Nome do Projeto
Tabagismo entre mulheres: tendência e desigualdades em 28 países de baixa e média renda
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
30/09/2021 - 28/02/2023
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
Diante do aumento das desigualdades socioeconômicas e relacionadas à
saúde, incluindo fatores de risco como o tabagismo, a Organização das Nações
Unidas (ONU) elaborou dezessete Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
com intuito de reduzir as desigualdades dentro e entre países até 2030 (ONU, 2019).
Um olhar sobre as desigualdades em problemas de saúde, incluindo comportamentos
deletérios como o tabagismo, pode auxiliar no desenvolvimento de políticas públicas
voltadas aos subgrupos populacionais mais vulneráveis.
Portanto, o presente projeto pretende avaliar evolução temporal da prevalência
e desigualdades no tabagismo entre as mu
Objetivo Geral
Avaliar a evolução de prevalências e desigualdades no tabagismo entre
mulheres de 20 a 49 anos de países de renda baixa e média em um período de dez
anos.
mulheres de 20 a 49 anos de países de renda baixa e média em um período de dez
anos.
Justificativa
O uso do tabaco foi identificado como um fator de risco para diversas doenças
crônicas e mortalidade, mesmo sendo considerado a principal causa de morte evitável
em todo o mundo. Ele é responsável por cerca de 8 milhões de óbitos anuais (OPAS,
2018), sendo considerado, então, um grave problema de saúde pública, requerendo
planejamento de estratégias e políticas públicas para seu enfrentamento.
Conforme evidência recente, globalmente, em 2019, foi identificado que existe
cerca de 1,14 bilhão de tabagistas, com diferenças significativas nas taxas por sexo e
renda e entre os países (REITSMA et al., 2021a). Pesquisadores têm observado que
o aumento nas taxas de tabagismo nos países de baixa e média renda resultou no
aumento das taxas de mortalidade e doenças relacionadas ao tabaco (OPAS, 2021).
Embora nas últimas décadas tenha ocorrido queda expressiva do consumo de
tabaco entre adultos, é importante salientar que a indústria está se reinventando.
Atualmente são produzidos cigarros eletrônicos e tabaco aquecido com alegação dos
fabricantes de que esses produtos têm risco reduzido quando comparados aos
cigarros convencionais. Entretanto, estudos (BESARATINIA; TOMMASI, 2020;
BOWLER et al., 2017; MOHEIMANI et al., 2017) mostraram que existe grande
quantidade de substâncias tóxicas nesses novos produtos, sendo considerados tão
prejudiciais à saúde quanto os produtos convencionais. Dessa maneira, essas novas
opções para consumo de tabaco tendem a frear o declínio das prevalências de
tabagismo em todo o mundo.
Em países como a Índia e Bangladesh, o consumo de tabaco é culturalmente
difundido, podendo acontecer de diversas formas: desde produtos de tabaco fumado,
como cigarros e bidis (tipo de cigarro enrolado à mão), até vários tipos de produtos de
tabaco sem fumaça (MISHRA et al., 2015); estudos mostram que o uso desses
produtos foi significativamente maior do que uso de cigarro nesses países (ZHAO et
al., 2020). Na Índia, o uso de bidis está enraizado na cultura do país há muitos anos
e esse consumo está fortemente associado ao risco de morbidade e mortalidade (LAL,
2009; MBULO et al., 2020). Levando isso em conta, questões culturais e sociais dos
países também podem ser um empecilho na redução e controle do tabagismo.
Conforme a OMS, quando avaliado o consumo de tabaco de acordo com o
sexo, projeta-se que apenas as mulheres vão atingir a meta mundial de redução em
todas as regiões monitoradas pela OMS, ultrapassando-a em 1,3 pontos percentuais
em 2025, com exceção da região europeia (OMS, 2019a). Apesar dessa importante
redução, evidências têm sugerido que mulheres podem ter uma exposição maior ao
fumo em países de baixa e média renda (BANDI et al., 2020), onde o tabagismo de
homens é bastante elevado.
Um ponto importante são as desigualdades relacionadas ao uso de tabaco, as
quais podem variar muito conforme o país, sendo explicado por diferentes questões
econômicas, sociais e culturais. Em linhas gerais, se percebe um padrão de maiores
prevalências de tabagismo entre as mulheres mais pobres, menos escolarizadas e
que vivem na zona rural na maioria dos países, com padrão muito semelhante ao
apresentado pelos homens. Embora desigualdades no uso de tabaco seja semelhante
entre homens e mulheres, optou-se por analisar apenas a população feminina devido
a ampla disponibilidade de dados nos inquéritos DHS e MICS. Além disso, na revisão
de literatura não foram encontrados artigos que tenham avaliado tendências conforme
a área de moradia, podendo ser uma novidade neste estudo.
