Nome do Projeto
COLABORANDO NA ADAPTAÇÃO DE PESSOAS COM ESTOMIAS INTESTINAIS E FAMÍLIAS: PROJETO ASSISTENCIAL E EDUCATIVO
Ênfase
Extensão
Data inicial - Data final
20/06/2022 - 18/12/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Eixo Temático (Principal - Afim)
Saúde / Saúde
Linha de Extensão
Pessoas com deficiências incapacidades, e necessidades especiais
Resumo
Desenvolvimento de ações educativas e assistenciais a pessoas estomizadas e seus familiares por estudantes do curso de graduação na área da saúde. Inicialmente, os acadêmicos de diversas áreas da saúde (enfermagem, nutrição, psicologia, terapia ocupacional) receberão uma capacitação sobre a estomia intestinal, principais aspectos e cuidados que englobam a vida com estomia. Posteriormente, irão acompanhar as pessoas estomizadas e a família em sua primeira consulta no Serviço de assistência Especializado à pessoa Estomizada e Incontinente (PAEI) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Este serviço é o responsável pela distribuição das bolsas e insumos para as pessoas estomizadas. Nesta consulta, o serviço dará as orientações sobre os principais cuidados que a pessoa agora, estomizada, precisa conhecer e realizar, porém seu retorno ocorrerá de acordo com a agenda destes profissionais, podendo ser após um mês ou mais. Desta forma, o estudante, irá realizar orientações sobre viver com uma estomia intestinal, bem como poderá acompanhá-los após a primeira consulta mediante contato telefônico e visita domiciliar, quando necessário, a fim de sanar algumas dúvidas que poderão surgir. Além das atividades com as pessoas estomizadas e família, o projeto propiciará reuniões mensais, para discussão sobre as experiências vivenciadas e dificuldades encontradas pelos estudantes, bem como leitura de textos ou estudos dirigidos sobre a temática. Essas reuniões ocorrerão com a participação dos acadêmicos e os docentes vinculados, atendendo ao preceito de indissociabilidade entre ensino, extensão e pesquisa.

Objetivo Geral

Objetivo geral:
Este trabalho tem como objetivo geral desenvolver atividades de educação em saúde junto à pessoa estomizada e família após primeira consulta no serviço especializado de atendimento ao estomizado da Secretária de Saúde de Pelotas, a fim de promover o autocuidado precoce e facilitar reinserção social desta população.
Objetivo especifico:
- Sensibilizar os discentes dos cursos de enfermagem, nutrição, terapia ocupacional e psicologia sobre as necessidades de cuidado de pessoa com estomia e sua família necessitam aprender;
- Capacitar os acadêmicos dos cursos de enfermagem, nutrição, terapia ocupacional e psicologia sobre as principais orientações e cuidados que a pessoa estomizada e família necessitem;
- Orientar a pessoa estomizada e família sobre as mudanças que poderão ocorrer relacionados aos aspectos biológicos, sociais e psicológicos, a fim de promover o autocuidado e a melhoria na qualidade de vida;
- Acompanhar a pessoa estomizada e sua família nos primeiros meses de adaptação com a estomia, a fim de minimizar possíveis dificuldades e problemas.

