Nome do Projeto
Atividade física e índice de massa corporal maternos e suas relações com sintomas depressivos na coorte de Pelotas 2015: do pré-natal aos quatro anos de vida.
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
15/01/2021 - 31/08/2023
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
O presente projeto tem como objetivo verificar os padrões de prática de atividades físicas (AF) maternas e as relações da AF e do índice de massa corporal (IMC) com os sintomas depressivos maternos. O estudo caracteriza-se como uma coorte prospectiva, e visa utilizar dados longitudinais, do pré-natal até quatro anos após o parto, de mães de crianças pertencentes à Coorte de Nascimentos de 2015 de Pelotas - RS. A Coorte de 2015 acompanha todas as crianças nascidas vivas no ano de referência, cujas mães residiam na zona urbana do município, na Colônia Z3 ou no bairro Jardim América. Até o momento já foram realizados seis acompanhamentos: pré-natal, perinatal, três meses, 12 meses, 24 meses e aos 48 meses. Os dados maternos de AF foram coletados por questionário, em todos os acompanhamentos, e acelerometria, no pré-natal e aos 24 meses. Através das informações obtidas pelos questionários será possível estimar o total de minutos semanais gastos em AF de lazer. Os dados de acelerometria foram obtidos através do uso de acelerômetros no punho não dominante, com obtenção de dados para sete dias completos. Para o cálculo e classificação do IMC foram realizadas medidas diretas de peso e altura, nos acompanhamentos dos três, 12, 24 e 48 meses. O peso pré-gestacional foi autorrelatados pela mãe. Os sintomas depressivos maternos foram avaliados no acompanhamento do pré-natal, três, 12, 24 e 48 meses, através da Escala de Depressão de Edimburgo. Como produtos do presente projeto de pesquisa estão previstos dois artigos. O artigo 1 utilizará a AF medida por questionário e acelerometria como desfechos, enquanto as exposições serão variáveis criadas com base em comparações da práatica de AF entre os diferentes acompanhamentos, utilizando os períodos da pré-gravidez, pré-natal e o acompanhamento anterior ao analisado no desfecho como referências. Estas variáveis serão classificadas em quatro categorias: (0) sempre ativa, (1) iniciou AF, (2) interrompeu AF e (3) sempre inativa. O artigo 2 utilizará os sintomas depressivos, através da pontuação obtida na escala de Edimburgo em todos os acompanhamentos, como desfecho. Como exposições estão previstas a utilização de três variáveis, todas categóricas: AF classificada em três categorias de acordo com as recomendações: (0) ativa, (1) insuficientemente ativa e (2) inativa; IMC, em três categorias: (0) baixo peso/ eutróficas, (1) sobrepeso e (2) obesidade e a variável IMC/AF, que será criada a partir da união das variáveis AF e IMC, para cada acompanhamento. Esta variável será categorizada em quatro categorias: (0) eutróficas/ativas, (1) eutróficas/inativas, (2) excesso de peso/ ativas e (3) excesso de peso/inativas. As análises de dados serão realizadas no programa Stata versão 15.0. Será realizada análise bruta e ajustada para testar a associação das variáveis independentes com os desfechos. A análise multivariável será realizada por meio da regressão de Poisson, visando estimar as razões de prevalências ajustadas e seus intervalos de confiança de 95%.

Objetivo Geral

Verificar os padrões de prática de AF maternos e as relações da AF e do IMC com os sintomas depressivos no período do pré-natal até quatro anos pós-parto, entre as mães cujos filhos pertencem à Coorte de Nascimentos de 2015 de Pelotas – RS.

