Nome do Projeto
Prevalência de xerostomia e fatores associados em uma coorte de idosos de Pelotas-RS
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
18/01/2022 - 28/02/2024
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
A xerostomia é uma condição de saúde oral caracterizada pela sensação subjetiva de boca seca, em larga parte relacionada com a hipossalivação, esta última sendo uma redução no fluxo salivar objetivamente mensurável (Nederfors, 2000). Tanto a xerostomia quanto a hipossalivação estão relacionadas com uma menor qualidade de vida relacionada à saúde oral (Gerdin et al., 2005; Ikebe et al., 2007). Entretanto, foi demonstrado que a quantidade de saliva para a sensação de boca seca varia entre indivíduos e nem sempre apresentam correlação próxima (Diep et al., 2021), indicando que a mensuração biológica da salivação em detrimento da xerostomia autorreportada nem sempre é uma medida confiável para refletir impactos reais na qualidade de vida relacionada à saúde oral de indivíduos (OHRQoL) - um dos mecanismos através dos quais pode haver xerostomia sem hipossalivação é através da evaporação da saliva em indivíduos respiradores bucais, por exemplo (Takahashi, 2012). Além de lesões de origem mecânica na mucosa oral pelo atrito entre estruturas sem a ação lubrificante da saliva (Neville et al., 2009), a xerostomia pode, através do mesmo mecanismo, dificultar a capacidade de falar no indivíduo afetado (AML et al., 2018; Ouanounou, 2016), prejudicar a adaptação do paciente a próteses totais, posto que a ação lubrificante mencionada também é essencial no mecanismo de retenção (AHB et al., 2017); e dificultar a capacidade de engolir alimentos, especialmente os mais secos (Barbe, 2018; T. Y. Lu et al., 2020). Diversos fatores podem estar relacionados etiologicamente à xerostomia. Transitoriamente, episódios de desidratação podem resultar na condição. De maneira crônica, pode estar relacionada a condições locais, como a diminuição da mastigação (muitas vezes consequência de redução do arco mastigatório e inadequada ou inexistente reabilitação) ou respiração bucal; e também a condições sistêmicas, como diabetes, tabagismo e o uso de determinadas classes de medicamentos, entre eles ansiolíticos, anti-hipertensivos e antidepressivos (Agostini et al., 2018). Destaca-se, como fator mais fortemente associado à xerostomia, a radioterapia de cabeça e pescoço (Diep et al., 2021; Jensen et al., 2003; Ship et al., 2018). 3 Outro fator associado é a idade avançada. Na população idosa a prevalência global estimada da condição é de aproximadamente 25%. Entretanto, a idade também está relacionada com muitos dos aspectos abordados no parágrafo anterior, e já é aceito que a associação bruta entre idade e xerostomia é apenas moderada, provavelmente sendo mediada por outros fatores - dentre eles, o uso de medicações é um dos de maior destaque, inclusive apresentando relação dose-resposta (Barbe, 2018; Marcott et al., 2020; Wolff et al., 2016). Para contribuir com a discussão acerca do tema e, juntamente aos pares, promover ambiente propício à constante atualização e melhoria de diretrizes e políticas de saúde bucal do idoso, bem como protocolos clínicos de atendimento que possam direcionar o profissional de saúde no atendimento dessa população, sempre pautando-se em evidências, o objetivo deste estudo é descrever a prevalência da xerostomia em idosos de Pelotas e identificar possíveis fatores de risco e proteção para a condição nesta população.

Objetivo Geral

Estimar a prevalência de xerostomia e fatores associados em idosos (>60)
da cidade de Pelotas, RS.

