Nome do Projeto
Maus-tratos infantis e uso de substâncias psicoativas na adolescência e início da vida adulta
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
09/09/2020 - 28/02/2023
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
Artigos planejados
1. Maus-tratos infantis e uso de substâncias psicoativas na vida adulta: uma
revisão sistemática.
Pretende-se analisar, de forma sistemática, os artigos publicados em revistas
indexadas sobre a associação entre maus-tratos infantis (abusos psicológico, físico e
sexual e negligência) e o uso de substância psicoativas (álcool, fumo e drogas ilícitas)
em adultos.
2. Maus-tratos infantis e trajetória de uso de substâncias psicoativas ao longo
da vida: dados de uma coorte de nascimento.
O artigo objetiva avaliar a relação entre maus-tratos infantis e utilização de
substâncias psicoativas durante a adolescência e início da vida adulta (15, 18 e 22
anos) nos integrantes da Coorte de Nascimentos de 1993, Pelotas-RS.
3. Qual o papel dos transtornos mentais na associação entre maus-tratos
infantis e uso de substâncias na vida adulta?
Este artigo tem como objetivo estudar a direcionalidade da associação entre
uso de substâncias psicoativas e transtornos (ou sintomas) mentais em adultos jovens
utilizando dados dos 18 e 22 anos; se problemas de saúde mental se mostrarem como
preditores do uso de substâncias, o artigo também investigará o papel mediador dos
problemas de saúde mental na associação entre maus-tratos e uso de substâncias.
Dados da Coorte de Nascimentos de 1993, Pelotas-RS serão utilizados.
Objetivo Geral
Analisar a associação entre maus-tratos infantis e uso de substâncias
psicoativas na adolescência e início da idade adulta entre membros da Coorte de
Nascimentos de 1993 da cidade de Pelotas, RS, Brasil e explorar a possível
associação bidirecional entre transtornos/sintomas mentais e uso de substâncias
psicoativas (álcool, tabaco e maconha), bem como o possível papel mediador de
transtornos mentais na relação entre maus-tratos infantis e uso de substâncias.
psicoativas na adolescência e início da idade adulta entre membros da Coorte de
Nascimentos de 1993 da cidade de Pelotas, RS, Brasil e explorar a possível
associação bidirecional entre transtornos/sintomas mentais e uso de substâncias
psicoativas (álcool, tabaco e maconha), bem como o possível papel mediador de
transtornos mentais na relação entre maus-tratos infantis e uso de substâncias.
Justificativa
Metodologicamente, os estudos não possuem clareza na temporalidade dos
eventos, dificultando a distinção e análise adequada de possíveis mediadores ou
confundidores, entre eles: presença de transtornos mentais materno, uso de
substâncias psicoativas pelos pais, uso de substâncias pelos amigos, presença de
transtornos psicológicos nos indivíduos (como um fator de risco ou uma
consequência da utilização de substâncias).
Como apontado na seção de revisão de literatura, ainda que a maioria dos
estudos tenha controlado para sexo, idade e raça/cor da pele, alguns não
consideraram nível socioeconômico, escolaridade e utilização de substâncias pelos
pais84,106,110, variáveis identificadas como possíveis confundidores. Strine e colegas
(2012), ao investigarem o risco de abuso emocional na infância no relato de problemas
relacionados ao uso de álcool na idade adulta e considerarem essas outras variáveis
como ajuste, encontraram que a estimação do risco passou de RO 2,7 (IC95% 2,0;
3,6) para RO 1,7 (IC95% 1,2; 2,3) entre as mulheres e RO 1,8 (IC95% 1,3; 2,4) para
RO 1,3 (IC95% 0,9;1,7) entre os homens.
Ainda, apesar de alguns estudos considerarem a presença de transtornos
mentais como TDM, TAG e TEPT como um importante fator entre a relação entre
maus-tratos infantis (seja como confusão ou mediação), apenas 10 dos 49 estudos
considerados na revisão de literatura apreciaram os transtornos mentais nesta
relação.
Outra fragilidade percebida se refere ao possível viés de memória naqueles
estudos que coletaram exposição e/ou desfecho de forma retrospectiva na vida
adulta. Como já citado, talvez a coleta tardia, em especial da exposição na infância,
não tenha tanta fidedignidade em comparação à coleta prospectiva, feita em um
período próximo ao evento28,103; Widom e colegas (1999) encontraram riscos
diferentes para o consumo de substâncias psicoativas quando a coleta de dados sobre
os maus-tratos infantis foi feita de forma prospectiva e retrospectiva88
. Além disso,
porque a maioria dos estudos foi realizada em países de renda alta, sobretudo nos
Estados Unidos, desconhece-se como esses dois eventos se comportam em países
menos ricos, cujo contexto socioeconômico pode modificar a ocorrência de ambos
maus-tratos e uso de substâncias e modificar sua associação.
.
