O problema que mobiliza a pesquisa é conhecer as tendências teórico- metodológicas, dimensões do ensino e da docência e orientações curriculares privilegiadas em trabalhos da área das Ciências Humanas para os anos iniciais da escolarização presentes em periódicos científicos de referência. Sua necessidade reside na premência de ampliar a base de dados e adensar as compreensões sobre o tema. O campo de estudos no qual se insere a proposta de investigação, as Ciências Humanas nos anos iniciais da escolarização, tem como contexto e preocupação a formação e a atuação dos profissionais da área. Nos Cursos de Pedagogia no Brasil a formação é generalista (PIMENTA et al, 2017) bem como sua atuação, tendo em vista que o docente tem como função alfabetizar nas diversas áreas do conhecimento presentes no currículo escolar, na qual se encontram a História e a Geografia. As demandas de formação, considerando a amplitude da atuação que abarca diferentes áreas do currículo escolar, não possibilitam o aprofundamento necessário para cada uma delas.
Nesse contexto, Líbâneo (2010) ao analisar currículos de cursos de Pedagogia, questiona sua efetividade na formação inicial de professores. Constata que possuem uma carga horária para os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento insuficiente para a complexidade do ensino e da aprendizagem das especificidades, porém, aquela possível dada a estrutura curricular prevista nas exigências legais.
No que se refere aos demais cursos de licenciatura, voltam-se para a formação de docentes para os anos finais do ensino fundamental e ensino médio com investimento no conhecimento das áreas específicas. Assim, os estudos de História, Geografia e demais campos presentes na estrutura curricular não estão voltados para os anos iniciais e, consequentemente, a primeira fase do processo de escolarização não possui a densidade de estudos necessária na formação inicial de professores de modo geral.
Os professores pesquisadores que dedicam seus estudos na área, já a algum tempo vêm denunciando a persistência de práticas pedagógicas de memorização e do uso das datas comemorativas como conteúdo para os anos iniciais (LUDWIG & MARTINS, 2019; HICKMANN, 2002; BERGAMASCHI, 2002; CASTROGIOVANNI, 2000; CALLAI & CALLAI, 1999).
Propõem modos de estruturação dos currículos que oportunizem perspectivas mais integradoras de compreensão das dinâmicas das relações sociais, porém, há uma persistente continuidade de modos de ensinar nas escolas dissociados do espaço, do tempo e da cultura na qual os estudantes estão inseridos.
Há trabalhos importantes por dentro de grupos de pesquisa e por iniciativa de estudiosos que aprofundam reflexões sobre os anos iniciais, porém, com uma expressividade quantitativa ainda pequena considerando a importância e os desafios presentes na formação inicial e na prática docente do início da escolarização. Nesse sentido, fazer um estudo do tipo estado do conhecimento visa dar visibilidade para a situação e pontuar diferentes perspectivas, identificar ênfases, aproximações e/ou contradições e possíveis lacunas e enviesamentos.
São poucos os trabalhos sobre o tema publicados em eventos científicos - conforme pesquisa realizada pela coordenadora em estudos de pós doutoramento - mesmo tratando-se de área consolidada no âmbito acadêmico e em período de estímulo para divulgação, tendo em vista as lógicas de avaliação da pós-graduação. Do mesmo modo, parecem ser reduzidos os trabalhos referentes à estudos publicados em periódicos de referência e o projeto em tela visa conhecê-los de modo sistematizado na última década.