Nome do Projeto
Análise epidemiológica de sistemas de informação e vigilância em saúde no Brasil
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/06/2021 - 30/05/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
A cadeia epidemiológica e os determinantes sociais das arboviroeses e zoonoses ainda são pouco elucidados no país; alem disso pouco se sabe o porquê das epidemias ocorrerem em alguns locais enquanto em outros elas não ocorrem ou ocorrem em menor freqüência. Assim, essa pesquisa visa contribuir na elucidação dessas questões, e assim, contribuir para a prevenção e controle dessas enfermidades. Alem disso, ao delimitar áreas de risco para essas enfermidades, o projeto contribuirá com a prevenção e controle de outras doenças infecciosas, principalmente aquelas transmitidas por vetores, pois em geral essas doenças compartilham os mesmos determinantes nas diferentes regiões. É importante destacar que essa compreensão é extremamente importante nos dias atuais, quando se vê claramente os impactos das epidemias por doenças infecciosas e, em face a atual pandemia por COVID-19, portanto, a importância de se prever e combater as epidemias antes que elas ocorram. Assim, são necessárias estratégias de pesquisa epidemiológica que abordem de forma integral as doenças urbanas causadas por arbovirus, de forma a diferenciar as regiões do país em relação ao risco para as epidemias. Dessa forma, no presente projeto, por meio de técnicas de análise epidemiológica, buscar-se-á propor modelos de previsão de epidemias por arboviroses nas diferentes regiões brasileiras, a partir dos dados reais sobre a distribuição das enfermidades e de seus determinantes. Os dados a serem coletados compreenderão indicadores de morbidade, ambientais e sócio-econômicos dos anos de 2010 a 2025. O nível mínimo de agregação a ser usado no presente estudo é o município. Os bancos de dados serão coletados a partir de sistemas de informação relacionados à saúde pública e ambiental. A partir dos resultados da presente pesquisa, espera-se fortalecer os sistemas de vigilância, por meio do fornecimento de ferramentas para detecção precoce de epidemias por arboviroses urbanas, bem como sistemas de monitoramento de surtos e epidemias de outras enfermidade, e assim, a partir da pesquisa baseada no conceito de saúde única e na multidiciplinariedade, espera-se que seja possível melhorar a efetividade da prevenção primária e secundária de das arboviroses no país.

Objetivo Geral

Realizar a análise epidemiológica de dados gerados na rotina de vigilância e controle de enfermidades nas diferentes regiões brasileiras, a partir dos dados reais sobre a distribuição das enfermidades e de seus determinantes disponibilizados nos sistemas de informação no país.

Justificativa

Dentre os componentes causais das epidemias por arboviroses no Brasil, destacam-se aqueles relacionados à saúde ambiental e socioeconômica. Assim, é papel da ciência tentar compreender quais desses componentes causais apresenta uma maior força de efeito sobre o desfecho em questão, como forma de apresentar resultados aplicáveis a prática de controle das enfermidades. A dificuldade reside no fato de que esses determinantes são extremamente complexos e variáveis entre regiões em países como o Brasil, que são comumente marcados pela desigualdade social. Assim, nesse contexto, as metodologias de pesquisa baseadas na modelagem dos dados reais e que consideram a multidisciplinaridade e integralidade da eco-epidemiologia das enfermidades, como no presente estudo, baseadas nos preceitos da saúde única são de grande importância, pois contribuem para o esclarecimento dessa complexas relações e, assim, no entendimento do porque as epidemias pelas diferentes arboviroses ocorrem em alguns municípios em detrimento de outros.
Ou seja, no Brasil, país de dimensões continentais, diferenças socioeconômicas, ambientais e climáticas entre diferentes regiões produzem causas-suficientes para a ocorrência de epidemias pelas arboviroses de maneira diferenciada. Em outras palavras, o risco de ocorrência das epidemias nas populações de diferentes regiões, estados de uma mesma região ou mesmo municípios de um mesmo estado, não é o mesmo. Assim, estudar as epidemias que já ocorreram, por meio de técnicas de modelagem e usar as informações obtidas para prever esse risco é importante para auxiliar na capacidade dos sistemas de vigilância em saúde em prevenir a ocorrência das epidemias, mitigando assim os custos sociais, ambientais e econômicos ao sistema único de saúde brasileiro causados pelas epidemias por arboviroses urbanas no Brasil.
Projetos que promovem a modelagem das doenças infecciosas com objetivo de extrair informações para a tomada de decisão com base em um grau de certeza estipulado são relevantes para os órgãos de vigilância, para promoção de prevenção das doenças diretamente estudadas, mas também para outras de interesse, uma vez que as mesmas metodologias podem ser replicadas a outros agravos ou localidades.

