Nome do Projeto
Impacto da pandemia de COVID-19 na rotina de trabalho de Odontopediatras e Ortodontistas que atendem crianças e adolescentes no Brasil
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
20/09/2021 - 20/09/2023
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
Conhecer o impacto que a pandemia do coronavírus COVID-19 vem causando na rotina de profissionais dentistas que atendem crianças e adolescentes poderá ajudar a detectar soluções com o objetivo de minimizar as consequências decorrentes desse período. O objetivo deste estudo será investigar o impacto da pandemia na rotina de atendimentos de Odontopediatras e/ou Ortodontistas brasileiros que atendem crianças e adolescentes na sua rotina de trabalho. Este estudo observacional transversal coletará informações de cirurgiões-dentistas com pós-graduação em Odontopediatria e/ou Ortodontia/Ortopedia Funcional dos Maxilares que atendem crianças e adolescentes. A amostra será por conveniência. Os dentistas serão convidados para responder um questionário online através dos seus e-mails e redes sociais. Na primeira página do questionário será disponibilizado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), onde o profissional será convidado a responder às perguntas de forma voluntária e será informado dos objetivos, riscos e benefícios do estudo. Os critérios de exclusão serão: profissionais que não atendam crianças e adolescentes na sua rotina de trabalho e tenham atividade clínica desenvolvida inteiramente como docente de instituição de ensino. O questionário final será hospedado na plataforma SurveyMonkeys e compreenderá 30 perguntas que serão divididas em 4 seções: perfil profissional do participante; prática profissional dos participantes durante a pandemia; comportamento das crianças e adolescentes e o manejo comportamental no atendimento odontológico durante a pandemia; relacionadas ao COVID-19 e pandemia. A análise dos dados será feita pelo programa Stata 16.0. Será realizada uma análise descritiva com apresentação das frequências relativa e absoluta das variáveis de interesse.

Objetivo Geral

O objetivo desse estudo será analisar o impacto da pandemia COVID-19 na rotina de atendimentos de Odontopediatras e/ou Ortodontistas/Ortopedistas brasileiros que atendem crianças e adolescentes.

