Nome do Projeto
COMUNICAÇÃO MORAL MATERNA, COMPORTAMENTO AGRESSIVO E PRÓ-SOCIAL NA PRIMEIRA INFÂNCIA: ESTUDO DE UMA COORTE DE NASCIMENTOS
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
13/10/2021 - 28/02/2024
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
A violência é um importante problema de saúde pública, sendo fonte de grande parcela das morbidades e mortalidades no Brasil. Dentre os preditores de perpetração de violência futura está o comportamento agressivo elevado e crônico na infância. Por outro lado, comportamento pró-social na infância têm sido associados à menor ocorrência de violência posterior na vida. Há evidências de que os comportamentos agressivos infantis sejam diretamente influenciados por práticas parentais coercivas e severas, porém, pouco se sabe sobre os efeitos que a comunicação verbal, componente importante da parentalidade, exerce sobre a aprendizagem de normas e regras morais que possam influenciar o comportamento da criança e, consequentemente, futura violência. Além disso, não há uma medida padronizada para mensurar a comunicação moral de pais e não foi encontrado nenhum estudo sobre a temática no Brasil. Desse modo, torna-se importante identificar o papel da comunicação moral dos pais durante a primeira infância, a fim de avaliar seus efeitos em desfechos infantis relevantes para o risco de violência, a fim de que esta possa ser prevenida ao longo do ciclo vital. Assim sendo, os objetivos deste projeto são: 1) desenvolver um sistema de codificação para comunicação moral das mães com seus filhos, a partir de uma tarefa de compartilhamento de livros infantis; 2) avaliar a associação entre comunicação moral materna e comportamento agressivo das crianças e 3) avaliar a associação entre comunicação moral materna e comportamento pró-social das crianças. Serão analisados os dados da Coorte de 2015 obtidos nos acompanhamentos dos quatro e dos 6-7 anos. Aos quatro anos foram realizadas filmagens das interações entre duplas de mães e filhos durante uma tarefa de compartilhamento de livro infantil. A partir das transcrições dessas filmagens, será desenvolvido e aplicado um sistema de codificação para avaliar o conteúdo moral contido na comunicação mãe-filho. Tendo em vista os dados coletados aos 6-7 anos, serão avaliadas as associações entre comunicação moral materna e comportamentos agressivos, bem como entre comunicação moral e comportamentos pró-sociais. Espera-se, com os resultados do presente estudo, prover dados que sirvam de base para a criação de estratégias de intervenção voltadas para as práticas parentais, a fim de minimizar a ocorrência de comportamentos agressivos nas crianças e desenvolver comportamentos pró-sociais nas mesmas. Pretende-se, com isso, alcançar um objetivo mais ambicioso, o de contribuir para a prevenção de perpetração de violência na vida adulta.

Objetivo Geral

Avaliar a associação entre a comunicação moral das mães com seus filhos e
comportamentos sociais da criança, relevantes para o risco de violência ao longo do ciclo
vital: comportamento agressivo e comportamento pró-social.

