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O uso correto de CM continua sendo a melhor medida preventiva para reduzir abortos induzidos não terapêuticos e limitar a morbimortalidade materna e neonatal (64, 110). Globalmente, em 2015, 57% das mulheres em idade reprodutiva, casadas ou em união, usavam um método moderno de PF (111). Apesar das vantagens no uso de MCM, existe um número significativo de mulheres que têm necessidade de contracepção, mas não utiliza quaisquer métodos.
Segundo estimativas recentes da OMS (2018), 214 milhões de mulheres em idade reprodutiva em todo o mundo têm uma NnACM (9). Muitos estudos foram realizados nos países de baixa e média renda sobre a NnACM e seus determinantes. Aqui no Brasil, segundo levantamento realizado para este projeto, apenas dois estudos (75, 112) avaliaram a NnAC, os quais usaram dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) dos anos de 1996 (113) e 2006 (114). Também sobre adequação de uso de MCM de acordo com os critérios médicos de elegibilidade da OMS (2015) (23), reportam-se pouco estudos que avaliaram adequação na utilização de CHC (35-38). Esses estudos, em geral, priorizam a avaliação de contraindicações ao uso de anticoncepcionais orais combinados, podendo subestimar a real proporção de mulheres que fazem uso de contraceptivos, quando considerados os CHC em todas as suas formas de administração, mesmo tendo contraindicações.
Com aumento no uso de CM (9) e evidências de que o conhecimento sobre o método contraceptivo ainda é escasso entre as mulheres no Brasil (115), estudos sobre NnACM e adequação de uso de CM são necessários, para trazer uma perspectiva atualizada deste panorama nesta população.
A NnAC é um indicador importante para os programas nacionais de PF, pois mostra o quão bem eles estão alcançando uma missão essencial: atender à necessidade da população por PF (105). Ainda, os resultados deste estudo podem contribuir para o reforço das políticas de saúde, buscando conscientizar as mulheres sobre adequação de uso de CM, e os professionais da saúde, sobre a necessidade de uma avaliação detalhada que permita prescrever o método de contracepção adequado às usuárias que procuram o serviço de saúde.

População em estudo

Mães das crianças que nasceram em hospitais da cidade de Pelotas no ano 2015, que moravam na zona urbana do município e foram incluídas no estudo de Coortes de Nascimentos de 2015 que compareceram ao acompanhamento de 4 anos.

Coorte de Nascimento de Pelotas de 2015

Coorte de Nascimento de 2015 é um estudo longitudinal com o objetivo de avaliar os determinantes da saúde do recém-nascido, e suas mudanças, ao longo do tempo de vida.
As mães residentes na zona urbana de Pelotas que tinham parto previsto para o ano de 2015 foram entrevistadas durante a gestação. Após o nascimento dos filhos, foram realizados acompanhamentos aos três, doze, vinte quatro e quarenta e oito meses. No perinatal, foram entrevistadas 4275 mães das 4333 elegíveis.

HIPÓTESES
- A utilização de CM será de 80%, e as principais formas de obtenção serão: indicação por ginecologista, clínico geral/UBS, compra na farmácia e conseguir no posto de saúde.
- A prevalência de uso de CM por mulheres com contraindicações ao seu uso será de 12%.
- Será observada uma maior prevalência de uso inadequado de CM nas mulheres com baixa escolaridade, mais pobres, na faixa etária 36-49 anos, com indicação do método por amigo ou parente.
- NnACM será de 9%, sendo 4% para espaçamento e 5% para limitação de gravidez. A DTC e a demanda satisfeita serão 89% e 90% respectivamente. Quanto aos fatores associados, a NnA será maior entre mulheres jovens, pobres, com menor escolaridade, mulheres com três ou mais filhos vivos, donas de casa ou desempregadas, sem conhecimento do uso do método.

Artigos planejados

Artigo 1: Uso de contraceptivos hormonais combinados por mulheres com contraindicações de acordo com os critérios da OMS: uma revisão sistemática.
Artigo 2: Inadequação do uso de contraceptivos modernos de acordo com os critérios da OMS entre mães no acompanhamento de 4 anos da Coorte de 2015.
Artigo 3: Necessidade não atendida de contracepção em mães da Coorte de Nascimentos de 2015 com base em dados do acompanhamento de 4 anos.