Dado o discorrido, o presente projeto de pesquisa busca elucidar a relação
entre maus-tratos infantis e uso de substâncias psicoativas ao utilizar dados
longitudinais, de uma coorte de nascimentos, tendo acesso a informações desde o
período perinatal até a idade de 22 anos. Isso poderá permitir dialogar sobre a
aplicação de intervenções contextualizadas, que visem, sobretudo, a prevenção
secundária das complicações decorrentes de maus-tratos.
eventos, dificultando a distinção e análise adequada de possíveis mediadores ou
confundidores, entre eles: presença de transtornos mentais materno, uso de
substâncias psicoativas pelos pais, uso de substâncias pelos amigos, presença de
transtornos psicológicos nos indivíduos (como um fator de risco ou uma
consequência da utilização de substâncias).
Como apontado na seção de revisão de literatura, ainda que a maioria dos
estudos tenha controlado para sexo, idade e raça/cor da pele, alguns não
consideraram nível socioeconômico, escolaridade e utilização de substâncias pelos
pais84,106,110, variáveis identificadas como possíveis confundidores. Strine e colegas
(2012), ao investigarem o risco de abuso emocional na infância no relato de problemas
relacionados ao uso de álcool na idade adulta e considerarem essas outras variáveis
como ajuste, encontraram que a estimação do risco passou de RO 2,7 (IC95% 2,0;
3,6) para RO 1,7 (IC95% 1,2; 2,3) entre as mulheres e RO 1,8 (IC95% 1,3; 2,4) para
RO 1,3 (IC95% 0,9;1,7) entre os homens.
Ainda, apesar de alguns estudos considerarem a presença de transtornos
mentais como TDM, TAG e TEPT como um importante fator entre a relação entre
maus-tratos infantis (seja como confusão ou mediação), apenas 10 dos 49 estudos
considerados na revisão de literatura apreciaram os transtornos mentais nesta
relação.
Outra fragilidade percebida se refere ao possível viés de memória naqueles
estudos que coletaram exposição e/ou desfecho de forma retrospectiva na vida
adulta. Como já citado, talvez a coleta tardia, em especial da exposição na infância,
não tenha tanta fidedignidade em comparação à coleta prospectiva, feita em um
período próximo ao evento28,103; Widom e colegas (1999) encontraram riscos
diferentes para o consumo de substâncias psicoativas quando a coleta de dados sobre
os maus-tratos infantis foi feita de forma prospectiva e retrospectiva88
. Além disso,
porque a maioria dos estudos foi realizada em países de renda alta, sobretudo nos
Estados Unidos, desconhece-se como esses dois eventos se comportam em países
menos ricos, cujo contexto socioeconômico pode modificar a ocorrência de ambos
maus-tratos e uso de substâncias e modificar sua associação.
.
Dado o discorrido, o presente projeto de pesquisa busca elucidar a relação
entre maus-tratos infantis e uso de substâncias psicoativas ao utilizar dados
longitudinais, de uma coorte de nascimentos, tendo acesso a informações desde o
período perinatal até a idade de 22 anos. Isso poderá permitir dialogar sobre a
aplicação de intervenções contextualizadas, que visem, sobretudo, a prevenção
secundária das complicações decorrentes de maus-tratos.
Metodologia
Delineamento
Trata-se de um estudo observacional com delineamento longitudinal prospectivo,
cujos indivíduos fazem parte do estudo de coorte de nascimentos no ano de 1993, da
zona urbana da cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul.População alvo
Jovens adultos, com aproximadamente 22 anos de idade residentes no país.
População do estudo
A população em estudo são todos os nascidos vivos de mães que residiam na
zona urbana de Pelotas-RS, em 1993 (n=5.249), cujos partos ocorreram em hospitais
do município e que residiam na zona urbana do município. Os acompanhamentos dos
15, 18 e 22 anos da referida coorte obtiveram uma taxa de acompanhamento de
85,7%, 81,3% e 76,3%, respectivamente.
Trata-se de um estudo observacional com delineamento longitudinal prospectivo,
cujos indivíduos fazem parte do estudo de coorte de nascimentos no ano de 1993, da
zona urbana da cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul.População alvo
Jovens adultos, com aproximadamente 22 anos de idade residentes no país.
População do estudo
A população em estudo são todos os nascidos vivos de mães que residiam na
zona urbana de Pelotas-RS, em 1993 (n=5.249), cujos partos ocorreram em hospitais
do município e que residiam na zona urbana do município. Os acompanhamentos dos
15, 18 e 22 anos da referida coorte obtiveram uma taxa de acompanhamento de
85,7%, 81,3% e 76,3%, respectivamente.
Indicadores, Metas e Resultados
Artigos planejados
1. Maus-tratos infantis e uso de substâncias psicoativas na vida adulta: uma
revisão sistemática.
2. Maus-tratos infantis e trajetória de uso de substâncias psicoativas ao longo
da vida: dados de uma coorte de nascimento.
