Nome do Projeto
Investigação de Chlamydophila psittaci em Caturrita (Myiopsitta monachus), atendidas no Núcleo de Reabilitação da Fauna Silvestre e Centro de Triagem (NURFS/CETAS)
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
23/06/2022 - 27/02/2026
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
A caturrita (Myiopsitta monachus) é um psitacídeo silvestre e sua criação como animal doméstico é ilegal. Aves de vida livre tem um papel importante como transmissores de doenças zoonóticas e o gênero Chlamydophila é um parasito intracelular obrigatório, gram negativo de caráter zoonótico. Por se tratar de uma doença de zoonótica, o objetivo deste trabalho é identificar por meio de PCR o agente Chlamydophila psittaci em caturritas recebidas no Núcleo e Reabilitação de Fauna Silvestres e Centro de Triagem de Animais Silvestres (NURFS/CETAS). O número amostral de caturritas utilizado neste estudo será por conveniência, sendo todos previamente avaliados por exame clínico, para posteriormente serem realizadas as coletas suabe cloacal e da orofaríngea. O intuito deste trabalho é informar a população sobre os riscos à saúde pública que se dá através da criação destes animais, sem o conhecimento prévio de sua origem, sendo eles um dos principais transmissores da doença psitacose.

Objetivo Geral

Objetivo geral: Identificar Chlamydophila psittaci em caturritas (Myiopsitta monachus) recebidas no Núcleo e Reabilitação de Fauna Silvestres e Centro de Triagem de Animais Silvestres (NURFS-CETAS).

Objetivos específicos:

Identificar Chlamydophila psittaci por meio de PCR em amostras de caturritas (Myiopsitta monachus).

Justificativa

A ordem psittaciforme é popular pelas aves serem inteligentes, possuírem uma vocalização da qual tem a capacidade de reproduzir sons e colorações bem variadas e exuberantes (GRESPAN; RASO, 2014). A caturrita (Myiopsitta monachus) é um psitacídeo de coloração esverdeada, tons de cinza na face e pescoço, faixas brancas transversais no peito e rêmiges azuladas. São animais que possuem preferência em fazer seus ninhos em galhos de eucalipto (SICK, 1997). Apresentam comportamento semelhante ao de outros psitacídeos, porém conforme um estudo comportamental realizado por Silva e Peres (2017), são animais que passam o maior tempo do dia nidificando e em repouso em seu ambiente natural. Em alguns países são consideradas praga por se alimentarem dos cultivos de milho, por exemplo. E por se tratar de um animal silvestre sua criação é ilegal (SICK, 1997).

Aves de vida livre tem um papel importante como transmissores de doenças zoonóticas (SYKES; GREENE, 2015). As enfermidades são das mais variadas, podendo ser de origem viral, fúngica, bacteriana ou parasitária, de baixa a alta virulência. Alguns exemplos são: influenza aviária: criptococose, histoplasmose e tuberculose (TORRES; D’APARECIDA; HAAS, 2015).

O gênero Chlamydophila spp. é um membro da ordem Chlamydiales. São parasitos intracelulares obrigatórios, gram negativos e apresentam ciclos de desenvolvimento de formas distintas, como o corpúsculo elementar que se dá pela forma extracelular, e o corpúsculo reticulado forma intracelular. O gênero Chlamydophila spp. tem grande importância na medicina humana e na medicina veterinária, por se tratar de um agente de caráter zoonótico. As principais espécies são: C. pneumoniea, C. abortus, C. suis, C. caviae, C. felis e C. psittaci da qual é responsável pela psitacose em aves e seres humanos (SYKES; GREENE, 2015).

Aves de vida livre tem um papel importante como reservatórios de C. psittaci, sendo que os psittaciformes e columbiformes são as ordens comumente diagnosticadas com clamídiose (RASO, 2014). Em aves e seres humanos os tecidos de maior ocorrência são mucosas oculares, respiratória, gastrointestinal e geniturinária (SYKES; GREENE, 2015). A transmissão ocorre principalmente por meio das excretas das fezes, secreções dos infectados, ingestão ou contato direto. Sendo as aves jovens as mais susceptíveis a contaminação. O agente tem sua eliminação de forma intermitente e os animais infectados que apresentam sinais inespecíficos podem eliminar conforme situações de estresse, aglomeração, deficiência nutricional, entre outras condições que não sejam de bem estar para o animal. Sendo um agente facilmente destruído por temperaturas elevadas (RASO, 2014).

