Nome do Projeto
Análises composicionais de atividade física, comportamento sedentário e tempo de sono em ciclos de 24 horas e seu efeito na adiposidade de adolescentes
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
04/11/2021 - 28/02/2023
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
Uma das formas de avaliar o uso do tempo nos 1440 minutos do dia é a análise
composicional de dados. A composição é formada por proporções quantitativas que
compõem um todo. Por exemplo, um dia tem 24 horas e no decorrer deste período um
indivíduo tem necessariamente variados comportamentos dentre estes o sono,
comportamento sedentário e atividade física. A análise de dados composicionais tem sido
utilizada para investigar as implicações da integração destes comportamentos na saúde
(CHASTIN et al, 2015; CARSON et al, 2016; MERT et al, 2016). Essa abordagem integrativa
entre os comportamentos tem ganhado destaque entre os pesquisadores e pode ser também
denominada como pesquisa do uso do tempo (PEDISIC, 2014).
Nesse contexto, a abordagem estatística utilizada nas análises para ver associação
entre os dados composicionais e um desfecho de saúde é predominantemente denominada
de substituição isotemporal composicional. Essa abordagem consiste em modelos de
realocação de uso do tempo em diferentes comportamentos (sono, comportamento
sedentário e diferentes níveis de atividade física) a fim de estimar seus potencias efeitos em
um desfecho de saúde. O efeito dessa realocação leva em conta o tempo gasto em um
comportamento em relação aos outros, visto que são comportamentos interdependepentes
(PEDISIC, 2014; DUMUID et al, 2018).
Como exemplo, um estudo utilizando análises composicionais e substituição
isotemporal, de delineamento transversal, realizado com 1247 adultos, nos Estados Unidos,
avaliou os comportamentos em 24 horas, de maneira objetiva por meio de sensor de
movimento e subjetiva através de recordatório de atividade física (KIM et al, 2021). Os
autores evidenciaram que utilizando os dados dos acelerômetros, uma realocação de 10
minutos de comportamento sedentário para AFMV ou (atividade física de intensidade leve
(AFL) gerou uma redução de 0,14 unidades do IMC (KIM et al, 2021).
Embora o avanço do uso de acelerômetros em pesquisas populacionais tenha
possibilitado a utilização dessas novas abordagens, análises composicionais ainda são
pouco exploradas na literatura, especialmente em adolescentes. Recentes revisões
sistemáticas e narrativas demostraram que a maioria dos estudos realizados são de
delineamento transversal, com crianças ou adultos e predominantes de países de alta renda
(CHAPUT; SAUNDERS; CARSON, 2017; ROLLO; ANTSYGINA; TREMBLAY, 2020).
Objetivo Geral
Investigar os efeitos da composição do tempo gasto em atividade física,
comportamento sedentário e sono em um ciclo de 24h aos 11 e 15 anos no
percentual de gordura corporal de adolescentes de 15 anos pertencentes a uma
coorte de nascimentos.
comportamento sedentário e sono em um ciclo de 24h aos 11 e 15 anos no
percentual de gordura corporal de adolescentes de 15 anos pertencentes a uma
coorte de nascimentos.
Justificativa
A obesidade na adolescência está associada a antecipação de incidência
de desfechos de saúde cardiometabólicos como hipertensão e diabates e, além
disso, associa-se à obesidade na vida adulta. Assim, a compreensão de sua
determinação para embasar estratégias de previni-la desde a adolescência tem
um benefício imediato e futuro (MUST, 1996; ZAFON, 2007; LEE; YONN,2018).
Dados recentes indicam que a prevalência da obesidade mais que
triplicou nos últimos 40 anos, contituindo-se em um dos problemas
epidemiológicos mundial mais preocupantes da atualidade (WHO,2017). É bem
conhecido que a obesidade é uma doença de causas multifatoriais, sendo a falta
de atividade física, o comportamento sedentário e o tempo de sono fatores que
de maneira independente contribuem para o seu desenvolvimento (MILLER et
al,2018; BULL et al, 2020).