Metodologia

Neste estudo serão caracterizadas as epidemias por arboviroses urbanas ocorridas no Brasil entre 2010 e 2025 de forma regionalizada e estudados seus determinantes socioeconômicos e ambientais, informações que serão usados para prever novas epidemias e assim classificar diferentes áreas do país em relação ao risco.


Área de estudo
O Brasil possui uma área de aproximadamente 8.515.295, 914 km2 , estando localizado entre as longitudes -75º e -35º e as latitudes +5º e -30º. Possui população estimada em 210.147.125 pessoal, o que representa uma densidade de 22,43 habitantes/km2, residentes em 5.570 municípios, além do Distrito Federal, que estão espalhados em 5 regiões políticas: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul (IBGE, 2019a). Dessas, a maior em extensão é a Região Norte, com 3.869.637,9 km2, o que equivale a 45,2% do território brasileiro; e a menor é a Região Sul, com 575.316,0 km2, correspondendo a 6,8% do território nacional (IBGE, 2019).
No país, existem diferentes biomas, denominados Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado, Pantanal e Pampa, com os climas quente, subquente, mesotérmico brando e mesotérmico mediano (IBGE, 2019b). Essas características climáticas e ambientais variadas são relevantes num estudo sobre as arboviroses, pois geram diferenças regionais significativas na ocorrência do vetor A. aegypti. Assim, justifica-se estudar as arboviroses de forma regionalizada, a fim de identificar relações e riscos de epidemias de maneira diferenciada e, assim, estabelecer métodos de controle e prevenção de forma mais eficiente.

Coleta de dados
As análises dos bancos de dados serão realizadas em computadores da UFPel, sob guarda dos pesquisadores, de forma a manter sigilo e em segurança as informações. De forma nenhuma serão divulgadas informações individualizadas ou pessoais.
Serão coletados indicadores sobre os anos de 2010 a 2021. O nível mínimo de agregação a ser usado no presente estudo é o município. Os bancos de dados serão coletados a partir de sistemas de informação relacionados à saúde pública e ambiental, descritos a seguir.

Morbidade das arboviroses
Dengue, chikungunya e zika são doenças de notificação compulsória. e estão presentes na Lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública, unificada pela Portaria nº 1061 de 18 de maio de 2020, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2020). Assim, serão utilizados dados sobre a ocorrência dessas enfermidades gerados na rotina dos sistemas de vigilância e controle das arboviroses urbanas no Brasil.
Por serem doenças de notificação compulsória, sua suspeita ou ocorrência gera preenchimento da ficha de notificação pelo profissional responsável na secretaria municipal ou estadual de saúde. Nessa ficha constam informações sobre a ocorrência da enfermidade em questão, além de gênero, escolaridade, idade, ocorrência e data do óbito, data dos primeiros sintomas, local provável de infecção, sorotipo circulante, diagnóstico utilizado e sinais clínicos. Após o preenchimento, essas informações são digitalizadas e passadas para o sistema de informação de agravos de notificação (SINAN), que será, por sua vez, utilizado para a construção dos bancos de dados a serem utilizados na presente pesquisa. Para isso, serão contatadas e estabelecidas parcerias entre a UFPel e as secretarias estaduais de saúde (SES) dos diferentes estados brasileiros, para obtenção e utilização desses bancos de dados exclusivamente no âmbito da presente pesquisa.

