Nome do Projeto
Fertilização fosfatada na interação solo-planta-animal em terras baixas de clima temperado
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
23/11/2020 - 31/10/2024
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
Os solos hidromórficos ocupam cerca de 5,2 milhões de hectares (ha) e constituem 84% das terras baixas. A quase totalidade são utilizadas, principalmente com a pecuária de corte e a produção de arroz. Estes solos próprios ao cultivo de arroz irrigado ocupam aproximadamente quatro milhões de ha. Esta cultura é cultivada em 800 mil ha/ano, o que perfaz 16% dos solos hidromórficos de terras baixas. Assim, estima-se que mais de três milhões de ha permanecem em pousio agrícola, como áreas subutilizadas com a pecuária extensiva. A flora de sucessão pós-arroz é formada por vegetação de campo natural já regenerada, cujas espécies predominantes são as estivais. Estas espécies, não constituem um suporte alimentar adequado para os animais em pastejo, principalmente, durante a estação fria, quando a produção e o valor nutritivo da forragem decrescem. Neste período, as perdas de peso dos animais chegam a 30% do peso ganho na estação quente. Nestas condições alimentares, os índices de produtividade pecuária, tais como baixa taxa de desfrute, idade avançada de acasalamento de fêmeas, baixa taxa de natalidade e alta mortalidade de animais jovens, são insuficientes para que a atividade pecuária seja economicamente viável. O aumento da eficiência e da rentabilidade da produção pecuária depende da introdução de espécies de estação fria, para melhorar o valor nutritivo da forragem. Para tal é imprescindível o suprimento do mínimo de fósforo (P), para se obter uma população adequada de leguminosas e assegurar a produtividade e a qualidade nutricional à forragem. Entretanto, deve-se considerar que o P é um insumo caro, que depende de importação e consumo de divisas e, portanto, o seu uso deve ser parcimonioso e ajustado às reais necessidades. Informações sobre as respostas deste fertilizante, no que se refere à forragem e a produção animal em áreas de campo natural, são escassas ou inexistem para solos hidromórficos. As indicações constantes nas tabelas da Comissão de Fertilidade do Solo – RS/SC (CFS – RS/SC) não estão ajustadas para este tipo de solo. Há indícios de que os níveis de P, recomendados para as culturas pela CFS – RS/SC, são maiores que o necessário para a máxima eficiência técnica e econômica. O projeto será conduzido ao longo de três anos, em parceria com técnicos da EMBRAPA – Clima Temperado, em uma área de 20 ha . Serão determinadas a persistência e a produção da forragem de campo natural, a economicidade dos níveis de adubação fosfatada (0 R; 0,5 R; 1,0 R e 2,0 R), sendo R = recomendação da CFS – RS/SC. Também serão medidas as bases trocáveis (Ca, K e Mg) no solo e na planta para a identificação das interações entre esses elementos e o P, bem como associa-los ao desenvolvimento ponderal dos novilhos em pastejo. Ainda serão determinados os possíveis níveis críticos estacionais destes elementos no solo e na vegetação. Pretende-se gerar conhecimento para ajustar a recomendação de adubação fosfatada para a forragem na estação fria em solos hidromórficos, usando como base a análise de solo e as tabelas da CFS – RS/SC.

Objetivo Geral

Produzir conhecimento para ajustar agronomicamente e economicamente as recomendações de fertilização fosfatada para pastagens de estação fria do Rio Grande do Sul, concomitantemente a análise da planta e avaliação de índices zootécnicos, a fim de corroborar ou contrastar com bibliografia publicada, referente ao tema.

Justificativa

Estudos da área de pastagens da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel bem como do curso de zootecnia, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), verificaram que agricultores, ainda hoje, apresentam algumas dificuldades relacionadas a adubação fosfatada, pois a recomendação é antiga e não adequada as diferentes culturas de solo não perturbados. Por meio de bibliografia consultada, pode-se verificar a inexistência de dados atuais que comprovem a fixação no fósforo no sistema solo-planta e os ganhos zootécnicos concernentes a fertilização fosfatada.
Dessa forma, estimar a adequada recomendação, torna-se essencial para preparar solos devidamente adubados e obter ganhos no aporte de pastagens, bem como nutricionais aos animais.
Contudo, extrapolar esses valores, pode acarretar em toxicidade, debilidade óssea, apatia, além de outros fatores que prejudicam o ganho zootécnico dos animais que pastejam esse solo, gerando perdas na tríade agrária.
Portanto, é importante refazer o ciclo solo-planta-animal, a fim de corroborar ou confrontar os dados estabelecidos por meio de pesquisas quantitativas, as quais foram realizadas no século 20, comparando a inserção de fósforo no sistema solo-planta-animal, desses anos anteriores e verificar se a recomendação de adubagem tange a realidade dos campos naturais.
Em razão de a pesquisa visar o agricultor que se concentra no sistema extensivo, pretende-se proporcionar ao mesmo, uma recomendação capaz de suprir sua necessidade a campo, sem depender de avaliações determinadas em laboratórios, de forma a abranger o maior número de produtores possível.
Uma vez desenvolvida as comparações desejadas, o nicho agrícola irá beneficiar-se de ganhos na agricultura e pecuária.