Justificativa

A estomia intestinal é caracterizada pela exteriorização cirúrgica de uma parte do intestino por uma abertura através da cavidade abdominal, podendo ser temporária ou definitiva (AZEVEDO, et al, 2014). Dependendo da localização do segmento exposto, ela terá nomenclaturas diferentes, como por exemplo, ileostomia e colostomia, podendo ser permanentes ou temporárias (PEREIRA, 2015).
No Brasil, as principais causas relacionadas a necessidade de uma estomia na população adulta e idosa estão vinculadas as neoplasias, mais especificamente ao câncer colorretal (MIRANDA et al, 2016). Conforme o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) (2020), a estimativa para o ano de 2020 do câncer de cólon e reto é de 17.760 em homens e 20.470 em mulheres. Contudo, outros problemas de saúde podem exigir a confecção de uma estomia intestinal, com a diverticulite, apendicite, ferimentos com armas de fogo ou arma branca, volvo intestinal, entre outros problemas (Mendes, Leite, Batista, 2014).
Menezes et al. (2016) constataram que a taxa de mortalidade no Brasil por CCR no ano de 2014, foi de 7,98 óbitos/100.000 habitantes, obtendo taxas mais elevadas nas regiões Sul e Sudeste. O Departamento de Informática do Serviço Único de Saúde (DataSUS) nos indica que no período de janeiro de 2017 à janeiro de 2020, no estado do Rio Grande do Sul, foram realizados 1.499 procedimentos de colostomia. Contudo, infelizmente são escassos os dados epidemiológicos brasileiros de pessoas estomizadas no Brasil, o qual dificulta a elaboração de Políticas Públicas para essa população (CERQUEIRA, 2020).
Silva e Shimizu (2012) salientam que o indivíduo que se vê com uma estomia enfrenta dificuldades de naturezas físicas, psicológicas, emocionais e sociais, diante da perda do controle da eliminação de gases e evacuações, ou seja, rejeitando a necessidade de conviver com esta nova situação de vida. Collet, Silva e Aymone (2016) afirmam que esse problema de saúde acaba se tornando um gatilho para a pessoa com estomia isolar-se socialmente, com medo da bolsa coletora ser percebida e do mal-estar que irá gerar no ambiente. A ideia de ter uma bolsa coletora com fezes no abdômen gera um sentimento de inferioridade e exclusão em relação aos outros membros da comunidade. Desta forma, é importante reconhecer a família como integrante essencial no processo de cura da pessoa que se encontra doente, tornando-se peça chave na evolução do tratamento. Nesta perspectiva, ela é a principal fonte de informação, contribuindo para o bem estar do doente (CAMPOS, 2014). Ademais, a inserção da família no cuidado faz parte da Política Nacional de Humanização, visto que os serviços de saúde são influenciados pela qualidade no atendimento e no fortalecimento das relações entre profissionais e usuários (BRASIL, 2003).
Desse modo, além de complicações psicológicas e sociais ocorrem, como as complicações relacionadas ao dispositivo, que também podem afetar essa população. Em um estudo realizado por Freitas; Lucena; Costa (2017) com 572 pessoas estomizadas foram identificados que as complicações que mais os acometem são: dermatite de periestoma (28,9%), prolapso (20,2%), hérnia periestomal (18,5%) e retração do estoma (17,9%). As dermatites em periestomas, em sua maioria estão relacionadas à fricção de gaze para a retirada dos resquícios de cola, a troca constante da bolsa coletora e a higiene realizada de forma inadequada levando a irritação da pele, ocasionando dermatites de níveis leves, moderados e graves (MARTINS et al, 2012). Tal evidencia científica demonstra a necessidade de orientação e disponibilidade de profissionais de saúde para ajudar a minimizar estas complicações durante a adaptação das pessoas ao uso dos dispositivos.
Sendo assim, um atendimento especializado com uma enfermeira estomaterapeuta, juntamente com seu preparo e habilidades pode proporcionar um serviço valioso a pessoa estomizada, sua família e a equipe de saúde, pois requer do profissional uma assistência completa, voltada para o impacto da adaptação, para a educação em saúde e o apoio. Estas orientações precisam estar inseridas desde o pré-operatório, com informações sobre o tipo de estoma, a aparência, sua função, como lidar, que odor terá, qual roupa adequada para vestir, quais dispositivos mais adequados, que repercussão psicossexuais irão ocorrer. Já os cuidados no pós operatório incluem o estoma e pele no periestoma, orientações sobre higiene, aspectos das fezes, alimentação e ingesta hídrica e como prevenir complicações ou resolver quando ocorrerem (ERWING-TOTH, 2004).
Desse modo, a secretária Municipal de Saúde de Pelotas criou em 1985 o Programa de Assistência do Estomizado e Incontinente (PAEI), que atualmente conta com duas enfermeiras estomaterapeutas, uma psicóloga, uma assistente social e uma secretária. Em 2019, havia 400 pessoas cadastradas no programa, com média de 15 a 20 pessoas inseridas por mês no serviço.
Contudo, devido a demanda significativa de pacientes atendidos no serviço, o retorno após o primeiro atendimento pode ser demorado, pois a agenda de atendimentos está aberta para o total de pacientes cadastrados. Desse modo, esse paciente recém estomizado, pode ficar com dúvidas ou questionamentos importantes referentes a esta nova condição de vida. Desse modo, pensou-se em acompanhar o paciente na sua primeira consulta juntamente a enfermeira do serviço para conhecer este estomizado e suas particularidades e assim continuar esse acompanhamento para que o mesmo sinta-se acolhido e aparado, com intuito de garantir que as informações acerca do seu autocuidado e segurança nesta nova situação de vida sejam compreendidas por todos os envolvidos com sua saúde.
Ademais, trabalhar com educação em saúde com uma população, que em sua grande maioria desconhece o problema de saúde que necessita enfrentar, e que sofre discriminação e preconceito por ter uma bolsa de fezes em seu abdome, é de suma importância. Essa educação em saúde irá fortalecer essas pessoas a compreender o que se está vivenciando enquanto estomizado, os cuidados necessários para evitar maiores complicações, bem como estratégias para facilitar sua reinserção na sociedade e assim melhorar sua qualidade de vida. Essa forma de trabalho irá inserir a família no contexto de adoecimento, pois se sabe que a família, muitas vezes, adoece junto com a pessoa e que também necessita deste suporte educativo e assistencial.
Justifica-se ainda este projeto com a inclusão do estudante de graduação a trabalhar com pessoas estomizadas e família, uma vez que este conteúdo é pouco abordado na graduação. Ter um estudante capacitado para dar orientações relevantes a essa população iria garantir um aluno motivado ao saber que seu aprendizado foi importante na trajetória de adoecimento do paciente, bem como manter o contato com este estreitaria laços entre estudantes, profissionais e pacientes, ainda na perspectiva de aproximação da universidade com a comunidade que necessita deste cuidado.