Indicadores ambientais e socioeconômicos
Serão utilizados dados históricos de temperatura mínima, máxima e média, umidade e precipitação a partir dos dados gerados nas estações meteorológicas convencionais no Brasil, pertencentes ao Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) (INMET, 2020). Será coletada a série temporal para cada variável considerando a disponibilidade dos dados da estação medidora em análise.
Para a coleta de dados socioeconômicos, serão utilizados indicadores a partir de sistemas de informação de livre acesso no país, como o Índice Socioeconômico do Contexto Geográfico para Estudos em Saúde (GeoSES), na sua abrangência geoSES-BR, que resume as principais dimensões socioeconômicas para fins de pesquisa, avaliação e monitoramento das desigualdades em saúde no Brasil em nível municipal (BRASIL, 2020) e por meio do sistema nacional de informações sobre saneamento (SNIS),que disponibiliza bancos de dados sobre a prestação dos serviços de água e esgoto, manejo de resíduos sólidos e urbanos e drenagem e manejo de águas pluviais urbanas (Brasil, 2020b).
Já informações ambientais, sociodemográficas e econômicas, como o índice de desenvolvimento humano, características étnico raciais da população, economia da saúde, densidade demográfica e indicadores de desenvolvimento sustentável serão obtidas no instituto brasileiro de geografia e estatística (IBGE) (IBGE, 2020).

Indicadores, Metas e Resultados

Nossa expectativa é de que possamos desenvolver metodologias para análise epidemiológica e previsão de epidemias que possam ser alimentados com os dados de rotina gerados pelos setores públicos de vigilância no país, de forma a refletir a realidade de cada região, considerando suas particularidades.
Alem disso, a partir do presente projeto, pretende-se capacitar profissionalmente discentes de graduação e pós-graduação, envolvidos nas áreas de epidemiologia e saúde pública, matemática aplicada e ciência da computação, por meio da orientação de discentes de doutorado, mestrado e iniciação científica. A divulgação dos resultados se dará por meio da publicação de artigos em periódicos científicos internacionais.
Alem disso, espera-se fortalecer as linhas de pesquisa do grupo de epidemiologia, saúde e ambiente presente no extremo sul do Brasil e, principalmente, a parceria desse com outros órgãos públicos e de pesquisa do país, como forma de aplicar a saúde única a realidade e aos problemas enfrentados na rotina da vigilância em saúde. Dessa forma, irão participar da execução dessa proposta profissionais vinculados a diferentes instituições, como a UFPEL, UFMG, OSUBH, UFLA e Prefeitura municipal de Belo Horizonte, alem de outras parcerias a serem buscadas com órgãos públicos de vigilância estaduais do Brasil.
Assim, reforça-se que esperamos conseguir, com a presente proposta:
- Fortalecer os sistemas de vigilância, por meio do fornecimento de ferramentas para detecção precoce de epidemias por arboviroses urbanas, bem como sistemas de monitoramento de surtos e epidemias de outras enfermidades
- Diagnosticar no espaço-tempo as epidemias pelas arboviroses que já ocorreram no país em diferentes regiões entre 2010 e 2021, e caracterizá-las por meio do cálculo do R0 regionalizado.
- Elucidar os determinantes causais das arboviroses no país, de forma a auxiliar na compreensão da complexa eco-epidemiolgia dessas enfermidades, no intuito de melhor entender porque algumas epidemias ocorrem em determinados municípios e em outros não.
- A partir do estabelecimento de parcerias entre centros de pesquisa, como as universidades, e o poder público, executor dos programas de controle das enfermidades, a partir dos preceitos da saúde única, espera-se que seja possível melhorar a efetividade da prevenção primária e secundária de doenças transmitidas por vetores, como as arboviroses.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
BIANCA CONRAD BÖHM
FABIO RAPHAEL PASCOTI BRUHN38
JULIANA GRACIELA VESTENA ZILLMER2
RAVENA DOS SANTOS HAGE
SUELLEN CAROLINE MATOS SILVA

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