Justificativa

Apesar de haver número representativo de estudos sobre o tema, grande
parte trabalha com uma amostra reduzida e selecionada por conveniência. A
ampla maioria dos que apresentam uma amostra de base populacional são
oriundos de países ricos (com destaque para a região escandinava). Além disso,
há diferenças nos resultados encontrados. Em uma revisão sistemática sobre o
tema, foram observadas prevalências entre os estudos variando de 1% a mais
de 60% (Agostini et al., 2018). Como pôde ser observado na revisão de literatura,
mesmo entre estudos de amostragem robusta há divergências nos métodos de
mensuração de xerostomia utilizados, sendo comum o desenvolvimento de
instrumentos específicos não utilizados previamente. Essa pode ser uma
explicação para prevalências tão diferentes descritas na literatura, considerando
ainda que a revisão de literatura deste estudo encontrou resultados
relativamente consistentes entre artigos que usaram os mesmos instrumentos.
Dessa maneira, é de suma importância que levantamentos epidemiológicos
acerca do tema façam uso de instrumentos validados e sedimentados na
literatura.
Estudos de prevalência sobre o tema no Brasil e outros países da América
Latina de amostra robusta e uso de instrumento amplamente comparável são
escassos, e a maior parte destes são transversais. Este estudo propõe-se a aferir
a prevalência, incidência e severidade de xerostomia e avaliar associações
existentes ao longo do tempo, utilizando o questionário reduzido de xerostomia
(Shortened Xerostomia Inventory – SXI) (Thomson et al., 2011) como
instrumento para tanto. Este é um questionário de rápida e fácil aplicação, cuja
eficácia na mensuração da condição foi atestada e o qual é amplamente utilizado
em estudos sobre o tema e validado em diferentes línguas, permitindo
comparabilidade (Amaral et al., 2018; Jamieson & Thomson, 2020; Wimardhani
et al., 2021). Como destacado, a ampla maioria dos estudos encontrados na
revisão de literatura são oriundos de países de alta renda e refletem, portanto,
essas populações, fazendo-se necessárias investigações similares em países
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de média e baixa renda, levando em consideração as distinções
socioeconômicas dos cenários.
Ademais, estudos voltados à população idosa ou que contemplem essa
população não são maioria, muito embora a xerostomia afete esse grupo etário
com maior frequência e seja fator de impacto negativo na qualidade de vida –
apenas um estudo de base populacional sobre o tema no Rio Grande do Sul foi
encontrado. O conhecimento de informações a respeito dessa condição, cuja
prevalência difere largamente em diferentes populações, é importante para o
delineamento de estratégias de saúde, em especial direcionadas à população
idosa. Portanto, a obtenção dos dados objetivados por este estudo,
representativos da população de Pelotas, poderá ser de valia para nortear
estudos futuros e o desenvolvimento de protocolos clínicos de atendimento que
possam guiar o atendimento do profissional de saúde a essa população.

Metodologia

Este é um estudo longitudinal que utilizará dados de uma coorte
prospectiva iniciada em 2014. Serão utilizados dados de levantamentos
realizados nos anos de 2014, 2016 e no período de 2019 – 2020.
Através deste delineamento, será possível não apenas descrever a
prevalência de xerostomia na população, mas também acompanhar sua taxa de
incidência e estudar associações eliminando o viés de causalidade reversa.

Indicadores, Metas e Resultados

A prevalência média de xerostomia na população avaliada será de
aproximadamente 20%.
a) A prevalência de xerostomia será maior em idades mais avançadas;
no sexo feminino e em níveis socioeconômicos mais baixos;
b) Haverá associação positiva entre a prevalência de xerostomia e o
tabagismo, o uso de medicamentos e reabilitações protéticas
convencionais e a presença de diabetes, artrite, hipertensão, doença
de Parkinson e depressão;
c) Haverá associação negativa entre prevalência de xerostomia e índices
de qualidade de vida relacionada à saúde oral dos idosos;
d) A prevalência relativa de xerostomia será maior em 2016 que em 2014
e maior em 2019 que em 2016.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
FLAVIO FERNANDO DEMARCO2
MARIANA GONZALEZ CADEMARTORI
MIGUEL KONRADT MASCARENHAS
RAFAELA DO CARMO BORGES

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