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Apesar da importância da qualidade da alimentação para a saúde, estudos
realizados com trabalhadores de saúde apontam um padrão alimentar não saudável, com
baixo consumo de alimentos como frutas e vegetais, e consumo mais frequente de
alimentos com alto teor de açúcar, com prevalências de hábito alimentar considerado
saudável variando de 10,1% a 52,1% (ALMAJWAL et al., 2015; DIAZ-CARRION et al.,
2020; KRUGER et al., 2018; SHIFFERLI-CASTRO et al., 2020; SILVA et al., 2020; TADA
et al., 2014)
Além disso, os estudos identificaram alguns fatores associados à qualidade da dieta
dos trabalhadores de saúde, indicando que padrões de dieta mais saudáveis foram
observados em indivíduos do sexo feminino, mais velhos, praticantes de atividade física e
que não consomem tabaco e álcool (BEEBE et al., 2017; BETANCOURT-NUÑEZ et al.,
2018; DIAZ-CARRION et al., 2017; KUNENE et al. 2017; SHIFFERLI-CASTRO et al., 2020;
SILVA et al., 2020)
No contexto da pandemia de covid-19, o único estudo com trabalhadores de saúde
encontrado, indicou que houve um aumento do consumo de álcool e diminuição da prática
de atividade física, e que os trabalhadores relataram uma mudança na qualidade da dieta
com aumento da ingestão de carboidratos, da compulsão alimentar e do consumo noturno
de alimentos (MOTA et al., 2021).
Considerando o exposto, há uma preocupação que os aspectos relacionados à
situação de emergência sanitária ocasionada pela pandemia de covid-19, possa piorar a
qualidade da alimentação dos trabalhadores de saúde, principalmente devido ao seu
envolvimento direto na linha de frente.
A maior parte dos estudos sobre hábitos alimentares de trabalhadores de saúde
foram realizados antes da pandemia de covid-19. Além disso, muitos dos estudos com
trabalhadores de saúde incluíram somente profissionais da área de enfermagem
(enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem).

Este estudo caracterizará a qualidade da dieta dos trabalhadores de saúde de um
hospital escola, durante o enfrentamento da epidemia de covid-19 em uma cidade de médio
porte do Sul do Brasil, incluindo tanto os profissionais de saúde como os demais
trabalhadores do hospital.

Esta pesquisa utilizará dados do projeto de pesquisa “A epidemia de COVID 19 e a
saúde mental dos trabalhadores da atenção terciária à saúde do município de Pelotas/RS”,
também conhecido como CUIDACOVID. Este estudo utilizou delineamento transversal em
forma de censo dos trabalhadores de todas as áreas do Hospital Escola da Universidade
Federal de Pelotas (UFPel), que disponibilizou leitos para o tratamento da covid-19 pelo
Sistema Único de Saúde (SUS). A coleta dos dados ocorreu no período imediato após o
primeiro pico da epidemia de covid-19, de outubro a dezembro de 2020, em Pelotas-RS.

Hipóteses
A maioria (60%) dos indivíduos terá um consumo regular de alimentos marcadores de
uma alimentação não saudável (com destaque para o consumo de frituras, doces e
embutidos);
- A alimentação dos indivíduos terá aumentado em quantidade e piorado em qualidade
desde o início da epidemia;
- Haverá maior consumo de alimentos marcadores de alimentação não saudável entre os
trabalhadores que realizam a maioria das refeições fora de casa.

A adequação da qualidade alimentar será menor entre os indivíduos com as seguintes
características:
- Sexo masculino;
- Mais novos;
- Cor da pele preta;
- Menor escolaridade;
- Menor nível socioeconômico;
- Trabalhadores que não possuem formação da área da saúde;
- Indivíduos que fazem plantões (além do seu turno de trabalho);
- Indivíduos que trabalham na UTI COVID.

Os resultados do presente estudo serão divulgados por meio de um volume final
de dissertação, um artigo a ser publicado em periódico científico indexado e um resumo
com os principais resultados a ser divulgado em nota para a imprensa.