Nome do Projeto
Caracterização da ação do sistema endocanabinóide sobre a função do oviduto em fêmeas suínas
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
23/06/2020 - 04/02/2022
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
O sistema endocanabinóide (SE) foi caracterizado a partir da década de 1960, a partir da extração e da identificação do Δ9-tetrahidrocanabinol (Δ9-THC), a substância psicoativa mais produzida pela Cannabis sativa. Inicialmente, acreditava-se que o Δ9-THC agia difusamente sobre as membranas celulares. Posteriormente, foi demonstrada a ligação de agonistas em receptores canabinóides específicos (CBRs) localizados no cérebro de ratos. Os primeiros estudos a relacionar o SE com a função reprodutiva partiram de observações em animais de laboratório, nos quais a administração de Δ9-THC resultou em efeitos negativos, tais como: prolongamento da gestação; reabsorção embrionária; e partos prematuros. Posteriormente, outros receptores e agonistas endógenos com efeitos em diferentes sistemas foram identificados. Os principais agonistas endógenos do SE são a anandamida (N-araquidonoil-etanolamida ou AEA) e o 2-araquidonoil glicerol (2-AG), ambos sintetizados a partir do ácido araquidônico (Wolf, 2012). Estes agonistas se ligam aos receptores canabinóides 1 (CB1R) e 2 (CB2R) presentes principalmente no sistema nervoso central (CB1R) e no sistema imune (CB2R). O CB1R e outros componentes do SE já foram identificados no sistema reprodutivo, sendo reconhecidos como mediadores de diversos eventos reprodutivos em espécies mamíferas. Os efeitos do SE sobre a função reprodutiva seriam relacionados à supressão do sistema hormonal. Em nível ovariano, existem relatos de envolvimento do SE na patogenia da síndrome do ovário policístico, uma das causas mais comuns de infertilidade em mulheres. A desregulação na produção de endocanabinóides ou nos seus mecanismos de sinalização sobre os receptores no ambiente do oviduto pode resultar na retenção de embriões após a fertilização, inviabilizando o estabelecimento da gestação. Até o momento, estudos que relacionam o SE com o controle do ciclo estral estão concentrados em bovinos. Nesta espécie, os níveis de AEA secretados tanto por células do lúmen do oviduto, quanto por células do folículo ovulatório, flutuam conforme a etapa do ciclo estral, sendo os níveis mais elevados observados durante o período periovulatório. Agonistas do receptor endocanabinóide afetam negativamente a função de células luteais bovinas in vitro, sugerindo um efeito posterior sobre a fertilidade, devido à redução na implantação de embriões. A AEA pode atuar sobre a viabilidade espermática no oviduto, uma vez que espermatozoides possuem receptores CB1 e CB2 na sua membrana plasmática, respondendo a um aumento na concentração de AEA com diminuição na cinética espermática. Além disso, o SE teria capacidade de controlar a interação entre os espermatozoides e a zona pelúcida, inibindo a sua ligação quando a AEA está presente. A espécie suína é um modelo experimental relevante para o estudo da função reprodutiva em espécies multiovulatórias, em função da liberação de dezenas de ovócitos em cada ovulação. Estes ovócitos estão contidos em folículos de diversos níveis de desenvolvimento. No entanto, após as etapas clássicas de recrutamento e seleção, não há divergência folicular. Portanto, mesmo que estes folículos estejam submetidos a um mesmo ambiente endócrino, os mecanismos ativos de seleção e atresia de folículos subordinados envolvem fatores secretados em diferentes segmentos do sistema reprodutivo, os quais podem estar sendo regulados sob influência do SE.
Objetivo Geral
Caracterizar a atuação do sistema endocanabinóide na regulação da função do oviduto em fêmeas suínas.