Nome do Projeto
AGORA É QUE SÃO ELAS: A PANDEMIA DE COVID-19 CONTADA POR MULHERES
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
30/05/2020 - 05/10/2026
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Humanas
Resumo
O mundo está atravessando um dos momentos mais difíceis e desafiadores das últimas décadas: a pandemia de COVID-19. Segundo a ONU Mulheres (2020) os piores efeitos da pandemia serão sentidos principalmente entre as mulheres que vivem em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Isso indica que é fundamental discutirmos a pandemia a partir de uma perspectiva de gênero. Tendo isso em vista, o presente estudo visa investigar as repercussões subjetivas das realidades vividas por mulheres brasileiras durante a pandemia de COVID-19 a partir de uma perspectiva psicanalítica. A investigação será realizada através de um formulário online divulgado para mulheres de todo Brasil. No formulário serão solicitados dados sócio demográficos das participantes e também a construção de narrativas sobre as suas vivências durante a pandemia de COVID-19. Dessa forma, esta pesquisa visa contribuir para que as narrativas das mulheres sejam incluídas na história que será contada sobre a pandemia de COVID-19.

Objetivo Geral

Esse projeto visa investigar as repercussões subjetivas das realidades vividas por mulheres brasileiras durante a pandemia de COVID-19 a partir de uma perspectiva psicanalítica.

Justificativa

Entendemos que uma pesquisa dedicada à investigar psicanaliticamente as repercussões subjetivas das realidades vividas por mulheres brasileiras durante a pandemia de COVID-19 pode produzir conhecimento científico que repercutirá pelo menos em três âmbitos de fundamental importância: na construção de políticas públicas de saúde mental adequadas à realidade das mulheres brasileiras em um contexto de pandemia e pós pandemia, na luta pela igualdade de gênero e pelo empoderamento das mulheres e no avanço, atualização e reinvenção da Psicanálise.
Em relação ao primeiro âmbito, compreendemos que se fazem necessários estudos que atentem para a diversidade das vivências das mulheres brasileiras, que considerem suas experiências subjetivas e seus atravessamentos de classe, orientação sexual, raça, maternidade, entre outros, para pensar ações voltadas para a saúde mental e para o bem-estar social em um contexto de pandemia e pós pandemia. Encontramos, diversas pesquisas sendo realizadas acerca dos impactos da pandemia COVID-19 na população brasileira, mas um número praticamente nulo de pesquisas voltadas para as mulheres e as especificidades de suas realidades e de suas repercussões subjetivas. A presente pesquisa, nessa perspectiva, configura-se como uma iniciativa de grande importância no contexto brasileiro, podendo servir de alicerce para a criação de intervenções em termos de saúde mental e bem-estar social adequadas às repercussões subjetivas das realidades vividas pelas mulheres no contexto da pandemia COVID-19 e pós pandemia.
No que tange ao segundo âmbito, acreditamos que o conhecimento produzido pode contribuir na luta pela igualdade de gênero e pelo empoderamento das mulheres, em primeiro lugar porque será um espaço (mesmo que virtual) para as mulheres falarem sobre suas realidades, suas dificuldades, seus desafios, seus sentimentos, um espaço para contarem suas histórias. Será, portanto, uma iniciativa que vai na contramão da lógica social de silenciamento e invisibilização das mulheres. Em segundo lugar porque a partir das narrativas das mulheres será construído material científico que dará visibilidade a diversidade de realidades vividas pelas mulheres brasileiras durante a pandemia de COVID-19 e a suas repercussões subjetivas. Isso fortalecerá no campo das produções científicas sobre a pandemia a discussão sobre as diferenças de gênero e suas intersecções com outros fatores como classe, raça, orientação sexual, maternidade, etc. Consideramos isso fundamental para a complexificação das discussões sobre a pandemia de COVID-19 e para que generalizações apressadas e que muitas vezes se alinham ao silenciamento e invisibilização das mulheres possam ser combatidas.
Quando ao terceiro âmbito, cabe destacar que cada momento histórico e seus acontecimentos específicos – como é o caso da pandemia de COVID-19 – traz questões singulares para psicanálise e a convoca a reinvenção, exigindo a ampliação de seu arcabouço teórico e técnico. Acreditamos que nossa pesquisa poderá contribuir de forma importante na tarefa de reinvenção da psicanálise que a pandemia de COVID-19 tem exigido. Além disso, nossa pesquisa contribuirá para que essa reinvenção possa se dar alinhada a luta pela igualdade de gênero e pelo empoderamento das mulheres.





