Nome do Projeto
Saúde mental de discentes, docentes e técnicos-administrativos da Universidade Federal de Pelotas na pandemia de COVID-19
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
20/05/2021 - 20/05/2023
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
A pandemia provocada pelo COVID-19 atingiu quase 5 milhões de pessoas no mundo. Após dois meses de ser declarada pandemia, mais de 310 mil pessoas morreram por causa do COVID-19. O Brasil, atualmente (maio 2020), é o quarto país em mortes atribuída ao vírus, estando atrás apenas de EUA, Rússia Reino Unido. Para o enfrentamento da A pandemia de COVID-19, sem a disponibilidade de vacina e tratamento eficaz, ações não farmacológicas como as medidas de distanciamento social são as principais possibilidades. As repercussões da pandemia e de suas medidas de enfrentamento têem sido associadas com diversos problemas psicológicos e psiquiátricos, como ansiedade, depressão e estresse. A população universitária, por estar em fase de transição e muitas vezes em uma situação de vulnerabilidade social e emocional, pode sofrer um aumentado impacto do COVID-19 em sua saúde mental. Sendo assim, o objetivo deste estudo será de avaliar o impacto do COVID-19 na saúde mental da comunidade da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e verificar se se estes impactos serão minimizados com a oferta de atividades virtuais propostas pela Universidade. Este estudo longitudinal será realizado com todos os discentes (graduação e pós-graduação), docentes e técnicos-administrativos da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Consistirá na aplicação de um questionário online enviado na Plataforma Cobalto em três momentos de tempo: antes do início e durante as atividades virtuais propostas pela UFPel durante a pandemia, e após o surto da pandemia do COVID-19 ter sido oficialmente declarado controlado no Rio Grande do Sul, Brasil. O questionário será composto por questões relacionadas ao impacto do isolamento distanciamento social no participante, incluindo atividades diárias e hábitos em saúde, por escalas que avaliem a saúde mental, questões sobre uso atual e/ou passado de serviços de saúde mental e psicofármacos, e questões sobre adição às redes sociais durante a pandemia do COVID-19. Os dados coletados pelo questionário online serão tabulados em uma planilha eletrônica do programa Microsoft Excel® 2016 e analisados utilizando o software Stata, versão 15.0 (StataCorp, College Station, TX, EUA). Será realizada a análise descritiva dos dados calculando-se as frequências absolutas e relativas de cada variável investigada. Os resultados poderão contribuir em nível local para tomadas de decisão que possam beneficiar a comunidade universitária, bem como para produção científica sobre as consequências diretas e indiretas da pandemia COVID-19.

Objetivo Geral

O objetivo deste estudo será de avaliar o impacto do COVID-19 na saúde mental da comunidade da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e verificar se se estes impactos são minimizados com a oferta de atividades virtuais propostas pela Universidade.