Ao fazer uma análise em subgrupos populacionais, entendendo que
comportamentos em saúde afetam os mais vulneráveis, por isso ações e políticas
públicas podem ser direcionadas à eles (ONU, 2015). A meta 17.18 dos ODS referese a reforçar o apoio à capacitação para os países em desenvolvimento, com intuito
de aumentar a disponibilidade de dados de alta qualidade, desagregados por renda,
gênero, etnia, localização geográfica e outras características relevantes em contextos
nacionais (ONU, 2015).
Diante disso, pretende-se preencher algumas lacunas encontradas na
literatura. Ao realizar um estudo com múltiplos países é possível observar onde as
desigualdades são mais marcantes e a direção delas, identificando os locais que
precisam de maior atenção para atingir as metas. Além disso, ter conhecimento do
maior número de dimensões de desigualdades pode ajudar os países a focar em
estratégias eficientes com populações alvo específicas.
crônicas e mortalidade, mesmo sendo considerado a principal causa de morte evitável
em todo o mundo. Ele é responsável por cerca de 8 milhões de óbitos anuais (OPAS,
2018), sendo considerado, então, um grave problema de saúde pública, requerendo
planejamento de estratégias e políticas públicas para seu enfrentamento.
Conforme evidência recente, globalmente, em 2019, foi identificado que existe
cerca de 1,14 bilhão de tabagistas, com diferenças significativas nas taxas por sexo e
renda e entre os países (REITSMA et al., 2021a). Pesquisadores têm observado que
o aumento nas taxas de tabagismo nos países de baixa e média renda resultou no
aumento das taxas de mortalidade e doenças relacionadas ao tabaco (OPAS, 2021).
Embora nas últimas décadas tenha ocorrido queda expressiva do consumo de
tabaco entre adultos, é importante salientar que a indústria está se reinventando.
Atualmente são produzidos cigarros eletrônicos e tabaco aquecido com alegação dos
fabricantes de que esses produtos têm risco reduzido quando comparados aos
cigarros convencionais. Entretanto, estudos (BESARATINIA; TOMMASI, 2020;
BOWLER et al., 2017; MOHEIMANI et al., 2017) mostraram que existe grande
quantidade de substâncias tóxicas nesses novos produtos, sendo considerados tão
prejudiciais à saúde quanto os produtos convencionais. Dessa maneira, essas novas
opções para consumo de tabaco tendem a frear o declínio das prevalências de
tabagismo em todo o mundo.
Em países como a Índia e Bangladesh, o consumo de tabaco é culturalmente
difundido, podendo acontecer de diversas formas: desde produtos de tabaco fumado,
como cigarros e bidis (tipo de cigarro enrolado à mão), até vários tipos de produtos de
tabaco sem fumaça (MISHRA et al., 2015); estudos mostram que o uso desses
produtos foi significativamente maior do que uso de cigarro nesses países (ZHAO et
al., 2020). Na Índia, o uso de bidis está enraizado na cultura do país há muitos anos
e esse consumo está fortemente associado ao risco de morbidade e mortalidade (LAL,
2009; MBULO et al., 2020). Levando isso em conta, questões culturais e sociais dos
países também podem ser um empecilho na redução e controle do tabagismo.
Conforme a OMS, quando avaliado o consumo de tabaco de acordo com o
sexo, projeta-se que apenas as mulheres vão atingir a meta mundial de redução em
todas as regiões monitoradas pela OMS, ultrapassando-a em 1,3 pontos percentuais
em 2025, com exceção da região europeia (OMS, 2019a). Apesar dessa importante
redução, evidências têm sugerido que mulheres podem ter uma exposição maior ao
fumo em países de baixa e média renda (BANDI et al., 2020), onde o tabagismo de
homens é bastante elevado.
Um ponto importante são as desigualdades relacionadas ao uso de tabaco, as
quais podem variar muito conforme o país, sendo explicado por diferentes questões
econômicas, sociais e culturais. Em linhas gerais, se percebe um padrão de maiores
prevalências de tabagismo entre as mulheres mais pobres, menos escolarizadas e
que vivem na zona rural na maioria dos países, com padrão muito semelhante ao
apresentado pelos homens. Embora desigualdades no uso de tabaco seja semelhante
entre homens e mulheres, optou-se por analisar apenas a população feminina devido
a ampla disponibilidade de dados nos inquéritos DHS e MICS. Além disso, na revisão
de literatura não foram encontrados artigos que tenham avaliado tendências conforme
a área de moradia, podendo ser uma novidade neste estudo.
Ao fazer uma análise em subgrupos populacionais, entendendo que
comportamentos em saúde afetam os mais vulneráveis, por isso ações e políticas
públicas podem ser direcionadas à eles (ONU, 2015). A meta 17.18 dos ODS referese a reforçar o apoio à capacitação para os países em desenvolvimento, com intuito
de aumentar a disponibilidade de dados de alta qualidade, desagregados por renda,
gênero, etnia, localização geográfica e outras características relevantes em contextos
nacionais (ONU, 2015).
Diante disso, pretende-se preencher algumas lacunas encontradas na
literatura. Ao realizar um estudo com múltiplos países é possível observar onde as
desigualdades são mais marcantes e a direção delas, identificando os locais que
precisam de maior atenção para atingir as metas. Além disso, ter conhecimento do
maior número de dimensões de desigualdades pode ajudar os países a focar em
estratégias eficientes com populações alvo específicas.
