Nome do Projeto
O campo, minha casa: traduzindo a essência da geologia à comunidade
Ênfase
Extensão
Data inicial - Data final
17/05/2021 - 17/05/2023
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Exatas e da Terra
Eixo Temático (Principal - Afim)
Educação / Meio ambiente
Linha de Extensão
Comunicação estratégica
Resumo
A formação em engenharia geológica requer o desenvolvimento do raciocínio geológico, o qual combina inúmeros tipos de raciocínio dada a complexidade das investigações realizadas na área. Compiani (2005) explica a geologia como uma ciência que permite o desenvolvimento de habilidades cognitivas essenciais e de visão espacial, na medida em que envolve as dimensões locais, regionais e planetárias do espaço. Frodeman (1995) acrescenta que a área se configura mais como uma ciência interpretativa e histórica, características que tradicionalmente são atribuídas às ciências humanas. Se a apropriação de tempo e espaço por parte do estudante de engenharia geológica é feita principalmente em trabalhos de campo, fica claro que a geologia e o trabalho de campo são indissociáveis. Neste contexto, dois problemas são apontados no presente projeto, servindo de motivação para a sua execução: 1) A falta de compreensão dos gestores da Universidade Federal de Pelotas quanto ao papel do trabalho de campo na formação do engenheiro geólogo, dificultando a obtenção de recursos; e 2) A falta de compreensão de alunos do ensino médio quanto ao papel do trabalho de campo no dia-a-dia da profissão, o que pode prejudicar a escolha pela carreira. Desta forma, os objetivos deste projeto são: 1) Sensibilizar os gestores da UFPel a respeito da importância do trabalho de campo na formação do Engenheiro Geólogo, e consequentemente promover a obtenção contínua de recursos financeiros para sua execução; 2) Apresentar aos alunos do Ensino Médio que a profissão do Engenheiro Geólogo tem um dia-a-dia atípico às outras profissões, com trabalho de campo que promove interação com a natureza e o trabalho além do escritório, incentivando a escolher o curso Engenharia Geológica da UFPel como uma opção de ingresso na universidade.

Objetivo Geral

1) Sensibilizar os gestores da UFPel a respeito da importância do trabalho de campo na formação do Engenheiro Geólogo, e consequentemente promover a obtenção contínua de recursos financeiros para sua execução;
2) Apresentar aos alunos do Ensino Médio que a profissão do Engenheiro Geólogo tem um dia-a-dia atípico às outras profissões, com trabalho de campo que promove interação com a natureza e o trabalho além do escritório, incentivando a escolher o curso Engenharia Geológica da UFPel como uma opção de ingresso na universidade.

Justificativa

Frodeman (1995) afirma que, tradicionalmente, assume-se a ideia de que a geologia é uma ciência derivada, que trata da aplicação das leis e técnicas da física e da química. Para ele, analisar a geologia sob esta perspectiva desfoca a nossa compreensão do que é o raciocínio geológico, pois a geologia está apenas parcialmente atrelada ao modelo clássico de raciocínio científico. Na verdade, a geologia se configura mais como uma ciência interpretativa e histórica, pois certas complexidades fazem com que ela inevitavelmente dependa de outros tipos de raciocínio. A geologia possui como cerne relatar os eventos particulares que ocorreram em dada localização, gerando modelos geológicos para inúmeras finalidades. Mesmo que um geólogo consiga reproduzir alguns experimentos em laboratório, a relação desses experimentos com as particularidades da história da Terra permanece incerta. Dentre as ferramentas presentes na investigação geológica está a argumentação por analogia, que possui papel fundamental nas ciências históricas. A suposição pela analogia entre o passado e o presente torna possível a explicação racional de uma diversidade de problemas geológicos. Frodeman (1995) ainda destaca que o geólogo atribui diferentes valores aos vários aspectos do afloramento, julgando quais características ou padrões da rocha são significativos e quais não o são. Examinar um afloramento não é simplesmente uma questão de “dar uma boa olhada”. O geólogo extrai das pistas do passado eventos e processos, de maneira análoga àquela em que o médico interpreta os sinais de uma doença ou em que o investigador constrói um caso circunstancial contra um acusado.

Se a geologia depende das escalas de tempo e espaço para “ser”, naturalmente o estudante de geologia/engenharia geológica necessita explorá-las para o desenvolvimento do seu raciocínio geológico. Compiani (2005) explica a geologia como uma ciência que permite o desenvolvimento de habilidades cognitivas essenciais e de visão espacial, na medida em que envolve as dimensões locais, regionais e planetárias do espaço.

A apropriação de tempo e espaço por parte do estudante de geologia/engenharia geológica é feita principalmente durante trabalhos de campo (percepção de meso e macroescala). Não à toa, o epítome “cum mente et malleo” (i.e. com mente e martelo) de Claude-Henri Gorceix, mineralogista fundador da Escola de Minas de Ouro Preto, foi adotado como lema pelos cursos de geologia/engenharia geológica Brasil afora. Ainda, podem ser citadas as famosas frases de Charles Combaluzier (1961): “Com a mochila às costas, o martelo na mão, caminha, caminha toda a vida, sobre as cristas, na concavidade dos vales, com o olhar fixo na rocha, onde espera aparecer o indício que procura”; “O verdadeiro geólogo deve ter pulmões infatigáveis, pernas de alpinista e, às vezes, ombros que quisera fossem de ferro, porque a pedra é pesada e deve ser estudada no laboratório. Mas a fé que remove montanhas, a paixão que o anima, é capaz de sublimar a fadiga e a esperança dos descobrimentos e faz que sempre parta de novo, infatigável, rumo à sua maravilhosa aventura”.
Os exemplos supracitados mostram claramente que a geologia e o trabalho de campo são indissociáveis. Ainda, evidencia que se trata de uma atividade desafiadora, física e mentalmente.

