Nome do Projeto
Cinematografias periféricas – estéticas e contextos não hegemônicos
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
26/03/2021 - 26/03/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Linguística, Letras e Artes
Resumo
Organização e publicação de livro sobre Cinematografias Periféricas, a fim de registar uma trajetória profissional dedicada ao tema e, ao mesmo tempo, contribuir para a bibliografia da disciplina “Cinematografias Periféricas”, ministrada pela pesquisadora, que conta com raros referencias teóricos no Brasil.
Objetivo Geral
Organizar e publicar livro denominado "Cinematografias periféricas – estéticas e contextos não hegemônicos" (título provisório) com o objetivo de contribuir para o referencial teórico deste campo de estudos e, com isto, agregar à disciplina Cinematografias Periféricas, do curso de Cinema e Audiovisual da UFPel, mais material bibliográfico.
Justificativa
O campo de estudos de cinemas periféricos, ou seja, a cinematografia não hegemônica, é ainda pouco desenvolvido no Brasil.
O livro deve reunir textos sob este guarda-chuva denominado cinemas periféricos ou cinematografias periféricas. O livro sustenta-se em dois entendimentos básicos sobre o conceito, mesmo que persista uma espécie de flutuação de definições.
Primeiro, a circunstância geográfica, que localiza este cinema fora dos grandes centros produtores. Ou seja, todos os países que não detêm a hegemonia da produção, estariam neste grupo, portanto, Estados Unidos e parte da Europa ficariam fora. Mas são várias as Europas, no sentido geográfico, econômico e etnográfico. Nem toda Europa produz de modo sistemático, nem todos os países europeus têm garantidos seus lançamentos nem dentro, nem além de suas fronteiras. Então, é preciso examinar caso a caso, mas em uma primeira visada, produções francesas, inglesas, italianas e espanholas, ficam afastadas desta discussão, muito embora os espanhóis, por exemplo, possam se ver como periféricos diante da esmagadora presença do cinema norte-americano em suas salas. Situação que vem ocorrendo também na Rússia, que não seria periférica do ponto de vista deles mesmos, mas considerando a sua pouca distribuição hoje no mundo está à margem. Temos mais acesso aos filmes da era soviética em função de mostras, do que do cinema russo contemporâneo, salvo diretores habitués nos festivais.
Assim, é preciso que entendamos também que a ideia de ser periférico depende de onde estamos falando. Periférico para quem? Um cinema à margem – não necessariamente marginal – precisa ser visto do topo, para melhor enxergarmos os limites desta periferia.
O segundo entendimento é o do estilo de linguagem, de narrativa e de estética. No primeiro bloco do livro, Apontamentos Teóricos, no artigo “As cinematografias periféricas e o international style”, tomarei emprestada expressão usada pelo crítico argentino Roger Koza ao chamar a atenção para uma caraterística de certos filmes. Filmes que, por serem exibidos em festivais em que o world cinema é a tônica, acabam sendo empacotados como o da espécie “filme de arte”. Daí para ser periférico, é um passo. A propósito, este assunto deverá ser tratado no mesmo bloco, em “As cinematografias periféricas e a Mostra de São Paulo”, especialmente nas ponderações de Dudley Andrew sobre cinema de arte.
Os textos que devem compor o item Apontamentos Teóricos de alguma forma farão o esforço de compreender o que seriam as cinematografias periféricas e suas variações irão semânticas, fazendo uma aproximação mais especulativa e explorando autores sobre o tema. Também será destacada a valorização da experiência dos festivais, considerando que a maioria esmagadora dos filmes de origem não hegemônica têm sua divulgação em festivais de cinema. No Brasil, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo é sua maior expressão quantitativa e qualitativa, onde a curadoria por si só já define perfis de periferia. Em todas as abordagens dos artigos publicados e dos inéditos, o contexto de produção dos filmes ganha relevância.
Oferecer o olhar de uma brasileira, crítica de cinema e professora da área e pesquisadora, irá contribuir por uma expansão do entendimento do que representa o próprio cinema brasileiro no cenário mundial.
O livro deve reunir textos sob este guarda-chuva denominado cinemas periféricos ou cinematografias periféricas. O livro sustenta-se em dois entendimentos básicos sobre o conceito, mesmo que persista uma espécie de flutuação de definições.
Primeiro, a circunstância geográfica, que localiza este cinema fora dos grandes centros produtores. Ou seja, todos os países que não detêm a hegemonia da produção, estariam neste grupo, portanto, Estados Unidos e parte da Europa ficariam fora. Mas são várias as Europas, no sentido geográfico, econômico e etnográfico. Nem toda Europa produz de modo sistemático, nem todos os países europeus têm garantidos seus lançamentos nem dentro, nem além de suas fronteiras. Então, é preciso examinar caso a caso, mas em uma primeira visada, produções francesas, inglesas, italianas e espanholas, ficam afastadas desta discussão, muito embora os espanhóis, por exemplo, possam se ver como periféricos diante da esmagadora presença do cinema norte-americano em suas salas. Situação que vem ocorrendo também na Rússia, que não seria periférica do ponto de vista deles mesmos, mas considerando a sua pouca distribuição hoje no mundo está à margem. Temos mais acesso aos filmes da era soviética em função de mostras, do que do cinema russo contemporâneo, salvo diretores habitués nos festivais.