A clamídiose nas aves tem uma morbidade elevada e a mortalidade é variável, sendo as aves jovens mais acometidas pela letalidade. Os sinais clínicos normalmente são inaparentes, ou podem ser de caráter super agudo, agudo ou crônico. Tudo vai depender de fatores estressantes para o animal desencadear sinais clínicos dos quais muitas vezes são inespecíficos. Ou seja, o diagnóstico só será possível através da detecção do agente por meio de exames, como por exemplo: isolamento do agente por meio de cultura, PCR (Reação de Cadeia Polimerase) e métodos sorológicos.

Para a detecção do agente pode se fazer as coletas em um período de tempo, ou coletar amostras de diferentes regiões para se ter maior chance na detecção já que a eliminação do agente é intermitente (RASO, 2014). Em um estudo realizado por Braz et al. 2014, que avaliou dez ordens de aves, foi possível observar baixa prevalência de casos positivos para Chlamydophila spp., o que pode estar relacionado ao fato das aves estarem assintomáticas no momento da coleta e também pelo número baixo de amostras analisadas. Os animais positivos do estudo, eram principalmente da ordem psittaciforme.

O PCR é um método rápido e sensível para detecção do gene do agente numa amostra pequena, não precisando o agente estar vivo para sua identificação (SYKES; GREENE, 2015). Falsos-negativos podem ocorrer nos casos em que o animal não está eliminando o patógeno no momento da coleta (RASO, 2014). Num estudo realizado em Arara Canindé (Ara ararauna) por Vasconcelos (2016), dos animais testado por meio de PCR, 50% foram positivos para C. psittaci por suabe cloacal em 34,78% dos casos, os animais positivos eram assintomáticos.

A psitacose é uma doença de origem aviária de caráter zoonótico, sendo sua transmissão através do contato indireto muitas vezes, seja por inalação por meio de contaminantes e contato direto com as aves. Por ser um agente sensível a temperaturas elevadas, não possui casos de contaminação por meio alimentício. As principais sintomatologias observadas em seres humanos, são: resfriados leves, com febre e dores de cabeça e na forma grave que pode evoluir para uma pneumonia, com dificuldade respiratória e tosse. A medida profilática para a doença, é ter cuidado na manipulação e manejo com as aves, quarentena e tratamento com antibióticos da família tetraciclina (VASCONCELLOS, 2001).

Metodologia

Animais: A determinação no número amostral de caturritas será por conveniência, ou seja, conforme o número de animais que chegarem para atendimento no NURFS/CETAS. Será estabelecido no recebimento se o animal é proveniente de vida livre ou cativeiro, idade e posteriormente passarão por um exame clínico completo.
Coleta de material biológico: As amostras biológicas serão coletadas por meio da utilização de suabes friccionados na cloaca e orofaringe. O material será acondicionado em tubos eppendorf com 1 ml de solução fisiológica 0,9%, para posterior
armazenamento em ultrafreezer a -80°C e processamento das amostras para realização das extrações de DNA.
Extração do DNA e PCR para Chlamydophila psittaci: A extração de DNA genômico de Chlamydophila será realizada de acordo com o descrito por Silva et al. (2010). E PCR em tempo real (PCR-RT) conforme descritos por Geens et al. (2005).

Indicadores, Metas e Resultados

Metas: Identificar Chlamydophila psittaci nas amostras biológicas dos animais recebidos no NURFS/CETAS. E com os resultados obtidos buscaremos compartilhar as informações com a comunidade acadêmica e informar a população sobre os riscos à saúde pública que se dá através da criação destes animais, sem o conhecimento prévio de sua origem.
Resultados: Buscar resultados positivos nas amostras coletadas, com o intuito de avaliar o potencial reservatório de C. psittaci nas caturritas que são atendidas no NURFS.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ALAN SANTOS BEANES
MARINA CHAGAS DOS PASSOS
MAYANA LIMA SÁ
RAQUELI TERESINHA FRANCA41

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