Metodologia

Procedimento de coleta
O estudo será realizado através de um formulário online (o link está disponível no anexo III) divulgado para mulheres de todo Brasil. Através do formulário serão solicitados dados sócio demográficos das participantes e também a construção de narrativas sobre as suas vivências durante a pandemia de COVID-19. Alguns questionamentos serão utilizados como disparadores para a construção das narrativas.
Cada participante será convidada (através de orientação escrita) a construir as narrativas sobre suas vivências durante a pandemia de COVID-19 por meio da associação livre . Visamos favorecer a construção de narrativas significativas, que nos permitam conhecer as repercussões subjetivas das vivências durante a pandemia de COVID-19. Além disso, consideramos que a possibilidade de relatar tais vivências pode guardar um potencial elaborativo das experiências vividas. Assim, aos moldes de uma pesquisa intervenção, cuidaremos para não dissociarmos a produção de conhecimento do benefício imediato dos participantes:

(...) tornam-se desejáveis procedimentos de pesquisa que não apenas permitam a detecção de dados como também propiciem ou facilitem mudanças a partir de elaboração reflexivo-vivencial dos próprios sujeitos, de acordo com o paradigma clínico. A clínica psicodinâmica permite a expressão subjetiva, a interpretação e a transformação. Traz, assim, ensinamentos que podem ser transpostos para o âmbito sociodinâmico, articulando vinculadamente investigação e intervenção (Aiello-Vaisberg, 1995, p. 114).

Todas as mulheres maiores de 18 anos que se dispuserem a participar da pesquisa serão incluídas na coleta de dados. As mulheres que não se dispuserem a participar da pesquisa e as menores de 18 anos serão excluídas da pesquisa.

V.3 Procedimento de análise
As narrativas produzidas pelas mulheres serão lidas e re-lidas diversas vezes, viabilizando reflexões clínico-teóricas. Além disso, as pesquisadoras redigirão narrativas transferenciais (Aiello-Vaisberg, Machado, Ayouch, Caron & Beaune, 2009) registrando aquilo o que lhes foi evocado, a partir das narrativas das participantes. Desse modo, as pesquisadoras incluirão, nas narrativas transferenciais, os sentimentos que nelas foram evocados, bem como suas associações livres, despertadas pelas narrativas das participantes, incluindo a sua própria singularidade, tão imprescindível na produção de conhecimento numa investigação psicanalítica.
A partir da leitura e releitura das narrativas produzidas pelas participantes e das narrativas transferenciais redigidas pelas pesquisadoras, o passo seguinte será o de analisar esse material seguindo o método psicanalítico. Assim, do mesmo modo que adotamos o método psicanalítico para a construção das narrativas pelas participantes, quanto na redação das narrativas transferenciais, seguiremos fazendo uso do método psicanalítico na análise do material. Para tanto, em reuniões científicas, nos debruçaremos sobre esse material buscando compreendê-lo interpretativamente, isto é, identificando os múltiplos sentidos que atravessaram os discursos das participantes do estudo. A estratégia, nesse momento, será a de adotarmos a atenção flutuante, assumindo uma postura de desprendimento em relação à teoria pré-existente sobre o tema, a julgamentos e valores pessoais:

Todo o processo é presidido pelo cultivo da atenção flutuante. As mesmas recomendações psicanalíticas, no sentido de permitir ao paciente que o que venha à mente seja comunicado de modo solto, livre e sem censura, conhecidas como associação livre, tem sua contrapartida na assunção deste especial estado chamado de atenção flutuante por parte do analista. Um bom jeito de pensar nisso é lembrar de jogos do tipo “Olho mágico”, nos quais uma nova figura pode se formar se deixarmos de focalizar do modo como normalmente o fazemos (Aiello-Vaisberg, 1999, p. 256).