Justificativa

Em março de 2020, a Organização Mundial de Saúde declarou o surto do COVID-19 como uma pandemia após 118 mil casos e 4.291 mortes reportadas em 114 países (WHO, 2020). Dia 17 de maio, os dados indicavam mais de 5 milhões de casos confirmados e mais de 310,000 mortes por COVID-19 no mundo. Em relação ao Brasil, na mesma data, o país é o quarto país em mortes atribuída ao vírus, estando atrás apenas de EUA, Rússia e Reino Unido (CSSE, 2020). Os números estão crescendo diariamente, com mais de 800 mortes registradas por dia no Brasil.
Durante uma situação extrema como uma pandemia, o foco e esforços de profissionais da saúde, cientistas e governantes naturalmente se voltam para o risco biológico da doença, buscando compreender os mecanismos patofisiológicos e propondo medidas de prevenção, contenção e tratamento da doença. Muito se discute sobre potenciais medicamentos e o desenvolvimento de uma vacina para COVID-19. Neste contexto, o efeito secundário, porém também altamente relevante, na saúde mental tanto individual quanto coletiva tende a ser subestimado e negligenciado (ORNELL et al., 2020).
O vírus SARS-CoV-2, responsável pelo COVID-19, é altamente infeccioso em humanos e possui uma taxa de letalidade preocupante. No Brasil, a letalidade indicada é de quase 7% (OKE & HENEGHAN, 2020), significando que, a cada 100 casos da doença, 7 vão a óbito. Acredita-se, entretanto, que o número de casos, que representa o denominador do cálculo da taxa de letalidade, esteja bastante subestimado, gerando assim uma taxa de letalidade acima da estimativa real. O SARS-CoV-2 é um vírus relativamente novo, e ainda há muito a ser estudado sobre sua ancestralidade evolutiva, diagnóstico do COVID-19 e seu tratamento. O vírus e a doença relacionada têem despertado um pânico generalizado e ansiedade, por suas características ainda bastante desconhecidas (BANERJEE, 2020), acrescidos da conhecida altíssima transmissibilidade do vírus e da recomendação de isolamento social.
De fato, a pandemia de COVID-19 tem sido associada com ansiedade, depressão, estresse, distúrbios do sono e suicídio (SHER, 2020). Em uma pandemia, o medo aumenta os níveis de ansiedade e estresse em indivíduos saudáveis e intensifica os sintomas daqueles com distúrbios psiquiátricos pré-existentes (SHIGEMURA et al., 2020). Além do medo concreto da doença, a pandemia de COVID-19 afeta diversos aspectos da vida dos indivíduos, como a organização familiar, mudanças na rotina, com o fechamento de escolas, universidades e comércio, e a recomendação de isolamento social, com possíveis sentimentos de abandono e solidão. Há, ainda, insegurança e medo em relação as implicações socioeconômicas da pandemia (ORNELL et al., 2020). O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, chama atenção para os impactos da pandemia na saúde mental dos indivíduos, não somente durante o curso do problema, mas também quando já estiver sob controle. Como salientado pelo secretário-geral, mesmo após a pandemia, luto, ansiedade e depressão relacionados ao COVID-19 continuarão afetando as pessoas e comunidades (UNITED NATIONS, 2020).
A população universitária é caracterizada como especialmente vulnerável aos efeitos da pandemia na saúde mental. A população de eEstudantes universitários constituem é uma população em fase de transição, entrando na vida adulta e experienciando mudanças econômicas e sociais. Além disso, com a implementação de um exame nacional único como principal meio de entrada nas instituições federais (Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM), uma grande parcela dos estudantes universitários viaja para longe de suas cidades natais a fim de frequentar uma instituição de ensino federal. A adaptação em uma nova cidade, muitas vezes com restrito suporte social, pode aumentar a vulnerabilidade emocional destes estudantes. De fato, a ONU identifica adolescentes e jovens como populações especialmente em risco, e identifica que as principais fontes de angústia incluem preocupações com a saúde da família, fechamento de escolas e universidades, perda de rotina e perda de conexão social (UNITED NATIONS, 2020 ). Pesquisa recente, com alunos ingressantes da UFPel, mostrou que 32% destes universitários, apresentam ao menos um episódio depressivo maior, sendo mais frequente em mulheres, aqueles que já tinham histórico de depressão na família, naqueles que pertenciam a minorias sexuais ou que viviam com seus amigos e colegas. Também o curso que os estudantes frequentavam influenciaram a ocorrencia de distúrbios depressivos e um desempenho academico negativo, o abuso de álcool e drogas ilícitas forma associados com maior prevalência de distúrbios mentais .
Os servidores de Universidades Públicas têem sido alvo de estudos em relação a sua saúde mental . Estes profissionais apresentam estabilidade no emprego e em geral apresentam uma média salarial superior aos que executam a mesma função no setor privado. Geralmente, desenvolvem seu trabalho de forma presencial. Porém, com a COVID-19, a quase totalidade destes servidores esta realizando as atividades de forma remota (home-office), podendo esta situação gerar estresse e desordens mentais.
Considerando os potenciais impactos do COVID-19 na saúde mental da população em geral e a aumentada vulnerabilidade da população universitária, é importante que se monitore o impacto da pandemia neste grupo, a fim de planejar ações institucionais de suporte psicológico e psiquiátrico a estes indivíduos. Portanto, o objetivo deste estudo será de avaliar o impacto do COVID-19 na saúde mental da comunidade da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e verificar se se estes impactos são minimizados com a oferta de atividades virtuais propostas pela Universidade.

