Nome do Projeto
Estudos em consumo, ética e subjetividade
Ênfase
Ensino
Data inicial - Data final
18/06/2020 - 14/12/2020
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Humanas
Resumo
O projeto trata-se de um grupo de estudos para realizar leitura e discussão de textos teóricos que englobam os temas do consumo, ética e subjetividade, na perspectiva da Psicologia Social, em suas intersecções com disciplinas afins, como a sociologia, a filosofia e a educação. A metodologia consistirá em encontros entre uma e duas vezes por semana, por meio de plataforma digital. Em cada encontro deverá ser debatido um texto, em cronograma acordado junto aos alunos participantes, englobando obras de autores como zygmunt bauman e Peter Stallybrass. Nos encontros, a coordenadora deverá expor inicialmente as ideias principais do texto, abrindo para debate de questões disparadoras relacionadas a elementos empíricos a serem compreendidos com a ajuda da teoria. O objetivo do projeto é auxiliar os alunos na compreensão do papel do consumo como elemento fundamental para análise das relações sociais e da produção de subjetividade na contemporaneidade. Para tal, procurar-se-á tecer articulações teóricas entre os âmbitos do consumo e da produção, instâncias comumente separadas na chamada sociedade do consumo. A discussão sobre a ética permeará os encontros como forma de abordar as possibilidades de agência individuais e coletivas nas transformações da subjetividade. O contexto histórico atual produzido pela nova pandemia do coronavírus não apenas delimitará o método dos encontros, realizados de forma remota, mas disparará reflexões específicas no que se refere aos modos de consumir e de produzir ou não críticas em relação a esses modos.

Objetivo Geral

Debater o papel do consumo na produção de subjetividade, sendo esta compreendida como produção histórica e social, bem como suas relações com a ética, entendida como exercício crítico de virtualidade de sujeitos e coletivos.

Justificativa

A discussão a respeito das práticas de consumo tem sido tema importante no estudo da subjetividade contemporânea. Conforme diversos trabalhos têm demonstrado (Bauman, 2011; Heningen, Walter e Paim, 2017; Santi, 2005), a sociedade tem se organizado mais em torno do consumo do que da produção. Isto difere o momento presente de outros na história do capitalismo a respeito das possibilidades quase infinitas de produção, a partir das tecnologias nela implicadas. O escoamento dessa produção é possibilitado a posteriori através de táticas de produção de desejo para o consumo. Ou seja, não se trata apenas de fabricar produtos a partir das demandas relacionadas às necessidades de consumidores, mas de oferecer a elas e eles um campo inteiro de possibilidades de comprar produtos ou serviços que vão construindo processos de subjetivação e delimitando identidades e pertencimentos. Desse modo, pensar o tema do consumo é importante para os estudantes de psicologia por se tratar de uma esfera fundamental da constituição da subjetividade, em todas as etapas do desenvolvimento humano.
A imateridade do dinheiro e dos produtos a serem consumidos tem sido evocada na discussão a repeito do consumo. No entanto, para colecionar sensações, experiências, aprendizados, como comumente é evocado em posts de blogueiros viajantes e de pessoas comuns em suas redes sociais, ainda é necessário dinheiro e ainda há processos de trabalho, tempo e desejo capitalisticamente produzido implicados (Guattari e Rolnik, 2013). Consumir, então, atualmente, passa também pela imaterialidade das relações, que se estende ao nossos modos de comunicação, conhecimento e trâmites financeiros. Heningen, Walter e Paim (2017) apontam uma pista interessante, de modo que em sua pesquisa com jovens o consumir aparece associado ao enunciado gastar dinheiro. Ou seja, cada vez mais consumir se torna algo não necessariamente ligado a produtos materiais específicos que se guarda, acumula, destrói, joga fora e mais se amplia para a compreensão, ainda ligada à economia, mas situada no espaço híbrido entre o físico e o digital.
Bauman (2011) aponta para uma característica da organização do trabalho atualmente como algo solitário e pouco complementar em relação a outros trabalhadores. Diminui-se a importância dos especialismos e do que seria uma produção em série e requer-se pessoas que façam de tudo um pouco, sozinhas. Quando o trabalho é consumir, a tarefa também é solitária, de modo que as pessoas devem lidar sozinhas com suas escolhas, orçamentos, endividamentos, deslocamentos possibilitados por eventuais problematizações ou com o seu desejo, produzido em fluxos que, paradoxalmente, não são individuais, mas povoam os processos de individuação de cada pessoa.
As pessoas que consomem são, em grande parte, as mesmas que atuam em diferentes âmbitos da produção, material e imaterial. Os frutos financeiros do trabalho são aqueles que possibilitam o consumo. Ainda assim as esferas da produção e do consumo permanecem separadas nas formas de vida hegemônicas. Viagens, objetos quaisquer, alimentos, roupas, automóveis, eletrônicos, jogos e mais uma infinidade de ítens de consumo podem participar da vida de diferentes pessoas, sem que elas conheçam as etapas que antecederam seu contato com o produto ou serviço. Se trata de uma relação muito simplificada, cuja responsabilidade não vai muito além do preço que se pode pagar e da sensação prometida ou necessidade satisfeita. É a lógica que, por exemplo, desvincula o bife da vaca, da grande fazenda ou da pequena propriedade, do pasto, do “produtor” de bovinos, do transporte da carne e de tantos outros elementos que poderíamos incluir nesta cadeia.
Os temas da separação entre trabalho e consumo, as problematizações que sujeitos e coletivos fazem ou não a respeito do consumo e as mudanças históricas nos modos de consumir e tornar-se sujeito serão objetos de discussão neste grupo de estudos. Entendemos que estas discussões são relevantes para a formação de psicólogos críticos e atentos às suas implicações na atuação profissional e de produção de conhecimento.

