Nome do Projeto
Vacinação infantil em países de baixa e média renda
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
17/08/2020 - 28/02/2023
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
A vacinação infantil é uma intervenção de saúde com grande impacto na
morbimortalidade infantil, evitando milhões de casos de incapacidade e cerca de
três milhões de mortes por doenças preveníveis a cada ano. Apesar de a
cobertura vacinal ter aumentado ao longo dos anos, desde 2010 está
estabilizada em 85% para as vacinas básicas recomendadas (BCG, pólio, DPT
e sarampo) ao passo que cerca de 10% das crianças de até dois anos de idade
não receberam nenhuma dessas vacinas. A vacinação pode ser influenciada por
dois grandes fatores, os relacionados ao acesso à intervenção e os relacionados
à intenção de vacinar. Historicamente, grupos mais favorecidos têm maiores
cobertura de intervenções em saúde por possuírem melhores condições de vida
e acesso a serviços. Entretanto, em vários países de alta renda foi demonstrado
uma queda na cobertura vacinal, indicando um fenômeno de relutância a vacinar.
Por outro lado, condições favoráveis de moradia e utilização de outros serviços
de saúde estão positivamente relacionadas ao acesso à vacinação. Desta forma,
este projeto pretende explorar como a renda/riqueza de um país ou de um
indivíduo se relaciona com a cobertura vacinal de seu filho em países de baixa
e média renda. Além disso, pretende-se avaliar temporalmente como a utilização
de outros serviços de saúde está relacionado à vacinação infantil. Para atender
aos objetivos propostos, serão analisados inquéritos realizados entre 2000 e
2019 com representatividade nacional de aproximadamente 90 países de baixa
e média renda. O desfecho utilizado será a cobertura nacional das vacinas
básicas recomendadas em crianças de 12 a 23 meses de idade. As variáveis de
exposição serão índice de riqueza, renda absoluta atribuída aos percentis de
riqueza, atenção pré-natal, parto institucional e saneamento básico melhorado.
Por fim, é importante considerar que, em virtude do estado de emergência
sanitária causada pela pandemia do COVID-19, a cobertura vacinal em crianças
sofra uma queda a partir de 2020. Como os inquéritos analisados nesta tese
serão anteriores à pandemia, os resultados não serão afetados, mas
comparações futuras utilizando inquéritos de 2020 em diante deverão ser feitas
com cautela.
Objetivo Geral
Avaliar cobertura e desigualdade em vacinação em crianças menores de cinco
anos em países de baixa e média renda utilizando inquéritos DHS e MICS.
anos em países de baixa e média renda utilizando inquéritos DHS e MICS.
Justificativa
Com a implementação maciça de iniciativas de imunização infantil, promovidos
por instituições internacionais como OMS, GAVI e os próprios governos dos países,
atualmente a maioria das crianças é vacinada contra as principais doenças infecciosas
preveníveis por vacina (World Health Organization, 2019b). No entanto, muitos países
ainda não atingiram a cobertura vacinal preconizada pela OMS, mínimo de 90% de
cobertura nacional e de 80% de cobertura regional. De fato, a cobertura vacinal
mundial está estagnada há alguns anos(World Health Organization, 2019b). Além
disso, estima-se que 13,5 milhões de crianças menores de um ano de idade não
tenham recebido as vacinas básicas em 2018 (United Nations International Children’s
Emergency Fund (Unicef), 2018).
Assumindo que a vacinação, como outras intervenções em saúde, é
desigualmente distribuída e que a população mais pobre sistematicamente apresenta
menores coberturas da intervenção, é intuitivo pensar que para melhorar a cobertura
vacinal esforços devem ser concentrados na população menos favorecida para
aumentar a disponibilidade e o acesso a vacinas (Bryce et al., 2006). Porém, o mundo
vem vivenciando iniciativas contra a vacinação e epidemias de doenças antes
controladas na grande maioria dos países, que apontam em outra direção: apesar da
disponibilidade a vacinas seguras, uma parte da população escolhe deliberadamente
não vacinar seus filhos, fenômeno nomeado pela OMS de relutância em vacinar (Dube
et al., 2015; World Health Organization, 2019d, 2019e)
Sendo assim, surge a necessidade de entender a vacinação por dois ângulos
diferentes: a) o que vai de encontro ao paradigma atual de que os mais pobres têm
menor cobertura vacinal devido a problemas de acesso à intervenção e, portanto,
deve-se estudar aspectos relacionados ao sistema de saúde e de serviços públicos.;
e b) o outro que tem um olhar para as parcelas da população que são relutantes em
vacinar seus filhos, buscando encontrar e descrever detalhadamente quais são os
grupos que adotam esta postura.