Justificativa

Embora a prática de AF venha sendo apontada como fator de proteção para diversos agravos em saúde, sabe-se que mundialmente os níveis de inatividade física são altos e, de maneira geral, são maiores entre as mulheres. Além disso, a maternidade impõe barreiras para que essa prática ocorra. O período gestacional tem sido identificado como contribuinte para o declínio da prática de AF entre mulheres e evidências também têm indicado para uma baixa frequência de mães que retomam as AF no período pós-parto.
Estudos que monitorem a AF materna após a gestação ainda são escassos, especialmente de forma longitudinal, demonstrando a necessidade de investigações. Diante da necessidade de evidências neste contexto, ressalta-se a importância da compreensão dos padrões de AF entre as mulheres brasileiras, e a relevância de monitorar a AF da pré-gestação ao período pós-parto.
Assim como se observa para a inatividade física, ema nível global os índices de obesidade e depressão são mais prevalentes entre as mulheres do que entre homens, e a maternidade tem sido indicada como um fator que contribui para o aumento dessas prevalências.
Embora algumas evidências tenham mostrado uma associação entre os sintomas depressivos com a ocorrência de sobrepeso e obesidade, essa relação ainda é confusa e apresenta um caráter bidirecional, sendo difícil determinar se é a obesidade que desencadeia a ocorrência de sintomas depressivos, ou se a depressão pode levar ao aumento de peso e consequentemente à obesidade. Neste cenário de indefinições, evidencia-se a necessidade de estudos longitudinais que possam esclarecer a direção destas associações.
Em oposição ao IMC, a AF parece atuar como um fator de proteção aos sintomas depressivos. No entanto, pouco se conhece sobre como a AF pode atuar na mediação dos sintomas depressivos com o sobrepeso e obesidade, na literatura evidências sobre essa relação ainda são escassas. Neste sentindo, busca-se, através do presente projeto, produzir evidências mais robustas sobre a relação AF, IMC e sintomas depressivos, em especial, se a AF pode atuar atenuando ou eliminando o risco para os sintomas depressivos em mães com excesso de peso, uma vez que AF e IMC apresentam associações com a depressão opostas.

Metodologia

5.1 Delineamento

Estudo de coorte prospectiva (GIL, 2010). No município de Pelotas existem atualmente quatro coortes de nascimento em andamento – 1982, 1993, 2004 e 2015, com um intervalo temporal de 11 anos entre o início de cada uma delas - que acompanham as condições de saúde destas populações ao longo do tempo (BARROS et al., 2008; HALLAL et al., 2018).
O presente projeto de pesquisa visa utilizar dados longitudinais das mães das crianças pertencentes à Coorte de 2015 que, diferente das coortes anteriores, realizou o acompanhamento dessas mães desde o período pré-natal.

5.2 População em estudo

Mães das crianças nascidas na cidade de Pelotas – RS no ano de 2015, residentes na zona urbana da cidade e nos bairros Jardim América (Capão do Leão) e Colônia Z-3.

5.3 Amostra – Coorte 2015

A Coorte de 20015 acompanha todas as crianças nascidas vivas no ano de referência, cujas mães residiam na zona urbana do município de Pelotas, na Colônia Z3 ou no bairro Jardim América (Capão do Leão). Desde o pré-natal essas vêm sendo contatadas através de acompanhamentos regulares, visando investigar fatores determinantes nos desfechos em saúde. Os acompanhamentos realizados até o momento foram: pré-natal, perinatal, três meses, 12 meses, 24 meses e 48 meses.
Detalhes metodológicos da Coorte de Nascimentos de 2015 estão descritos no artigo metodológico de Hallal et al. (2018). Durante todos os acompanhamentos foram coletadas informações comportamentais e relacionadas ao estado de saúde da criança e da mãe, bem como alguns aspectos familiares, informações socioeconômicas e demográficas.
Os números de cada acompanhamento, do pré-natal aos 48 meses, incluindo o número de avaliados, número de recusas e perdas, estão resumidos na Tabela 1.

5.4 Critérios de inclusão

Para o presente projeto os critérios de inclusão adotados são:
a) mãe da criança pertencente à Coorte de 2015 ter participado e respondido a entrevista em todos os acompanhamentos;
b) mãe ter respondido o questionário de AF em todos os acompanhamentos;
c) mãe ter realizado a medida de altura em algum dos acompanhamentos e as medidas de peso nos acompanhamentos dos 3, 12, 24 e 48 meses e ter autorrelatado seu peso pré-gestacional no acompanhamento pré ou perinatal, para posterior cálculo e classificação do IMC;
d) mãe ter respondido ao questionário para sintomas depressivos (escala de Edimburgo) nos acompanhamentos do pré- natal, 3, 12, 24 e 48 meses.


