O projeto será desenvolvido em parceria da Ignis Animal Science (Startup da proponente) e a Universidade Federal de Pelotas (através de um acordo de cooperação), será vinculado à linha de pesquisa de “Inovação Farmacêutica" do Núcleo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Pecuária (NUPEEC), mais especificamente na área de “Desenvolvimento de fármacos” linha de pesquisa em que o tutor Marcio Nunes Corrêa é coordenador. Neste projeto, alunos dos Programas de Pós-Graduação em Biotecnologia, Veterinária, Zootecnia da UFPel; além de alunos de iniciação científica e tecnológica dos cursos de graduação em Medicina Veterinária, Zootecnia, Agronomia e Biotecnologia, serão envolvidos. Todos estes alunos fazem parte da equipe do grupo NUPEEC (wp.ufpel.edu.br/nupeec), sendo estas atividades um importante instrumento para a formação pessoal.
EXPERIMENTO 1
Ensaios in vitro das formulações
O projeto que compõe esta proposta envolve o desenvolvimento de um produto polimérico, biodegradável, para a administração controlada de fármacos. As formulações termo reversíveis são também conhecidas como “géis inteligentes”, pois são soluções poliméricas líquidas à temperatura ambiente que gelificam quando em contato com a temperatura corporal, formando o gel que servirá como sistema de liberação controlada do fármaco. O fato das formulações serem liquidas a temperatura ambiente, favorece o fracionamento de doses para adaptação a qualquer espécie e categoria animal, uma vez que o sistema de liberação controlada só é formado in situ. É válido lembrar que a metodologia aqui descrita diz respeito apenas à estudos de pré-formulação e farmacocinética. A seguir estão descritos os materiais que serão utilizados, bem como as metodologias que serão aplicadas no preparo e na avaliação (in vitro) das formulações:
1) Controle de qualidade de matérias primas
A 5-HTP será adquirida de uma empresa certificada, com pureza superior a 99,0%. A água utilizada será purifica primeiramente por destilação e posterior com o sistema Millipore ultra-pure water (Milford, USA).
Será feita a avaliação in vitro através de verificação macroscópica da consistência e aspectos morfológicos. Para essa verificação será utilizada diversas técnicas que estão descritas na Farmacopeia Brasileira e estrangeiras ou compêndio compatível que contenha informações sobre a substância ativa e/ou adjuvante em estudo (Farmacopéia Brasileira, 1988; British Pharmacopoeia, 2001; The United State Pharmacopoeia, 2000).
2) Testes preliminares
Serão realizados testes com o objetivo de verificar se os insumos possuem as características desejáveis para o produto. Eles devem ser inertes química e farmacologicamente, porém imprescindíveis para a elaboração de uma formulação, objetivando proteger e/ou melhor as propriedades do fármaco. Entretanto, os insumos podem reduzir ou ampliar os efeitos farmacológicos, mostrando a importância de verificar a compatibilidade de todos os componentes da formulação (Rowe et al., 2009).
3) Preparo das formulações
As soluções poliméricas serão preparadas de acordo com o clássico “método a frio” (Schmolka, 1972). Os polímeros (principais e acessórios) serão pesados e adicionados lentamente à em água fria, ficando em hidratação com água de alta pureza na temperatura de 4-8 °C, por 24 horas, até que uma solução límpida seja obtida. Em seguida, quantidades suficientes de da 5-HTP (de acordo com o intervalo de concentração estabelecido no protocolo terapêutico originário) será adicionada através de dois métodos: dispersão da forma sólida ou dissolução prévia para depois ser incorporada à solução polimérica, para obtenção do protótipo para teste com duração de 4 dias, para liberação lenta e controlada do princípio ativo.
4) Ensaios in vitro
Nessa etapa, as formulações desenvolvidas serão submetidas a ensaios laboratoriais, conforme preconizado pelas farmacopéias nacional e/ou internacionais (Farmacopéia Brasileira, 1988; British Pharmacopeia, 2001; The United State Pharmacopeia, 2000). Serão preparados simuladores in vitro, para avaliação das formulações num ambiente semelhante ao que se propõe implantá-lo terapeuticamente e de acordo com a via de administração proposta. A partir disso serão feitos os ajustes necessários, tanto na carga da substância ativa como na concentração dos adjuvantes, processos que serão repetidos inúmeras vezes até encontrarmos as formulações ideais.
4.1) Determinação da temperatura de transição (sol-gel):
A temperatura de transição de fase sol-gel será determinada pelo método de inversão tubo (Garripelli et al., 2010). Alíquotas de 2 mL são transferidas para tubos de 13 mm num banho com água a 4 °C com agitação. A temperatura do banho é aumentada de 2°C em 2°C até completa estabilização das formulações. Quando a solução polimérica parar de fluir sob a inclinação do tubo a 90°, é registrada a temperatura de gelificação ou temperatura de transição sol-gel.