Nesse sentido, estudar a relação entre vacinação, saneamento básico
melhorado, cuidado pré-natal e local de parto, pode ser uma maneira de abordar o
tema com foco no acesso à vacinação. Por outro lado, analisar a desigualdade da
cobertura vacinal utilizando métricas diferentes de riqueza (índice de bens e renda
absoluta) permitirá encontrar possíveis grupos relutantes a vacinar e comparar a
cobertura vacinal por grupos de riqueza entre diferentes países.
O avanço da vacinação no mundo é inegável. Entendendo que este é um
serviço essencial para a sociedade esta tese tem como objetivo final levantar questões
relevantes para o avanço da vacinação e prover dados científicos de qualidade para
o entendimento de uma parte do estado situacional da vacinação no mundo.
por instituições internacionais como OMS, GAVI e os próprios governos dos países,
atualmente a maioria das crianças é vacinada contra as principais doenças infecciosas
preveníveis por vacina (World Health Organization, 2019b). No entanto, muitos países
ainda não atingiram a cobertura vacinal preconizada pela OMS, mínimo de 90% de
cobertura nacional e de 80% de cobertura regional. De fato, a cobertura vacinal
mundial está estagnada há alguns anos(World Health Organization, 2019b). Além
disso, estima-se que 13,5 milhões de crianças menores de um ano de idade não
tenham recebido as vacinas básicas em 2018 (United Nations International Children’s
Emergency Fund (Unicef), 2018).
Assumindo que a vacinação, como outras intervenções em saúde, é
desigualmente distribuída e que a população mais pobre sistematicamente apresenta
menores coberturas da intervenção, é intuitivo pensar que para melhorar a cobertura
vacinal esforços devem ser concentrados na população menos favorecida para
aumentar a disponibilidade e o acesso a vacinas (Bryce et al., 2006). Porém, o mundo
vem vivenciando iniciativas contra a vacinação e epidemias de doenças antes
controladas na grande maioria dos países, que apontam em outra direção: apesar da
disponibilidade a vacinas seguras, uma parte da população escolhe deliberadamente
não vacinar seus filhos, fenômeno nomeado pela OMS de relutância em vacinar (Dube
et al., 2015; World Health Organization, 2019d, 2019e)
Sendo assim, surge a necessidade de entender a vacinação por dois ângulos
diferentes: a) o que vai de encontro ao paradigma atual de que os mais pobres têm
menor cobertura vacinal devido a problemas de acesso à intervenção e, portanto,
deve-se estudar aspectos relacionados ao sistema de saúde e de serviços públicos.;
e b) o outro que tem um olhar para as parcelas da população que são relutantes em
vacinar seus filhos, buscando encontrar e descrever detalhadamente quais são os
grupos que adotam esta postura.
Nesse sentido, estudar a relação entre vacinação, saneamento básico
melhorado, cuidado pré-natal e local de parto, pode ser uma maneira de abordar o
tema com foco no acesso à vacinação. Por outro lado, analisar a desigualdade da
cobertura vacinal utilizando métricas diferentes de riqueza (índice de bens e renda
absoluta) permitirá encontrar possíveis grupos relutantes a vacinar e comparar a
cobertura vacinal por grupos de riqueza entre diferentes países.
O avanço da vacinação no mundo é inegável. Entendendo que este é um
serviço essencial para a sociedade esta tese tem como objetivo final levantar questões
relevantes para o avanço da vacinação e prover dados científicos de qualidade para
o entendimento de uma parte do estado situacional da vacinação no mundo.
Metodologia
Para atender aos objetivos propostos, serão analisados inquéritos realizados entre 2000 e
2019 com representatividade nacional de aproximadamente 90 países de baixa
e média renda. O desfecho utilizado será a cobertura nacional das vacinas
básicas recomendadas em crianças de 12 a 23 meses de idade. As variáveis de
exposição serão índice de riqueza, renda absoluta atribuída aos percentis de
riqueza, atenção pré-natal, parto institucional e saneamento básico melhorado.
As bases de dados utilizadas serão provenientes de duas fontes de acesso
público: DHS e MICS.