Justificativa

A COVID-19, causada pelo SARS-CoV-2, teve seus primeiros registros na China no final do ano de 2019, espalhando-se rapidamente por todo o mundo, sendo caracterizada, em 11 de março de 2020, pela Organização Mundial de Saúde, como uma pandemia (1). Quando foi escrito este projeto, já haviam sido confirmados mais de 183 milhões de casos de infecção e mais de 3,9 milhões mortes em todo o mundo. Na mesma data, o Brasil confirmava mais de 18 milhões casos e mais de 512 mil mortes (2).
O SARS-CoV é um vírus altamente transmissível, que se propaga através de gotículas respiratórias e aerossóis de indivíduos infectados, podendo também ser transmitido, em menores dimensões, através do contato com superfícies contaminadas previamente (3,4).
Ainda que não tenha sido descoberto um tratamento específico para bloquear a replicação desse vírus, já dispomos de vacinas que controlam efetivamente esta doença. Em 18 de fevereiro de 2021, as imunizações começaram a ser distribuídas mundialmente, priorizando as pessoas mais expostas e as mais vulneráveis (5). Tendo em vista que o acesso equitativo às vacinas é fundamental para controlar a pandemia, o desafio atual do Brasil é a disponibilização de doses para imunizar toda a população, visto que a demanda é significativamente maior que a oferta de vacina no país.
Em ambientes odontológicos, fluidos orais do pacientes, procedimentos dentários que liberam aerossóis e superfícies contaminadas são uma forma potencial de espalhar o vírus durante o atendimento (3). Ademais, os dentistas têm contato próximo com os pacientes que tratam e os mesmos não utilizam máscara de proteção durante a realização dos procedimentos. Diante disto, desde o início da pandemia, cirurgiões-dentistas, com o objetivo de manterem a segurança dos seus atendimentos para sua equipe e pacientes, adotaram novas atitudes e medidas para controle e prevenção do COVID-19 (6,7). Já há evidência de que a pandemia tenha exigido mudanças na infraestrutura do ambiente de trabalho de dentistas, e provocado alto impacto nas suas rotinas clínicas e aumento nos custos financeiros, visto a necessidade de adoção de novas medidas clínicas nesse período e o aumento dos preços dos equipamentos de proteção individual (8).
Além disso, estudos têm demonstrado que níveis de medo, estresse, ansiedade e depressão têm aumentado constantemente entre os dentistas durante a pandemia (9,10). Ahmed e colaboradores (2020) observaram, em um estudo com dentistas de mais de 30 países, um alto relato de medo de se infectar com COVID-19 no ambiente de trabalho (11). Porém, essa pesquisa foi conduzido no início da pandemia, quando ainda não tinham vacinas e nem tratamento aprovados. Com a aprovação da vacina no Brasil, tendo em vista que os cirurgiões-dentistas são considerados grupo prioritário da Campanha Nacional de Vacinação contra o Covid-19 (12), é possível que a maioria já tenha recebido a imunização.
Medidas restritivas foram implementadas em todo o mundo com a finalidade de reduzir a propagação desse vírus com um impacto significativo na dinâmica familiar, resultando em mudanças de hábitos e rotina. Devido as suspensões das aulas presenciais no país e necessidade de isolamento social, crianças e adolescentes começaram a permanecer por um tempo maior em casa. Atividades de lazer em ambiente externo e o convívio físico com outras crianças e adolescentes também ficaram limitadas. Os efeitos negativos destas medidas para as crianças passaram a ser relatadas por alguns estudos mostrando impactos na saúde emocional e no bem-estar destes indivíduos (13–15). Em um estudo argentino, os pais perceberam que seus filhos estavam mais entediados, mais irritados e relutantes (16). O impacto da pandemia na saúde mental e no comportamento das crianças e adolescentes ainda permanece sendo estudado, o quanto isso pode interferir na dinâmica de consultas odontológicas ainda não foi explorado.
Sabe-se que devido ao fato de permanecer mais tempo em casa e com mais tempo de acesso à comida, a frequência de ingestão de alimentos ricos em carboidratos tem aumentando (14,17). Ademais, a falta de rotina, pode levar a uma redução da frequência de escovação (14), e isto pode impactar em um aumento de lesões cariosas no período da pandemia, somado a uma demanda reprimida por atendimentos odontológicos, os quais também foram reduzidos ou limitados durante a pandemia (8). Além disso, um estudo realizado com adultos mostrou que a pandemia resultou na intensificação de sintomas de bruxismo (18). Em virtude destes achados com adultos e somado aos efeitos adversos psicoemocionais mencionados é possível que isso também se reflita nos pacientes infantis, porém não foram encontrados estudos sobre este tema.
As técnicas de manejo comportamental são empregadas por dentistas que atendem crianças e adolescentes rotineiramente e visam aliviar a ansiedade/medo e proporcionar uma experiência de atendimento positiva (19). Diversas técnicas são empregadas, porém, em virtude da pandemia, a frequência e o uso dessas técnicas podem ter sofrido modificações. Como por exemplo, o uso de imagens positivas pré-visita que é uma técnica em que os pacientes recebem vídeos/fotos/livros para serem visualizados antes da sua consulta para que assim possam saber o que esperar durante a sua visita odontológica. Como o profissional durante a pandemia, já precisa receber o paciente paramentado, é possível que essa técnica tenha começado a ser mais adotada, já que permite que a criança conheça o dentista sem o uso dos equipamentos de proteção individual. Por outro lado, outras técnicas como a comunicação não verbal, através do abraço, tiveram de ser alteradas, para que atendessem as medidas de proteção impostas pela pandemia (20).
Somado a isso, os consultórios odontológicos pediátricos que costumavam ter muitas atrações que são específicas para crianças, criando um ambiente lúdico, passaram a ter restrições devido as novas medidas de biossegurança. Com o propósito de evitar a contaminação cruzada do vírus, a redução ou remoção do uso de brinquedos na sala de espera e durante os atendimentos, foi uma medida adotada por muitos profissionais (20).