Justificativa

Considerando que a violência é a principal causa de morte entre jovens de 10 e
19 anos no Brasil e representa um importante problema de saúde pública, torna-se
imprescindível identificar fatores de risco precoces a fim de articular estratégias de
prevenção primária (WHO, 2015). Nessa perspectiva, sabe-se que a primeira infância é
um período propício para realizar intervenções (WHO, 2015), uma vez que muitos
preditores para a perpetração de violência futura já encontram-se presentes nessa fase
do desenvolvimento humano (BROIDY et al., 2013). Dentre eles, ressalta-se o
comportamento agressivo elevado e crônico, incluindo problemas de conduta (BROIDY
et al., 2003; HERRENKOHL; LEE; HAWKINS, 2012; HAMMERTON et al., 2019). Por
outro lado, estudos mostram que comportamento pró-social estão associados com
menores índices de comportamento agressivos na infância (JUNG; MICHELA
SCHRÖDER-ABÉ, 2019; HAY et al., 2021) contribuindo, consequentemente, para a
diminuição de violência futura.
Dentre os fatores que influenciam o comportamento agressivo na infância, há
evidências sólidas de que as práticas parentais impactam diretamente o comportamento
agressivo (TREMBLAY et al., 2004; CÔTÉ et al., 2006; BAYDAR; AKCINAR, 2018;
GIRARD et al., 2019), assim como o comportamento pró- social das crianças (NANTEL -
VIVIER et al., 2014; BROWNELL et al., 2020). Entretanto, ainda é pouco explorado o
papel da comunicação parental nesse contexto, mesmo estudos mostrando as conversas
com os pais influenciam no comportamento da criança ao auxiliar o desenvolvimento do
seu raciocínio moral (WAINRYB; RECCHIA, 2014; THOMPSON; WINER, 2014; NUCCI,
2014; PASUPATHI; WAINRYB, 2010). Teorias sobre crime e violência também
destacam a percepção moral dos comportamentos importante para entendê-los
(WIKSTROM, 2014).
De acordo com a revisão sistemática da literatura sobre o efeito da comunicação
moral dos pais no comportamento agressivo e pró-social dos filhos, observou-se que
conteúdo específicos da comunicação parental são realmente importantes para tais
desfechos. Mas as evidências ainda são provenientes de estudos pequenos, com
metodologias distintas, e não tendo uma medida bem desenvolvida e padronizada para
avaliar a comunicação moral dos pais. Em geral, os estudos mensuraram a comunicação
moral a partir de tarefas filmadas de compartilhamentos de livro e desenvolveram
diferentes esquemas de codificação. Entretanto, não há um esquema de codificação
padrão a ser utilizado e que abranja, de fato, todos os elementos e todas as teorias que
parecem ser importantes no contexto investigado. Ainda, muitos estudos incluídos na
revisão apresentaram fragilidades em relação aos modelos de análise, pois não
investigaram muitas variáveis consideradas importantes para a exposição e para o
desfecho, ou não explicaram detalhadamente os modelos de ajuste. Destaca-se,
também, que não foi encontrado nenhum estudo brasileiro sobre a temática.
Diante de tais considerações, fica evidente a necessidade de realizar estudos
com amostras representativas, com devido rigor metodológico, que investiguem o efeito
da comunicação moral dos pais sobre o comportamento agressivo e pró-social das
crianças no contexto brasileiro. Para tal, torna-se fundamental o desenvolvimento de um
esquema de codificação que abranja a diversidade de elementos e de teorias essenciais
para o entendimento da temática, a qual, por sua vez, é recente, complexa e
multidisciplinar.

Metodologia

A partir da revisão da literatura, ficou evidente que o tema a ser estudado possui
poucos estudos prévios, com métodos e objetivos muito variados. Portanto, foi decidido
realizar três artigos originais, ao invés de um ser uma revisão sistemática. O primeiro
artigo será “Comunicação moral de mães com filhos pequenos: um esquema de
codificação”, o segundo será “Comportamento agressivo infantil: Efeitos da comunicação
moral materna” e o terceiro “Comportamento pró-social na infância: Efeitos da
comunicação moral materna”.
Serão analisados os dados da Coorte de 2015 no acompanhamento dos 4 anos,
já coletados, e aos 6-7 anos, que estão por ser coletados. A seguir, serão apresentados
aspectos metodológicos da Coorte de 2015, comum aos três artigos. Após, serão
apresentados os métodos e os planos de análises específicos de cada artigo.

Indicadores, Metas e Resultados

HIPÓTESES

a) O sistema de codificação abrangerá temas morais importantes presentes na
história do livro, tais como: julgamentos de comportamento de violência, consequências
de comportamentos de violência para vítima e incentivo de comportamentos pró-sociais.
b) As mães que falam que os comportamentos de violência são errados devido às

consequências físicas ou emocionais para a vítima, e incentivam comportamentos pró-
sociais, possuem filhos com menor ocorrência de comportamento agressivo. A

comunicação moral terá variação de acordo com o nível educacional, práticas parentais,
personalidade antissocial e sensibilidade materna.
c) As mães que falam que os comportamentos de violência são errados devido

às consequências físicas ou emocionais para a vítima, e incentivam comportamentos pró-
sociais possuem filhos com maior ocorrência de comportamento pró-social. A

comunicação moral terá variação de acordo com o nível educacional, práticas parentais,
personalidade antissocial e sensibilidade materna.

ARTIGOS PLANEJADOS

Artigo 1: Comunicação moral de mães com filhos pequenos: Esquema de
codificação
Objetivo geral: Desenvolver e aplicar um sistema de codificação da
comunicação moral das mães, mensurada durante uma tarefa de compartilhamentos
de livro, no acompanhamento dos 4 anos da Coorte de 2015. O sistema de codificação
será desenvolvido para que, a partir dele, possa ser avaliada a comunicação moral
materna, a ser utilizada nos estudos posteriores.
Artigo 2: Comportamento agressivo infantil: Efeitos da comunicação moral
materna
Objetivo geral: Avaliar a associação entre a comunicação moral das mães com
seus filhos aos 4 anos de idade e comportamento agressivo das crianças aos 6 anos.
Artigo3: Comportamento pró-social na infância: Efeitos da comunicação moral
materna
Objetivo geral: Avaliar a associação entre a comunicação moral das mães com
seus filhos aos 4 anos de idade no comportamento pró-social das crianças aos 6 anos.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
JOSEPH MURRAY1
JÉSSICA RODRIGUES GOMES
SUÉLEN HENRIQUES DA CRUZ

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