Metodologia

Este estudo de delineamento longitudinal será realizado com todos os discentes (graduação e pós-graduação), docentes e técnicos-administrativos da UFPel.
Todos os participantes possuem vínculo com a UFPel e, portanto, devem estar cadastrados na Plataforma Cobalto serão incluídos. Em relação à coleta de dados, este estudo consistirá na aplicação de um questionário on-line enviado na Plataforma Cobalto em três momentos de tempo. O primeiro momento será 1 semana antes do início das atividades virtuais propostas pela UFPel durante a pandemia. O segundo momento será 10 semanas após a aplicação do primeiro questionário durante as atividades virtuais. E, o terceiro momento será 1 ano após o surto da pandemia do COVID-19 ter sido oficialmente declarado controlado no Rio Grande do Sul, Brasil.
A fim de garantir o sigilo do participante, o questionário será identificado pelo número de matrícula. Este questionário será composto por questões relacionadas ao impacto do isolamento social no participante, incluindo atividades diárias e hábitos em saúde, por escalas que avaliem a saúde mental (incluindo estresse, ansiedade, depressão), questões sobre uso atual e/ou passado de serviços de saúde mental e psicofármacos, e questões sobre adição às redes sociais.
O participante receberá uma mensagem via Cobalto apresentando a pesquisa e com o link de acesso ao questionário. Ao acessar o link, o participante será direcionado à primeira página contendo um Termo de Informações da pesquisa e o Termo de Consentimento (Apêndice A). Caso aceite participar, será encaminhado às questões da pesquisa. Informações demográficas e socioeconômicas serão coletadas via plataforma Cobalto pelo número de matrícula do participante, sem acesso ao nome completo desse .
Antes da aplicação do questionário, este haverá um estudo piloto será testado em 20 indivíduos que não compõem a amostra, em um estudo piloto a fim de identificar possíveis equívocos e estimar o tempo de aplicação. Os dados coletados pelo questionário online serão tabulados em uma planilha eletrônica do programa Microsoft Excel® 2016 e analisados utilizando o software Stata, versão 15.0 (StataCorp, College Station, TX, EUA). Será realizada a análise descritiva dos dados calculando-se as frequências absolutas e relativas de cada variável investigada.
Em relação aos aspectos éticos, o protocolo deste estudo foi elaborado de acordo com as Diretrizes e Normas Regulamentares de Pesquisas envolvendo seres humanos (Resolução do Conselho Nacional de Saúde n° 466, 12 de dezembro de 2012). Será enviado para o Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas para a sua avaliação.
Os indivíduos serão previamente elucidados quanto ao estudo a ser desenvolvido através da leitura de uma Carta de Informação e aqueles que concordarem em participar, após o aceite do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, serão incluídos. Os que não aceitarem fazer parte da pesquisa não terão qualquer prejuízo relacionado à UFPel. Em caso de sinalização via testes psicológicos aplicados da necessidade de atendimento clínico, os participantes serão orientados a procurar assistência psicológica de sua Unidade Básica de Saúde, ou particular, conforme a sua preferência .
Todos os participantes do estudo receberão orientações sobre a busca de serviços de saúde mental, caso considerem necessário. Será oferecida uma lista dos serviços públicos de saúde mental do município de Pelotas, bem como de atendimento â distância gratuito. Também serão encaminhados para atendimento psicológico Psicológico da PRAE (Pró-Reitoria de Assistência Estudantil) da UFPel aqueles estudantes com sintomas que indiquem risco para depressão, ansiedade, trauma e uso de substâncias.
Além disso, aqueles que responderam qualquer frequência de pensamentos suicidas na pergunta “Quantos dias o(a) você pensou em se ferir de alguma maneira ou que seria melhor estar morto(a)?” receberão um alerta no questionário para que busquem auxílio imediato por telefone diretamente com o Centro de Valorização da Vida (CVV - telefone 188; ligação gratuita, 24 horas, 7 dias por semana, em todo território nacional).
O currículo do Coordenador deste estudo, Dr. Flávio Fernando Demarco está disponível no site da Plataforma Lattes no endereço http://lattes.cnpq.br/5439768560638141. Os pesquisadores se comprometem a manter sigilo quanto aos dados dos participantes e manterem total confidencialidade quando da publicação.

Indicadores, Metas e Resultados

Com este estudo, espera-se demonstrar o impacto negativo que a pandemia provocada pelo COVID-19 causa na saúde mental da comunidade da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e o quanto a oferta de atividades virtuais realizadas pela Universidade podem provocar um efeito positivo na saúde mental dos participantes. Os resultados do baseline irão ajudar na elaboração de ações imediatas para a assistência da comunidade da UFPel.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
FLAVIO FERNANDO DEMARCO1
HELENA SILVEIRA SCHUCH
INÁCIO CROCHEMORE MOHNSAM DA SILVA1
MARIANA GONZALEZ CADEMARTORI1
MATEUS LUZ LEVANDOWSKI1
PEDRO RODRIGUES CURI HALLAL
RAFAELA COSTA MARTINS
TIAGO NEUENFELD MUNHOZ1
VALESCA DORO DIAS

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