5.5 Critérios de exclusão

Serão excluídos da amostra para presente pesquisa:
a) casos em que o respondente não tenha sido a mãe biológica da criança da coorte;
b) quando a mãe apresentou alguma limitação física que impossibilitasse de responder ao questionário de AF em algum dos acompanhamentos;
c) IDs que apresentarem missings, dados incompletos ou inconsistentes para as variáveis previstas, impossibilitando uma análise longitudinal dos dados;
d) IDs da segunda e terceira criança em caso de crianças gemelares, visto que as informações da mãe constam no ID da primeira criança.
Além disso, para acelerometria foram adotados os seguintes critérios de exclusão:
a) ter alguma limitação física, com incapacidade de deslocar-se caminhando de um lugar ao outro;
b) quando a gestante possuía orientação médica de repouso absoluto;
c) aos 24 meses, morar em outro município ou na zona rural de Pelotas, ou ter entrevista realizada por telefone ou Skype;
d) trabalhar em algum local que impeça o uso do dispositivo;
e) apresentar menos de quatro dias de dados.

5.6 Procedimentos Metodológicos – Logística dos acompanhamentos

5.6.1 Estudo Pré-natal

O estudo da Coorte de 2015 teve inicio no mês de abril de 2014, com visitas e contatos diários a todos os locais da cidade de Pelotas que poderiam ter afluência de gestantes, como laboratórios de análises clínicas, clínicas de ultrassonografia, policlínicas, unidades básicas de saúde, ambulatórios de hospitais e universidades e consultórios médicos privados, a fim de identificar as mulheres com previsão de parto para o ano de 2015. As gestantes encontradas, que se encaixavam nos critérios de inclusão, eram então convidadas para participar da Coorte de Nascimentos de 2015.
Para compor a equipe do trabalho de campo, foram selecionadas entrevistadoras com nível de ensino médio completo, as quais foram submetidas a um treinamento de 40 horas semanais para familiarização e aplicação dos blocos dos questionários e ao final do processo de treinamento, foram submetidas a uma avaliação teórica. As 15 entrevistadoras com melhor classificação foram selecionadas para compor a equipe do trabalho de campo pré-natal. Após o término do treinamento foi realizado o estudo piloto, para adequação da logística do estudo.
Durante o pré-natal foram realizados dois acompanhamentos, sendo o primeiro no momento do diagnóstico da gravidez, onde era aplicada a primeira entrevista, denominado contato inicial. E o segundo, denominado janela, entre a 16a e a 24a semana de gestação. Desta forma, a entrevista aplicada a mãe era selecionada de acordo com a sua idade gestacional. Caso a gestante fosse captada para o estudo apenas após a 16ª semana de gravidez, ele respondia ao questionário denominado completo, que consistia no questionário do contato inicial mais o questionário da janela.

5.6.2 Estudo do Perinatal

Entre as mães entrevistadas no pré-natal, 73,8% foram incluídas na coorte 2015. O número total de nascimentos em Pelotas no ano de 2015 foi de 5610 crianças. Destas, 4387 eram elegíveis para o acompanhamento Perinatal da Coorte 2015, e 4329 foram entrevistadas. No estudo do perinatal foram consideradas elegíveis todas as mães cujos filhos nasceram no ano de 2015, vivos ou mortos, em cindo maternidades de Pelotas (Santa Casa de Misericórdia, Hospital Escola-UFPel/FAU, Hospital São Francisco de Paula/UCPel, Beneficência Portuguesa e Hospital Miguel Piltcher) e cujas mães fossem residentes na zona urbana de Pelotas, colônia Z3 ou no bairro Jardim América (capão do Leão).
Durante todo o ano de 2015 foi realizada uma cobertura diária dessas maternidades de Pelotas, incluindo final de semana e feriados. Esta cobertura foi realizada por uma equipe de oito entrevistadoras, divididas em duplas que se revezaram em plantões das 8h às 14h e das 13h 30min às 19h 30min, conservando um intervalo de 30 minutos para troca de plantão, para cobrir os nascimentos de cada hospital. As entrevistadoras que participaram do trabalho de campo participaram de um treinamento prévio, com duração de 40 horas semanais, e após passaram por uma prova de seleção, no mês de dezembro de 2014.
Inicialmente, todos os nascimentos/partos eram registrados, não importando se a mãe era elegível ou não. Os dados necessários para o preenchimento desse registro eram obtidos do registro de partos do hospital e do prontuário da mãe. A partir desse registro inicial, eram verificados os dados de endereço do local de residência da mãe, e verificada a elegibilidade desta para o estudo.
Depois de confirmada a elegibilidade da mãe, a entrevistadora buscava realizar a entrevista e posteriormente as medidas do recém-nascido, respeitando o estado de saúde das mães e das crianças. As entrevistas foram realizadas dentro de um período de 24 horas após o nascimento, salvo algumas exceções, em que as entrevistas foram realizadas no domicílio, principalmente devido à recusa das mães em responder o questionário no hospital. Desta forma, 96,7% das entrevistas foram realizadas nas primeiras 24h até o primeiro dia após o -parto e 99,2% até o segundo de vida da criança.