A prevalência de comportamento sedentário e inatividade física na
adolescência é preocupante e está associada a vários desfechos negativos à
saúde, dentre eles, a obesidade (SHERRY; PEARSON; CLEMES et al, 2016;
DUMITH et al, 2011). No entanto, evidências recentes mostraram que estes
comportamentos estão interligados, e desta forma é necessário haver um
equilíbrio entre eles para a obtenção de maiores efeitos benéficos à saúde. Neste
sentido, estudos sobre a epidemiologia do uso do tempo têm buscado encontrar
um equilíbrio ideal para estes comportamentos, utilizando abordagens
estatísticas capazes de analisar estes diferentes comportamentos como uma
única composição. Além disso, a modelagem de substituição isotemporal
permite que realocações de tempo sejam feitas estimando o resultado no
desfecho investigado se o uso do tempo fosse diferente. Essa abordagem além
de ser coerente com a interdependência dos comportamentos, tem como
potencial mensagens claras para a população sobre possíveis combinações que
podem ser balanceadas e serem responsáveis por melhores indicadores de
saúde.
As pesquisas existentes com análises composicionais e substituição
isotemporal têm encontrado que a composição do uso do tempo relaciona-se a
vários desfechos em saúde da mesma forma que mostram a importância das
análises composicionais e medidas objetivas dos comportamentos para poder
utilizar esta abordagem (JANSSEN et al, 2020). Apesar da escassez de
pesquisas com análises composicionais e substituição isotemporal, as existentes
têm se concentrado em estudar a adiposidade e biomarcadores
cardiometabólicos (JANSSEN et al, 2020). No entanto, ainda existe uma série
de questões em aberto na literatura sobre a melhor maneira de medição e do
uso do tempo.
Não foram encontrados estudos de delineamento longitudinal que
avaliassem a composição dos comportamentos de 24 horas e a composição
corporal de adolescentes. Além disso, os poucos estudos abrangendo essa faixa
etária não avaliaram a composição corporal com equipamentos mais acurados
e foram todos realizados em países de renda alta (CARSON et al, 2016;
FAIRCLOUGH et al 2017; DUMUID et al, 2018; DUMUID et al 2019; GÁBA et a
2020; GÁBA et al 2021). A literatura também aponta que estudos longitudinais
devem ser realizados para se conhecer o tamanho do efeito dessas realocações
em longo prazo e para que a temporalidade das associações possa ser
estabelecida. Outra lacuna apontada pela literatura é a falta de informação sobre
a dieta dos indivíduos, um componete diretamente ligado à composição corporal,
necessário para um melhor ajuste nas análises.
Desta forma, se faz necessário estudos que possam colaborar no
esclarecimento de lacunas apontadas em estudos anteriores, principalmente em
países de renda baixa e média onde a distribuição do tempo gasto em cada
comportamento pode ser reflexo de rotinas e convenções sociais diferentes de
países ricos (ex: rotinas escolares, deslocamento ativo para escola entre outras).
Além disso, novas descobertas em relação ao efeito do uso do tempo sobre a
saúde são muito importantes para nortear políticas e permitir que novas
recomendações de saúde pública sejam elaboradas afim de promover o uso
saudável do tempo (PEDISIC, 2014).
de desfechos de saúde cardiometabólicos como hipertensão e diabates e, além
disso, associa-se à obesidade na vida adulta. Assim, a compreensão de sua
determinação para embasar estratégias de previni-la desde a adolescência tem
um benefício imediato e futuro (MUST, 1996; ZAFON, 2007; LEE; YONN,2018).
Dados recentes indicam que a prevalência da obesidade mais que
triplicou nos últimos 40 anos, contituindo-se em um dos problemas
epidemiológicos mundial mais preocupantes da atualidade (WHO,2017). É bem
conhecido que a obesidade é uma doença de causas multifatoriais, sendo a falta
de atividade física, o comportamento sedentário e o tempo de sono fatores que
de maneira independente contribuem para o seu desenvolvimento (MILLER et
al,2018; BULL et al, 2020).
A prevalência de comportamento sedentário e inatividade física na
adolescência é preocupante e está associada a vários desfechos negativos à
saúde, dentre eles, a obesidade (SHERRY; PEARSON; CLEMES et al, 2016;
DUMITH et al, 2011). No entanto, evidências recentes mostraram que estes
comportamentos estão interligados, e desta forma é necessário haver um
equilíbrio entre eles para a obtenção de maiores efeitos benéficos à saúde. Neste
sentido, estudos sobre a epidemiologia do uso do tempo têm buscado encontrar
um equilíbrio ideal para estes comportamentos, utilizando abordagens
estatísticas capazes de analisar estes diferentes comportamentos como uma
única composição. Além disso, a modelagem de substituição isotemporal
permite que realocações de tempo sejam feitas estimando o resultado no
desfecho investigado se o uso do tempo fosse diferente. Essa abordagem além
de ser coerente com a interdependência dos comportamentos, tem como
potencial mensagens claras para a população sobre possíveis combinações que
podem ser balanceadas e serem responsáveis por melhores indicadores de
saúde.