Analisaremos, desse modo, o material constituído pelas narrativas produzidas pelas participantes e as narrativas transferenciais das pesquisadoras deixando-nos impressionar pela intensidade de uma expressão, palavra ou ausência de expressão que nos desperta a atenção, como um tom desafinado aos nossos ouvidos, ao invés da quantidade de vezes em que um tema qualquer foi mencionado pelas participantes (Ferreira, 2006). Esses aspectos serão pensados e analisados de forma articulada aos atravessamentos sociais (raça, classe, orientação sexual, maternidade, etc) que atingem as mulheres em nossa sociedade.
Considerações e aspectos éticos
Em nossa pesquisa seguiremos as determinações da Resolução do Conselho Nacional de Saúde, nº 510, de 07 de abril de 2016 que normatizam as condições das pesquisas que envolvem seres humanos. Será considerado a ética, a preservação da identidade dos participantes e a proteção dos mesmos quanto a riscos ou perdas. Os participantes serão informados sobre o tema da investigação e suas implicações, sendo esclarecidos seus direitos enquanto participantes de pesquisa, estando disponível no formulário online enviado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Os formulários serão preenchidos de forma anônima. Os arquivos dos formulários serão preservados pela coordenadora da pesquisa por até cinco anos após o término da pesquisa sendo posteriormente destruídos. Além disso, as participantes serão informadas sobre a possibilidade de em qualquer momento desistir de sua participação na pesquisa sem que isso represente nenhum prejuízo para as mesmas.

Indicadores, Metas e Resultados

Esta pesquisa que visa investigar psicanaliticamente as repercussões subjetivas das realidades vividas por mulheres brasileiras durante a pandemia de COVID-19 intenta produzir conhecimento científico que repercuta pelo menos em três âmbitos de fundamental importância: na construção de políticas públicas de saúde mental adequadas à realidade das mulheres brasileiras em um contexto de pandemia e pós pandemia, na luta pela igualdade de gênero e pelo empoderamento das mulheres e no avanço, atualização e reinvenção da Psicanálise.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
AMANDA MIRANDA DO CARMO
AMANDA MOURA QUINZEN
BÁRBARA MEDINA PERES
CAMILA NAZZARI MARRA
CAMILA PEIXOTO FARIAS41
CAROLINA BARILI BRANDI
CAROLINE DE OLIVEIRA PRADEL BOND
CRISTIANA VIGORITO AFONSO
DAIANE PHILIPPSEN MADERS
DARA PEREIRA RODRIGUES
DÉBORA DE MELLO LISBOA
FERNANDA PINTO MIRANDA
Fernanda Canavêz de Magalhães
GABRIELI DAMASCENO MACEDO
GIOVANA FAGUNDES LUCZINSKI2
HELEN CARVALHO GOMES SOARES
HELENA BRAGA DOS SANTOS
JAÍNE CORREA PEREIRA
JULIANA DA SILVA LACERDA
JULIANA LAZZARETTI SEGAT
JÚLIA BOANOVA BÖHM
KARINA RANGEL GAUTÉRIO
KIZZY LESSA COUTINHO VITORIA
LARISSA MENEZES LOPES QUINTANA
LEILIANE BOTELHO MARTINS
LUISA LISLIE BOTH GRIEBLER
LUIZA CAETANO AFFONSO
LUÍSE MACHADO DA SILVA ZANETTE DE OLIVEIRA
MAIRA COELHO DA SILVA
MARA LÚCIA MENDES DA ROSA
MARIA CAROLINA FARIAS DUARTE
MARIA EDUARDA TAVARES DUTRA
MARIA SUSANA MUNIZ ZORZANELLO
MARIANA ADAMOLI MARQUES DA SILVA
MARIANA BARBOZA LOPES
MYLENA GRAEBNER PEREIRA
ODICÉIA OLIVEIRA DIAS
RAFAELA SOARES VILLAR
RAQUEL CORDEIRO SORMANI
RAYSSA FERREIRA RIBEIRO
ROBERTA DUARTE DA LUZ
SANDRA MARA VIDAL DE SOUZA
SHEILA BANEIRO HECK
STHEFANY LACERDA DA SILVA
Samara Costa Pereira Freitas
THAIS SILVA DE OLIVEIRA DIAS
THAÍS GARCIA SAMPAIO
VALÉRIA BERNADOTTE DA SILVA
VERIDIANA SILVEIRA NUNES
VITÓRIA PINHO JUNGES

Página gerada em 21/12/2024 14:22:05 (consulta levou 0.144664s)