Metodologia

Este estudo observacional, do tipo transversal, será submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da UFPel. O questionário deverá ser respondido por cirurgiões-dentistas com pós-graduação em Odontopediatria e/ou Ortodontia/Ortopedia funcional dos maxilares. Profissionais que não atendam crianças e adolescentes na sua rotina de trabalho e tenham atividade clínica desenvolvida inteiramente como docente de instituição de ensino não poderão responder o questionário.
O projeto foi submetido para apreciação do Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Pelotas sendo aprovado sob o parecer número 4.913.636. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) será disponibilizado aos profissionais no questionário previamente as perguntas. Nele será informado aos dentistas os objetivos, riscos, benefícios e que a sua participação é voluntária. Ademais, constará que o profissional poderá desistir de participar da pesquisa a qualquer momento e que as informações fornecidas por ele terão sua privacidade garantida. Caso deseje, o TCLE será enviado ao e-mail do participante que concordar em fornecer essa informação. Os riscos da pesquisa são mínimos, podendo estar relacionados ao desconforto ou constrangimento dos profissionais de responderem determinadas perguntas. No entanto, os mesmos terão a opção “prefiro não responder” nesses casos. Com relação ao risco da quebra de sigilo dos participantes, será assegurado que o banco de dados não possua a identificação dos mesmos e apenas um dos pesquisadores tenha acesso às identificações. O estudo poderá trazer benefícios ao detectar soluções com o objetivo de minimizar os impactos causados pela pandemia COVID-19 no atendimento odontológico de Odontopediatras e/ou Ortodontias.
Do recrutamento dos participantes e amostra: Existem, aproximadamente, registrados no Conselho Federal de Odontologia 40.000 cirurgiões-dentistas com registro de especialidade em Odontopediatria e/ou Ortodontia/Ortopedia Funcional dos Maxilares. Os cirurgiões-dentistas com estas especialidades serão convidados para responder o questionário através dos seus e-mails compreendendo uma amostra de conveniência e o cálculo do poder será calculado posteriormente para cada objetivo específico. Considerando a população-alvo estimada de 40.000 profissionais, estima-se que 1.480 respostas seriam necessárias para garantir um intervalo de confiança de 95% e 2% de margem de erro. Para isso será solicitado para conselhos e associações regionais e brasileiras de Odontopediatria e Ortodontia/Ortopedia que enviem e-mail aos dentistas registrados. Também será gerado um link do questionário que será disponibilizado em um perfil do Instagram criado especificamente para a pesquisa. Ao final do questionário, os profissionais que participarem da pesquisa poderão indicar outros colegas para responderem o questionário. Não será possível calcular o número total de dentistas com especialidade em Odontopediatria e/ou Ortodontia/Ortopedia Funcional dos Maxilares que receberão o convite para responder ao questionário, assim, não será viável estimar precisamente taxas de resposta, perda ou recusa. Entretanto, poderá ser estimado o total de respostas frente ao total de dentistas cadastrados no CFO mencionados anteriormente.
O questionário final será hospedado na plataforma SurveyMonkeys e compreenderá 30 perguntas que serão divididas em seções:
• Seção 1 : Serão realizadas 8 perguntas relacionadas ao perfil profissional dos participantes e características sociodemográficas- pós-graduação, faixa etária dos pacientes atendidos, sexo, idade, tipo de serviço que atua, UF do país que atua, tempo de formado;
• Seção 2: Serão realizadas 14 perguntas relacionadas a prática profissional dos participantes durante a pandemia de COVID-19- impacto na rotina de atendimentos, alterações realizadas no ambiente de trabalho, realização de teleodontologia, avaliação do risco de contaminação dos procedimentos, impacto financeiro, ocorrência de bruxismo e hábitos deletérios, utilização dos EPIS.
• Seção 3: Serão realizadas 4 perguntas relacionadas ao comportamento das crianças e adolescentes e ao manejo comportamental no atendimento odontológico durante a pandemia- mudanças comportamentais, técnicas de manejo de comportamento empregadas.
• Seção 4: Serão realizadas 4 perguntas relacionadas ao COVID-19 e pandemia- suspeita ou confirmação diagnóstica, realização de vacina, escala de medo da COVID-19 e rastreio de depressão.
A análise dos dados será feita pelo programa Stata 16.0. Será realizada uma análise descritiva com apresentação das frequências relativa e absoluta das variáveis de interesse.

Indicadores, Metas e Resultados

Metas:
• Analisar a percepção dos Odontopediatras e Ortodontistas quanto ao impacto da pandemia de COVID-19 no comportamento do paciente infantil e seu gerenciamento nos atendimentos;
• Investigar a percepção dos Odontopediatras e Ortodontistas quanto ao impacto financeiro da pandemia de COVID-19;
• Relacionar o medo da COVID-19 e a imunização com os impactos na rotina de atendimentos;
• Comparar os impactos sofridos no ano de 2020 com o ano de 2021 em relação à rotina de atendimentos na pandemia de COVID-19;
• Avaliar o uso de protocolos de biossegurança nos atendimentos durante a pandemia de COVID-19;
Investigar o impacto da pandemia na busca e execução dos tratamentos ortodônticos;
• Investigar quais sinais e sintomas relacionados ao bruxismo estão sendo mais relatados no período da pandemia de COVID-19 em crianças e adolescentes a partir do relato de Ortodontistas e Odontopediatras;
• Investigar se houve aumento do relato ou surgimento de hábitos deletérios no período da pandemia de COVID-19 em crianças e adolescentes a partir do relato de Ortodontistas e Odontopediatras.

Dos resultados e indicadores: Os resultados serão divulgados via relatório, bem como dissertações que serão desenvolvidas e, artigos científicos na área de interesse.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
EDUARDA CAMARGO DA SILVA
FILIPI GONÇALVES GOTUZZO
MARIA EDUARDA SILVEIRA RODRIGUES LISBOA
MARIANA GONZALEZ CADEMARTORI5
MARILIA LEAO GOETTEMS4
MARINA SOUSA AZEVEDO5
MURIEL DENISSE RIVERA LOPÉZ
NATÁLIA GOMES DE FREITAS
VANESSA POLINA PEREIRA DA COSTA4

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