Assim, é preciso que entendamos também que a ideia de ser periférico depende de onde estamos falando. Periférico para quem? Um cinema à margem – não necessariamente marginal – precisa ser visto do topo, para melhor enxergarmos os limites desta periferia.
O segundo entendimento é o do estilo de linguagem, de narrativa e de estética. No primeiro bloco do livro, Apontamentos Teóricos, no artigo “As cinematografias periféricas e o international style”, tomarei emprestada expressão usada pelo crítico argentino Roger Koza ao chamar a atenção para uma caraterística de certos filmes. Filmes que, por serem exibidos em festivais em que o world cinema é a tônica, acabam sendo empacotados como o da espécie “filme de arte”. Daí para ser periférico, é um passo. A propósito, este assunto deverá ser tratado no mesmo bloco, em “As cinematografias periféricas e a Mostra de São Paulo”, especialmente nas ponderações de Dudley Andrew sobre cinema de arte.
Os textos que devem compor o item Apontamentos Teóricos de alguma forma farão o esforço de compreender o que seriam as cinematografias periféricas e suas variações irão semânticas, fazendo uma aproximação mais especulativa e explorando autores sobre o tema. Também será destacada a valorização da experiência dos festivais, considerando que a maioria esmagadora dos filmes de origem não hegemônica têm sua divulgação em festivais de cinema. No Brasil, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo é sua maior expressão quantitativa e qualitativa, onde a curadoria por si só já define perfis de periferia. Em todas as abordagens dos artigos publicados e dos inéditos, o contexto de produção dos filmes ganha relevância.
Oferecer o olhar de uma brasileira, crítica de cinema e professora da área e pesquisadora, irá contribuir por uma expansão do entendimento do que representa o próprio cinema brasileiro no cenário mundial.
Metodologia
Seguindo metodologia de outros livros que organizei (Bernardet 80 – impacto e influência no cinema brasileiro [ed. Paco, 2017], e “Ismail Xavier – um pensador do cinema brasileiro” [Sesc, 2019]), no processo de construção será buscado um conceito para nortear a seleção dos textos publicados por mim ao longo de 30 anos como crítica de cinema e pesquisadora. Este conceito trará um eixo temático principal baseado em incipiente teoria de “cinemas periféricos” e “world cinema”. Um empenhado texto introdutório recuperará as teorias e seus autores trabalhados na disciplina Cinematografias Periféricas, que ministro no curso de Cinema e Audiovisual da UFPel há 10 anos. A metodologia de seleção e de abordagem dos textos inéditos envolve a valorização do conhecimento in loco dos países dos respectivos filmes analisados, que permite uma contextualização sócio-econômico-cultural dos mesmos.
Indicadores, Metas e Resultados
Com mais de 100 artigos publicados ao longo de 30 anos, em diferentes veículos sobre o tema, o material a fazer parte da coletânea é extenso e rico para ser trabalhado.
Pretende-se uma seleção que represente o conceito de cinemas periféricos;
Pretende-se o aceite da pesquisadora professora de Estudos Brasileiros na Universidade de Leeds, no Reino Unido, Stephanie Dennison para fazer a apresentação;
Pretende-se o aceite da diretora da Mostra Internacional de São Paulo para o prefácio;
Pretende-se conseguir uma editora de alcance nacional para assumir a publicação;
Pretende-se realizar uma distribuição e divulgação do livro no âmbito do Forcine (Fórum Brasileiro de Ensino de Cinema e Audiovisual) junto aos professores dos mais de 80 cursos da área do Brasil.
Espera-se incorporar o livro na Bibliografia da disciplina Cinematografias Periféricas da UFPel e contribuir para o referencial teórico deste campo não só no universo acadêmico, como também na crítica de cinema.
Pretende-se uma seleção que represente o conceito de cinemas periféricos;
Pretende-se o aceite da pesquisadora professora de Estudos Brasileiros na Universidade de Leeds, no Reino Unido, Stephanie Dennison para fazer a apresentação;
Pretende-se o aceite da diretora da Mostra Internacional de São Paulo para o prefácio;
Pretende-se conseguir uma editora de alcance nacional para assumir a publicação;
Pretende-se realizar uma distribuição e divulgação do livro no âmbito do Forcine (Fórum Brasileiro de Ensino de Cinema e Audiovisual) junto aos professores dos mais de 80 cursos da área do Brasil.
Espera-se incorporar o livro na Bibliografia da disciplina Cinematografias Periféricas da UFPel e contribuir para o referencial teórico deste campo não só no universo acadêmico, como também na crítica de cinema.
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
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ARTHUR IVAN GADELHA VILHENA | |||
IVONETE MEDIANEIRA PINTO | 2 |