As pesquisas existentes com análises composicionais e substituição
isotemporal têm encontrado que a composição do uso do tempo relaciona-se a
vários desfechos em saúde da mesma forma que mostram a importância das
análises composicionais e medidas objetivas dos comportamentos para poder
utilizar esta abordagem (JANSSEN et al, 2020). Apesar da escassez de
pesquisas com análises composicionais e substituição isotemporal, as existentes
têm se concentrado em estudar a adiposidade e biomarcadores
cardiometabólicos (JANSSEN et al, 2020). No entanto, ainda existe uma série
de questões em aberto na literatura sobre a melhor maneira de medição e do
uso do tempo.
Não foram encontrados estudos de delineamento longitudinal que
avaliassem a composição dos comportamentos de 24 horas e a composição
corporal de adolescentes. Além disso, os poucos estudos abrangendo essa faixa
etária não avaliaram a composição corporal com equipamentos mais acurados
e foram todos realizados em países de renda alta (CARSON et al, 2016;
FAIRCLOUGH et al 2017; DUMUID et al, 2018; DUMUID et al 2019; GÁBA et a
2020; GÁBA et al 2021). A literatura também aponta que estudos longitudinais
devem ser realizados para se conhecer o tamanho do efeito dessas realocações
em longo prazo e para que a temporalidade das associações possa ser
estabelecida. Outra lacuna apontada pela literatura é a falta de informação sobre
a dieta dos indivíduos, um componete diretamente ligado à composição corporal,
necessário para um melhor ajuste nas análises.
Desta forma, se faz necessário estudos que possam colaborar no
esclarecimento de lacunas apontadas em estudos anteriores, principalmente em
países de renda baixa e média onde a distribuição do tempo gasto em cada
comportamento pode ser reflexo de rotinas e convenções sociais diferentes de
países ricos (ex: rotinas escolares, deslocamento ativo para escola entre outras).
Além disso, novas descobertas em relação ao efeito do uso do tempo sobre a
saúde são muito importantes para nortear políticas e permitir que novas
recomendações de saúde pública sejam elaboradas afim de promover o uso
saudável do tempo (PEDISIC, 2014).
Metodologia
O delineamento do presente estudo será longitudinal do tipo coorte. Serão
analisados dados de dois acompanhamentos de uma coorte de nascimentos de
base populacional de Pelotas/RS, iniciada em 2004, incluindo todos os nascidos
vivos da cidade durante esse ano. A coorte de Pelotas de 2004 vem sendo
acompanhada em diferentes períodos do tempo e os dados do presente estudo
serão referentes aos acompanhamentos dos 11 e 15 anos.
Entre os delineamentos observacionais, o estudo de coorte se configura
como a melhor fonte de evidência para responder à pergunta de pesquisa que
está sendo proposta, com a possibilidade de estabelecer uma relação temporal
entre exposição e desfecho.
analisados dados de dois acompanhamentos de uma coorte de nascimentos de
base populacional de Pelotas/RS, iniciada em 2004, incluindo todos os nascidos
vivos da cidade durante esse ano. A coorte de Pelotas de 2004 vem sendo
acompanhada em diferentes períodos do tempo e os dados do presente estudo
serão referentes aos acompanhamentos dos 11 e 15 anos.
Entre os delineamentos observacionais, o estudo de coorte se configura
como a melhor fonte de evidência para responder à pergunta de pesquisa que
está sendo proposta, com a possibilidade de estabelecer uma relação temporal
entre exposição e desfecho.
Indicadores, Metas e Resultados
Os achados deste estudo serão publicados, em formato de artigo
científico em revistas científicas nacionais e/ou internacionais, bem como através
de informes com os principais resultados para divulgação na imprensa local.
científico em revistas científicas nacionais e/ou internacionais, bem como através
de informes com os principais resultados para divulgação na imprensa local.
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
ANDREA TUCHTENHAGEN WENDT | |||
INÁCIO CROCHEMORE MOHNSAM DA SILVA | 2 | ||
RENATA DE LIMA CONTREIRA |