Metodologia
Trata-se de um estudo ecológico a partir de estudos transversais de base
populacional dos inquéritos Demographic and Health Surveys (DHS) e Multiple
Indicator Cluster Survey (MICS), organizados periodicamente pela USAID (US Agency
for International Development) e UNICEF (United Nations International Children's
Emergency Fund), respectivamente. São inquéritos altamente comparáveis em
termos de amostragem, métodos de pesquisa, questionários e protocolos
antropométricos (HANCIOGLU; ARNOLD, 2013).
O programa DHS é um projeto que provê assistência técnica em mais de 90
países, principalmente nas regiões mais pobres do mundo. Este programa foi criado
em 1984 e tem como objetivo realizar a coleta de dados através de questionários
padronizados que podem sofrer pequenas modificações de acordo com interesse local
e problemas de saúde específicos. Os inquéritos MICS acontecem desde 1994 e,
atualmente, proveem assistência técnica em mais de 100 países, sendo o maior
programa de pesquisa domiciliar sobre crianças e mulheres em todo o mundo
(INDDEX, 2015). A partir destes inquéritos são coletadas informações sobre variáveis
socioeconômicas, incluindo renda, escolaridade e área de residência, bem como
sobre desfechos e comportamentos em saúde, incluindo tabagismo. Mais informações
sobre os inquéritos DHS (www.dhsprogram.com) e MICS (www.mics.unicef.org)
podem ser encontradas no site dos programas.
Diante disso, constitui-se um delineamento adequado para o estudo porque
permite investigar a evolução da prevalência e das desigualdades relacionadas ao
tabagismo. Este tipo de delineamento apresenta como vantagens: relativa rapidez,
simplicidade e baixo custo em comparação a outros delineamentos.
populacional dos inquéritos Demographic and Health Surveys (DHS) e Multiple
Indicator Cluster Survey (MICS), organizados periodicamente pela USAID (US Agency
for International Development) e UNICEF (United Nations International Children's
Emergency Fund), respectivamente. São inquéritos altamente comparáveis em
termos de amostragem, métodos de pesquisa, questionários e protocolos
antropométricos (HANCIOGLU; ARNOLD, 2013).
O programa DHS é um projeto que provê assistência técnica em mais de 90
países, principalmente nas regiões mais pobres do mundo. Este programa foi criado
em 1984 e tem como objetivo realizar a coleta de dados através de questionários
padronizados que podem sofrer pequenas modificações de acordo com interesse local
e problemas de saúde específicos. Os inquéritos MICS acontecem desde 1994 e,
atualmente, proveem assistência técnica em mais de 100 países, sendo o maior
programa de pesquisa domiciliar sobre crianças e mulheres em todo o mundo
(INDDEX, 2015). A partir destes inquéritos são coletadas informações sobre variáveis
socioeconômicas, incluindo renda, escolaridade e área de residência, bem como
sobre desfechos e comportamentos em saúde, incluindo tabagismo. Mais informações
sobre os inquéritos DHS (www.dhsprogram.com) e MICS (www.mics.unicef.org)
podem ser encontradas no site dos programas.
Diante disso, constitui-se um delineamento adequado para o estudo porque
permite investigar a evolução da prevalência e das desigualdades relacionadas ao
tabagismo. Este tipo de delineamento apresenta como vantagens: relativa rapidez,
simplicidade e baixo custo em comparação a outros delineamentos.
Indicadores, Metas e Resultados
Hipóteses
Haverá redução da prevalência de tabagismo entre as mulheres nos países
analisados, no período avaliado;
Mulheres do quintil mais rico terão maior velocidade de redução de tabagismo;
Mulheres residentes na zona urbana reduzirão mais rápido o tabagismo;
Mulheres com maior escolaridade terão maior velocidade de redução de
tabagismo;
Haverá aumento das desigualdades (nível socioeconômico, área de residência
e escolaridade), tanto a desigualdade relativa quanto a absoluta, na prevalência
de tabagismo em mulheres, em função da maior redução nos grupos
privilegiados.
Haverá redução da prevalência de tabagismo entre as mulheres nos países
analisados, no período avaliado;
Mulheres do quintil mais rico terão maior velocidade de redução de tabagismo;
Mulheres residentes na zona urbana reduzirão mais rápido o tabagismo;
Mulheres com maior escolaridade terão maior velocidade de redução de
tabagismo;
Haverá aumento das desigualdades (nível socioeconômico, área de residência
e escolaridade), tanto a desigualdade relativa quanto a absoluta, na prevalência
de tabagismo em mulheres, em função da maior redução nos grupos
privilegiados.
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
ANDREA TUCHTENHAGEN WENDT | |||
CAUANE BLUMENBERG SILVA | |||
FERNANDO CESAR WEHRMEISTER | 1 | ||
INDIARA DA SILVA VIEGAS |