Nome do Projeto
Uso de tecnologias para distração em uma clínica universitária de Odontopediatria
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
05/05/2020 - 31/12/2021
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
Um dos aspectos mais desafiadores na Odontopediatria é o manejo do comportamento infantil. A ansiedade é frequentemente manifestada pelas crianças durante as consultas odontológicas, podendo representar um desafio na prática clínica do cirurgião dentista. Diante das técnicas básicas utilizadas para o manejo do comportamento infantil, a distração vem sendo bastante utilizada por proporcionar uma experiência mais relaxada e eficaz durante o tratamento odontológico para as mesmas. Assim, este trabalho tem por objetivo avaliar o efeito do uso de óculos de realidade virtual e tablets como técnica de distração audiovisual durante atendimento odontológico avaliando comportamento, ansiedade e percepção de dor, comparando-a com as técnicas tradicionais de manejo do comportamento. Uma amostra de 99 crianças foi estimada e será selecionada com os seguintes critérios de inclusão: ter entre 6 e 10 anos de idade; boa saúde geral; necessidade de tratamento restaurador, endodontia ou exodontia. Serão excluídas crianças com deficiência física ou mental e aquelas que apresentarem relato de comportamento não colaborador prévio em consultas odontológicas. A amostra será randomizada através do sorteio, com uso de envelopes pardos, no momento do atendimento, sendo os participantes alocados em 3 grupos: o primeiro utilizará os óculos audiovisuais (modelo VR box 2.0 Mini (G1), o segundo usará tablets (SAMSUNG 12”) fixos ao refletor da cadeira odontológica como distração (G2) e o terceiro utilizará técnicas tradicionais de distração (G3). Durante o tratamento odontológico, os acadêmicos explicarão o procedimento em termos leigos usando as técnicas básicas de manejo do comportamento, como a técnica “diga-mostre-faça”, reforço positivo e distração convencional em todas as consultas. As medidas utilizadas serão a ansiedade através da VPTM, o comportamento através da escala de VENHAM e da medida da frequência cardíaca no início, durante e no final da consulta, bem como a percepção de dor durante o procedimento (FLACC) e após, finalizado o atendimento, através da escala FPS-R. O estresse do operador também será avaliado, por meio de uma escala visual analógica (VAS). Para avaliar ansiedade, os níveis de cortisol salivar serão mensurados 10 minutos antes e 10 minutos apõs o tratamento. Durante as visitas, os dados serão coletados usando uma ficha previamente testada. Os dados serão digitados em uma planilha no programa Microsoft® Excel® 2016 e analisados no programa Stata 14.0. Haverá um cegamento simples (single blind): tanto para o digitador quanto quem analisará os dados. Será realizada a análise descritiva dos dados obtendo-se as frequências absolutas e relativas. As características dos grupos na primeira consulta serão comparadas usando teste qui-quadrado. As comparações nos desfechos de interesse entre os grupos serão realizadas utilizando o teste qui-quadrado para variáveis dicotômicas e o teste t para comparação de médias. Será adotado um nível de significância de 5% para todas as análises.

Objetivo Geral

Avaliar o efeito do uso de óculos de realidade virtual e de tablets como técnica de distração audiovisual durante o atendimento odontológico a fim de reduzir a ansiedade, comparando-a com as técnicas tradicionais de manejo do comportamento.

Justificativa

As técnicas de distração são bastante utilizadas visando proporcionar maior conforto aos pacientes durante o tratamento odontológico, especialmente em Odontopediatria. Embora existam estudos clínicos randomizados, são escassos os estudos avaliando a efetividade do uso de estratégias de distração em clínicas odontológicas. Ainda, considera-se importante avaliar o efeito dessas técnicas segundo a percpção de estudantes de Odontologia, incluindo sobre o nível de estresse.

Metodologia

3.1 Delineamento do estudo e seleção da amostra
Este ensaio clínico randomizado será desenvolvido na Clínica Infantil da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas (FO – UFPel), na cidade de Pelotas/RS, Brasil. Serão selecionadas para a amostra as crianças que apresentarem os seguintes critérios de inclusão: ter entre 6 e 10 anos de idade; boa saúde geral; necessidade de tratamento restaurador, endodôntico ou exodontia. Serão excluídas crianças com deficiência física que impeçam o uso dos óculos e tablet, ou deficiência mental. Para o cálculo do tamanho da amostra, baseando-se em estudo prévio, para avaliação do desfecho percepção de dor, 30 pacientes por grupo seriam suficientes para detectar uma diferença de média de 1 na escla FPS-R (nível de significância de 5% e poder 80%). Para compensar para perdas a amostra foi aumentada em 10% (n=99).