5.6.3 Estudo dos três meses

Para o acompanhamento de três meses havia 4275 crianças elegíveis, dos quais 4110 foram acompanhadas. Nesse acompanhamento e nos, diferentemente do estudo perinatal, as mães que tiveram os fetos mortos no nascimento ou que a criança faleceu durante o período entre acompanhamentos, foram excluídas.
O acompanhamento dos três meses foi realizado através de visitas nas residências das mães e crianças pertencentes à Coorte. O trabalho de campo contou com 10 entrevistadoras que passaram por treinamento prévio em fevereiro e março de 2015, e ao final participaram do estudo piloto. As entrevistas eram agendadas previamente e confirmadas um dia antes, respeitando o período de dois dias antes ou depois da criança completar três meses, referente à janela de entrevista prevista para o acompanhamento.

5.6.4 Estudo dos 12 meses

No acompanhamento dos 12 meses, 4216 crianças eram elegíveis e 4018 foram acompanhadas. Neste acompanhamento foi utilizada uma janela de sete dias antes/após o aniversário da criança para a realização da entrevista no local de preferência da mãe. As entrevistas eram previamente agendadas e um dia antes da entrevista era realizada uma ligação para a confirmação da visita da entrevistadora no domicílio. Aproximadamente 20 entrevistas por dia eram agendadas
Para este acompanhamento a coorte contava com uma equipe com 13 entrevistadoras. As entrevistadoras passaram por treinamento prévio no mês de dezembro de 2015, com duração de 40 horas semanais, prova de seleção e após, por um treinamento específico de medidas antropométricas e para aplicação do o teste de desenvolvimento infantil. Ao final do treinamento foi realizado o estudo piloto no domicílio de mães voluntárias, não participantes da coorte 2015.

5.6.5 Estudo dos 24 meses

No acompanhamento dos 24 meses havia 4211 participantes elegíveis, dos quais 4014 foram entrevistadas. Neste acompanhamento as entrevistas foram realizadas na clínica localizada no Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel, após agendamento prévio. Quando as mães não podiam comparecer a clínica era agendada a entrevista no domicílio em horário definido pela mãe ou responsável. Para o agendamento das entrevistas era respeitando o período de janela, correspondente a um período de trinta dias antes ou após o aniversário de doze meses da criança.

Metodologia truncada

Indicadores, Metas e Resultados

Artigo 1:
Padrões de atividade física materna na coorte de nascimentos de Pelotas 2015: da gravidez aos quatro anos de idade.
“Maternal physical activity patterns in the 2015 Pelotas birth cohort: from pregnancy to four years of age”.

Artigo 2:
Como a atividade física e o índice de massa corporal podem influenciar os sintomas depressivos maternos: estudo em uma coorte de nascimentos desde a gravidez até os quatro anos de idade”.
“How physical activity and body mass index can influence maternal depressive symptoms: a birth cohort study from pregnancy to four years of age”.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
DEBORA TORNQUIST
JOSEPH MURRAY1
LUCIANA TORNQUIST
MARLOS RODRIGUES DOMINGUES2

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