Nome do Projeto
Insegurança Alimentar e Nutricional em famílias de escolares da cidade de Pelotas-RS e associação com o Estado Nutricional das crianças
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
26/11/2021 - 28/02/2023
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
A Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) é definida como o direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais. Portanto, a SAN deve garantir o desenvolvimento de práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis (BRASIL, 2006). A Insegurança Alimentar e Nutricional (IAN), por sua vez, é definida como uma situação em que os membros de uma família não têm acesso físico, social e econômico a recursos suficientes e seguros, e a alimentos nutritivos que atendam às necessidades dietéticas e às preferências alimentares para uma vida ativa e saudável (BICKEL et al., 2000). Entre 2003 e 2004 o Brasil validou sua escala de medida de IAN em um estudo conduzido por grupos de pesquisadores de universidades das cinco grandes regiões do País, com coordenação no Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) (SEGALL-CORRÊA et al., 2004) adaptada do instrumento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (United States Department of Agriculture - USDA). Através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) foi aplicada pela primeira vez no Brasil com o propósito de medir a percepção da insegurança alimentar e da fome em nível domiciliar (IBGE, 2004). Os resultados dessa pesquisa demonstraram que a prevalência de IAN nos domicílios da região Sul do Brasil era de 23,4%. Em 2009, a EBIA foi aplicada novamente na PNAD e, a partir dos dados obtidos, foi observado que as prevalências de IAN nas cinco grandes regiões do Brasil diminuíram se comparadas às de 2004 e, especificamente na região Sul, a prevalência reduziu para 18,7% (IBGE, 2009). Em 2017-2018 a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) aplicou a EBIA e estimou que 36,7% dos domicílios particulares brasileiros estavam com algum grau de IAN e, se comparado às estatísticas desde a primeira aplicação 6 da EBIA, na PNAD de 2004 (34,9%), 2009 (30,2%) e 2013 (22,6%), foi observado um aumento dessa prevalência (IBGE, 2009). Considerando esses dados, mesmo com ações governamentais anteriores, houve a priorização da Segurança Alimentar e Nutricional a partir de 2003, com destaque ao lançamento do Programa Fome Zero, à recriação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), à institucionalização da política de SAN e à implementação, de forma articulada, de políticas de proteção social e de fomento à produção agrícola (ANNE W. KEPPLE, 2014). Porém, as desigualdades regionais de acesso aos alimentos verificadas nas PNADs de 2004, 2009 e 2013 continuaram presentes na POF 2017-2018 e o cenário de desigualdades regionais marcado pela presença da fome continua presente (IBGE, 2020). O pior índice desde então foi revelado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), que em 2021 realizou o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, o qual demonstrou que do total de 211,7 milhões de brasileiros(as), 116,8 milhões conviviam com algum grau de IAN (MALUF, 2021). Em 2006, a EBIA foi aplicada no Brasil através da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS), e seus resultados demonstraram a importância de estudar indivíduos em fase de crescimento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

Objetivo Geral

Descrever a prevalência de IAN em famílias de escolares da rede
municipal de ensino da cidade de Pelotas e sua associação com estado
nutricional.