3.2 Randomização da amostra
A randomização (random allocation) será feita através do site sealed envelopes. Os números gerados serão organizados em envelopes pardos, selados sendo 33 envelopes contendo (G1) grupo controle, que receberá apenas as técnicas de manejo convencionalmente usadas (diga-mostre-faça e reforço positivo); 33 contendo o (G2) que receberá distração através de óculos áudio-visual; e 33 contendo (G3) que receberá distração através de tablet, fixo no braço do refletor da cadeira odontológica. No dia do atendimento, as crianças serão convidadas por ordem de chegada. No caso de não preencher os critérios, a próxima criança é convidada.
Devido à natureza da intervenção, nem os participantes nem a equipe podem ser cegos para a alocação, mas estão fortemente inculcados para não divulgar o status de alocação do participante. Um estudante de graduação será responsável por alimentar os dados no computador em bancos de dados não identificados, para que os pesquisadores possam analisar dados sem ter acesso a informações sobre a alocação.

3.3 Delineamento experimental
As crianças selecionadas serão atendidas por acadêmicos da Faculdade de Odontologia da UFPel e um auxiliar, nas Unidades de Clínica Infantil I e II e Estágio em Clínica Infantil. No dia do atendimento, previamente ao procedimento, será feita entrevista com responsável contendo questões sociodemográficas, a aplicação da escala de ansiedade (Venham Picture Test Modified - VPTM) na criança e avaliação do comportamento através da Escala VENHAM durante a realização do exame clínico e orientação de higiene bucal. Ambos os grupos que receberão intervenção serão questionados sobre qual desenho desejarão assistir.
Durante o tratamento odontológico, para todos os grupos, os acadêmicos explicarão o procedimento em termos leigos usando as técnicas básicas de manejo do comportamento, como a técnica “diga-mostre-faça”, reforço positivo, distração convencional em todas as consultas. Tal conduta é a rotina das clinicas de Odontopediatria da FO/UFPel. Para garantir padronização entre os acadêmicos, os alunos participantes receberão algumas instruções prévias sobre a importância do uso de tais técnicas (APÊNDICE A). Previamente, os alunos deverão assinar um termo de consentimento livre e esclarecido, concordando com a participação na pesquisa (APÊNDICE B).
Quando utilizada a técnica de distração com óculos de realidade virtual será utilizado o modelo VR box 2.0 Mini. Quando utilizada a distração com tablet, será utilizado o modelo SAMSUNG 12”.

3.3.1 Instrumentos para coleta de dados
Durante as visitas, os dados serão coletados usando uma ficha previamente testada (APÊNDICE C), que incluirá os instrumentos de mensuração de ansiedade, comportamento e dor e informações sobre o procedimento.

3.3.1.1 Venham Picture Test Modificada (VPTM)
Para avaliar o medo ao tratamento odontológico, paralelo à realização da entrevista com os pais, uma segunda entrevistadora aplicará para a criança a Venham Picture Test Modificada (VPTM). A VPTM é um teste projetivo de autoanálise a partir de desenhos de figuras humanas composto por oito cartelas, tendo cada cartela duas crianças desenhadas esboçando reações emocionais diferentes (ANEXO A).
Essas figuras de desenhos humanos serão apresentadas às crianças em um tamanho correspondente à meia folha A4, coloridas e com desenhos segundo o gênero correspondente ao da criança entrevistada. Após feita a escolha, indaga-se, de maneira clara, por um único avaliador o seguinte: “Eu gostaria que você apontasse para o menino(a) que está sentindo o mesmo que você está sentindo agora. Olhe cuidadosamente para os rostos das figuras e veja como elas se sentem”. Cada par dos oito pares de figura serão mostrados separadamente para a criança. À figura que, em cada par, revelou o sentimento negativo será atribuído um ponto na avaliação. A soma da avaliação de todos os pares de figuras pode variar de zero a oito, sendo que zero representa crianças livres de ansiedade, um a três –baixo nível de ansiedade, quatro a seis – nível médio de ansiedade e sete a nove – altamente ansiosas (RAMOS-JORGE et al., 2006).

3.3.1.2 Frequência cardíaca
A medida objetiva da ansiedade a ser utilizada será a frequência cardíaca por meio da oximetria de pulso. Para tal será empregado o modelo MD300C1 em diferentes momentos. Será registrada a frequência antes do atendimento, durante o atendimento (de 5 em 5 minutos) e ao fim do atendimento. Coloca-se o oxímetro no dedo indicador da criança, no espaço emborrachado do oxímetro antes de soltar o prendedor, se pressiona uma vez o botão “liga / desliga” no painel frontal, para ligar o equipamento e o paciente não deverá se movimentar durante a leitura dos dados pelo oxímetro e aguarda-se alguns segundos para verificar a medida do oxímetro.
A oximetria de pulso é a maneira de medir quanto oxigênio o sangue está transportando. O nível de oxigênio mensurado com um oxímetro é chamado de nível de saturação de oxigênio (abreviado como O2sat ou SaO2). A SaO2 é a porcentagem de oxigênio que o sangue está transportando, comparada com o máximo da sua capacidade de transporte. O oxímetro de pulso vem como uma pequena unidade a ser colocada no dedo, ou um pequeno dispositivo portátil que conectado a um fio pode ser fixado ou adaptado ao dedo. Feixes de luz do dispositivo passam através do sangue no dedo para mensurar seu oxigênio. Os feixes de luz são mensurados a fim de calcular a porcentagem do transporte de oxigênio, além disso, esse método também proporciona a leitura da frequência cardíaca (American Thoracic Society, 2013).