2019 com representatividade nacional de aproximadamente 90 países de baixa
e média renda. O desfecho utilizado será a cobertura nacional das vacinas
básicas recomendadas em crianças de 12 a 23 meses de idade. As variáveis de
exposição serão índice de riqueza, renda absoluta atribuída aos percentis de
riqueza, atenção pré-natal, parto institucional e saneamento básico melhorado.
As bases de dados utilizadas serão provenientes de duas fontes de acesso
público: DHS e MICS.
Indicadores, Metas e Resultados
Hipóteses
Ao analisarmos os países de acordo com a classificação de renda do Banco
Mundial (BM), esperamos encontrar um padrão contrastante, tanto de cobertura
vacinal quanto de desigualdade, entre os países de baixa renda e os de média-alta
renda (artigo 1):
a. Encontraremos um gradiente na proporção de países que
apresentam maior cobertura vacinal nas crianças pertencentes ao quintil
mais rico, sendo maioria entre os países de baixa renda e em menor
frequência nos países de renda média-alta;
b. Haverá maior desigualdade nos países de média-baixa renda
quando comparado com países de baixa e média-alta renda;
c. Haverá redução anual da cobertura vacinal completa no quintil
mais rico na maioria dos países de média-alta renda, enquanto nos países
de média-baixa e baixa renda esperamos encontrar um aumento anual da
cobertura em todos os quintis.
Para a relação entre renda absoluta e vacinação infantil, esperamos encontrar
uma correlação positiva fraca a moderada (artigo 2):
d. Para a maioria dos países, esperamos encontrar maior CVC nos
maiores decis de renda;
e. Haverá grandes diferenças na CVC entre países na mesma faixa
de renda absoluta.
A análise ecológica da relação entre serviços de saúde e vacinação infantil
demonstrará que o aumento da média de serviços será acompanhado pelo aumento
da cobertura vacinal (artigo 3):
f. A prevalência de crianças será semelhante entre o primeiro e
segundo nível da cascata de serviços e menor no terceiro nível.
g. A relação positiva entre as duas variáveis será mais evidente em
países de renda baixa e menos em países de renda média alta.
Artigos planejados
1 Patterns in wealth-related inequalities in 86 LMICs: global evidence on
the emergence of vaccine hesitancy – Submetido ao American Journal of
Preventive Medicine.
2 Absolute income and full immunization coverage: a cross-sectional multi
country study.
3 Is the increase in cocoverage of antenatal care, institutional delivery and
improved sanitation accompanied by improvement in the immunization
coverage? A panel study in low and middle-income countries
Ao analisarmos os países de acordo com a classificação de renda do Banco
Mundial (BM), esperamos encontrar um padrão contrastante, tanto de cobertura
vacinal quanto de desigualdade, entre os países de baixa renda e os de média-alta
renda (artigo 1):
a. Encontraremos um gradiente na proporção de países que
apresentam maior cobertura vacinal nas crianças pertencentes ao quintil
mais rico, sendo maioria entre os países de baixa renda e em menor
frequência nos países de renda média-alta;
b. Haverá maior desigualdade nos países de média-baixa renda
quando comparado com países de baixa e média-alta renda;
c. Haverá redução anual da cobertura vacinal completa no quintil
mais rico na maioria dos países de média-alta renda, enquanto nos países
de média-baixa e baixa renda esperamos encontrar um aumento anual da
cobertura em todos os quintis.
Para a relação entre renda absoluta e vacinação infantil, esperamos encontrar
uma correlação positiva fraca a moderada (artigo 2):
d. Para a maioria dos países, esperamos encontrar maior CVC nos
maiores decis de renda;
e. Haverá grandes diferenças na CVC entre países na mesma faixa
de renda absoluta.
A análise ecológica da relação entre serviços de saúde e vacinação infantil
demonstrará que o aumento da média de serviços será acompanhado pelo aumento
da cobertura vacinal (artigo 3):
f. A prevalência de crianças será semelhante entre o primeiro e
segundo nível da cascata de serviços e menor no terceiro nível.
g. A relação positiva entre as duas variáveis será mais evidente em
países de renda baixa e menos em países de renda média alta.
Artigos planejados
1 Patterns in wealth-related inequalities in 86 LMICs: global evidence on
the emergence of vaccine hesitancy – Submetido ao American Journal of
Preventive Medicine.
2 Absolute income and full immunization coverage: a cross-sectional multi
country study.
3 Is the increase in cocoverage of antenatal care, institutional delivery and
improved sanitation accompanied by improvement in the immunization
coverage? A panel study in low and middle-income countries
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
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FERNANDO CESAR WEHRMEISTER | 1 |