3. Qual o papel dos transtornos mentais na associação entre maus-tratos
infantis e uso de substâncias na vida adulta?
Hipóteses
Artigo 1
- Os maus-tratos infantis mostrar-se-ão associados ao consumo de substâncias
psicoativas (independentemente do tipo) na idade adulta em diferentes
condições ou contextos socioeconômicos;
- A medida de efeito da associação entre maus-tratos infantis e consumo de
substâncias psicoativas será maior naqueles países de desenvolvimento
médio/baixo;
- A relação entre maus-tratos infantis e uso de substâncias será semelhante
entre os diferentes tipos de maus-tratos.
- O consumo de substâncias psicoativas ilícitas será o tipo de substância com
maior risco de consumo dentre os indivíduos que sofreram maus-tratos infantis.
Artigo 2
- A exposição aos maus-tratos aumentará o risco de uso de substâncias
psicoativas (lícitas e ilícitas) aos 15, 18 e 22 anos, mesmo após ajuste para
possíveis fatores de confusão;
- A associação entre maus-tratos infantis e substâncias psicoativas diferirá de
acordo com o tipo de maus-tratos infantis e o abuso psicológico conferirá maior
risco à utilização de substâncias lícitas e ilícitas;
- A ocorrência de maus-tratos infantis aumentará o risco tanto do uso, quanto
do abuso e dependência alcoólica na adolescência e idade adulta, tendo a
maior magnitude de efeito para o consumo dependente de álcool;
- A ocorrência de maus-tratos infantis aumentará o risco de iniciação do uso de
substâncias psicoativas em menor idade e maior persistência de utilização na
adolescência e vida adulta;
- Em comparação aos homens, a medida de efeito da associação entre maustratos infantis e substâncias psicoativas será maior entre as mulheres,
independente do tipo de abuso sofrido ou do tipo de substância consumida.
Artigo 3
- Será observada uma relação bidirecional entre transtornos/sintomas mentais
(TDM e TAG) e utilização de substâncias psicoativas, com maior evidência dos
transtornos mentais como preditores do uso de substâncias
- A presença de transtornos/sintomas mentais – em especial o TDM e TAG –
aos 18 anos explicará parte da associação positiva entre maus-tratos infantis e
utilização de substâncias psicoativas em adultos jovens (22 anos)
1. Maus-tratos infantis e uso de substâncias psicoativas na vida adulta: uma
revisão sistemática.
2. Maus-tratos infantis e trajetória de uso de substâncias psicoativas ao longo
da vida: dados de uma coorte de nascimento.
3. Qual o papel dos transtornos mentais na associação entre maus-tratos
infantis e uso de substâncias na vida adulta?
Hipóteses
Artigo 1
- Os maus-tratos infantis mostrar-se-ão associados ao consumo de substâncias
psicoativas (independentemente do tipo) na idade adulta em diferentes
condições ou contextos socioeconômicos;
- A medida de efeito da associação entre maus-tratos infantis e consumo de
substâncias psicoativas será maior naqueles países de desenvolvimento
médio/baixo;
- A relação entre maus-tratos infantis e uso de substâncias será semelhante
entre os diferentes tipos de maus-tratos.
- O consumo de substâncias psicoativas ilícitas será o tipo de substância com
maior risco de consumo dentre os indivíduos que sofreram maus-tratos infantis.
Artigo 2
- A exposição aos maus-tratos aumentará o risco de uso de substâncias
psicoativas (lícitas e ilícitas) aos 15, 18 e 22 anos, mesmo após ajuste para
possíveis fatores de confusão;
- A associação entre maus-tratos infantis e substâncias psicoativas diferirá de
acordo com o tipo de maus-tratos infantis e o abuso psicológico conferirá maior
risco à utilização de substâncias lícitas e ilícitas;
- A ocorrência de maus-tratos infantis aumentará o risco tanto do uso, quanto
do abuso e dependência alcoólica na adolescência e idade adulta, tendo a
maior magnitude de efeito para o consumo dependente de álcool;
- A ocorrência de maus-tratos infantis aumentará o risco de iniciação do uso de
substâncias psicoativas em menor idade e maior persistência de utilização na
adolescência e vida adulta;
- Em comparação aos homens, a medida de efeito da associação entre maustratos infantis e substâncias psicoativas será maior entre as mulheres,
independente do tipo de abuso sofrido ou do tipo de substância consumida.
Artigo 3
- Será observada uma relação bidirecional entre transtornos/sintomas mentais
(TDM e TAG) e utilização de substâncias psicoativas, com maior evidência dos
transtornos mentais como preditores do uso de substâncias
- A presença de transtornos/sintomas mentais – em especial o TDM e TAG –
aos 18 anos explicará parte da associação positiva entre maus-tratos infantis e
utilização de substâncias psicoativas em adultos jovens (22 anos)
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
HELEN DENISE GONCALVES DA SILVA | 2 | ||
INAÊ DUTRA VALÉRIO |