Nome do Projeto
Indução artificial da lactação em fêmeas suínas
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
15/02/2021 - 15/12/2023
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
Recentes avanços no melhoramento genético levaram a um aumento na prolificidade das matrizes suínas, o que resultou em mais leitões nascidos com peso reduzido e com menor viabilidade. Durante a amamentação, esses leitões ingerem menos colostro e acumulam menor reserva metabólica, sendo mais sensíveis ao frio e a enfermidades, o que se reflete em aumento na mortalidade pré-desmame. Ainda, leitões nascidos com baixo peso são desmamados com peso inferior. Como este acréscimo na prolificidade não foi acompanhado por aumento no número de glândulas mamárias funcionais, uma alternativa usada com frequência é o prolongamento da lactação de algumas matrizes (mães de leite) que, após o desmame da leitegada original, amamentam outros leitões. Porém, lactações prolongadas podem trazer consequências negativas para o bem-estar das mães de leite, devido ao catabolismo excessivo. Em vacas, é comum a extensão da lactação para maximizar a produção de leite, o que pode resultar em falhas reprodutivas e grande impacto econômico, devido ao descarte precoce de fêmeas com alto potencial e ao aumento nos custos com reposição de matrizes. Técnicas para indução artificial da lactação (IAL) em vacas são conhecidas desde a década de 1940, através de protocolos que simulam o perfil hormonal no final da gestação. Assim, vacas com transtornos reprodutivos podem iniciar a secreção láctea mesmo sem terem concebido, atingindo produção leiteira relevante, ainda que inferior à de uma lactação natural. Após a lactação induzida, essas vacas podem retomar a fertilidade, o que é atribuído à exposição prolongada a estrógenos. Em suínos, em nível experimental, foi relatado sucesso na IAL em leitoas com o implante de pellets subcutâneos para liberação lenta de estrógeno e progesterona por 21 dias. Um estudo recente relatou sucesso na IAL em fêmeas não gestantes, a partir da administração de estrógenos. Porém, a IAL nesse estudo ocorreu em um percentual limitado de fêmeas e efeitos sobre o seu bem estar e sobre o seu desempenho subsequente não foram relatados. O uso de IAL em fêmeas suínas deverá considerar potenciais restrições já relatadas para vacas. A restrição ao uso de hormônios esteroides em protocolos para controle reprodutivo não seria uma limitação, pois o leite das fêmeas suínas não é destinado ao consumo humano. Protocolos para IAL poderiam ser testados em fêmeas destinadas ao descarte, que seriam inseridas nos grupos semanais de lactação, levando a uma maior oferta de tetos funcionais, permitindo o aleitamento de um maior número de leitões. Esta prática não traria transtornos para o fluxo de produção das granjas, evitando manejos como o prolongamento da lactação das mães de leite. Porém, a eficiência de protocolos para IAL em fêmeas suínas ainda precisa ser investigada, bem como a sua viabilidade econômica.

Objetivo Geral

Avaliar a viabilidade da indução artificial da lactação (IAL) em fêmeas suínas para otimizar a oferta de leite na maternidade e reduzir perdas devido ao nascimento de leitegadas desuniformes

Justificativa

O uso de IAL em fêmeas suínas permitirá uma maior oferta de leite no setor de maternidade, usando fêmeas que não seriam utilizadas como matrizes, visando reduzir o impacto do aumento na prolificidade das matrizes suínas sobre a mortalidade de leitões, devido ao aumento no número de leitões nascidos com baixo peso e menos viabilidade. Ainda que a indução da lactação seja praticada em vacas com frequência, restrições associadas ao tratamento das fêmeas com hormônios não se aplicariam às fêmeas suínas, pois o seu leite das fêmeas suínas seria consumido apenas pelos leitões a serem amamentados.

