Nome do Projeto
Grupo de estudos: 'fair trade' e relações internacionais
Ênfase
Ensino
Data inicial - Data final
16/05/2022 - 16/12/2022
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Humanas
Resumo
O comércio internacional de bens e serviços representa hoje um dos principais âmbitos do desenvolvimento das relações internacionais. A chamada "globalização", no final do século XX, acelerou e ampliou este processo, que desde o período colonial tem sido marcado pelas assimetrias entre os Estados-nações, tanto quanto as suas condições, quanto a seus resultados, determinando em larga medida o 'desenvolvimento' e o 'subdesenvolvimento' econômico das diferentes regiões do planeta. A consciência de setores da opinião pública dos países centrais (‘desenvolvidos’) acerca desta situação ensejou um movimento social conformado por organizações da sociedade civil cujo objetivo é fundamentar novas práticas de comércio internacional, baseadas na busca de simetria e equidade nas relações comerciais internacionais, buscandoe beneficiar os produtores dos países periféricos (‘em desenvolvimento’). Assim, desde a década de 1960, o movimento "Fair Trade" / "Commerce Équitable" ("Comércio Justo", em português), vem crescendo e se aperfeiçoando, e hoje articula milhares de organizações em todos os continentes, impulsionando redes de consumidores responsáveis dos países centrais (de um lado) e redes de produtores associados dos países periféricos (de outro) e que estabelecem entre si padrões e processos de comércio baseados em princípios éticos relacionados à promoção da justiça social, do desenvolvimento local e da sustentabilidade ambiental. Os 'selos de certificação' do comércio justo garantem aos consumidores que os produtos são produzidos de forma socialmente justa (livre de trabalho precário, de trabalho infantil ou de discriminação de gênero nas remunerações e condições de trabalho) e ambientalmente sustentável (sem o uso de substâncias tóxicas ou que agridam o meio ambiente), o que leva a que a imensa maioria das empresas produtoras certificadas seja composta por cooperativas e associações de pequenos produtores familiares, urbanos e rurais. Há poucos anos atrás, a emergência de milhares de empreendimentos de economia solidária na América Latina levou algumas organizações a propor um protagonismo mais efetivo dos produtores no movimento e, sobretudo, a formulação da ideia de um 'comércio justo sul-sul', mais equânime e mais sustentável, o que - entretanto - não se desdobrou até agora em práticas econômicas efetivas. O ‘Grupo de Estudos: Fair Trade e Relações Internacionais’ é um projeto de ensino dedicado a aprofundar o estudo sobre esta temática e, a partir dele, do questionamento sobre as possibilidades da pesquisa e da extensão universitárias contribuirem com as organizações (de produtores e de consumidores) no desenvolvimento de estudos e de experiências sociais relacionados ao tema, a fim de dar suporte científico-tecnológico ao movimento e suas organizações. As noções de 'comérco justo', 'economia solidária', 'consumo responsável', 'soberania alimentar' e 'tecnologias sociais' constituem a base conceitual do projeto, que se vincula, no âmbito acadêmico da UFPel, às ações já desenvolvidas pelo Núcleo de Tecnologias Sociais e Economia Solidária (Tecsol).

Objetivo Geral

Estudar e analisar o desenvolvimento do International Fair Trade Movement (Movimento Internacional do Comércio Justo), identificando e discutindo seus princípios, sua estrutura organizativa, sua dinâmica e seus resultados econômicos e sociais, contribuindo para a formação dos estudantes do Curso de Relações Internacionais, ao fornecer elementos para sua atuação nesta área, bem como contribuir para o desenvolvimento do Comércio Justo no Brasil, e por conseguinte, com o fortalecimento da economia solidária e do consumo responsável.

