Nome do Projeto
Acompanhamento gestacional, obstétrico e neonatal na raça Crioula
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
31/12/2020 - 31/12/2024
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
A indústria equina exerce mundialmente um importante papel como fonte geradora de renda e empregos. O Brasil possui o 3º maior rebanho equino do mundo, perdendo em quantidade apenas para a China (1º) e México (2º). O rebanho efetivo brasileiro é de aproximadamente 8,5 milhões de equinos e 1,2 milhões de muares e jumentos. Este segmento agropecuário é responsável pela geração de 1,2 milhões de empregos, mobilizando cerca de 7,3 bilhões de reais ao ano, ocupando posição de destaque na economia nacional. Dentre as raças nacionais, a Raça Crioula é constituída por animais rústicos e resistentes. Tem sua origem dos cavalos trazidos da península ibérica, no século XVI, quando pela conquista da América adquiriram características únicas e após quatro séculos de adaptação e evolução no meio ambiente sul americano. A população de equinos da raça Crioula é expressiva na região Sul do Brasil, tendo 28 mil novos animais registrados na Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC) somente no ano de 2014. A Raça vive um momento de ascensão se destacando em provas e exposições a nível nacional e internacional, resultado de grandes investimentos na criação, treinamento e comercialização de exemplares. A rusticidade que o cavalo Crioulo adquiriu através de privações alimentares e intempéries climáticas no passado permitiu que hoje a raça se destacasse pela resistência e boa conversão alimentar. Adicional a isto, a dieta preconizada atualmente pelos criadores, de alto valor nutricional, garante um padrão arredondado e com depósito de gordura acentuado, que se estende também aos animais destinados a reprodução. Esse manejo pode ser prejudicial em éguas gestantes, pois predispõe a distúrbios metabólicos e obesidade. Além disso, a condição corporal da gestante pode influenciar diretamente na eficiência reprodutiva e complicações no parto e pós-parto (Fradinho, 2014). A crescente valorização do mercado de equinos da raça Crioula estimula a realização de pesquisas acerca das características reprodutivas, pois apesar do crescimento da utilização das biotécnicas de reprodução, ainda são poucos os estudos referentes ao acompanhamento gestacional, obstetricia e neonatologia. Dessa forma, o presente estudo visa o acompanhamento gestacional intensivo, levando a redução dos fatores de risco para o desenvolvimento neonatal, bem como o acompanhamento do desenvolvimento dos produtos provenientes dessas éguas.

Objetivo Geral

O objetivo deste projeto é realizar o acompanhamento reprodutivo e gestacional de éguas crioulas, além do monitoramento dos partos e cuidados neonatais nos criatórios de cavalos da raça Crioula.

Específicos:
• Avaliar a biometria corporal da égua durante a gestação;
• Avaliar o tempo de gestação;
• Avaliar as medidas de biometria fetal e junção útero placenta (JUP);
• Relacionar os parâmetros fetais com a idade gestacional;
• Relacionar dados reprodutivos dos criatórios ao manejo e possíveis distúrbios encontrados, como alterações gestacionais relacionadas ao neonato;
• Avaliar o perfil metabólico de potros da raça Crioula;
• Relacionar obesidade da égua com tempo de gestação, peso dos potros e perfil energético da égua e potro;
• Identificar reflexos neuromusculares e comportamentais dos potros neonatos;
• Acompanhar o desenvolvimento e a curva de crescimento de potros até os 12 meses de vida;
• Acompanhar através de radiografia o padrão de crescimento e desenvolvimento de possíveis Doenças Ortopédicas do Desenvolvimento em potros até 24 meses.

Justificativa

Mesmo com a crescente valorização do mercado de equinos da raça Crioula e o estimulo para realização de pesquisas acerca das características reprodutivas, ainda são poucos os estudos referentes ao acompanhamento gestacional, obstétrico e neonatologia na raça. Dessa forma, estudos de acompanhamento gestacional e neonatal ajudam a demonstrar aos criadores e profissionais envolvidos a importância da avaliação fetal durante a gestação, identificar alternativas para incremento dos índices reprodutivos locais; identificar e desenvolver alternativas para os distúrbios gestacionais encontrados, assim como para as alterações neonatais encontradas.

