Nome do Projeto
ASSOCIAÇÃO CONJUNTA DE ATIVIDADE FÍSICA E COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO COM FATORES DE RISCO CARDIOVASCULARES
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
13/05/2022 - 28/02/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
As doenças cardiovasculares são as principais causas de mortes no Brasil e no mundo, acarretando gastos exorbitantes com saúde pública, e, principalmente, diminuindo expectativa e qualidade de vida. Na última atualização da American Heart Association, foram listados alguns fatores de riscos modificáveis com potencial de melhorar a saúde cardiovascular e prevenir eventos cardiovasculares, e, dentre esses fatores, está a atividade física. Por outro lado, a inatividade física e comportamento sedentário são fatores de riscos importantes para desfechos em saúde, sobretudo por provocar alterações negativas em fatores de risco cardiovasculares (e.g., pressão arterial, composição corporal, perfil lipídico, entre outros). Dito isso, evidencia-se que a avaliação da associação de atividade física e/ou comportamento sedentário de forma isolada com os fatores de risco cardiovasculares citados anteriormente é a abordagem dominante na literatura. No entanto, ainda se sabe pouco sobre a associação conjunta da atividade física e comportamento sedentário, permitindo identificar se existe uma quantidade de atividade física que é necessária para eliminar ou atenuar os efeitos deletérios do comportamento sedentário sobre fatores de risco cardiovasculares. Portanto, os objetivos desta tese são: (1) revisar a literatura sobre associação conjunta de atividade física e comportamento sedentário com eventos cardiovasculares, avaliando abordagens analíticas e resultados em relação a avaliação conjunta ou isolada dos comportamentos; (2) avaliar as associações conjuntas de atividade física e comportamento sedentário com fatores de risco cardiovasculares em adultos de meiaidade; (3) avaliar a distribuição da combinação de prática de atividade física e comportamento sedentário de adultos entre os 30 e 40 anos de idade em diferentes níveis sociodemográficos e biológicos. O primeiro artigo, por meio de uma revisão sistemática da literatura em estudos de coorte prospectiva, vai avaliar, em uma abordagem metodológica, lacunas, definições sobre “associação conjunta” e seus impactos nos resultados encontrados. Para os dois artigos originais, serão utilizados os dados da coorte de nascimento de Pelotas/RS, que foi iniciada com um inquérito de saúde perinatal incluindo 6.011 crianças nascidas nas maternidades de Pelotas em 1982. Nesse sentido, 5.914 crianças nascidas vivas vêm sendo acompanhadas em diferentes fases da vida. O segundo artigo investigará as associações conjuntas de atividade física e comportamento sedentário, mensuradas por acelerometria e autorrelato, no acompanhamento de 30 anos, com fatores de risco cardiovasculares aos 40 anos. O terceiro artigo investigará a distribuição da combinação de atividade física e comportamento sedentário de adultos de meia-idade entre 30 e 40 anos de idade, estratificado em diferentes níveis sociodemográficos e biológicos. Finalmente, nossos resultados poderão contribuir com a literatura biomédica, fornecendo suporte para clínicos, pesquisadores e entidades de saúde acerca das associações de atividade física e comportamento sedentário com fatores de risco cardiovasculares, além de esclarecer como essas variáveis se distribuem aos 30 e 40 anos de idade em diferentes estratos sociodemográficos e biológicos.

Objetivo Geral

Avaliar a distribuição da atividade física e comportamento sedentário de forma
conjunta e verificar sua associação com fatores de risco cardiovasculares em
adultos de meia-idade.