Metodologia

Seria constituída em três ações:
Primeira Ação – (Capacitação dos Estudantes): Inicialmente os estudantes receberão uma capacitação sobre os cuidados com uma estomia intestinal, por meio de palestras com abordagem teórico-prática, estudo dirigido com roda de discussão acerca da temática e técnica de simulação em laboratório de enfermagem. Neste momento, serão enfatizados os seguintes assuntos: a anatomia e fisiologia do trato gastrointestinal, cuidados com a pele, periestoma e estomia, dispositivos e adjuvantes para estomia, dieta adequada para o problema de saúde, sexualidade, direitos dos estomizados e a importância dos grupos de apoio, principais complicações e doenças do intestino. Estima-se o prazo de 20 horas para a conclusão desta etapa, sendo estas distribuídas no primeiro mês do semestre nas dependências da Faculdade de Enfermagem.
Haverá ingresso de novos estudantes no projeto semestralmente, sendo que as capacitações ocorrerão novamente. Após a primeira capacitação os estudantes que já participaram e que se sentem habilitados poderão também palestrar no projeto, juntamente a supervisão das professoras coordenadoras.
Serão utilizados instrumentos de avaliação ao estudante, a fim de investigar seu processo de aprendizagem e sua capacidade de desenvolver atividades educativas a esta população.

Segunda Ação – (Vivência no PAEI): Esses estudantes já capacitados irão ao serviço de estomizados (PAEI) saber data e horário das consultas dos novos pacientes para assim conhecê-los e participar dessa consulta. Também será preenchido um cadastro para identificação, a fim de possibilitar contato posterior do estudante ao estomizado, bem como informações importantes sobre seu quadro clínico-cirúrgico.
Terceira Ação – (Vivência no domicílio/): Após contato no serviço, o estudante entrará em contato com a pessoa estomizada e família, inicialmente via ligação telefônica ou via whats app, a fim de estabelecer uma conversa e sanar possíveis dúvidas que poderão surgir. Contudo, a pessoa estomizada e/ou família, considere necessário, serão também realizadas visitas no domicílio, quando as dúvidas via contato não presencial não tenham sido completamente minimizadas, uma vez que as mesmas poderão surgir por estarem em processo de adaptação a vida com a estomia. As visitas no domicílio ocorrerão juntamente às professoras do projeto. Este acompanhamento ocorrerá até o retorno à nova consulta com o serviço de saúde especializado em estomaterapia do município de Pelotas ou caso a pessoa estomizada ou sua família considere necessário.
O projeto também propiciará reuniões mensais, para discussão sobre as experiências vivenciadas e dificuldades encontradas pelos estudantes, bem como a troca de experiências entre os mesmos, na perspectiva de incentivar seu processo de aprendizagem. Somado a isto, também serão inseridas leitura de textos ou estudos dirigidos sobre a temática.

Indicadores, Metas e Resultados

Estima-se que estas atividades de educação em saúde ajudem as pessoas estomizadas e familiares no processo de adaptação, aceitação na nova situação de vida, colaborando na primeira fase da doença e evitando complicações futuras.
Almeja-se ainda que mediante este projeto os estudantes articulem e ampliem saberes, na perspectiva que consigam conduzir adequadamente suas orientações e cuidados condizentes com as necessidades de saúde dessa população. Ademais, que se sensibilizem com o atendimento a pessoa estomizada e família, a fim de promover um atendimento atencioso e cuidadoso, melhorando a qualidade da assistência. As pessoas que necessitam de uma estomia tendem ao isolamento social por medo e vergonha da nova condição de vida, entretanto com as estratégias e orientações fornecidas por este grupo de estudantes e professores esperamos melhorar a qualidade de vida destas pessoas e que estas reestabeleçam a reinserção social.
A partir deste projeto pretende-se ainda ampliar a produção científica na área, com artigos, resumos e apresentação de trabalhos em eventos, que serão construídos mediante as experiências vivenciadas pelos estudantes ingressantes nesta atividade educativa e assistencial.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ALITEIA SANTIAGO DILELIO2
ANA PAULA DE LIMA ESCOBAL1
ANDRIELE PEREIRA DE DEUS
CAROLINE DE LEON LINCK4
CRISTINA LESSA MARTINS
EDUARDA SCHELLIN WACHOLZ
IRIS HELENA SCHWARTZ BEILFUSS
JULIANA GRACIELA VESTENA ZILLMER2
LARISSA DA SILVA DOMINGUES
LAURA MARIANA FRAGA MERCALI
LENICE DE CASTRO MUNIZ DE QUADROS2
MANUELA LOUZADA VOLZ
MARIANA MEDEIROS SILVEIRA
MARINA SOARES MOTA8
MICHELE CRISTIENE NACHTIGALL BARBOZA12
MIRIAN QUÊNIA COSTA DA ROSA
NADIA REGINA RUTZ
PATRICIA AFFELDT PETER
RHAIANA RUTZ LEITZKE
SANDRA MARINA DA SILVA ROSADO
SARAH GONÇALVES NUNES
STEPHANNYE BLASCO BRASIL DOMINGUES
THALITI SCHMIDT ALVES
VIVIANE CICHOWSKI RIEGER
zezinha da silva

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