Justificativa

O processo de 'globalização' ou de 'mundialização do capital' (como é designado pelos economistas da 'Escola Francesa da Regulação') vem se caracterizando por uma rápida e cada vez mais profunda concentração do capital, da riqueza e da renda.
Enquanto, em 2021, o PIB per capita (por paridade de poder de compra) dos países da União Européia foi de aproximadamente US$ 45 mil, o dos países da África Subsaariana foi de US$ 4,4 mil. Para a América do Sul, o valor correspondente foi de US$ 16,8 mil (segundo os dados do Fundo Monetário Internacional, disponíveis em... https://www.imf.org/external/datamapper/PPPPC@WEO/OEMDC/ADVEC/WEOWORLD ).
Todos os âmbitos relacionados ao comércio internacional - fluxos de importações e exportações, controle dos mercados de produtos e serviços (bem como da logística de distribuição), pressão sobre preços e taxas de câmbio etc. - encontram-se fortemente concentrados, em cada ramo, em poucas empresas originadas e sediadas nos países centrais, enquanto os trabalhadores agrícolas e industriais dos países periféricos continuam sendo remunerados com salários e preços muito abaixo daqueles praticados nos países 'desenvolvidos'.
A queda acentuada dos preços das commodities exportadas pela 'periferia' do sistema, após o início da crise internacional (2008), tornaram ainda mais difícil a situação econômicas desses países, levando a políticas de severa austeridade econômica (como no caso do Brasil) e produzindo ondas massivas de emigração dos países africanos e do Oriente Médio em direção à Europa, conforme indicam os estudos da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento).
O agravamento dos efeitos da mudança climática - secas prolongadas e inesperadas para certa regiões e períodos de chuva muito acima dos volumes históricos em outras -, bem como os desequilíbrios ecológicos gerados pela ação humana (desmatamentos de grandes áreas, contaminação de ecossistemas, redução acelerada da biodiversidade, uso intensivo de agrotóxicos etc.) têm se combinado aos efeitos da crise econômica, gerando em todo mundo um acirramento dos conflitos sociais e da violência em todas as suas dimensões, segundo os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), também da ONU.
No caso do Brasil e dos países sul-americanos - e da nossa região, por conseguinte -, o avanço do modelo agrícola produtivo do chamado 'agronegócio' tem produzido efeitos sociais de muito impacto: o acoplamento de tecnologias produtivas intensivas em capital (grandes extensões de monocultivo suportadas pelo uso crescente de sementes transgênicas, fertilizantes petroquímicos, defensivos agrotóxicos, irrigação mecânica e maquinário pesado) tem gerado colheitas récordes, mas ao custo da destruição massiva da capacidade produtiva do solo, da contaminação e estogamento dos lençóis freáticos e cursos dágua e, sobretudo, da concentração da terra e do empobrecimento dos pequenos agricultores e da economia de suas regiões. Todo este processo é claramente visíviel e compravável na própria região da UFPel.
A conjunção atual das crises econômica e ambiental, no Brasil, derivaram diretamente as atuais crises política e social, que como sintomas de uma enfermidade mais grave e profunda, constituem sua face identificável.
Organismos internacionais, organizações das sociedade civil, cientistas e intelectuais de todo mundo, embora ainda com pouca repercussão nos meios de comunicação oligopólicos, têm chamado a atenção para a necessidade de experimentar novas formas de produzir, distribuir e consumir, que permitam a sustentabilidade das sociedades em longo prazo.
Experiências econômicas alternativas, como o comércio justo internacional, representam fontes importantes de análise para a construção de modelos ampliados, capazes de oferecer resultados econômicos, sociais e ambientais mais satisfatórios e sustentáveis.

Metodologia

O grupo de estudos funcionará a partir da combinação sincrética de elementos metodológicos das 'rodas de conversa' (Paulo Freire) e da 'open space technology' (Harrison Owen).
O pressuposto é a constituição de um grupo de dicussão horizontal, cuja facilitação - em seu sentido geral - caberá ao professor orientador do projeto.
A dinâmica do grupo, assim, será marcada por contribuições das/dos estudantes participantes na definição dos temas e textos relacionados que serão estudados ao longo do projeto, o que deverá incluir as seguintes etapas de trabalho para cada uma/um: sugestão de tema, identificação de bibliografias correspodentes, pré-pesquisa dos textos, definição do texto para discussão e sua disponibilização para o restante do coletivo. A apresentação inicial e a coordenação do grupo a cada seção funcionarão em sistema de rodízio previamente acordado.
Os últimos 30 minutos da última seção de cada mês serão destinados a uma avaliação coletiva do andamento do estudo.

Indicadores, Metas e Resultados

Espera-se que, ao final do estudo realizado, os estudantes tenham desenvolvido a compreensão necessária sobre seu objeto de maneira que possam formular e desenvolver projetos de ação social de caráter internacional relacionos ao tema.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
AMANDA SOSA PACHECO
ANDRESSA COSTA MORAES
ANTONIELI MEDEIROS DE SOUZA PIRES
ANTONIO CARLOS MARTINS DA CRUZ4
CASSIANE LEONOR SANTOS DE SOUZA
GABRIELLE BEZERRA VELOSO
JULIA MARIA SOARES ANDRADE RUDRIGUES
JÚLIA ADRIANE FERREIRA BRETANHA
KAIO JÚLIO DE SOUZA SILVEIRA
LARA CORREA DA SILVA FARINA
LAURA CASTAGNO CURI HALLAL
NICOLAS HENRIQUE LOPES DE LIMA
TAISE VITÓRIA DA SILVA BORGES
VINICIUS TIMM DA SILVA

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