Metodologia

Os animais da raça Crioula provenientes de propriedades de criação de equinos localizadas em Bagé, Aceguá, Pelotas e Santa Vitória do Palmar, no estado do Rio Grande do Sul, durante a temporada reprodutiva 2016 a 2020.
Os animais são mantidos a campo com pastagem cultivada, e para as avaliações os equinos serão conduzidos às mangueiras onde serão manejados e após retornarão ao campo.
As avaliações biométricas serão realizadas mensalmente, na qual será mensurada a altura de cernelha da égua através de um hipômetro, em balança mecânica e fita de peso (posicionada logo após o final da cernelha, entre os processos espinhosos T8 e T9, passando pelo espaço intercostal da 8ª e 9ª costelas). Serão realizadas medidas da circunferência abdominal no tórax ao nível
da 8ª costela, 12ª costela e 18ª costela. Será estimado visualmente o escore de condição corporal usando escala que classifica de 1-9, descrita por Henneke et al. (1983).
As mensurações biométricas ultrassonográficas serão realizadas em três pontos pré-estabelecidos da gordura subcutânea: na região da base da cauda, retroperitoneal e crista do pescoço, realizados conforme trabalho descrito por Gentry et al. (2004). Nesse mesmo momento, será realizada a medida de circunferência do pescoço, através de uma fita métrica.
Na mesma ocasião será efetuada coleta de sangue, através da venopunção da jugular em tubos sem anticoagulante, os quais serão centrifugados por 5 minutos a 400G e separado o soro para congelamento a -20ºC/-80ºC e posterior análise do perfil bioquímico e concentrações plasmáticas de adiponectina, leptina, glicose, insulina, triglicerídeos, ácidos graxos livres, colesterol, IGF-1 e NEFA.
Para as avaliações gestacionais será utilizada ultra-sonografia transretal na medição da junção útero-placentária e órbita ocular fetal. Para realização desse procedimento será utilizada contenção em troncos de restrição de movimento. Para proceder ao exame transretal, faz-se utilização da mão enluvada do examinador, com adequada lubrificação com gel a base de carboximetilcelulose (Speirs, 1999).
O momento do parto será assistido sempre que possível sem intervenções externas. Até 12 horas após o parto será realizado exame clínico da égua e potro para aferição se ambos encontram-se nos padrões fisiológicos. Será realizada coleta de sangue da égua e do potro através da venopunção da jugular em tubos sem anticoagulante, os quais serão centrifugados por 5min a 400G e separado o soro para congelamento a -20C e posterior análise do perfil bioquímico de adiponectina, leptina, glicose, insulina, triglicerídeos, ácidos graxos livres, colesterol, IGF-1 e NEFA.
Neste momento também serão realizadas as mesmas medidas de biometria utilizadas na égua no pré-parto, tanto na égua quanto no neonato. Será realizada avaliação de aprumos do potro, localizando possíveis desvios angulares e flexurais.
A placenta será avaliada através da inspeção visual, pesagem, medida dos cornos e coleta de fragmentos dos cornos, corpo uterino, estrela cervical, bifurcação uterina e âmnion. Posterior a coleta os fragmentos de 2x2cm serão acondicionados em solução de formol 10% para serem analisados através de exame histopatológico.
Nas éguas as coletas de dados de biometria e soro serão feitas da mesma forma descrita anteriormente aos 07 e 30 dias pós parto. Nos potros as coletas de dados de biometria e soro serão feitas aos 07 dias, 30 dias e mensalmente até os 12 meses de vida. Aos 03, 06 e 12 meses será realizada radiografia da articulação do tarso em ambos os posteriores para acompanhamento do desenvolvimento ósseo.
O tempo de gestação de éguas crioulas, bem como os históricos de controle reprodutivo e dados da eficiência reprodutiva serão dados retrospectivos obtidos com os veterinários responsáveis pelos criatórios.
Análises de IGF-1 e NEFA serão mensurados através de kits comerciais específicos para equinos pelo método de radioimunoensaio (ELISA). Triglicerídeos, colesterol total, colesterol LDL, colesterol HDL, ácidos graxos livres e glicose, adiponectina, leptina serão avaliados pela espectofotometria.

Indicadores, Metas e Resultados

Indicadores de progresso:
No final de 2017 espera-se ter realizado coletas em metade das propriedades e ter uma prévia para processamento de dados, tabulação e análise de resultados. Ao final de 2020 espera-se ter os resultados já completos para publicação
Indicadores de resultados finais:
- Publicação de um ou mais artigos em revista de circulação nacional ou internacional, classificadas como “A” no “Sistema de Classificação de Periódicos, Anais e Revistas” da CAPES.
- Divulgação de resultados em congressos da área de medicina veterinária em âmbito internacional, nacional, regional e local, tais como Congressos de Iniciação Científica, Encontros de Pós-Graduação, Conferência da Associação de Médicos Veterinários de Equídeos.
- Treinamento de alunos de graduação no auxílio da coleta de dados e amostras, análises laboratoriais, bem como na pesquisa de material didático referente ao experimento científico.
Repercussão e/ou impactos dos resultados:
Através dos resultados obtidos pretende-se divulgar dados específicos referentes a todo manejo reprodutivo da égua, desde a eficiência reprodutiva, avaliação da gestação, tempo de gestação e avaliação da placenta. Além disso, produziremos dados acerca da neonatologia na raça Crioula, abrangendo perfil metabólico e energético, curva de crescimento e desenvolvimento de DOD’s relacionadas a gestação desde o nascimento até os 24 meses.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ANDRESSA GARCIA MOTTA
BRUNA DA ROSA CURCIO2
CARLOS EDUARDO WAYNE NOGUEIRA1
ELIZA MOREIRA PIEMOLINI
GABRIELA CASTRO DA SILVA
GABRIELA MAROCCO RAPHAELLI
GIOVANA MANCILLA PIVATO
ISADORA PAZ OLIVEIRA DOS SANTOS
MARCOS EDUARDO NETO
MARGARIDA AIRES DA SILVA
MARIANA ANDRADE MOUSQUER
NATHÁLIA DE OLIVEIRA FERREIRA
NATÁLIA BUCHHORN DE FREITAS
NATÁLIA RIBEIRO PINTO
NICOLE BENTO FUNK
PALOMA BEATRIZ JOANOL DALLMANN
RAFAELA AMESTOY DE OLIVEIRA
RAFAELA BASTOS DA SILVA
RAFAELA PINTO DE SOUZA
RAPHAEL AZEVEDO FIORETTI
ROBERTA WILBORN
TATIANE LEITE ALMEIDA
TAÍS SCHEFFER DEL PINO

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