Metodologia

O projeto será conduzido pela Faculdade de Zootecnia, da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, da Universidade Federal de Pelotas, em parceria com a Embrapa- Clima Temperado (Base 2).
O experimento será implantado sobre solo Planosolo Háplico Eutrófico solódico (antigo Planosolo Hidromórfico) em uma área de 20 hectares.
A área de estudo será de campo natural não perturbado, em consorciação com Azevém (Lolium multiflorum L.), Festuca (Festuca arundinacea Schreb.), Trevo branco (Trifolium repens L.), Cornichão (Lotus corniculatus L.), cornichão anual (Lotus subbiflorus Lag.) e, com baixa densidade de semeadura, trevo-persa (Trifolium resupinatum L.) e trevo-vermelho (Trifolium pratense L.).
Em 2021, o solo será preparado convencionalmente (aração + gradagem) e aplainado. Calcário dolomítico será aplicado e incorporado, nas quantidades necessárias, segundo a recomendação da análise do solo (pH = 6,0). A semeadura será realizada a lanço. Por ocasião da semeadura, será aplicada adubação potássica (Cloreto de Potássio, com 56% de K2O), conforme os resultados de análise de solo, determinados nas tabelas da Comissão de Fertilidade do Solo RS/SC (2016). As sementes das espécies de estação fria serão inoculadas com inoculante específico para cada espécie e peletilizadas com calcário.
O projeto de campo será conduzido por dois anos e os tratamentos serão doses de fósforo (0R; 0,5R; 1R e 2R) aplicados no estabelecimento do experimento e na manutenção anual, sendo R = recomendação para este solo, segundo as tabelas da Comissão de Fertilidade do Solo RS/SC (2016). A fonte fosfatada será o superfosfato triplo (42% de P2O5). O potássio será reaplicado anualmente, caso as análises de solo demonstrem necessidade de adubação de manutenção para o mineral.
A partir do final do primeiro inverno (2022), a área experimental será utilizada continuadamente com 12 novilhos machos castrados, da raça charolês com idade inicial de 8 - 10 meses. No primeiro ano os animais permanecerão nas áreas por 86 dias e no segundo ano (2023) serão substituídos.
O trabalho será conduzido, com o objetivo de aferir a ação do fósforo num sistema de produção de pastagem natural melhorada com espécies de estação fria em solos hidromórficos, e avaliar o desenvolvimento ponderal de bovinos de corte.
O delineamento experimental será inteiramente casualizado, sendo os tratamentos em quatro níveis e com quatro repetições (áreas de 2,5 hectares), para as avaliações referentes ao solo e vegetação. As avaliações com os animais, ter-se-á três repetições (cada repetição = animal).
A condução, coleta e as variáveis analisadas serão como segue:
1. Atributos físicos do solo: Determinados antes da mobilização inicial do solo e término do projeto, com análise de resistência mecânica do solo, densidade, macro, micro e porosidade total e agregados do solo;
2. Determinações químicas do solo: Coleta antes da mobilização e, após mensalmente durante a fase experimental. As amostras serão coletadas em lugares demarcados no início das avaliações, com determinações para P total, P disponível e matéria orgânica, segundo os métodos convencionais de laboratório (TEDESCO et al., 1995).
3. Determinações na vegetação: Estabelecimento, produção de forragem, forragem disponível, composição botânica, minerais e valor nutritivo.
4. Avaliações dos animais: Desenvolvimento ponderal (pesagem).
Em cada análise serão observadas as variações climáticas durante o período experimental. A verificação econômica será realizada por meio da determinação do custo de cada parcela (níveis de fósforo) x ganho de peso obtido, estabelecendo-se a relação custo/benefício em cada tratamento.
As avaliações estatísticas constarão de uma análise de variação e uma análise de regressão polinomial, ajustando um polinômio de 2º grau as doses de fósforo aplicadas. Os dados das variáveis serão transformados quando necessário antes da análise de variação. Na execução das análises utilizar-se-á um programa estatístico para compilação dos itens estudados.

Indicadores, Metas e Resultados

Durante a execução do projeto ocorrerão dias de campo com a participação de alunos, produtores e técnicos, a fim de apresentação de resultados parciais.
Difusão de resultados obtidos para agricultores e pecuaristas, a fim de se estabelecer a correta adubação fosfatada em solos não perturbados.
Durante o projeto, serão divulgados os resultados parciais, através de resumos expandidos para os anais da Sociedade Brasileira de Zootecnia.
Ao final do projeto será confeccionada uma tese de doutorado e os resultados serão publicados em trabalhos completos em periódicos com corpo editorial.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
HERO ALFAYA JUNIOR16
JOAO GILBERTO CORREA DA SILVA
JOSÉ CARLOS LEITE REIS
LAURETT DE BRUM MACKMILL
Walkyria Bueno Scivittaro

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