4.2) Ensaio de erosão/dissolução do gel:
O perfil de erosão/dissolução do gel é determinado por gravimetria, em que um frasco de vidro de 13 mm de diâmetro, pesado previamente, contendo um volume conhecido do gel, que é equilibrado a 37°C e coberto por uma solução de tampão fosfato pH 7,4 na condição de não saturação do meio (Sink condition), para servir como meio de liberação para o da 5-HTP. Em seguida são colocados num banho-maria a 37°C sob agitação constante e em intervalos pré-definidos, o meio de liberação de cada tubo é removido, o frasco pesado e a massa do gel erodido/dissolvido é calculada pela diferença de peso do frasco (Zhang et al., 2002) sob agitação constante e em intervalos pré-definidos, o meio de liberação de cada tubo é removido, o frasco pesado e a massa do gel erodido/dissolvido é calculada pela diferença de peso do frasco (Zhang et al., 2002).
4.3) Ensaio de liberação in vitro de da 5-HTP
Conforme a descrição do ensaio de erosão, o meio de liberação retirado dos tubos a cada intervalo de pesagem é submetido a análise da 5-HTP em espectrofotômetro de Ressonância Magnética Nuclear (RMN). Todos os testes serão realizados em triplicata.
4.4) Produção dos “protótipos” de bancada
Estes experimentos possuem o objetivo de reproduzir o comportamento da(s) formulação(ões) quando submetida a sucessivas produções. Para isso, serão fabricados lotes-teste, que passarão novamente pelos ensaios in vitro descritos anteriormente. Essa etapa, que antecede o ScalingUp (aumento de escala), possibilitará avaliar o comportamento da formulação quando submetida a um ciclo produtivo com quantidades maiores de matérias primas, onde os pontos críticos de uma formulação farmacêutica serão observados (Gennaro, 2004).
EXPERIMENTO 2
Ensaios in vivo em vacas não gestantes
Após a seleção das formulações, para verificação da eficácia da formulação, serão realizados dois estudos in vivo. O primeiro a fim de verificar a liberação do fármaco e possíveis alterações comportamentais e metabólicas.
1) Instalações
O experimento será realizado em uma unidade experimental da Universidade Federal de Pelotas (Centro Agropecuária da Palma), localizado nas coordenadas 31°48'05.5"S 52°30'59.4"O. O sistema de manejo desses animais é extensivo, onde os animais ficam alojados em campo nativo, tendo água e forragem ad libitum.
2) Seleção dos animais e procedimentos experimentais
Nesta fase serão utilizados animais não gestantes e não lactantes, saudáveis, sem raça definida, sendo estes distribuídos em grupos (n=10) de acordo com o número de formulações que apresentarem os melhores perfis de liberação in vitro de 5-HTP, além de um grupo controle (n=10) que irá receber a formulação polimérica sem a adição do princípio ativo. Todos os grupos receberão as formulações por via subcutânea.
3) Avaliações Clínicas
Durante o período experimental, os animais serão acompanhados por um médico veterinário verificando qualquer alteração comportamental e no local de aplicação. Além disso, serão feitos exames clínicos, avaliando frequência cardíaca e respiratória, movimentos ruminais, temperatura retal, coloração de mucosas e grau de hidratação (Rosemberger, 1993), de hora em hora durante as primeiras 10 horas, e posteriormente nos momentos das coletas sanguíneas.
4) Coletas sanguíneas
Serão realizadas coletas de sangue uma hora antes da aplacação das formulações (hora -1), antes da aplicação (hora 0) e nos momentos 5, 10, 15, 30 e 60 minutos, posterior será coletado de hora em hora até 10 horas (horas 2 a 10), 12, 24, 36, 48, 72, 96 e 120 horas após a aplicação, para verificar o perfil de liberação do fármaco. As coletas serão realizas com o sistema vaccutainer, utilizando tubos sem anticoagulante, fluoreto de potássio (KF). As amostras serão centrifugadas a 2250 x g por 15 minutos a fim de se obter o soro sendo estes armazenados a -20°C até o momento das análises. Também serão coletadas amostras em tubos com EDTA nas horas 0, 6, 12, 24, 48, 72, 96 e 120.
5) Análises Bioquímicas e Hematológicas
O soro coletado será avaliado quanto aos níveis de 5-HTP por Ressonância Magnética Nuclear (RMN), já cálcio, fósforo, glicose, ácidos graxos não-esterificados (AGNEs), β-hidroxibutirato (BHB), γ-glutamil transferase (GGT), aspartato aminotransferase (AST), albumina e magnésio serão mensurados utilizando kits comerciais por espectrofotometria em um analisador bioquímico automático (LabMax Plenno, Labtest Diagnóstica LTDA, Brasil).
As análises hematológicas serão realizada, utilizando sangue total coletado com EDTA, através da técnica de impedância para a avaliação de fase vermelha do sangue e por citometria de fluxo para fase branca, utilizando o contador automático BC-2800 (Mindray, China), além disso, o diferencial de leucócitos será realizado através de esfregaços sanguíneos corados com Panótipo (Laborclin, Brasil) e a leitura feita no microscópio Nikon Eclipse E200 (Nikon, Japão) com um aumento de 1000x. Para a análise de fibrinogênio, será utilizado o método de precipitação por calor (Millar et al., 197