3.3.1.3 Versão Brasileira da Escala VENHAM (BvVBRS)
A avaliação do comportamento será realizada por meio da Escala de VENHAM validada por CADEMARTORI et al., 2016 (BvVBRS).
Todo o atendimento será gravado em vídeo para posterior avaliação pelo celular, a fim de minimizar a interferência do avaliador. A avaliação do comportamento será realizada por um avaliador com experiência em comportamento infantil. Nesta escala, a cada momento avaliado, a criança recebe um valor para o seu comportamento conforme as reações apresentadas. Serão avaliados quatro momentos: momento inicial da consulta, durante o procedimento odontológico e no momento final do atendimento odontológico.
Os escores, categorias e critérios correspondentes da EACV são:
a) Escore 0: Cooperação total: Melhor condição de trabalho possível. A criança não apresenta protesto físico, como choro ou movimentos corporais.
b) Escore 1: Protesto leve: A criança protesta em voz baixa (resmungos) ou choro contido, como um sinal de desconforto. No entanto, não impede a continuidade do tratamento.
c) Escore 2: Protesto moderado: A criança manifesta seu desconforto verbalmente, com choro forte e/ou movimentos corporais (de mãos, braços, cabeça, etc.), que dificultam a realização do tratamento. Contudo, ainda atende aos pedidos para cooperar, mesmo que com certa resistência.
d) Escore 3: Protesto intenso: Cumpre com demandas relutantemente, exigindo esforço extra por dentista, movimento corporal. Pode requerer a contenção inicial das mãos, em vista de um movimento corporal mais proeminente.
e) Escore 4: Protesto mais intenso: A criança realiza movimentos corporais maiores, inclusive de troncos e pernas. Pode interromper o procedimento, representando um real problema para o dentista, exigindo deste, esforço físico e mental. É necessária contenção física de algum órgão do corpo (das mãos e/ou da cabeça). Ainda assim, a criança coopera parcialmente e relutantemente com as orientações.
f) Escore 5: Protesto generalizado: Nenhuma adesão ou cooperação da criança. A situação resulta em desgaste físico e mental tanto para a criança quanto para o dentista. É necessária contenção física (segurar mãos, braços, pernas, cabeça, tronco...), a criança pode tentar fugir da cadeira, cobrir a boca e, algumas vezes, o atendimento torna-se impossível na mesma sessão.
Cada momento será avaliado considerando-se o escore mais negativo observado. Serão consideradas na avaliação o escore de pico e a soma geral. No primeiro, considera-se o escore mais negativo dos quatro momentos avaliados. No segundo, realiza-se a somatória dos valores e calcula-se a média destes escores.


3.3.1.4 Avaliação da dor:
A avaliação da dor será realizada através das escalas Face, Legs, Activity, Cry, Consolability (FLACC) e da escala Faces Pain Scale – Revised (FPS-R) pelo fato de a escala FPS-R ser o método preferencial para a medição da dor por auto-relato e de a escala FLACC utilizar a lógica cognitiva para tal avaliação, confrontando duas diferentes classes de instrumento de medida. Além disso, a medida de intensidade da dor realizada por meio das escalas FPS-R e FLACC é simples e rápida, não exigindo muito tempo dos profissionais de saúde que a aplicam (Silva FC & Thuler LC, 2008).

3.3.1.4.1 Escala de FLACC (Face, Legs, Activity, Cry, Consolability)
Criada por Merkel e colaboradores, em 1997, que utilizaram as letras iniciais das palavras em inglês para as dimensões avaliadas: face (face), pernas (legs), atividade (activity), choro (cry) e con

Indicadores, Metas e Resultados

- Produção de 1 TCC
- Produção de 1 dissertação de mestrado
- Produção de 2 artigos científicos

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ANA BEATRIZ GONÇALVES ARAUJO
CHARLES CUNHA DO ESPIRITO SANTO
FERNANDA VIEIRA ALMEIDA
LAURA SIMÕES SIQUEIRA
MARILIA LEAO GOETTEMS2
MARINA SOUSA AZEVEDO1
MATHEUS DOS SANTOS FERNANDEZ
VANESSA POLINA PEREIRA DA COSTA2

Página gerada em 29/03/2024 09:45:40 (consulta levou 0.143947s)