Justificativa

Uma das justificativas para realização da presente tese, baseia-se em tópicos
previamente abordados na introdução e revisão de literatura, levando em consideração fatores de risco cardiovasculares e até um evento cardiovascular mais importante.
Hábitos comportamentais (dieta, tabagismo, álcool, atividade física e excesso de
peso) são impulsionadores para modificação em marcadores biológicos (pressão arterial, colesterol, glicose, obesidade etc.) – embora não sejam mediadores nas asso-
ciações que estamos investigando. Essas variáveis, por sua vez, podem atuar indiretamente nos próprios eventos cardiovasculares, conforme explicado anteriormente no
tópico de mecanismos biológicos.
Um outro ponto importante que para explicar a realização da presente tese, é
que dentro do ecossistema científico da atividade física e comportamento sedentário
existem alguns tópicos pouco abordados e que precisam ser esclarecidos(DIPIETRO
et al., 2020). Por exemplo, durante muito tempo, as nossas exposições mencionadas
foram avaliadas de forma isolada e sendo tratados como fatores de risco independentes para o surgimento de DCNTs (e.g., câncer, DM 2, DCV, etc.). No entanto, nos
últimos anos, isso tem sido amplamente questionado por alguns interessados no assunto(STAMATAKIS et al., 2019a; TROIANO; STAMATAKIS; BULL, 2020), sobretudo
porque a atividade física tem sido postulada como uma variável capaz de modificar o
efeito deletério do comportamento sedentário.
De forma complementar, os estudos que mediram a associação conjunta de
atividade física e comportamento sedentário com eventos cardiovasculares mediram
essas exposições através do autorrelato, e esse tipo de medida pode subestimar ou
superestimar os resultados. Como reportado dentro da nossa revisão, dentro da literatura de atividade física e comportamento sedentário não existe uma padronização
para medir e analisar (pontos de corte, por exemplo) essas variáveis, especialmente
quando elas são coletas via autorrelato. Portanto, acreditamos que as associações
com desfechos cardiovasculares podem mudar dependendo do tipo de questionário e
pontos de corte que os pesquisadores utilizam. Para as associações de atividade física e comportamento sedentário com fatores de risco cardiovasculares em estudos
de coorte, não identificamos nenhum estudo que fizesse parte dos nossos critérios de
inclusão. Todos os estudos que encontramos na nossa revisão são transversais, e em
geral eles estão sujeitos a causalidade reversa. Portanto, estudos de coorte prospectiva são necessários visando melhorar a qualidade da evidência.
Um outro ponto importante e já mencionado, é sobre a necessidade de uma
avaliação sobre como abordar metodologicamente a associação conjunta. Ajustes e
estratificações têm sido recursos utilizados na literatura. Apesar dessa literatura estar
avançando recentemente, não temos conhecimento quais vantagens analíticas desses métodos.
Em relação aos nossos desfechos, há uma vasta literatura medindo atividade
física e comportamento sedentário em desfechos de saúde, mas avaliados de forma
independente, isto é, essas exposições de forma isolada.(AGGIO et al., 2018;
FITZGERALD et al., 2015; LEAR et al., 2017; LEE et al., 2020; SAME et al., 2016;
ZHANG et al., 2020). No entanto, dentro da literatura há uma heterogeneidade em
relação aos fatores de risco cardiovasculares (o que é medido), sobretudo pela natureza do dado (SACRAMENTO-PACHECO et al., 2019). De acordo com uma revisão
de escopo existem cerca de 23 ferramentas para avaliar o risco cardiovascular
(SACRAMENTO-PACHECO et al., 2019). Em adição. podemos avaliar, também, componentes isolados (sem reportar algum tipo de escore) para avaliar o risco cardiovascular, tais como: presença de hipertensão; diabetes mellitus tipo 2; perfil lipídico; perfil
glicêmico; perfil hemodinâmico; obesidade; fatores comportamentais (álcool, tabagismo, etc.). No entanto, o tipo do desfecho (contínuo, categórico, bioquímico, morfológico, etc.,) pode resultar em diferentes associações, tanto em nível da força da associação, quanto na direção.
Já foi descrito ao longo desse projeto os diversos e tradicionais fatores de risco
cardiovasculares que podem provocar algum evento cardiovascular maior, tais como:
pressão arterial elevada; alteração no perfil lipídico; rigidez arterial; inatividade física;
comportamento sedentário; obesidade, entre outros. No entanto, a contribuição de
determinantes sociais de saúde, que pode ser representado pelo “status” socioeconômico (nível educacional; escolaridade; trabalhos e fatores socioeconômicos da vizinhança) na associação de atividade física e comportamento sedentário em algum
evento cardiovascular não é totalmente compreendida(SCHULTZ et al., 2018). Sugere-se que um baixo “status” socioeconômico tem sido associado com uma maior
probabilidade de desenvolver alguma DCV ou piorar os fatores de risco cardiovasculares. É reportado, ainda, que o fator socioeconômico pode apresentar um risco semelhante aos fatores citados para DCV(FRANKS et al., 2011; STRINGHINI et al.,
2017). Esses riscos, por sua vez, são atribuídos aos fatores biológicos, comportamentais e psicológicos, sobretudo porque indivíduos de baixa renda possuem baixo
acesso à uma alimentação de qualidade; serviços de saúde e realizam menos
AF(LYNCH et al., 1996; WINKLEBY et al., 1992).
Portanto, conforme mencionado, na nossa revisão detectamos que a maioria
dos artigos incluídos são frutos de países de alta renda. Nesse caso, tratando-se do
Brasil, um país de “média renda”, é provável que as associações entre atividade física
e comportamento sedentário com os eventos e fatores de risco cardiovasculares sejam diferentes em comparação com países de alta renda – muito embora seja inviável
fazer uma comparação direta.

Metodologia

Os métodos dos artigos planejados serão descritos, a partir de agora, em três
tópicos, seguindo a ordem de apresentação dos objetivos. No entanto, para evitar repetição de informações de forma desnecessário, os tópicos em comum dos artigos
originais serão apresentados em conjunto.

Indicadores, Metas e Resultados

Artigos planejados

I. Artigo de revisão – Joint associations of physical activity and sedentary time
with major adverse cardiovascular events: a comprehensive methodological approach

II.Artigo 2 - Joint associations of accelerometer-measured and self-reported physical activity and sedentary time with cardiovascular risk factors in adults: Findings
from the 1982 Pelotas Birth Cohort Study

III. Artigo 3 – Physical activity and sedentary behavior profile measured by accelerometry and self-report between age 30 and 40: analysis from the 1982 Pelotas
Birth Cohort Study

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
Charles Philipe de Lucena Alves
INÁCIO CROCHEMORE MOHNSAM DA SILVA2

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