distintos como bairros, comunidades, associações, escolas, ONGs, entre outros, conforme as demandas e relevância das ações.

* Manter a ideia de atividades abertas a pessoas de todas faixas etárias, podendo ser organizada em pequenos grupos de participantes com idades próximas.

* Intenciona-se nestas atividades, desenvolver montagens de apresentações circenses, abertas para fruição do público em geral.

* Exposição do projeto e suas ações em eventos diversos.

ENSINO:
* Formação continuada em Arte Circense, aberto para discentes de todos os cursos da UFPEL, com aulas teóricas e práticas a respeito dos variados aspectos que envolvem o mundo do circo.

* Grupo de estudos para aprofundamento dos conhecimentos relativos aos saberes circenses.

* Formação de multiplicadores para ações de extensão.

PESQUISA:
* Grupo de estudos focado nas possibilidades em pesquisas com a temática circense.

* Investigações voltadas aos diversificados saberes relacionados e imbricados ao circo e as artes circenses, tais como, entre outros, corpo, sociedade, história e educação.

* Criar um repositório para propagar obras e ações circenses, tais como: projetos universitários e escolares, produções em artigos, livros e revistas, como também os eventos em forma de mostras, seminários, festivais e congressos.

* Divulgar nossas pesquisas em eventos científicos e acadêmicos.

* Publicação de artigos provenientes destes estudos.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
CLAUDILENE CASTRO DE LIMA
ESTELA MONTES DE OLIVEIRA JORGE
JOSE FRANCISCO BARONI SILVEIRA6
THALES GABRIEL TORRES DE SOUZA

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