Tomando como base a discussão apresentada, são expostos dois problemas centrais que motivaram a proposição do presente projeto de extensão:
1) Os trabalhos de campo são atividades curriculares obrigatórias dos cursos de geologia e engenharia geológica no Brasil, regulamentados pela resolução n°01/CES/CNE/2015. A Diretriz Nacional dos Cursos de Geologia, no seu Artigo 8°, Parágrafo único, determina que as “Atividades de Campo deverão ser definidas no projeto pedagógico do curso e deverão corresponder a 20% da carga horária mínima do curso equivalente a 3.600 horas, ou seja, 720 horas”. O Projeto Político-Pedagógico do curso de Engenharia Geológica da Universidade Federal de Pelotas – UFPel contempla o texto do Artigo 8°, porém, a realidade enfrentada pelo curso é muito distinta do que se lê em papel. Partindo do entendimento da extensão como “produção de mudanças na própria instituição superior”, percebe-se que, desde a criação do curso, em 2009, existe uma falta de compreensão dos gestores da universidade em relação às demandas mais básicas de um curso de geologia/engenharia geológica, que envolvem, principalmente, atividades de campo. Acredita-se que tal situação decorra da dificuldade de comunicação entre a comunidade do curso de Engenharia Geológica e os gestores da universidade. Em parte, isto pode derivar da dificuldade da comunidade do curso “colocar em palavras” tais necessidades de modo a refletir, o mais fiel possível, as experiências que temos em campo. De fato, o “colocar em palavras” é desafiador, pois o raciocínio geológico é complexo e pouco debatido, tanto no campo da filosofia quanto na própria geologia. Costumamos adquirir o raciocínio geológico empiricamente, sem discutir a fundo o caminho que nos leva a ele. Para geólogos, este é um caminho natural, construído ao longo do tempo.
2) Ainda considerando o texto do Artigo 8°, Parágrafo único, da Diretriz Nacional dos Cursos de Geologia, observa-se que se trata de um curso com elevada carga prática. A partir do entendimento da extensão como um intercâmbio com a sociedade, e pensando no acesso à informação de estudantes de ensino médio, um estudante que tenha interesse em geologia deveria ter à disposição um material informativo que conseguisse traduzir as experiências e vivências de campo de maneira descomplicada e o mais fiel possível ao dia-a-dia do geólogo no campo. A falta desse conhecimento pode deixar de atrair um estudante que se interesse pelo caráter prático e desbravador da profissão, aumentando a concorrência no ingresso ao curso superior, ou até mesmo desestimular o ingressante do curso que não tenha muita afinidade com atividades ao ar livre, causando altos índices de evasão no ensino superior. As Mostras de Cursos da UFPel são uma excelente oportunidade para distribuir materiais informativos aos alunos de Ensino Médio, além de divulgar vídeos que ilustrem e incentivem às suas inscrições nas diversas formas de ingresso no curso Engenharia Geológica da UFPel.

Metodologia

Serão produzidos materiais didáticos visando a comunicação com alunos de ensino médio e os gestores da universidade. Dentre esses materiais, estão incluídos: vídeos e cards (imagens com informações resumidas, relevantes e de rápida compreensão). O material será compartilhado via redes sociais, a partir da criação de página/usuário específico para o projeto. Outros materiais poderão ser produzidos na medida em que surgirem boas ideias por parte da equipe. Regularmente, haverá reuniões entre a equipe, de tal forma que os professores possam dar ideias, orientar e revisar o conteúdo produzido pelos alunos. Parte do material poderá ser produzida pelos professores também.
A metodologia detalhada irá variar conforme as ações do projeto. Assim, a cada ação inserida, o detalhamento será indicado.

Indicadores, Metas e Resultados

Espera-se que o material didático desenvolvido pelos professores e alunos do curso tenha alcance satisfatório por meio das redes sociais e de eventos presenciais (neste caso, quando for possível). Os acessos e interações nas redes sociais serão utilizados como indicadores iniciais. Ao longo do tempo, alunos ingressantes poderão ser consultados para verificarmos se houve interação com estes materiais didáticos anteriormente ao ingresso. Além disso, espera-se sensibilizar os gestores da UFPel a respeito da importância do trabalho de campo na formação do Engenheiro Geólogo, e consequentemente promover a obtenção contínua de recursos financeiros para a sua execução.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ARIANE SALES SILVA
BETHÂNIA MACHADO FIGUEIREDO
CAMILE URBAN1
CARLOS HENRIQUE GOMES TABARELLI
GABRIEL DA SILVA PONTES
MARCELO DA SILVEIRA TORTOLERO ARAÚJO LOURENÇO
PAOLA BRUNO ARAB2
TULIO CEZAR SILVA SOUZA GOMES
VITER MAGALHAES PINTO1

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