Metodologia

2.1. Experimento 1
O experimento será conduzido em uma unidade experimental de uma instituição de ensino e pesquisa (Universidade de Passo Fundo). O protocolo para IAL será iniciado (D0) com a administração de progesterona (0,16 mg/kg de peso), por via intramuscular (Sincrogest, Ourofino Saúde Animal) em oito (8) fêmeas suínas nulíparas, que serão alojadas em baias coletivas. No mesmo dia (D0), cada fêmeas receberá a administração de 10 mg de cipionato de estradiol (ECP, Zoetis), por via intramuscular. Outra administração de cipionato de estradiol será realizada no D10, com a mesma dosagem. No D10, também serão administrados 2 mL de cloprostenol sódico (Ciosin®, MSD Saúde Animal), por via intramuscular. Durante a realização do protocolo, serão realizadas duas observações diárias da manifestação do estro, na presença de um reprodutor sexualmente maduro. Caso ocorra manifestação de estro, o intervalo tratamento-estro e a duração do estro serão registrados.
Nos dias 0, 7, 14, e 21 do protocolo de IAL, serão realizadas coletas de sangue através de punção da veia jugular. visando definir o perfil endócrino das fêmeas submetidas a IAL. As amostras colhidas serão centrifugadas a 6.000 rpm por 5 minutos, para promover a separação do soro, e serão armazenadas em nitrogênio líquido (-196ºC), até o momento das avaliações dos níveis séricos de diversos metabólitos: albumina; proteína total; colesterol; cortisol; da proteína de fase aguda negativa paraoxonase; progesterona; e estradiol.
Nos mesmos dias das coletas de sangue, serão colhidas amostras de leite. Inicialmente, serão injetados 20 UI de ocitocina, por via intramuscular. Após 5 minutos, serão colhidos aproximadamente 80 ml de leite, por ordenha manual, de vários tetos funcionais (Van Cott et al., 2001). O conteúdo será homogeneizado e armazenado em duplicata, em recipientes estéreis à –5ºC, para análises subsequentes.
O número de fêmeas com sinais de estro e com secreção láctea nas glândulas mamárias será registrado e comparado entre os tratamentos por testes de qui-quadrado. Os níveis de metabolitos no soro e no leite serão comparados entre os grupos por análise de variância com medidas repetidas, com o efeito individual das fêmeas agrupado ao efeito do dia da coleta das amostras.
2.2. Experimento 2
O experimento será conduzido em uma unidade experimental de uma instituição de ensino e pesquisa, comparando fêmeas suínas submetidas a IAL com fêmeas em gestação e lactação fisiológicas. Três (3) fêmeas suínas multíparas, previamente submetidas a inseminação artificial e com gestação confirmada, irão compor o grupo controle. Protocolos para IAL (conforme descrito no Experimento 1) serão administrados em seis (6) fêmeas, a partir de 21 dias antes da data prevista para o parto das fêmeas do grupo controle. Porém, considerando que a frequência de resposta a protocolos de IAL relatada em outro estudo foi de 53% (Noguchi et al. 2020), somente três (3) fêmeas serão utilizadas na etapa seguinte do experimento. Dos dias antes da data prevista, 2 mL de cloprostenol sódico (Ciosin®, MSD Saúde Animal) serão administrados, por via intramuscular, nas fêmeas do grupo controle, com o objetivo induzir os partos de forma sincronizada.
Após a ocorrência dos partos nas fêmeas do grupo controle, será feita a contagem do total de leitões nascidos. O número total de leitões nascidos será dividido entre seis (6) fêmeas, três (3) do grupo controle e três (3) do grupo submetido a IAL. O número de leitões por fêmeas será equalizado de acordo com o peso de cada leitão, que será aferido logo após o nascimento.
Todas as fêmeas serão mantidas em lactação por 21 dias (período convencional na maioria das granjas comerciais). Durante a lactação serão registrados todos os casos de mortalidade de leitões e houver qualquer caso de rejeição dos leitões por partes das fêmeas submetidas a IAL. Ao final da lactação, todos os leitões serão pesados individualmente, antes do desmame.
Coletas de sangue das matrizes, serão realizadas conforme descrito no Experimento 1, para avaliação dos níveis séricos dos mesmos metabólitos.
Os níveis de metabolitos nas amostras de soro das matrizes e o peso dos leitões ao desmame serão comparados entre os grupos por análise de variância com medidas repetidas, com o efeito individual das fêmeas agrupado ao efeito do dia da coleta das amostras.
2.3. Experimento 3
O experimento será conduzido em granja comercial de suínos. As fêmeas usadas neste experimento terão as mesmas caraterísticas daquelas selecionadas para o Experimento 1 (n = 180).
As fêmeas submetidas ao protocolo de IAL serão inseridas em um grupo semanal de lactação na maternidade, formando três grupos (n = 60 cada): fêmeas com lactação fisiológica (controle positivo); fêmeas escolhidas como mães de leite, submetidas previamente a uma lactação por 21 dias e a um desmame (controle negativo); e fêmeas com IAL. Para evitar transtornos para o fluxo de produção da granja, o número total de fêmeas pode ser dividido em várias repetições semanais (n = 5 por grupo, durante 12 semanas). Se possível, todas as fêmeas dos dois grupos controle serão primíparas, para ajustar o efeito da ordem de parto. As fêmeas serão submetidas a uma lactação de 21 dias. O número de leitões amamentados por fêmea, em todos os grupos, será equalizado para no máximo 12. Durante a lactação, serão registrados o número anterior de leitões nascidos (para as fêmeas de ambos os grupos controle) e de desmamados (para as mães de leite), o número de leitões mortos durante a lactação e a ocorrência de diarreias nos leitões e de lesões de tetos nas fêmeas (em todos os grupos). Ao desmame, todos os leitões serão pesados. Serão realizadas coletas de sangue nos dias 0, 7, 14 e 21 da lactação em todas as fêmeas. O processamento das amostras será o mesmo descrito para o Experimento 1.
Os níveis de metabolitos no soro serão comparados entre os grupos por análise de variância com medidas repetidas, com o efeito individual das fêmeas agrupado ao efeito do dia da coleta das amostras. O número de desmamados, a mortalidade pré-desmame e o peso dos leitões ao desmame serão comparados entre os tratamentos por análise de variância, em um modelo incluindo a fêmea como fator fixo, com ajuste para o número anterior de nascidos e desmamados para as fêmeas do grupo controle.

Indicadores, Metas e Resultados

Estabeleimento de um protocolo para IAL em fêmeas suínas
Determinaação o perfil endócrino e os níveis séricos de marcadores metabólicos de estresse em fêmeas suínas submetidas a IAL
Determinação da produção e da composição do leite em fêmeas suínas submetidas a IAL
Determinação do efeito do uso de protocolos de IAL em fêmeas suínas sobre a eficiência reprodutiva em nível populacional
Avaliação da eficiência econômica da aplicação de protocolos de IAL em fêmeas suínas

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ARNALDO DINIZ VIEIRA2
BERNARDO GARZIERA GASPERIN4
CAMILA RIBEIRO CARVALHO DE BRITO
CAMILA RIBEIRO CARVALHO DE BRITO
RAFAEL GIANELLA MONDADORI3
THOMAZ LUCIA JUNIOR7
ÁGATHA DECROIX CORDEIRO

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