Justificativa

Os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)
2004 e da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) 2006 mostram
que a IAN está diretamente relacionada a fatores socioeconômicos e de
composição da unidade domiciliar como a presença de moradores menores de
18 anos de idade, o número de moradores, o sexo ou raça do principal
responsável pela família, e a renda domiciliar (IBGE, 2004).
Em 2013, a PNAD registrou 65,3 milhões de domicílios particulares no
Brasil, nestes moravam 149,4 milhões de pessoas, o que equivale a 74,2% dos
moradores em domicílios particulares do país. Foram encontrados 14,7 milhões
de domicílios (22,6%) em algum grau de IAN, ou seja, os indivíduos tinham
alguma preocupação com a possibilidade de ter alguma restrição devido à falta
de recursos para adquirir mais alimentos. Nestes domicílios, viviam cerca de 52
milhões de pessoas (IBGE, 2013).
A PNDS em 2006 descreveu o perfil da população feminina em idade fértil
e de menores de cinco anos no Brasil. Nos domicílios onde residiam crianças ou
adolescentes foi observada maior restrição de acesso aos alimentos, em termos
qualitativos e quantitativos. A IAN leve esteve presente em mais de um quinto
desses domicílios, a IAN moderada em 9,7%, e a prevalência de IAN grave era
de 4,8%. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
Avaliar a IAN de crianças faz-se necessária, pois elas são as mais
vulneráveis aos efeitos irreversíveis da IAN na saúde (ALIPOUR et al., 2016).
Estudo em Pelotas demonstrou que crianças menores de cinco anos que sofrem
com algum nível de IAN têm piores índices nutricionais, sendo eles estaturapara-idade, peso-para-idade e peso-para-estatura, pressupondo que essas
crianças estão mais expostas a um risco de desnutrição, o qual tem
consequências sérias para o seu desenvolvimento físico e mental (SANTOS;
GIGANTE, 2013).
Outro fator a ser considerado é a qualidade dos alimentos consumidos
nos domicílios com IAN. O valor mais baixo e a validade dos alimentos tendem
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a ser prioridade na hora da compra, o que leva ao maior consumo de
processados e ultraprocessados por esses domicílios, pois se vê como a
alternativa mais viável de alimentar a família. Estudo com crianças de seis a onze
anos mostrou que a IAN nessa faixa etária estava relacionada com um maior
índice de massa corporal, indicando que o consumo de alimentos com valor
calórico elevado e de pouco valor nutricional poderia ser observado (MHS;
LAMB; OGDEN, 2015).
Conhecer a situação de insegurança alimentar e nutricional das famílias
com crianças é uma forma de desenvolver ações visando a educação nutricional
e o desenvolvimento de políticas públicas que facilitem o acesso a alimentos de
qualidade e em quantidade suficientes. Esse estudo pretende investigar a
prevalência de IAN em famílias de crianças com oito anos de idade, que estudam
em escolas da rede municipal de Pelotas, analisando a relação dessa
prevalência com variáveis socioeconômicas

Metodologia

Trata-se de um estudo observacional do tipo transversal com crianças de
oito anos de idade matriculadas em escolas do ensino fundamental da rede
municipal de Pelotas. O delineamento transversal foi considerado o mais
apropriado tendo em vista o objetivo do estudo que é descrever a prevalência de
IAN.

População-alvo


Crianças que completaram oito anos no ano de coleta dos dados e que
estavam cursando o ensino fundamental da rede municipal de ensino da cidade
de Pelotas, RS, durante o ano de 2016.
A seleção da amostra foi realizada por amostragem probabilística, tendo
as escolas públicas municipais de ensino fundamental como unidades primárias
da amostra. Vinte escolas foram selecionadas por amostragem aleatória
sistemática, de um total de quarenta na área urbana da cidade de Pelotas, RS.
Este estudo fez parte de um estudo maior em que foi avaliado o desempenho
cognitivo de escolares, para isso era necessário ter oito anos ou completar oito
anos no ano em que os dados foram coletados.

Indicadores, Metas e Resultados

HIPÓTESES

● A prevalência de IAN em famílias de crianças da rede municipal de ensino da
cidade de Pelotas será em torno de 40% de acordo com a revisão de
literatura.
A prevalência de IA será maior em famílias:
▪ com mães de cor da pele preta e parda
▪ com mães de baixa escolaridade
▪ classificadas no primeiro tercil do IEN
▪ beneficiárias do bolsa família
▪ com mais de quatro moradores
▪ com maior número de crianças
▪ de mães desempregadas
▪ sem companheiro
● Crianças que vivem em situação de IAN leve e moderada terão maior
prevalência de excesso de peso, enquanto as que vivem em situação de IAN
grave terão maior prevalência de déficit de altura-para-idade.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
JANAINA VIEIRA DOS SANTOS MOTTA1
MARIANA MARINS CLEFF
VÂNIA PEREIRA OLIVEIRA

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