Metodologia

O desenvolvimento do trabalho consistirá na realização de um a dois encontros virtuais semanais, compreendidos como um fazer conjunto entre estudantes e professora. Nestes encontros, serão produzidas explicações a partir da leitura do material teórico, bem como compartilhadas experiências teóricas e empíricas sobre o tema.

Indicadores, Metas e Resultados

Espera-se que os alunos participantes conheçam algumas teorias contemporâneas sobre a relação de consumo, produção de subjetividade e ética. Como resultado, esperamos que aqueles que desejarem possam produzir trabalhos acadêmicos discutindo as temáticas abordadas pelo grupo, além de inserirem as discussões deste campo-tema em seus cotidianos pessoais e e acadêmicos.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ANA PAULA CHIARELLI BORGES
ANDRESSA SILVEIRA DA SILVA
ANNA GABRIELLY PEREIRA SOUZA
ANTONIEL SAMPAIO FERREIRA
CAROLINA BARILI BRANDI
CAROLINE DE OLIVEIRA PRADEL BOND
EVELLYN LOUISE LEAL NEITZKE
FRANCIELLY TAVARES DA CUNHA
GABRIELI DAMASCENO MACEDO
JAÍNE CORREA PEREIRA
JÚLIA BOANOVA BÖHM
JÚLIA SUITA FAUTH
JÚLIO RIBEIRO XAVIER
LARA ANTUNES GOMES DA SILVA
LAÍS VARGAS RAMM5
LISIA DE ALMEIDA LAWSON
LUISA LISLIE BOTH GRIEBLER
LUÍSE MACHADO DA SILVA ZANETTE DE OLIVEIRA
MARA LÚCIA MENDES DA ROSA
MARIA SUSANA MUNIZ ZORZANELLO
MARIANA DA ROSA GENSKE
MARIANA GOUVÊA SILVEIRA
ODICÉIA OLIVEIRA DIAS
RAMONI GRÄFF
RAQUEL CORDEIRO SORMANI
RICHARD CARDOSO BALHEGO
STHEFANY LACERDA DA SILVA
THAÍS GARCIA SAMPAIO
VICTÓRIA OLIVEIRA BASTOS
WELLISSON GUILHERMINO PEREIRA DA SILVA

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